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Meio social e surdez
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E-book143 páginas1 hora

Meio social e surdez

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Sobre este e-book

Antes de levantar qualquer bandeira em relação às disputas políticas e acadêmicas acerca dos processos de exclusão e inclusão de jovens surdos, a obra de Maria José dos Santos Silva convida a uma discussão e reflexão com foco na construção de singularidades da trajetória socioeducacional, a partir das seguintes questões: quem são os jovens surdos brasileiros? Quais as práticas sociais e culturais desenvolvidas por pessoas surdas que nasceram e foram criadas em uma pequena localidade que possui formas de organização sociocultural distintas das grandes e médias cidades brasileiras?

O sociólogo Bourdieu alertava para a complexidade das relações e práticas de diferentes comunidades na sociedade moderna, ressaltando que as identidades sociais são processos de trajetórias ímpares, marcadas pelas relações interpessoais construídas em espaços sociais e geográficos concretos, que, ao mesmo tempo, possuem formas que são comuns a espaços mais amplos (estado, nação, humanidade) e peculiaridades sociais cujas características foram historicamente construídas.

É nessa perspectiva que Meio social e surdez: trajetória socioeducacional de jovens surdos foi produzido. Nas palavras de José Geraldo S. Bueno, "a autora acrescenta contribuição significativa para as investigações que têm sido desenvolvidas na perspectiva crítica de que as identidades das pessoas surdas constroem-se com base somente na configuração de comunidades surdas, cujo traço comum é a utilização da Língua de Sinais. Nesse sentido, esta obra não deve ser encarada como uma investigação restrita ao mundo da surdez, mas, pela forma como foi construída, merece ser lida por todos que se preocupam com a relação indivíduo-meio social".
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jan. de 2016
ISBN9788547301262
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    Meio social e surdez - MARIA JOSÉ DOS SANTOS SILVA

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2016 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: DIVERSIDADE DE GÊNEROS, SEXUAL, ÉTNICO-RACIAL E INCLUSÃO SOCIAL

    Para Maria Emília, que ainda se desenvolve dentro de mim e em breve arquitetará sua própria história e trajetória.

    Ao companheiro e esposo, Daniel Ramos, por me ensinar sobre a singularidade do amor...

    AGRADECIMENTOS

    Agradecer é uma atitude que traz em si um sentimento profundo de afetividade, uma vez que ao alcançarmos a concretude de uma graça dificilmente caminhamos sozinhos, pois é nesse percurso que socializamos nossos sonhos, medos, buscas e fracassos, observando a importância de cada um na construção das nossas fábulas e realidades vividas.

    A todos da minha família, que sempre me incentivaram a sair pelo mundo.

    A Bel e sua família, que me acolheram em Araraquara.

    Aos colegas e amigos de permanência e caminhada, Alice, Aly, Carla, Elaine, Eric, Fernanda, Vanderlei, Gildemar, Gildo, Gislaine (em memória), Greice, Henrique, Jailson, Lia, Lisa, Lucelma, Marcelo, Márcia, Marina, Michele, Marcos, Nelia, Odair, Paola, Paulo, Regina, Rayssa, Renato, Silvia, Sergio, Sidinei, Zilma e, em especial, a Mônica e Meire, pelo carinho e diálogos intermináveis.

    Ao professor doutor José Geraldo Silveira Bueno, que me fez refletir acerca das singularidades de cada ser humano.

    À professora doutora Maria Aparecida Leite Soares (a pequena Cidinha), pela observação de suas aulas junto aos alunos surdos, bem como pelas contribuições dadas a esta pesquisa, por ocasião do exame de qualificação.

    À professora doutora Leda Maria de Oliveira Rodrigues, pelas contribuições a este estudo mediante o exame de qualificação.

    A todos os professores do programa de pós-graduação em Educação: História, Política, Sociedade (PUC-SP).

    Às famílias que me expuseram de forma singela suas histórias de vida, seus medos e desejos.

    À querida Betinha, pela sua dedicação e profissionalismo.

    À Capes e ao CNPq, pela bolsa concedida.

    À Editora Appris, por publicar e compartilhar este trabalho.

    Meus agradecimentos!

    O senhor… mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra montão.

    (Guimarães Rosa)

    PREFÁCIO

    Quando, como professor do mestrado em educação, deparei-me pela primeira vez com aquela jovem vinda do distante estado do Tocantins, interessada na educação de surdos, jamais poderia imaginar que, em pouquíssimo tempo, ela tivesse condições de produzir um texto analítico com densidade, sobre um tema que, além de polêmico e alvo de disputas políticas e acadêmicas, exigiria um enorme esforço de aprofundamento teórico.

