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Paixão na Charneca
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Paixão na Charneca
E-book264 páginas3 horas

Paixão na Charneca

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Sobre este e-book

Um homem torturado por lembranças brutais. Uma mulher determinada a salvaguardar a própria liberdade.

Após mais de vinte anos em exílio, Mallon de Wolfe — formidável, lindo, e com uma pedra de gelo onde deveria ter um coração, está de volta a  Dartmoor. 

Um lugar vasto, estéril e perigoso. Um lugar em que segredos se recusam a se manter enterrados. 

Mallon jurou superar  as traições da juventude, mas encontra um novo perigo quando sente crescer a atração que sente pela misteriosa Condessa Rosseline. 

Assombrada por escândalos e por sua origem, a Condessa recém-enviuvada não tem escrúpulos. Ela precisa de um marido capaz de assegurar seu status mesmo que através de mentiras e manipulação.

Será que o desejo de Mallon por ela é demasiado intoxicante para ser negado, não importa a que custo, e será que ambos serão capazes de escapar do abraço venenosos de seus passados?

“Paixão na Charneca” é um romance gótico, sensual e sombrio.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de jul. de 2021
ISBN9781071565278
Paixão na Charneca

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    Pré-visualização do livro

    Paixão na Charneca - Emmanuelle de Maupassant

    Paixão na Charneca

    Emmanuelle de Maupassant

    ––––––––

    Traduzido por Evelyn Torre 

    Paixão na Charneca

    Escrito por Emmanuelle de Maupassant

    Copyright © 2021 Emmanuelle de Maupassant

    Todos os direitos reservados

    Distribuído por Babelcube, Inc.

    www.babelcube.com

    Traduzido por Evelyn Torre

    Design da capa © 2021 Victoria Cooper

    Babelcube Books e Babelcube são marcas comerciais da Babelcube Inc.

    Este trabalho foi possível graças à permissão especial do programa de publicação de Wolfe Pack Connected World e da Dragonblade Publishing, Inc., dba WolfeBane Publishing. Todos os personagens, cenas, eventos, enredos e elementos relacionados que aparecem na série original World of de Wolfe Pack de Kathryn Le Veque Novels, Inc. continuam sendo propriedade exclusiva de direitos autorais e / ou marca registrada da Kathryn Le Veque Novels, Inc. ou afiliados ou licenciadores.

    Todos os personagens criados pela autora deste livro (ou tradução que não seja o inglês) permanecem propriedade dos direitos autorais do autora.

    Caro Leitor,

    Bem-vindo a esta história de mistério, drama e segredos, e permeada por uma jornada do amor.

    Há algo absolutamente delicioso em romances históricos. Homens e mulheres sujeitos às regras e restrições da época, mas que desejam algo mais: amor verdadeiro. Grande Aventura e Paixão.

    Você encontrará pinceladas de tensão sexual e ansiedade, e algumas cenas fumegantes, porque nosso desejo de conexão física é tão forte quanto nosso desejo de amor e merece ser explorado em uma página...

    Espero que esse romance proporcione uma fuga e entretenimento bem-vindos, que inspire e transporte você para outro lugar. Enquanto torce por nosso herói e heroína, quero que você se sinta animado. Como Mallon e Genevieve, você é mais forte do que imagina, mais engenhoso e mais determinado. Você é a heroína (ou herói) da sua própria história.

    Quanto aos finais felizes, todos precisamos acreditar que as coisas podem melhorar se persistirmos, que há esperança e chances de se abraçar uma vida de amor, amizade e contentamento.

    Todos nós merecemos a chance de dar amor e de sermos amados em troca.

    Sobre a autora

    Emmanuelle de Maupassant mora com o marido (fazedor de chá e bolo de frutas) e adora bolinhas felpudas de quatro patas (que são apreciadores de brinquedos que fazem sons estridentes ao serem apertados e de guloseimas com bacon).

