Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

A Ladra de Bebés: A Liz Roberts Mystery, #2
A Ladra de Bebés: A Liz Roberts Mystery, #2
A Ladra de Bebés: A Liz Roberts Mystery, #2
E-book258 páginas3 horas

A Ladra de Bebés: A Liz Roberts Mystery, #2

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Numa fantástica sequela de "A Menina Bonita", a Detetive Liz Roberts revela verdades que viram a sua vida do aveso. Vai perceber como é que a extraordinária investigação do abandono de Armen Bedrosian pela filha que ele abusou sexualmente durante 20 anos conduz a Ellen Goodman, uma obstetra/ginecologista, que muitos consideravam uma santa. A Detetive Roberts expoem-na como um monstro intrigante que vendia bebés de adolescentes.

"A Ladra de Bebés" não é o típico policial feminino. É também uma série de planos que se inter-relacionam, envolvendo um amor legalmente proibido e resulta em homicídio e num climax inesperado.

IdiomaPortuguês
EditoraDon Canaan
Data de lançamento22 de dez. de 2018
ISBN9781386672074
A Ladra de Bebés: A Liz Roberts Mystery, #2
Autor

Don Canaan

Don Canaan went from a Bronx tenement to success in television news film, immigration to Israel, return to the U.S. and then to print journalism. He edited news film and documentaries for NBC News in New York, receiving a joint editorial commendation (as Donald Swerdlow) for Producer Fred Freed’s “American White Paper: Organized Crime in the United States.” In 1974, Canaan immigrated to Israel as part of an American group planning to found and settle in the new city of Yamit in the Sinai, north of El Arish. Upon returning to the U.S, Canaan became a unemployment statistic because news film had been superseded by videotape, which was controlled by a different union.. Ohio State University's School of Journalism came to the rescue with an offer to earn a master's degree while serving as an assistant in its TV news workshop. Canaan was hired as staff writer and photographer for The American Israelite in Cincinnati where he enterprised many stories.. His series, "Jews in Ohio's Prisons: Does Anybody Care?" won first place for best weekly journalism in Ohio from the State of Ohio Bar Association. . He is the author of “Horror in Hocking County” (a true-crime documentation of alleged satanic murders.

Leia mais títulos de Don Canaan

Autores relacionados

Relacionado a A Ladra de Bebés

Títulos nesta série (4)

Visualizar mais

Ebooks relacionados

Thriller criminal para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de A Ladra de Bebés

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    A Ladra de Bebés - Don Canaan

    Nenhuma parte desta publicação deverá ser reproduzida, armazenada num sistema de memória sob qualquer forma, ou por quaisquer meios sem a autorização escrita prévia do respetivo detentor dos direitos.

    Esta é uma obra ficcional. Todos os personages, organizações e eventos retratados neste romance são produtos da imaginação do autor ou usados de forma ficcional. Qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência. Apesar de terem sido usados algumas localidades e alguns acontecimentos reais, os seus detalhes e as suas descrições físicas foram alterados. Outras localidades e/ou acontecimentos são puramente ficcionais.

    Dedicatória

    Aos meus filhos e netos. Sendo os meus filhos Kenneth Swerdlow, Tamar e Golan Canaan. Os meus netos são Matthew e Joshua Swerdlow, Rachel, Sarah e Brandon Swerdlow, Alexis Shelton, Aviad e Eden Canaan.

    Outras Obras de Don Canaan

    Israel News Faxx

    Um índice de hiperlinkes para

    peças de noticiário 1994-2017

    ––––––––

    Conceived in Liberty

    Uma viagem pelo tempo numa

    versão alternativa da história dos Estados Unidos

    ––––––––

    A Menina Bonita

    Don Canaan & Shawn Graves

    ––––––––

    A Menina do Papá

    Don Canaan

    Prequela dos livros 1 e 2

    ––––––––

    A Giant Shadow

    (infantil)

    Don Canaan. Autor

    ––––––––

    Horror in Hocking County

    (crime real)

    ––––––––

    Wayward Pines

    Um guia não autorizado

    Geneology for Children

    - The Bronx Boy Discovers Invisible Ink -

    ––––––––

    Memoir

    - Gone is the Wind -

    A viagem no tempo de uma criança pela fantasia

    Capítulo 1

    30 de junho de 1971

    Isto foi a tua escolha, Janie, disse a doutora à medida que espetava a agulha com perícia numa das veias de Janie.

