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Pássaros do passado
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E-book194 páginas2 horas

Pássaros do passado

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Sobre este e-book

Quando os passos do passado, mesmo que inocentes de uma criança, inconscientemente provocam sensações de remissão, o maior desejo seria poder revivê-los, porém de uma forma um pouco diferente.
Mesmo que racionalmente esta saga revivida seja utópica, pode transformar-se em algo real se deixarmos os sonhos falarem por nós.
Em "Pássaros do Passado" isso foi possível e levará os leitores a resgatarem suas próprias histórias, os seus próprios medos e segredos, voando junto com os sonhos dos pássaros, perdidos ou não, de forma a redimirem-se e assim edificar o que no tempo passou, mas que no presente ainda prevalece.
A missão principal, entre sonhos e realidades, será salvar os pássaros que no passado morreram, e a caminho dessa empreitada, muitas passagens serão revividas. E em cada momento vivido, o coração, repleto de emoção baterá mais forte e cheio de esperanças.
Esta é uma história, comum a todos, repleta de relatos vividos por nós e pelos nossos antepassados. No entanto, haverá muito mais entre linhas, cheias de emoções, superação e acima de tudo amor.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento18 de dez. de 2017
ISBN9788554540982
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    Pré-visualização do livro

    Pássaros do passado - Dú Moraes

    www.editoraviseu.com.br

    Sumário

    Dedicatória

    Notas da Revisora

    Notas especiais

    Prefácio

    1. Voar Era Preciso

    2. Os Primeiros Voos

    3. Voos Perigosos

    4. Voos Nebulosos

    5. Voos Sombrios

    6. Voos Artísticos

    7. Voando Livre

    8. Aprendendo a voar

    9. Voos de Sonhos

    10. Asas Quebradas

    11. Revoadas

    12. O massacre do ninho de Anu

    13. A morte do Beija-flor

    14. A batalha dos Sabias

    15. Os voos da Fênix

    16. Os voos revelados

    Dedicatória

    Dedico esta obra ao Senhor do Universo, o qual, conspirou a meu favor e permitiu-me chegar até mais essa realização. Também agradeço a todas as pessoas que tiveram a paciência de me ouvir falar a respeito do livro, comentando e lendo algumas passagens da história. Cito em especial minha amiga Valdirene Ramos, meu amigo Rogerio Filócomo, minha professora e amiga Nelly Davila, minha revisora Érika Moura e meu amigo Pedro Lamartine que é o artista criador das ilustrações desse nosso livro.

    Aos amigos que fizeram parte dessa fantástica passagem da minha vida resguardo um espaço muito especial em meu coração, no qual, ainda cabem todos os meus amigos, aos que co-viveram e co-vivem comigo. De fato, é uma sensação de coexistir mesmo.

    Os espaços desse meu coração pulsante vão pouco a pouco sendo preenchidos com os entes já partidos e outros prazerosamente que caminham ainda juntos nesta nossa trajetória.

    Tomando boa parte desse pulsante está o meu pai João Batista (em memória), minha mãe Zélia, e meus irmãos Edna (em memória), Nivaldo, Clodoaldo e Lilian.

    Aos meus amigos de infância que fizeram parte desta história: Marcos Dantas, Nassin, José Carlos e Paulo Sergio.

    Por fim e completando a este meu coração vibrante está a minha esposa e meu filho. Estas são as pessoas que me ensinaram a viver e ver a vida com magia e esperança de um mundo melhor, onde o principal elemento da vida é o amor, o qual nos ensinou o grande mestre de todos, Jesus.

    Notas da Revisora

    Por meio de uma narrativa profunda de uma trajetória de vida, Pássaros do Passado nos leva as mais singelas e nostálgicas lembranças da infância, percorre as linhas confusas, cheias de entusiasmos e sonhos da adolescência e atinge o paradoxo do ‘ser’ adulto que carrega em si, não só os percalços da maturidade, mas, também, toda a esperança que a rede da vida e o amor nos confere. A leitura nos faz conhecer e vivenciar a história de outrem, ao mesmo tempo que espontaneamente nos leva a refletir sobre o nosso próprio caminho.