    Para saber dos novos lançamentos em primeira mão, receber brindes e descobrir as fofocas dos bastidores, diretamente em sua caixa de entrada, inscreva-se no boletim informativo de Emmanuelle, através do site

    www.emmanuelledemaupassant.com

    Mais de Emmanuelle de Maupassant

    O Guia de uma Lady para Azevinho e Caos

    O Guia de uma Lady para Escapar de Canibais

    O Guia de uma Lady para o Coração de um Highlander

    O Guia de uma Lady para o Escândalo

    O Guia de uma Lady para o Harém de um Sultão

    O Guia de uma Lady para Decepção e Desejo

    Mallon de Wolfe; formidável, bonito e com uma pedra de gelo no lugar do coração, está voltando para Dartmoor. Um lugar vasto, árido e perigoso.

    Onde os segredos se recusam a permanecer enterrados.

    Mallon jurou que superaria as traições de sua juventude, mas se vê frente um novo perigo à medida que sua atração pela misteriosa condessa Rosseline cresce.

    Será que ambos conseguem escapar das garras venenosas de seus passados?

    Personagens

    Lorde Alfred de Wolfe –8º Visconde Wulverton

    Lorde Mallon de Wolfe – 9º Visconde Wulverton

    Lorde Edward de Wolfe – irmão mais novo de Mallon

    Lorde Hugo de Wolfe – filho de Edward e herdeiro de Mallon

    Lady Marguerite de Wolfe – mãe de Hugo e irmã de Maxim

    Muffin e Tootle - Lebréis de Hugo

    Genevieve (condessa Rosseline) – viúva do Conde Maxim Rosseline

    Lisette – dama de companhia de Genevieve

    Reverendo Wapshot e Sra. Griselda Wapshot

    Beatrice Wapshot – a filha deles

    Dr. Samuel Hissop e Sra. Violet Hissop

    Lorde Slagsby – colega de escola de Hugo

    Funcionários de Wulverton Hall

    Sra. Fuddleby – cozinheira e governanta

    Ida – criada da cozinha

    Betsy – criada do salão

    Joseph Withers – o velho mordomo.

    Silas Withers – irmão de Joseph (ex-chefe dos estábulos)

    Scroggins – atual responsável pelos estábulos

    Capítulo Um

    Marselha – final de novembro de 1903

    Lorde Mallon de Wolfe, visconde Wulverton, sacou o cantil e avisou ao condutor que seguisse em frente, com velocidade. Ele teve a sorte de encontrar um coche de aluguel esperando no cais de Marselha e prometeu pagar o dobro da tarifa se chegassem à estação de trem antes das dez horas. Mallon havia reservado uma cabine-leito de primeira classe e pretendia usufruir dela.

    Fora um dia infernal, uma semana infernal, e uma jornada infernal. Sem passagens disponíveis no único navio de passageiros que partia de Constantinopla, ele fora obrigado a se contentar com um navio de carga. Não que ele se importasse com a falta de conforto, nem com o cheiro de suor e latrina, mas a embarcação vergonhosa estava em condições quase inavegáveis.

    O navio atravessou o Mar de Mármara, passou pelas ilhas gregas e pelo bico da bota da Itália antes que a água que invadia o convés inferior exigisse que todas as mãos, inclusive as dele, fizessem turnos na bomba de esgoto. Poderiam ter desviado o curso para Córsega e assim providenciar reparos, mas ele insistiu que continuassem. Com os esforço deles, a tripulação foi capaz de manter o barco à tona, e ele estava ansioso por continuar. Mais alguns dias de atraso adicionados aos já vinte e três anos poderia parecer irrelevante, mas Mallon era um homem de humor vacilante, e estava decidido a voltar ao país que deixara há tanto tempo.

    Em alguns aspectos, ele apreciou o esforço físico, talvez até tenha gostado de arregaçar as mangas da camisa. Ele era bem mais forte do que a maioria dos homens de sua idade, graças aos dias como soldado e ao gosto pelo pugilismo. Nada melhorava mais seu humor do que algumas rodadas acaloradas no ringue.

    Em pouco tempo ele tirou a camisa e se manteve como o resto, os homens revezaram-se na sala da fornalha do motor para impedir que o barco sofresse uma pane e os afundasse em um abraço de Netuno.

    A jornada o lembrou de seus dias no exército, quando ele se sentava na mesa de refeitório e compartilhava o cigarro seco de quem quer tivesse um; comia linguiças bem quentes direto da panela, junto da porção padrão de biscoito seco e um pouco de rum.