    Janie gritava de medo e de dor enquanto a agulha deslizava perfurava a pele. A doutora pressionou o embolo e o seu braço parecia que ardia. Ela tentou gritar, mas logo percebeu que não conseguia respirara. O seu peito doía-lhe e sentia-o apertado, interrogou-se se estaria a ser esmagada. A sua visão começou a ficar turva e o rosto da doutora começou a desvanecer. À medida que o seu coração parava, o último pensamento coerente que Janie teve foi Rachel.

    ***

    Janie ajustou a bomba para o leite e suspirou de alivio. Apesar de a médica lhe ter dado uma injeção de qualquer coisa logo depois de dar à luz, o seu leite tinha começado a fluir uma semana depois da bebé nascer  . Janie via os seu peitos cheios como um sinal de Deus.

    No primeiro dia ela teve de espremer o leite à mão, debaixo do chuveiro de água quente e massajando lentamente cada um dos seus seios inchados à medida que observava os leitos brancos escorrerem pelo cano abaixo. Um desejo maternal tinha emergido quando ela segurou naquele pequeno corpo, morno, contra o seu peito logo a seguir ao parto. Mexeu com ela durante os dias solitários que se seguiram à adoção. Agora ferve em forma de determinação. Com certeza Deus quereria que ela mantivesse a sua bebé.

    Devia ser essa a razão porque tinha leite apesar da medicação. No dia seguinte foi à rua e comprou uma bomba para o leite.

    Janie ligou para a médica e disse-lhe que tinha mudado de ideias. Ela queria manter a bebé. A médica tentou desencorajá-la. Lembrou-a que ela queria dar a bebé para adoção porque queria que tivesse uma boa família e um lar estável. Salientou também que Janie tinha apenas 16 anos, sem meios para sustentar um bebé, e que não podia pedir ajuda à família. Mas Janie não se dissuadiu. Ela ainda tinha o dinheiro que a sua irmã que tinha dado. Tinha também o dinheiro do reembolso do bilhete de avião que a sua irmã pensava que a havia levado ao outro lado do país. Era o suficiente para se desenrascar com a bebé até encontrar um emprego, insistia Janie.

    A cada dia que passava, os peitos de Janie produziam mais leite e a força da sua resolução aumentava. Ela queria a bebé. Durante as duas semanas seguintes ela ligou à médica todos os dias, depois duas vezes por dia, depois três vezes por dia. A médica disse-lhe que se ela rescindisse o contrato de adoção, se ela quisesse a bebé de volta, os pais adotivos iriam processá-la pelo dinheiro das despesas de saúde com ela e pelos gastos para a sustentar. Janie disse-lhe que não queria saber, que lhes pagaria de alguma forma.

    Ao fim de duas semanas a discutir pelo telefone a tentar convencer a doutora, janie caminhou os cinco quarteirões até à clínica. A rececionista reconheceu-a, uma vez que Janie tinha sido lá paciente nos últimos seis meses, e sorriu para ela. Jessica era uma jovem, nos seus vinte e poucos anos, com cabelo castanho, comprido, que usava solto e lhe caía pela costas. Usava uma saia de algodão, até meio da canela como uma colcha de remendos, um colete a condizer e uma blusa branca. Uma fita no cabelo verde alface completava o seu ar de hippy.

    Vejam se não é a Janie! Ainda não passaram seis semanas, pois não? Não tenho aqui nenhuma marcação em seu nome.

    Não, eu não tenho nenhuma marcação, disse-lhe Janie. Mas eu preciso de ver a Dra. Ellen. É... é muito importante.

    Ó, devia ter ligado antes de ter vindo aqui, querida. A Dra. Goodman tem tudo marcado hoje... está sobrelotada, até. Não é uma emergência, pois não? Tem febre ou está com demasiado fluxo?

    Não, não é nada disso. Eu... eu só preciso de a ver. Jessica, eu..., Janie deu uma olhada pela sala de espera cheia de mulheres à espera, a maioria grávidas. Ela baixou a voz e aproximou-se. Mudei de ideias em relação a dar a minha bebé para adoção. Quero mantê-la. E preciso de falar com a doutora já.

    Os olhos de Jessica arregalaram-se e alcançou o telefone. Deixe-me só ver se ela está no escritório, está bem? Janie acenou e endireitou-se, respirou fundo equanto a outra mulher falava baixinho para o telefone. Por um momento, ficou em silêncio, a ouvir. Tudo bem, doutora,disse ela e desligou o telefone. Ela diz que pode ir ao seu gabinete, mas diz que só tem uns minutos antes da próxima paciente.

