Cerco ao Coração: Série Romance do Sul, #2
De Lexy Timms
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Sobre este e-book
Cerco ao Coração, Livro 2 da série Romance do Sul, da autora de best-sellers Lexy Timms
Cidade de Knox, agosto de 1863.
Jasper Perry tem uma casa, uma família — tudo o que ele pensou ter perdido para sempre depois que a guerra irrompeu. Com o amor de Clara, Jasper acredita que tem tudo o que sempre quis. Enquanto aguarda o casamento com Clara, ele se vê dominado pelas saudades de sua casa.
Quando uma milícia confederada o sequestra, determinada a puni-lo por sua deserção, Jasper tem uma escolha: desistir da lealdade que um dia teve em relação à Confederação e lutar para voltar para Clara, ou deixar sua nova casa para trás e retornar a tudo que lhe é familiar. Para tornar as coisas ainda mais complicadas, a milícia confundiu Cecelia com a esposa de Jasper e a sequestrou também.
De volta ao seio de sua família, Solomon Dalton tenta retornar à sua antiga vida como se nada tivesse acontecido. Mas quando Jasper e Cecelia são sequestrados, Solomon deve retornar ao território da Confederação para salvar aqueles a quem ama. No entanto, ele não está sozinho, um homem estranho o está seguindo, e Solomon ouviu rumores que espiões da União estão procurando por aqueles que traíram a causa...
Série Romance do Sul
Uma Pequena História de Amor
Cerco ao Coração
Liberdade para sempre
O destino de um Soldado
Lexy Timms
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Série Romance do Sul
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Cerco ao Coração, Livro 2 da série Romance do Sul, da autora de best-sellers Lexy Timms
Cidade de Knox, agosto de 1863.
Jasper Perry tem uma casa, uma família — tudo o que ele pensou ter perdido para sempre depois que a guerra irrompeu. Com o amor de Clara, Jasper acredita que tem tudo o que sempre quis. Enquanto aguarda o casamento com Clara, ele se vê dominado pelas saudades de sua casa.
Quando uma milícia confederada o sequestra, determinada a puni-lo por sua deserção, Jasper tem uma escolha: desistir da lealdade que um dia teve em relação à Confederação e lutar para voltar para Clara, ou deixar sua nova casa para trás e retornar a tudo que lhe é familiar. Para tornar as coisas ainda mais complicadas, a milícia confundiu Cecelia com a esposa de Jasper e a sequestrou também.
De volta ao seio de sua família, Solomon Dalton tenta retornar à sua antiga vida como se nada tivesse acontecido. Mas quando Jasper e Cecelia são sequestrados, Solomon deve retornar ao território da Confederação para salvar aqueles a quem ama. No entanto, ele não está sozinho, um homem estranho o está seguindo, e Solomon ouviu rumores que espiões da União estão procurando por aqueles que traíram a causa...
Chapter 1
O gancho da carroça escorregou de suas mãos e bateu no chão com um baque surdo, e Jasper praguejou. Um dos gatos do celeiro miou e Beauty, de volta ao estábulo, relinchou para ele. Quer se tratasse de uma preocupação verdadeira ou diversão, Jasper não sabia; no entanto, não se encontrava satisfeito. Ele sugou os dedos feridos, praguejou de novo, baixinho, e decidiu que terminaria a tarefa mais tarde. Saiu do celeiro apressado, não querendo admitir para si mesmo que estava realmente preocupado que Clara saísse da cozinha e lhe perguntasse o que havia de errado.
Não queria ver Clara agora.
Além disso, o dia estava lindo do lado de fora. Aquilo sim, ele podia apreciar. As cores do outono eram algo lindo de se ver em sua cidade natal, Osceola, Missouri, mas Jasper nunca vivera o outono na Pensilvânia. O ar estava carregado de um frio genuíno, um pequeno indício dos invernos que ele tanto temia no norte — já havia ouvido histórias contadas por Solomon. De um modo estranho, o medo daquele frio agitava-se em seu sangue, tornando ainda mais bonita a mistura de vermelhos, laranjas e amarelos nas colinas, emprestando um caráter sobrenatural aos girassóis que se voltavam suavemente na direção dos campos oscilantes das últimas colheitas. À noite, quando Clara servia a cidra, era maravilhoso ficar aconchegado ao redor do fogo. Uma pausa bem-vinda em pleno calor de agosto.
