Dante, o orgulhoso
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Sobre este e-book
Gabriella Reyes Viera ficou rendida à potente masculinidade de Dante e acabou grávida e sozinha. Não teve outro remédio senão aceitar a vergonha de regressar a casa, que ficava numa pequena cidade do Brasil.
Dante Orsini, perito em investimentos, teve de viajar para o Brasil para comprar uma fazenda a pedido do seu pai. Uma vez ali, ficou a saber que a fazenda em questão pertencia à família de Gabriella, a única mulher que não conseguira esquecer.
No entanto, a Gabriella pouco restava da vida de modelo profissional que vivera em Nova Iorque. Além disso, Dante não demorou muito a descobrir que Gabriella não estava sozinha. Estava na companhia de um menino de cabelo escuro e de uns olhos incrivelmente parecidos com os dele...
Sandra Marton
Sandra Marton is a USA Todday Bestselling Author. A four-time finalist for the RITA, the coveted award given by Romance Writers of America, she's also won eight Romantic Times Reviewers’ Choice Awards, the Holt Medallion, and Romantic Times’ Career Achievement Award. Sandra's heroes are powerful, sexy, take-charge men who think they have it all–until that one special woman comes along. Stand back, because together they're bound to set the world on fire.
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Dante, o orgulhoso - Sandra Marton
Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2009 Sandra Myles
© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.
Dante, o orgulhoso, n.º 26 - Fevereiro 2014
Título original: Dante: Claiming His Secret Love-Child
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-687-5057-6
Editor responsável: Luis Pugni
Conversão ebook: MT Color & Diseño
Capítulo 1
Dante Orsini estava na flor da vida. Era um homem rico, poderoso e tremendamente atraente. Trabalhava muito, era competitivo no jogo e, nas escassas noites em que ia sozinho para a cama, dormia profundamente até à manhã seguinte, mas aquela noite era uma exceção. Estava a sonhar. No seu sonho, caminhava lentamente ao longo de uma rua estreita que conduzia a uma casa. Mal conseguia vê-la pela neblina espessa que cobria tudo, mas ali estava. Os seus passos abrandaram. Aquele era o último lugar onde desejava estar. Uma casa numa zona residencial. Um monovolume estacionado à frente da garagem. Um cão. Um gato. Dois filhos. E uma esposa. Uma mulher, a mesma, para sempre...
Dante sentou-se na cama de um salto, tentando respirar. Um tremor percorreu o seu corpo grande e musculoso. Dormia nu e mantinha as janelas abertas inclusive naquela altura, no princípio do outono. Apesar de tudo, tinha a pele coberta de suor. Um sonho. Fora só isso. Um pesadelo causado talvez pelas ostras que comera na noite anterior. Ou pelo copo de conhaque antes de ir para a cama. Ou... Voltou a tremer. Revivera uma lembrança de há muito tempo, do que acontecera quando tinha dezoito anos e era apenas um estúpido apaixonado. O que ele pensara que era estar apaixonado. Saíra durante muitos meses com Teresa D’Angelo sem lhe tocar. Quando o fizera por fim, uma carícia levara a outra, e essa a outra, e a mais uma, e... Na véspera de Natal, ele oferecera-lhe um pendente de ouro... E ela dera-lhe uma notícia que estivera prestes a fazê-lo cair de joelhos.
– Estou grávida, Dante – sussurrara-lhe entre lágrimas.
Ele ficara atónito. Era muito jovem, sim, mas sabia o suficiente para utilizar preservativos. No entanto, amava-a. Teresa chorava entre os seus braços e não parava de dizer que lhe tinha arruinado a vida. Que tinha de se casar com ela. Dante tê-lo-ia feito. Teria agido como um homem. No entanto, o destino, ou a sorte, ou como quisessem chamar-lhe, tinha decidido intervir. Os seus irmãos tinham-se dado conta de que estava muito retraído. Tinham-se sentado com ele, tinham-lhe dado cerveja suficiente para que relaxasse um pouco e, então, sem rodeios, Nicolo perguntara-lhe o que se passava. Dante falara-lhes da sua rapariga. Os três irmãos, Nicolo, Raffaele e Falco, tinham olhado uns para os outros, tinham olhado para ele e tinham-lhe perguntado se tinha perdido o juízo. Se tinha utilizado preservativo, como era possível que ela tivesse ficado grávida? Teresa tinha de estar a mentir. Dante atirara-se a Falco, porque fora ele quem o dissera primeiro. Quando Rafe e Nick o tinham repetido, também se atirara a eles. Então, Falco imobilizara-o com um braço no pescoço.
– Amo-a, bolas! – dissera Dante. – Estão a ouvir-me? Amo-a e ela ama-me.
– Ama o teu dinheiro! – respondera-lhe Nicolo.
– Que dinheiro? – pela primeira vez em muitos dias, Dante soltara uma gargalhada.