    Não que ele se entregasse à nostalgia. Depois de tantos anos servindo na Força de Campo Cabul-Kandahar de Sua Majestade, ele não possuía nada para exibir por aí além de um ombro que doía todos os dias. Os médicos conseguiram retirar a maior parte dos estilhaços, mas alguns resquícios permaneceram com ele, uma lembrança tão indesejada quanto as memórias que o acompanhavam. Grande coisa ser mencionado em despachos e missivas por extraordinária coragem sob fogo.

    Elogios não traziam de volta aqueles que haviam caído ao lado dele. Ele viu ossos quebrarem, viu homens sangrarem até morrer. Quanto à bravura, ele não fez nada além de se manter vivo, e os outros, da melhor maneira que pôde.

    Mallon bebeu o último gole do cantil, estremecendo quando a arak forte atingiu o fundo da garganta. Era um item que não faltava no navio, entre os duzentos caixotes da bebida, ninguém sentiu falta de algumas garrafas.

    Ele apoiou a cabeça na janela fria e observou as luzes da rua passando enquanto o condutor subia a Boulevard Voltaire. Tanto havia se passado desde que se afastara de seu legado, e os últimos dez anos foram uma amostra miserável de vida. Constantinopla se mostrara um desafio em alguns momentos, mas a cidade oferecia anonimato. Lá, ele não era nada e nem ninguém, foi fácil cair no esquecimento nos antros de ópio, buscando escapar de seu arrependimento e raiva.

    Agora, tudo iria mudar. Ele iria mudar. A morte de seu pai cuidara disso. A notificação da morte dele e da de seu irmão Edward, mais de dois anos antes, haviam chegado tarde demais para Mallon comparecer a qualquer funeral. Ele poderia ter retornado mais cedo, para prestar homenagem na sepultura de Edward, mas seu orgulho o impediu de fazer a jornada.

    As feridas provocadas pelas desavenças com o pai continuavam abertas, mas, apesar das associações atormentadoras da charneca, ali era sua casa. Havia compromissos a serem cumpridos, e erros a serem corrigidos. Como ele poderia viver consigo mesmo caso se recusasse a enfrentar esses desafios? Ele era um de Wolfe, afinal. Como seus ancestrais, ele experimentara o inferno do campo de batalha. Ele encarou a morte para servir à sua rainha e a seu país.

    Sem o pai, os únicos demônios que restavam eram aqueles que se escondiam dentro dele. Mallon desejava se recompor, como o tojo-da-charneca recuperando suas folhas verdes depois do longo inverno congelante. Talvez ele estivesse se enganando, mas o seu lugar de direito exercia uma atração difícil de ser negada.

    Quanto ao luto pelo pai, a tristeza de Mallon era, em demasiado, marcada por ressentimentos. O falecido visconde nunca mais foi o mesmo depois de perder a esposa. Perdera-se nas profundezas da própria angústia e foi incapaz de perceber que os filhos precisavam do amor do pai. E que precisavam mais que nunca pela morte da mãe. Edward era um bebê de colo, jovem demais para estar ciente do que o cercava, mas Mallon soube desde o início que algo estava errado.

    Sua mãe estava bem de saúde em um dia e no outro todos os vestígios dela desapareceram. Em poucos dias, todas as peças da roupa da viscondessa foram removidas da casa. Era como se ela nunca tivesse pisado lá. Quando Mallon tentou falar da mãe com o pai sofrera a maior das repreensões. E então Mallon ouvira os sussurros dos criados.

    Ela arrumou um amante e fugiu.

    A princípio, o coração de Mallon disparou com esperança. Se ela foi embora, poderia voltar. Foi um erro deixá-lo para trás. Só que ela não podia voltar. Ela pretendia começar uma nova vida longe de Wulverton Hall, mas não fora muito além da lama mortal, pouco depois Fox Tor. O homem que a aguardava procurou as autoridades, mas seu corpo jamais fora encontrado.