Jasper deveria se sentir em casa ali. De fato, às vezes ele se sentia mesmo em casa. Havia a camaradagem tranquila de uma fazenda, onde todos iam para a cama à noite, exaustos pelo trabalho honesto e simples de trabalhar a terra em plantações e juntar os animais em seus currais, colher maçãs e semear no inverno. Jasper ensacava batatas, Clara administrava a fazenda com Solomon a seu lado, e Cecelia lidava com as cabras. Criaturas teimosas; Jasper não sabia como ela poderia amá-las, mas Cecelia amava a todos.
Ele deveria ser feliz.
Às vezes, ao olhar para Clara, achava que o seu coração poderia explodir de amor. Ela era esbelta e perfeita; a mulher mais linda que já vira, e se recusava a se esconder atrás dos mitos da incompetência feminina, lutando para manter a fazenda funcionando. Com Solomon vivo e mais ajuda na fazenda, ela havia florescido, cheia de esperança.
No entanto, Jasper não podia deixar de se sentir como um forasteiro. Clara seria sua esposa em breve, em algum momento após a colheita. Eles deveriam ter se apressado; ainda assim, não o fizeram e Jasper não conseguiu insistir no assunto.
Mas deveria.
Sabia disso. Não imaginava por que deixou de fazê-lo.
Ele sabia que nem mesmo o bom humor dos homens e o relutante respeito deles por Jasper ter salvo Solomon não o absolveram inteiramente aos seus olhos. Percebia isso quando, às vezes, ele os via o observando, e sabia que se lembravam de que lado ele lutara. Além do mais, ele não era alguém que desertara sem consciência e nunca defendeu a Confederação. Ainda que Jasper tivesse jurado para si mesmo que não pegaria em armas para defender-se novamente, mesmo ao aceitar que lutara por algo que não podia mais tolerar, ele se via tomado por um orgulho furioso. Como ousavam menosprezá-lo?
O fato de ser o homem que havia tomado a noiva de Cyrus Dupont não ajudava em nada. A cidade amava aquele homem. Todos falavam em voz baixa, quase desafiadores, de que ele era um bom homem, um homem que ajudava sua gente. Falavam assim, às vezes, quando não precisavam dizer mais nada além de um olá e, mesmo sendo conhecido por ter salvo Solomon Dalton, Jasper sabia que ainda era considerado um confederado.
A própria história de Solomon nunca foi revelada. O fato de Jasper tê-lo salvado no campo de batalha e levado para casa era conhecido. Ninguém parecia ligar os fatos. Estavam todos muito felizes em vê-lo.
Solomon, que era a única pessoa na qual Jasper poderia confiar, subitamente se afastou. Nos últimos dias, ele se apresentava inquieto, indo para o campo ou cidade por motivos que não revelava. Millicent observou, com sarcasmo, que nunca vira um jovem apaixonado parecer tão infeliz, e Solomon apenas sacudiu a cabeça, secamente. Ele não estava apaixonado, então. Então, do que se tratava?
Praguejando, Jasper andou pelos campos, dirigindo-se para as florestas. Ele compreendia por que Clara corria para lá quando estava oprimida, por que Solomon costumava caminhar por entre as árvores. Em meio ao oscilar dos galhos e ao farfalhar de folhas, havia uma paz diferente de qualquer outra existente em áreas habitadas. Cecelia podia se sentir confortável no pomar mas, para Jasper, a floresta era igual em qualquer lugar. Ele poderia se sentir em casa de novo.
Sua casa.
Nunca mais a veria novamente. Ele acelerou o passo. Deus sabia que não havia mais nada lá. Talvez, vendo que ele não voltava da guerra, alguém tomasse a propriedade arruinada de sua família e construísse algo lá de novo. Haveria crianças brincando na nova casa, e plantas crescendo verdes onde ele havia deixado cinzas. Ele apreciou esse pensamento. Não queria voltar às lembranças e ao luto.