Falco largara-o. Rafe dissera que a rapariga não sabia que Dante era rico. Que os quatro irmãos Orsini tinham rejeitado o dinheiro e o poder do seu pai, juntamente com o que ambas as coisas implicavam.
– Pergunta por aí – dissera Falco, o mais velho de todos. – Descobre com quantos homens esteve.
– Usa a cabeça – dissera-lhe Nick – e não o que tens nas calças.
Rafe assentira.
– E diz que queres um teste de paternidade.
– Ela não me mentiria – protestara Dante. – Ama-me.
– Diz que queres fazer o maldito teste – resmungara Rafe. – Ou dir-lho-emos nós em teu nome.
Dante sabia perfeitamente ao que se referia Rafe. Então, depois de lhe pedir desculpa, pedira o teste a Teresa. As lágrimas da rapariga tinham dado lugar à fúria. Dedicara-lhe todos os insultos que havia no dicionário e não voltara a ter notícias dela. Sim. Partira-lhe o coração, mas também lhe ensinara uma lição que ainda o desconcertava quando menos o esperava. Como naquele sonho ridículo. Respirou fundo e voltou a recostar-se nas almofadas, com as mãos atrás da cabeça.
Casamento? Uma esposa? Filhos? Nem pensar! Depois de muitos anos a tentar decidir o que fazer com a sua vida, de estar prestes a perdê-la em alguns lugares onde nenhum homem no seu juízo perfeito teria ido, tinha conseguido por fim encontrar o seu lugar. Naquele momento, tinha tudo o que um homem pudesse desejar. Um apartamento de cobertura onde o sol da manhã entrava pela claraboia que havia por cima da sua cama. Um Ferrari vermelho. Um avião privado. E mulheres. Um sorriso pícaro iluminou o seu rosto masculino e bonito.
Naquele momento, não estava com ninguém. «A fazer uma pausa», conforme o tinha definido Falco. Sim. E a desfrutar de cada instante. Como com a loira da gala de solidariedade na semana anterior. Dante pensara que se trataria de uma reunião social aborrecida. Já nem sequer se lembrava de qual era a causa da festa. A Orsini Brothers Investments tinha comprado quatro entradas, mas só um dos irmãos tinha ido. Rafe, muito elegantemente, dissera-lhe que lhe tocava a ele. Portanto, Dante tinha tomado banho e mudara de roupa na casa de banho do seu escritório, dirigira-se de táxi para o Waldorf, imaginando que apertar umas quantas mãos e beber um copo de vinho não muito bom seria suficiente, apesar de naquela ocasião a entrada custar cinco mil dólares.
Então, tinha notado que alguém estava a observá-lo. Tratava-se de uma loira espetacular. Pernas compridas. Cabelo brilhante. Sorriso sensual e um decote suficiente para se perder nele.
Dante abrira caminho entre os presentes e apresentara-se. Depois de alguns minutos de conversa, a mulher fora direta ao assunto.
– Está muito barulho aqui – ronronara.
Dante respondera que, efetivamente, assim era e sugerira-lhe que fossem para um lugar mais tranquilo onde pudessem falar. No entanto, o que acontecera no táxi não tivera nada a ver com conversa. Carin ou Carla, ou como se chamava a loira em questão, não tinha perdido tempo. Quando tinham chegado ao seu apartamento, os dois estavam tão quentes que mal conseguiam entrar pela porta...
Afastou os lençóis da cama e levantou-se. Dirigiu-se para a casa de banho. Tinha o número de telefone da loira, mas não o utilizaria naquela noite. Naquela noite, tinha um encontro com uma ruiva muito bonita. Quanto ao sonho... Ridículo! Tudo aquilo acontecera há quase quinze anos. Por fim, tinha compreendido que não estava apaixonado pela rapariga que tinha afirmado estar grávida dele e deveria estar-lhe muito agradecido por lhe ensinar uma lição tão importante. Quando se leva uma mulher para a cama, deixam-se as calças no chão, não o bom senso.
Inclinou um pouco a cabeça para um lado e fechou os olhos azuis. Deixou que a água lhe enxaguasse o champô do cabelo, que era quase tão escuro como a noite. Nenhuma mulher, por muito bonita que fosse, merecia um maior envolvimento do que o que acontecia entre os lençóis. Sem aviso prévio, invadiu-o uma lembrança. Uma mulher. Com olhos da cor do café. Com o cabelo com tantas tonalidades de loiro que parecia que o sol ficara preso entre as suas madeixas. Uma boca suave e rosada que sabia a mel...
Franziu o sobrolho e fechou a torneira. Enquanto agarrava numa toalha, perguntou-se o que raios se passava com ele naquela manhã. Primeiro, aquele sonho amalucado. Em seguida, aquilo. Gabriella Reyes. Era incrível como se lembrava do seu nome e que não acontecesse o mesmo com o nome da mulher com quem estivera na noite anterior, sobretudo porque passara um ano desde a última vez que vira Gabriella. Um ano e dois meses. E, sim, vinte e quatro dias. Lançou um sopro. Tinha jeito com os números. Isso convinha-lhe no trabalho que realizava na Orsini Brothers, mas também o fazia recordar coisas desnecessárias.