    Mallon não recebeu permissão para comparecer ao enterro, mas o assistiu de uma das janelas superiores do corredor. O caixão foi levado para a capela em uma carroça simples, e apenas o padre estava presente. Um caixão vazio. Seu pai havia, pelo menos, permitido que se pusesse uma lápide escondida no canto mais distante do cemitério.

    A mãe de Mallon não o amou o suficiente para ficar. Seu pai mal sabia amar. Mallon não conseguia se lembrar do visconde demonstrando qualquer afeto físico por ele ou por Edward. Ele raramente tolerava tê-los no mesmo cômodo. Essa dor persistia apesar de todas as distrações que experimentara.

    Assim que atingiu uma idade suficiente, ele agarrou a chance de escapar, de afastar-se da vida da charneca e daquelas lembranças angustiantes. Ele procurou um novo lar no exército, seguindo os passos de todos os seus antepassados reverenciados. E ele conseguiu encontrar um pouco de paz, ao menos por um tempo...

    — Nous sommes ici, Monsieur! — o condutor parou os cavalos e pulou do assento.

    Não havia bagagem para ser carregada, Mallon havia trazido apenas uma maleta que poderia ser levada por ele mesmo. Estava tudo em ordem. O trem partiria em vinte minutos e a passagem ainda precisava ser validada. Colocando os francos prometidos na mão do francês, Mallon marchou para o grande arco da La Gare de Marseille Saint Charles.

    ***

    Mallon precisou usar todo o seu autocontrole para não dar um soco no auxiliar do maquinista.

    Regarde mon billet!

    Era a quinta vez que ele exigia que o homem olhasse sua passagem. Duas vezes em francês e três vezes em inglês, a fala embelezada com xingamentos cada vez mais violentos.

    Je ne peux pas vous aider, Monsieur. — o funcionário encolheu os ombros. — Vous devrez partir.

    É impossível!

    Neste ritmo, ele acabaria dormindo no corredor, e tudo porque algum maldito idiota na bilheteria conseguiu reservar a cabine duas vezes, entregando-a a outro passageiro.

    A lâmpada lá dentro tremulava, emitindo um zumbido baixo, e não fornecia luz o bastante para que o ocupante fosse identificado. A abundância de saias indicava ser uma mulher, mas seu véu o impedia de discernir mais.

    A saraivada final de palavrões fez o homem se afastar. Mallon colocou a cabeça nas mãos. Ele estava cansado demais para isso. A única esperança era encontrar algum espaço no vagão-buffet. Caso ele desse o restante do dinheiro que carregava para os serventes, talvez fizessem vista grossa para o fato de ele se deitar ali mesmo.

    Ele deu uma última olhada no compartimento. Era muito espaçoso, e as roupas de cama estavam empilhadas e intocadas. O decoro nunca permitiria que eles compartilhassem o espaço, mas ele se perguntou se a mulher consideraria emprestar a ele um dos travesseiros.

    Ele sentiu-se relutante em perguntar.

    Embora tivesse conseguido tomar um banho após o desembarque, Mallon não se barbeava há vários dias, e o cabelo pedia um corte há tempos. Sua aparência, para não mencionar o comportamento agressivo que acabara de exibir, dificilmente criariam uma boa impressão. Murmurando desculpas, ele se virou para sair.

    Arrêter, monsieur. — ela o chamou para entrar.

    Mallon não precisou que ela repetisse. Sentando-se na poltrona do lado oposto, ele se recostou no encosto de veludo. Devido aos problemas e trabalho extra no navio, seu ombro estava chiando. Ele olhou para os travesseiros mais uma vez se perguntando se poderia implorar um depois de tudo que acontecera.

    Vous voyagez seul, madame?

    Para seu alívio, ela respondeu no idioma dele.

    — Sim, mas estou acompanhada de minha criada pessoal. Ela tem um compartimento próprio mais à frente.

    Mallon se animou um pouco.

    — Não acredito que... — ele odiava pedir favores, mas não desejava passar outra noite sem dormir, se recostando em algum canto aleatório deste trem lotado. — Ela poderia compartilhar este com você, de modo que eu fique com a cabine dela? Posso preencher um cheque do meu banco para compensá-la pelo incômodo. Com o dobro do valor original, claro.

    Ela pareceu achar graça.