    Érika Ferreira Moura

    Notas especiais

    Pássaros do passado é um livro autobiográfico cheio de sentimentos, no qual, o autor nos traslada a tempos da infância com suas alegrias e tristezas; das dificuldades a superação de uma vida melhor.

    O Livro todo é uma procura constante da felicidade e justiça por um mundo melhor para que os pássaros encontrem o voo da felicidade.

    Nelly Cerecetto Davila

    Prefácio

    Certa vez. Quando era criança, ralei o joelho no asfalto ao cair do meu carrinho de rolimã. Marca que trago até hoje no joelho.

    Coisas da infância.

    Este livro nos remete a infância do autor, mas também a nossa infância (leitores). Daqueles bons tempos que não voltam mais. Tempos marcados em nossos corações e almas. Tempos em que a simplicidade de tomar água da torneira na concha da mão, jogar futebol na rua, pegar fruta no quintal do vizinho, empinar pipa, soltar peão, etc., eram de grandes momentos de felicidades.

    Será que esquecemos como era tão fácil ser feliz?

    O autor busca na sua infância encontrar sua essência entre seus erros e acertos, transpondo as barreiras do tempo e dos sonhos, e lá na frente percebendo que tudo aquilo já existia nele mesmo.

    Porque assim somos feitos, de erros e acertos. E nesta caminhada terrena, vestimos a veste da coragem para sustentar isso como adultos, sem o peso da culpa.

    Se pensarmos na Bíblia, veremos que somos eleitos de Deus, santos e queridos (Col 3,12), mesmo imperfeitos.

    Portanto. Sabemos que somos amados, sendo o que somos!

    O autor lembra de sua família e da família que formou, com especial destaque ao filho (que conheço como amigo e irmão), fazendo com que os pássaros do passado tenham voos ainda mais altos porque foram substituídos pelos pássaros do futuro (agora, como pai).

    E assim é a nossa vida!

    Como disse Victor Hugo: Seja como os pássaros que, ao pousarem um instante sobre os ramos, muito leves, sentem-nos ceder, mas cantam! Eles sabem que possuem asas.

    Se realmente a Vida se torna completa a partir do momento em que plantamos uma árvore, temos um filho e escrevemos um livro, acredito que o autor começa a completar sua Vida com o crescimento de seu filho e de sua família; e de sua responsabilidade com o presente e com o futuro construído pelo que vivi eu no passado.

    O livro assim se completa, como livro-vivo, em que cada um de nós pode voar junto com o autor! E mais alto.

    Boa leitura!

    Rogério José Filócomo Júnior

    1. Voar Era Preciso

    Final do século XIX e início do século XX, o velho mundo, principalmente Portugal e Itália, em função do crescimento populacional, juntamente com a transição de um sistema feudal para industrialização, fizeram com que as terras ficassem em poucas mãos, e assim uma parcela enorme de pequenos camponeses viram-se em uma situação de subsistência e de muita pobreza. A saída encontrada, já que a indústria crescia na cidade, era oferecer a mão de obra necessária para movimentação industrial. Todavia, como a oferta era muito maior que demanda industrial, estes camponeses deixaram de serem pobres no campo para viverem como miseráveis na cidade.

    Este grande êxodo rural, fez com que as cidades não tivessem estrutura para a população crescente e toda Europa afundou-se em uma grande miséria. As pessoas, principalmente os camponeses, vivendo em tamanha pobreza e atraídos, muitas vezes, por propagandas enganosas de facilidade de terras no continente americano, resolveram sair da terra natal, esperançosos em reconstruir a vida com aquilo que era sagrado, um pedaço de terra para o sustento da família.

    Entre idas e vindas, inúmeros navios atracavam nos portos, principalmente nos Estados Unidos, Brasil e Argentina. E, em uma destas viagens, cheios de esperanças, vieram ainda crianças o meu avô português e os bisavôs italianos.