Vestiu rapidamente uma t-shirt muito usada da Universidade de Nova Iorque e uns calções da mesma universidade, e desceu a escada que levava ao andar inferior do seu apartamento de cobertura. Percorreu as divisões da casa, até que chegou ao seu ginásio. Na realidade, não era nada do outro mundo. Só tinha uma máquina Nautilus, alguns pesos e uma passadeira. Só o utilizava quando o tempo o impedia de ir correr por Central Park, mas, naquela manhã, apesar do sol, sabia que necessitava de mais do que correr oito quilómetros se quisesse tirar alguns fantasmas do passado da cabeça. Além disso, era sábado. Podia permitir-se o tempo extra.
Quando terminou, passou algumas horas a navegar na Internet, em páginas onde se realizavam leilões de Ferraris. Queria ver se havia algum que se aproximasse do Ferrari Berlinetta 250GT «Tour de France» de 1958 de que estava à procura. Um ano antes, tinha ouvido dizer que ia ser posto à venda em Gstaad e pensara ir lá, mas acontecera algo.
As mãos ficaram imóveis sobre o teclado. Gabriella Reyes. Fora o que acontecera. Tinha-a conhecido e tinha esquecido tudo o resto.
– Bolas... – disse Dante. Duas vezes naquele dia. Não tinha sentido nenhum. Ela pertencia ao passado.
Decidiu que já tinha passado bastante tempo sentado. Desligou o seu computador, vestiu outros calções e outra t-shirt, e foi correr.
O facto de ter conseguido libertar endorfinas foi suficiente. Regressou a casa sentindo-se muito melhor. A situação melhorou ainda mais quando Rafe lhe telefonou para lhe dizer que acabava de conseguir o negócio com o banco francês que pretendiam há tanto tempo. Rafe já telefonara a Falco e a Nick. Apetecia-lhe ir beber um copo ao seu lugar favorito, o The Bar?
Quando os irmãos se separaram, era-lhe difícil recordar como o dia começara mal. Infelizmente, o seu bom humor desapareceu quando a sua mãe lhe telefonou. Dante adorava-a do fundo do coração e nem sequer as perguntas de sempre sobre se levava uma vida organizada, se comia bem e se tinha encontrado uma boa rapariga italiana para convidar para jantar conseguiram apagar o prazer que sentiu ao ouvir-lhe a voz. Isso conseguiu-o a mensagem que lhe transmitiu.
– Dante, figlio mio, o teu pai deseja que Raffaele e tu venham cá tomar o pequeno-almoço amanhã.
Dante sabia o que isso significava. O seu pai andava há algum tempo num estado de ânimo estranho. Não parava de falar da idade e da morte, como se já estivesse a bater-lhe à porta. Dante supunha que se trataria de outra litania interminável sobre advogados, contabilistas e cofres em bancos, como se os filhos fossem tocar num cêntimo do dinheiro dele quando partisse. A sua mãe sabia o que pensava ele e todos os seus irmãos. Só Anna e Isabella, as suas irmãs, e ela continuavam a acreditar na história de que o seu pai era um empresário em vez do don que na realidade era.
– Dante – disse a sua mãe, – vou preparar-te a pesto frittata de que tanto gostas...
Dante semicerrou os olhos. Detestava o cheiro e o sabor do pesto, mas como podia dizê-lo à sua mãe sem a ofender? Suspeitava que essa fosse precisamente a razão pela qual Cesare enviava aquele tipo de convites através da esposa. Portanto, suspirou e afirmou que lá estaria.
– Com Raffaele. Às oito em ponto. Telefonas-lhe tu, caro?
– Claro, mamã. Tenho a certeza de que Rafe ficará encantado.
Aquela era a razão pela qual, no domingo de manhã, quando o resto de Manhattan ainda estava a dormir, Dante entrava na casa que os Orsini tinham na antiga Little Italy e que agora era uma zona muito na moda de Greenwich Village. Rafe tinha chegado antes dele. Sofia já o tinha sentado à ampla mesa da cozinha onde tinham tido tantas refeições em famiglia. Sobre a mesa havia inúmeros pratos de comida e Rafe, que não tinha um aspeto muito mau para quem passara toda a noite na farra com ele, com a ruiva e uma loira amiga dela, que a ruiva convidara depois de Dante lhe ter telefonado a dizer-lhe que o irmão necessitava de companhia para se alegrar. Efetivamente, considerando tudo o que acontecera na noite anterior, Rafe tinha um aspeto bastante bom. Rafe olhou Dante nos olhos e pronunciou algo que