    Obrigada, disse Janie aliviada.

    À medida que percorria o corredor, Janie recordava estar sentada no gabinete da Dra. Goodman havia seis meses, a discutir a adoção de que agora se arrependia. Então, entrou no gabinete. A doutora estava sentada por trás de uma grande secretária de carvalho. Ela levantou-se e sorriu brevemente, os seus olhos cinzentos eram frios. O seu cabelo castanho-avermelhado estava apanhado num coque para impedir que a atrapalhasse enquanto trabalhava. Ela era alta e magra, tinha uma postura rigida e altiva. Ela usava uma bat branca sobre um vestido verde de mangas curtas. A Dra. Goodman indicou uma cadeira a Janie no outro lado da secretária.

    Muito bem, Janie, disse ela. "Só tenho um minuto. O que posso fazer por si?

    É precisamente o que lhe tenho dito pelo telefone, doutora. Eu quero a minha bebé de volta.

    A Dra. Goodman suspirou impacientemente. E tal como eu lhe tenho dito, não assim tão simples. Este casal fez planos para este bebé. Eles gastaram bastante dinheiro em produtos para a bebé, nos seus cuidados de saúde e no seu mantimento.

    Eu pago-lhes de volta.

    Você só tem dezasseis, Janie. Ainda nem terminou o liceu. Como pensa que lhes vai pagar de volta?

    Eu... eu não sei. Mas é o que eu vou fazer. Eu sei que só vou conseguir pagar-lhes aos poucos, mas eu pago-lhes tudo de volta.

    E se eles decidirem levar isto a tribunal? Como é que vai pagar a um advogado?

    Os olhos de Janie encheram-se de lágrimas. Não sei. Mas farei o que for preciso para ter a minha bebé de volta. Talvez... Ela hesitou, respirou fundo antes de continuar. Talvez peça ajuda ao pai da bebé. Ele tem dinheiro.

    A cara da doutora franziu-se de raiva e inclinou-se sobre a secretária, as suas mãos bem assentes no mata-borrão. Janie encolheu-se para trás na sua cadeira. Ela nunca vira a doutora daquela maneira. Em todos os meses que cuidara de Janie ela tinha sido bondosa e gentil, demonstrando uma preocupação quase maternal no que dizia respeito ao bem-estar de Janie e da bebé. Esta mulher fria e zangada assustava a jovem adolescente.

    Segundo me lembro, dizia a doutora, o pai da criança é o seu cunhado. Janie acenou com a cabeça sem palavras. E que idade tinha você quando começou a ter relações sexuais com ele?

    Janie olhou para os seus pés à medida que as lágrimas jorravam e escorriam pelo seu rosto. Tre... treze.

    E tinha quinze quando engravidou. A Dra. Goodman fez uma pausa e olhou para ela severamente. Portanto, o seu cunhado é culpado de abusar de uma menor, algo que eu deveria, por lei, de reportar assim que veio até mim. A única razão por que não o fiz foi por preocupação consigo. Você não queria que ele, ou fosse quem fosse, soubesse da bebé. Você disse que queria que a criança fosse para um bom lar e depois queria ir para outro lugar recomeçar a sua vida. Foi isso que me disse, não foi?

    Uma vez mais, Janie acenou com a cabeça sem olhar para ela.

    Portanto, depois de ter arriscado perder a minha licença médica por si, agora quer arrastá-lo para isto? E acha que ele vai assumir a paternidade e ajudá-la a conseguir a custódia? Ele vai é estar demasiado ocupado a defender-se das acusações contra ele. É isso que quer, Janie? Você quer vê-lo na prisão? E quer ver-me a mim na prisão?

    Não. Janie tapou a cara com as mão e soluçava. Eu só quero a minha bebé.

    Você quer a sua bebé sem se preocupar com as consequências. A Dra. Goodman ergueu-se e sentou-se na sua cadeira. "Você não está a pensar no sofrimento do casal ou no dinheiro que eles lhe pagaram. Não se preocupa em mandar-me para a prisão depois de tudo o que fiz por si. Não está a pensar em todas as outras mulheres que vão ficar sem médicos se esta clínica fechar. Não se preocupa em mandar o seu cunhado para a prisão ou com o que acontecerá à sua irmã. Nem sequer se preocupa por impedir a sua bebé de ter uma família estável e uma boa vida.