    Minha avó nasceu no Brasil, fruto da união das famílias de imigrantes italianos. O lado da família italiana até que conseguiram alguns patrimônios e se estabeleceram nas cidades, uns em Amparo e outros em Bragança Paulista, ambas cidades do interior de São Paulo, enquanto que os portugueses, instalados em Bragança Paulista, apenas tinham a força de trabalho. Embora as famílias italianas fossem tradicionais aos costumes, não conseguiram impedir o casamento da filha Roza com o português Antônio, ambos meus avós maternos. Esta união, sem aprovação da família de Roza, simplesmente deserdaram a filha de qualquer herança e ajuda, fazendo com que o casal tivesse que seguir a vida às duras penas para sobreviver e sustentar a família que crescia ano a ano. Foram pais de 13 filhos dos quais sobreviveram sete bocas, sendo 4 mulheres e 3 homens.

    A vida no campo era muito surrada pelos trabalhos na roça e por toda dificuldade advinda do campo. Muito pobres e analfabetos, os pais contavam apenas com a força do trabalho para poder comer e dar abrigo à numerosa família. Pouco se tinha para diversão das crianças, a não ser as brincadeiras folclóricas como amarelinha, passa anel, esconde-esconde, etc. Brinquedos, quando havia, eram frutos de doação ou artesanalmente feito pelas crianças.

    Como de costume rural, o passatempo predileto da criançada era a caçada de passarinhos, que servia como diversão e alimento. Minha mãe era bastante habilidosa com a atiradeira, conhecida como estilingue - feito de galho de arvore em ípsilon, ou popularmente, ípsilones, borracha e pedaço de couro -. Tinham-se pequenas pedras como munição, de onde com destreza, conseguia-se no final do dia uma grande panelada, principalmente de rolinhas e juritis, duas espécies de pombos da fauna brasileira. Talvez seja daí que tenha herdado a habilidade para caçar pássaros.

    De família muito pobre, meu pai ainda carregou nos ombros a solidão e a tristeza por ter perdido a mãe ainda bebê. A única lembrança que pensava ter da mãe era uma visão que sempre contava ter vivenciado quando estava sentado à porta de uma tapera brincando com pedras. Contava sobre uma morena de cabelos negros e longos. Recordava, mesmo com as sombras do tempo, que a mulher conversava e brincava com ele e que, logo em seguida, seu semblante sumia lentamente no horizonte.

    Não conheci meu avô, mas sabe-se que, com a morte da esposa, não conseguiu dar conta da criação de três filhos, e deixou-os à própria sorte quando faleceu ainda jovem. Pode-se dizer que os filhos cresceram à deriva nas ruas do pequeno vilarejo rural.

    Peralteando pelas ruas do pitoresco vilarejo, meu pai cresceu alegre mesmo muito pobre. Era conhecido como o travesso Tita, apelido que ganhara do meu tio, irmão de sua mãe, o qual o acolhera como filho. O tio conhecido como Tide era muito respeitado e sempre que podia o visitava. Tive a oportunidade de conhecê-lo, e ainda guardo na memória as visitas que fazia junto com meu pai. Ainda criança, eu ficava horas prestando a atenção nas conversas do meu pai com este senhor que, mesmo com a pele surrada por anos de trabalho duro, não tirava o sorriso do rosto e nem as palavras fortes que soavam de sua boca como grandes lições de vida e muita história.

    Conhecer Tide, sempre teve um grato significado para mim. E se hoje, ainda o tenho na memória, deve-se pelo fato de que como não conheci meu avô paterno, tenho-o em meu coração a imagem de Tide, infelizmente por pouco tempo, como um avô de quem pude ouvir carinhosas brincadeiras, falando sempre do cabelo loiro e do meu jeito acanhado de ser.

    Meu pai seguiu sua vida com as dificuldades pertinentes a de um órfão, assim como os seus irmãos, todos cresceram e seguiram suas vidas totalmente independentes. O irmão, ainda jovem, aventurou-se na cidade de São Paulo e a irmã, com problemas sérios mentais, casou-se e teve dois filhos que geneticamente herdaram seus problemas mentais e perambulavam pelas ruas da cidade, vivendo à custa da caridade das pessoas.