Uma coisa era não querer; outra, não ser capaz de fazê-lo e, em todo o caso, quando pensava na sua propriedade, queria rebater os demais e perguntar se eles achavam que tudo o que a União fizera era tão maravilhoso assim. Pessoas haviam morrido. Civis morreram, passaram fome — não apenas aqueles que pegaram em armas, mas também crianças. Mães, avós e filhos mais jovens, tentando desesperadamente manter as fazendas e as lojas funcionando, enquanto os campos eram queimados e as mercadorias já não vinham mais do norte. De que adiantaria ter algodão se não havia fábricas?
Eles não entenderiam. Não haviam visto os inocentes sendo envolvidos naquilo tudo.
Se Jasper voltasse, sabia o que aconteceria. Eles haviam perdido e tinham pouca simpatia por desertores. Qualquer coragem que juntasse desapareceria imediatamente. Não era mais alguém que poderia voltar para casa como um herói e pedir a mão de Daisy em casamento. Ele se perguntou se ela esperava que ele fizesse isso. Talvez ela pensasse que ele estava morto, e talvez fosse melhor assim.
— Jasper? — A voz o deteve em seu caminho, no momento em que iria começar a correr.
Ele se virou.
— Cecelia.
Embora o dia ainda estivesse quente, ela se encontrava de pé, envolta por um manto. Cecelia estivera retraída nos últimos dias, usando xales e andando pálida e quieta. Ninguém mais notou, mas Jasper, sim — ele conhecia a tristeza quando a via. Sabia como era fácil se calar e deixar os outros tagarelando, enquanto você se deixa ficar sentado em silenciosa agonia. Não poderia culpar os demais por não entenderem. Ele deveria ter falado com ela antes.
— Há algo errado? — falou ela, antes que ele pudesse encontrar as palavras certas para a sua própria pergunta.
— Nada — disse ele, forçando um sorriso, e ela o estudou com seus olhos castanhos. Os olhos de Solomon. Enquanto Solomon e Clara possuíam cabelos claros, os de Cecelia eram em tons de castanho-dourado; até mesmo a sua pele bronzeava mais facilmente, se exposta ao sol. Isso fazia com que sua palidez fosse ainda mais notada.
— Você está aborrecido — disse ela, então. Não era do feitio de Cecelia contradizer as pessoas, mas ela estava desabrochando como uma mulher de opinião. Já fora tímida, um dia. Não mais.
— O que sabe sobre isso?
— Por que todo mundo pensa que sou uma tola? — perguntou Cecelia, exasperada. — Não sou, você sabe. Eu vejo as coisas acontecendo. Você está infeliz.
— Eu não diria infeliz — disse Jasper, irritado. Ele suspirou e esfregou a cabeça. — Sinto muito, Cee.
— Todos vocês me consideram ainda uma criança — disse Cecelia. Ela cruzou os braços sobre o peito e ficou rígida de raiva. — Bem, não sou.
— Eu não a considero uma criança — disse Jasper. — Você salvou minha vida, Cecelia. Não posso me esquecer disso. — Ele guardava uma vívida lembrança de Cecelia com o galho na mão, ofegante, e Cyrus no chão, aos seus pés; ele sorriu ao se lembrar. O choque de Clara foi muito divertido. O poderoso Cyrus, derrubado por uma mocinha franzina.
— Suponho que o salvei — disse Cecelia. Ela desviou o olhar e, depois o olhou novamente, com o cenho franzido. — É com você e Clara? É por isso que está tão aborrecido? Às vezes, eu o vejo observando Clara e me parece que você não sabe como se sente em relação a ela. Você não a ama mais?
A questão era muito mais direta do que qualquer outra que Jasper pudesse esperar. Ele a olhou por um momento, boquiaberto, antes de voltar a pensar com clareza.
— Cecelia...
— Não continue assim, apenas dizendo o meu nome. Você esperava que eu dissesse algo educado e covarde? Ela é minha irmã, Jasper. Ela me protegeu enquanto Solomon esteve ausente. Ela o ama. Ela sente que, finalmente, a vida dela está segura de novo. Se não a ama...
— Eu a amo — disse Jasper, com gentileza, não tendo certeza se queria saber onde Cecelia queria chegar com aquele ultimato. — Eu a amo com todo o meu coração.
— Então, o que é? — perguntou Cecelia. — Jasper, você está se ausentando cada vez mais, agora. Eu o vejo no jantar. Você não fala. O que foi?
— Não quero falar sobre isso. — Por mais que Cecelia tivesse ficado feliz