    Eu acho que lhe está a passar algo ao lado, continuou a doutora. Suponha que o seu cunhado não vai para a prisão? Ele tem dinheiro e grandes influencias. Talvez se safe apenas com um abanão. Acha mesmo que ele a vai ajudar a manter essa bebé? Ele tem um lar e uma família. Acha mesmo que vai ser assim tão difícil ele convencer um juiz que a bebé está melhor com ele do que com uma mãe adolescente que nem tem meios para se suportar a ela própria?"

    Durante vários minutos, o único som naquele escritório era o de Janie a chorar. A Dra. Goodman tinha razão. Como é que ela poderia sequer pensar em combater o casal adotivo, ou mesmo o seu cunhado? Principalmente ele. Ela não podia deixá-lo ficar com a sua bebé preciosa. Talvez a devesse deixar ficar onde estava. Talvez fosse o melhor para ela.

    Janie estava a sentir a sensação já familiar da lactação. Ela tinha posto uns protetores dentro do soutien para não molhar a roupa e ela conseguia senti-los húmidos à medida que os mamilos gotejavam o leite. Não, pensou ela. Ela não podia desistir agora. Este leite significava algo. Ela estava segura de que Deus lhe tinha enviado aquele leite porque era suposto ela ficar com a bebé. Se Deus tinha providenciado a alimentação daquela bebé, então certamente providenciaria tudo o resto. Janie só tinha que ser forte. Ela limpou o seu rosto molhado e olhou para a doutora.

    Eu quero a minha bebé, disse ela com firmeza e levantando-se. Eu quero-a e tenho a certeza de que Deus quer que eu fique com ela. A doutora semicerrou os olhos e Janie resistia para que não demonstrasse o medo na sua voz. Eu conheço a lei, Dra. Ellen, eu li sobre adoção na biblioteca. Ainda não é definitivo e eu ainda posso mudar de ideias. É isso que estou a fazer, estou a mudar de ideias. Você não tem o direito de afastar a minha bebé de mim. Se não a recuperar e não ma devolver, eu vou à policia.

    A policia?, perguntou a Dra. Goodman.

    Sim. Eu li tudo sobe adoção e não creio que os papeis que você me fez assinar sejam sequer legais. Eu acho que você fez aquelas pessoas pagarem-lhe dinheiro pela minha bebé, e acho que não sou a única. Acho que vendeu a minha bebé e que o fez com outras raparigas, também. E se você não me devolver a minha bebé, eu vou contar à policia.

    A Dra. Goodman olhou-a fixamente por uns momentos, e depois a sua expressão suavizou. Sorriu para Janie e de súbito já não parecia assustadora. Voltou a parecer-se com aquela médica bondosa e carinhosa em quem Janie havia confiado todos aqueles meses.

    Tudo bem, Janie. Vejo como está determinada e o quanto ama a sua bebé. Talvez vocês duas fiquem bem, afinal. Vou tratar disso e encarregar-me de trazer a sua bebé de volta.

    Quando? perguntou ela sem fôlego.

    Amanhã. Volte para o seu apartamento e eu tratarei de tudo. Amanhã trarei a sua bebé.

    Janie agradeceu a médica copiosamente e abandonou a clínica. No caminho para casa, parou para comprar fraldas e algumas mantas e roupas para a bebé. Ela não tinha a certeza do que necessitaria, mas pensou para começar já era bom. Afinal de contas, presumiu ela, certamente teria leite para alimentar a bebé.

    Janie desligou a bomba e limpou-se, colocando o leite que tinha espremido em recipientes para ir para o frigorífico. Era o dia depois da sua visita à doutora. Hoje... ela quase que cantava em voz alta. Hoje ela teria  a sua bebé nos seus braços de novo. Ela jurou que nunca mais permitiria que alguém as separasse de novo. Ela tinha estado a pensar em nomes, tentando decidir o que chamar à sua filha. Rachel estava no topo da lista.

    Ela recordou-se das coisas que a doutora Goodman tinha dito no dia anterior sobre o seu cunhado. Ela tinha razão, ele não a ajudaria. Nem a sua irmã. Quando ele começou a abusar dela tinha-lhe avisado para não dizer a ninguém, principalmente a sua irmã. Ele tinha dito que ela não acreditaria em Janie e que ela acabaria por viver nas ruas sem sitio para onde ir. Ela sempre se interrogara se a sua irmã saberia o que ele andava a fazer. Quando Janie lhe contara que estava grávida, a sua irmã não lhe pareceu surpreendida e Janie pensou que ela devia saber.