    Para minha grata surpresa e satisfação, Maria José não só foi capaz disso como conseguiu produzir uma obra que, do meu ponto de vista, tem um caráter inovador, por duas razões que vale a pena enumerar.

    Em primeiro lugar porque, ao contrário da grande maioria das pesquisas produzidas nos programas de pós-graduação sobre a educação de surdos, que realizam investigações em grandes centros ou junto a escolas especiais reconhecidas, Maria José tomou a sua cidade de origem, no interior do estado, como campo empírico, mas de uma forma muito original.

    Com base nas contribuições teóricas de Milton Santos pôde, em primeiro lugar, apresentar o seu campo empírico de forma bastante qualificada.

    Se, de um lado, como grande parte dos pequenos municípios do interior, ele apresenta uma série de limitações para o acesso aos bens materiais e culturais produzidos, por outro, tal como nos mostra o eminente geógrafo brasileiro, possui uma série de características que são expressões de qualidade de vida que as grandes metrópoles perderam.

    E foi dentro dessa perspectiva que, apoiada em Pierre Bourdieu, pôde evidenciar que as relações sociais que jovens surdos estabelecem, em municípios em que sua incidência é bastante reduzida, são constituídas nos relacionamentos pessoais calcados basicamente nas relações familiares e de vizinhança próxima, que resultaram em processos de inserção social dos sujeitos investigados bastante distintos e peculiares.

    Assim é que, com bastante propriedade, caracterizou, descrevendo qualificada e analiticamente, os cinco sujeitos surdos investigados: Mário, o adolescente da classe média urbana; José, o filho participante; Adriano, o jovem entre a marca da escola e a disposição na vida rural; Valéria, a mulher surda entre a proteção da família e a busca de autonomia; e, finalmente, Mariana e sua independência na comunidade em que vive.

    O mais notável em sua pesquisa é exatamente a comprovação de que as identidades de qualquer pessoa, surda ou não, são construídas a partir de relações sociais que, ao mesmo tempo em que são expressões individuais do meio social em que vivem, distinguem-se em razão das trajetórias peculiares e da posição social que cada um ocupa nesse mesmo meio.

    Assim, a autora acrescenta contribuição significativa para as investigações que têm sido desenvolvidas na perspectiva crítica de que as identidades das pessoas surdas constroem-se com base somente na configuração de comunidades surdas, cujo traço comum é a utilização da Língua de Sinais.

    Nesse sentido, esta obra não deve ser encarada como uma investigação restrita ao mundo da surdez, mas, pela forma como foi construída, merece ser lida por todos que se preocupam com a relação indivíduo-meio social.

    Por fim, quero deixar o meu agradecimento à Zezé, pelo gentil convite para prefaciar esta obra, tarefa que cumpri com a maior satisfação.

    Professor Dr. José Geraldo Silveira Bueno

    Programa de Pós Graduação em Educação:

    História, Política, Sociedade – PUC/SP

    sumário

    CAPÍTULO 1

    PERCURSO INICIAL

    CAPÍTULO 2

    TRAJETO DE ESTUDO

    Espaço sociogeográfico: construindo trajetória

    CAPÍTULO 3

    AS RELAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS E ADULTOS SURDOS EM TOCANTINÓPOLIS

    3.1 Os jovens surdos

    3.2 A vida social dos jovens surdos em Tocantinópolis

    3.2.1. Mário, o adolescente de classe média urbana

    3.2.2. José, o filho surdo participante

    3.2.3. Adriano, o jovem entre a marca da escola e disposição na vida rural

    3.2.4. Valéria, a mulher surda entre a proteção da família e a busca de sua autonomia

    3.2.5. Mariana e sua independência na comunidade em que vive

    CAPÍTULO 4

    EDUCAÇÃO E INSERÇÃO SOCIAL DOS SURDOS

    4.1 A surdez na perspectiva socioantropológica

    4.2 Linguagem, oralidade e Língua de Sinais

    4.3 Sociedade ouvinte, comunidade e cultura surda

    4.4 Sociedade, surdez e cultura

    4.5 Práticas e relações sociais em espaços distintos

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    REFERÊNCIAS

    CAPÍTULO 1

    PERCURSO INICIAL

    Esta obra tem como objetivo apresentar um estudo da trajetória socioeducacional de jovens surdos no interior do estado tocantinense, tendo como elementos de análise os aspectos familiares, sociais e culturais presentes em sua vida. O olhar para com o jovem surdo surge a partir da minha inserção no projeto de iniciação cientifica da Universidade Federal do Tocantins (UFT/CNPQ), em 2007.

    Durante a minha formação em Pedagogia, o conhecimento acerca da educação escolar dessa população deu-se a partir de leituras de propostas pedagógicas na perspectiva inclusiva de crianças e jovens deficientes e com

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