    O véu de renda dificultava a certeza, mas os olhos dele estavam se acostumando à luz fraca. Ele conseguia enxergar um pouco de suas feições: olhos grandes, um queixo delicado e lábios curvados para cima.

    — Por que eu faria uma coisa dessas?

    O trem estremeceu, afastando-se da plataforma, ganhava velocidade aos poucos. Com as mãos no colo, ela sentava-se quase sem se mover, analisando-o, desde as botas até o topo da cabeça.

    — Tire o casaco, Monsieur. Se acomode.

    Levantando-se, ela primeiro fechou a persiana da janela externa e depois da vidraça menor da porta que dava para o corredor. Em seguida, trancou a porta.

    Por ela estar próxima à sua poltrona, ele pôde sentir seu perfume, uma mistura excitante de orquídeas e flor de laranjeira com um toque esfumaçado e amadeirado. O coração dele deu um pulo antes de bater mais rápido. Quando ela colocou a mão na coxa dele, a lâmpada piscou mais uma vez e zumbiu.

    Capítulo Dois

    Dartmoor — 1 de dezembro

    Não era de se surpreender que a esposa do reverendo Wapshot aguardasse o convite semanal para visitar Wulverton Hall com certa dose de ansiedade. Lady Marguerite de Wolfe, viúva do filho mais novo do falecido visconde, Lorde Edward, era generosa ao proporcionar o chá da tarde, e Griselda Wapshot nutria um grande apreço por todas as variedades de bolos.

    O tête-à-tête de hoje mostrava-se, sem dúvida, bem gratificante, pois Lady Marguerite havia recebido não apenas uma, mas duas correspondências, ambas com selo estrangeiro.

    — O novo visconde enfim está de volta. — disse Marguerite com a voz nasalada. — Parece que ele não soube da morte do pai até algumas semanas atrás, o telegrama ficou no banco à espera dele por um tempo considerável. — deixando de lado a carta, ela pegou um biscoito amanteigado no prato e começou a desintegrá-lo. — Ele deve ser bem regrado com os próprios gastos já que faz saques com pouca frequência.

    Marguerite sabia que qualquer opinião que desejasse manter em segredo não deveria ser discutida na frente de Griselda, mas, nesta manhã, ela não pôde se conter de irritação.

    — E ele viaja sozinho? — Griselda lançou um olhar inquisitivo, como uma ave à espreita.

    — Que eu saiba, não há esposa. — Marguerite acrescentou um pouco de açúcar à xícara e mexeu com vigor antes de chamar uma criada de uniforme francês.

    — Mais água quente, Betsy. — ela acenou para os pratos diminutos. — E mais destes. Geleia de morango em vez de framboesa, por favor.

    — Se ele for casado, tal fato não acabará com as expectativas de seu Hugo? — Griselda mergulhou a colher no creme de leite. Um scone não era digno desse nome a menos que estivesse bem besuntado.

    A posição de Hugo como herdeiro presuntivo era conhecida por muitos. Ele era o próximo na linha de sucessão caso o novo visconde não se casasse e gerasse um filho para continuar com o título. O retorno iminente do visconde era uma preocupação. Mesmo tendo evitado um casório ao longo de todos esses anos, ele poderia surpreender seus pares, pois era um solteiro elegível. Poderia enfim aceitar a ideia de se casar e produzir crianças o bastante para lotar a ala infantil.

    Toda a sociedade, sem dúvida, se colocaria a fazer previsões acerca das esperanças de Hugo. O filho dela era bem respeitado no meio aristocrático, mas lhe faltava força de caráter. O pai dele era do mesmo feitio.

    Mesmo quando novo, Marguerite conseguia ver que o filho mais velho de seu sogro, Mallon, havia conquistado grande respeito entre os moradores da região e não apenas por ostentar os cabelos escuros tão tradicionais e os olhos verdes dos de Wolfe. Ele havia assegurado a reforma das casas de todos os inquilinos e o reparo de vários poços e muros de pedra na propriedade.

    No entanto, ao voltar de Balliol College, ele permaneceu apenas sete meses sob o teto de seu pai antes de anunciar sua entrada nas Forças de Campo de Sua Majestade, sob o comando do Major-general Roberts.

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