    A sua irmã avisou-a para não contar a ninguém da sua gravidez, principalmente ao seu cunhado. Tantos segredos, e Janie estava no centro de todos eles. A sua irmão arranjou maneira de a colocar num lar para mães adolescentes em Nova Iorque. Ela comprou um bilhete de avião... só de ida de Los Angeles para Nova Iorque. Também lhe comprou o bilhete de autocarro de Fresno para Los Angeles. Depois de o seu cunhado sair para o trabalho numa manhã, a sua irmã levou-a de carro para a estação de autocarros.

    Ela nem esperou que Janie entrasse no autocarro. Ela disse para lhe ligar depois de aquilo ter sido adotado, depois ela enviara um bilhete para Janie regressar a casa. Deu-lhe algum dinheiro e foi-se embora, deixando Janie em frente à estação de autocarros com as suas malas. Ali ficou a ver a sua irmã afastar-se, e de repente sentiu encher-se de raiva e humilhação. Ela não ia voltar para aquela casa para voltar a ser usada por ele e ignorada pela sua própria irmã. Ela também não iria para Nova Iorque, e ela não queria mesmo o bebé dele. Janie já tinha ouvido rumores sobre a Dra. Goodman e que ela podia ajudar raparigas como ela.

    Ela dirigiu-se a uma cabine telefónica e chamou um táxi para a levar até à clínica da Dra. Goodman. Ela chegou carregada com as suas malas e sem consulta marcada, mas Jessica tinha-a assegurado de que a doutora havia de arranjar maneira de a atender. Antes de ser examinada, Janie sentou-se no gabinete da Dra. Goodman, tranquilizada pela simpatia que a doutora emanava e pela sua indignação pelo abuso que Janie tinha sofrido do seu cunhado.

    Discutiram quais as opções. O aborto era legal, mas a doutora insinuara que poderia ser feito à mesma. Janie tinha demasiado medo de todas as histórias que tinha ouvido de mulheres que morreram nessa situação, por isso essa hipótese descartou-se. A Dra. Goodman disse-lhe que poderia dar o bebé para adoção em privado, e inclusive ofereceu-lhe um luar onde ficar até dar à luz.

    A ideia do bebé, o bebé dele, ser adotado em Fresno soou-lhe apelativo. Ela ir-se-ia embora, ela tinha uma amiga em Washington que já tinha dezoito anos e Janie tinha a certeza de que ela a receberia e a deixaria ficar com ela. Mas aquele bebé ficava aqui,  cresceria por perto. Talvez até fosse adotado por alguém que conhecesse a sua irmão e o seu cunhado. Eles podem ver o bebé crescer e nunca saber que é dele. Ela disse à doutora que queria dar o bebé para adoção.

    Durante a gravidez ela viveu no apartamento que a Dra. Goodman lhe tinha providenciado. Havia três apartamentos de seguida, todos propriedade da clínica para mulheres da Dra. Goodman. Ela dissera a Janie que eram para raparigas como ela, sem lugar para onde ir e sem ninguém para as ajudar. Ela tratava das raparigas e os pais adotivos pagavam as despesas até elas darem à luz. A doutora tratava de tudo certificando-se de que as raparigas tinham uma alimentação saudável e insistia para que dessem passeios diariamente. Era-lhes permitido lá continuarem até fazerem o check-up das seis semanas e a doutora lhes dissesse que já tinham recuperado.

    Cada um dos apartamentos era pequeno, tinham uma pequena sala de estar, uma pequena cozinha, três pequenos quartos e uma pequena casa de banho. Eram simples e com poucos móveis e todos em segunda mão. Tinham paredes brancas, uma carpete beije. Havia uma televisão em cada apartamento, tal como uma seleção de revistas e alguns livros... muito parecido com a sala de espera da doutora. Cada quarto tinha uma cama de solteiro e uma pequena cómoda.

    Já tinha havido outras raparigas a viver no apartamento quando Janie se mudou para lá, uma no dela e outras duas, uma em cada um dos outros apartamentos. Mas já todas tinham tido os seus bebés e já não estavam lá, deixando Janie sozinha. Ela não queria a bebé, a bebé dele, quando se mudara para lá. Mas à medida que a sua barriga crescia e ela sentia a bebé mexer-se lá dentro, começava a arrepender-se de nunca a poder vir a conhecê-la. Quando a viu e a

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1