    Mesmo com todas as dificuldades que o destino lhe imputava, Tita cresceu em busca de uma melhora de vida. À custa de muita labuta, alternando entre vários empregos: pedreiro, lenhador, agricultor e, por fim, canteiro, emprego que arrumara juntamente com o único primo que vivia no vilarejo. A profissão de canteiro nada mais é que um desbastador de pedra bruta; um trabalho difícil, braçal e sofrido pelo sol ardente sobre a cabeça.

    Havia pouco tempo para diversão e nos finais de semana, restavam apenas o futebol ou as caçadas, habito comum naqueles tempos. As quermesses, festas anuais religiosas das paróquias locais, era a festa esperada por todos, ano-a-ano. Foi em uma dessas quermesses que o destino fez cruzar os olhares de Tita e Zélia, meu pai e minha mãe.

    O namoro foi um momento mágico, porém muito difícil e penoso. Eram horas de caminhada entre o vilarejo e a casa de Zélia que ficava entre matas fechadas e de caminhos estreitos. Muitas aventuras noturnas eram vividas nestas penosas caminhadas onde Tita estava à mercê da vontade da lua. A lua sempre encantadora nos períodos de cheia e enfadonha nas fases minguantes rendia inúmeras histórias que eu viria a escutar em conversas de adultos reunidos na sala quando ainda era costume visitar os parentes.

    Diante de tantas dificuldades entre idas e vindas, meus pais se casaram ainda muito jovens. Foi uma cerimônia muito simples financiada pela venda da colheita de tomate, que foi doada pelo patrão de minha avó materna. A colheita era proveniente da sobra da colheita anterior, uma espécie de semeadura pelos tomates danificados na colheita principal. Com o dinheiro dos tomates, mais as ajudas dos amigos, conseguiram uma pequena festa regada ao som de sanfona e viola. O arrasta pé, dança típica sertaneja, foi até o sol raiar e a cantoria alegre fez os noivos bailarem felizes.

    Como era de se esperar as dificuldades financeiras perduraram por muito tempo. Meu pai, tendo estudado até a quarta série, aprendeu apenas a ler e escrever e, o único trabalho que arrumou foi como canteiro, trabalho braçal basicamente necessitava da boa saúde, força física, um ponteiro de ferro bem afiado e uma marreta pesada. Ao final do dia, inúmeras marretadas firmes em grandes granitos brutos, lascas e mais lascas e as imperfeições ajustadas e o resultado: um bloco de pedra em cubo e um corpo surrado.

    Zélia, menina, já grávida do primeiro filho e simples, trabalhava como doméstica em uma casa no centro de da cidade de Bragança Paulista. Os ganhos não eram muitos, mas davam para sobreviver e até puderam comprar as roupinhas do bebê que estava para vir e veio em 1962. Nasce Nina, uma menina linda que mais parecia uma boneca nos braços de uma mãe tão jovem. Mas, em uma dessas peças que a vida nos prega, Nina veio a falecer três meses depois. A tristeza entrou sem pedir licença e atirou o casal, com tamanha dor, em uma desolação.

    Além de estarem mergulhados numa imensa dor, ainda travessavam um período sombrio no país. As indecisões políticas e os conflitos de poder dificultavam a vida dos brasileiros. O Brasil, como toda América do Sul, por serem nações emergentes, ainda não tinham as bases políticas fortalecidas e em plena Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética, num conflito entre as ideologias capitalistas e comunistas, era alvo de ações comunistas e esta ameaça incomodava muito os Estados Unidos que, temendo um avanço comunista no país, apoiou uma série de golpes militares no sul da América inclusive no Brasil e em 1964, institui-se a ditadura militar que perduraria até 1985.

    À sombra de toda essa indefinição e sem recursos financeiros, já que contavam apenas com suas próprias forças, sem poder contar com o apoio familiar e mesmo tristonhos, cansados da vida dura, resolveram tentar a vida na cidade grande e foram para São Paulo, praticamente com as roupas do corpo.

    Se as coisas eram difíceis na cidade

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