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No Descomeço Era o Verbo: Manoel de Barros e a Roda de Conversa na Educação Infantil
No Descomeço Era o Verbo: Manoel de Barros e a Roda de Conversa na Educação Infantil
No Descomeço Era o Verbo: Manoel de Barros e a Roda de Conversa na Educação Infantil
E-book213 páginas3 horas

No Descomeço Era o Verbo: Manoel de Barros e a Roda de Conversa na Educação Infantil

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Sobre este e-book

A roda de conversa é uma prática cotidiana na Educação Infantil e inspirou a realização desta obra. Entende-se a roda enquanto espaço potente para a experiência do devir, para a construção identitária e para que a palavra tome forma e crie novos acontecimentos, muitas vezes imprevisíveis e surpreendentes. A roda de conversa é, portanto, lugar de criança que fala como criança, que pensa como criança e que sente como criança, e é também lugar de adulto que fala, pensa e sente como adulto. É, antes de tudo, lugar de encontro e de experiência.

O livro No descomeço era o verbo: Manoel de Barros e a Roda de Conversa na Educação Infantil busca ampliar a reflexão sobre a práxis roda de conversa na Educação Infantil, tendo como inspiração a obra poética de Manoel de Barros, o poeta da infância, da miudeza e das inutilidades.

Em Manoel de Barros reside a possibilidade potente de desvelar uma valiosa concepção de infância.

Buscou-se evidenciar a roda de conversa enquanto lugar privilegiado de encontro entre criança e adulto, tendo a poesia como possibilidade de abertura à criação e à resistência a uma instrumentalização da linguagem hegemonicamente imposta no âmbito escolar, ao mecanicismo das práticas e à impossibilidade de praticar absurdezes e peraltices com as palavras e com o pensamento.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento5 de out. de 2018
ISBN9788547311155
No Descomeço Era o Verbo: Manoel de Barros e a Roda de Conversa na Educação Infantil

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    Pré-visualização do livro

    No Descomeço Era o Verbo - Glenda Matias de Oliveira Rosa

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE

    Ao poeta Manoel de Barros, que alçou voo para um lugar em que o idioma é a língua de brincar, onde o inútil é exaltado, e o pequeno, o maior. Minha admiração àquele que foi ao encontro de uma frase que caiba na boca dos passarinhos.

    Às crianças, que nos lembram da novidade do mundo e da beleza do humano.

    AGRADECIMENTOS

    A Deus, Verbo Encarnado, o sentido de tudo.

    Ao meu marido, Ricardo, pelo carinho que me dedica, pela fé que me inspira e por ser minha primeira torcida em busca dos meus sonhos e realizações.

    Aos meus pais, Mauro e Lilian (in memoriam), pelo afeto e por me ensinarem o amor pela poesia e pelo conhecimento.

    Às minhas irmãs, Marília e Débora, e aos meus cunhados pela amizade e parceria.

    Às minhas queridas avós, Obey e Tina, pelo carinho, pelo colo e pela ajuda de sempre.

    A toda minha família (também à Mendes/Rosa), tios, tias, primos, primas, e aos meus avôs, Onofre (in memoriam) e Raul (in memoriam), que sempre narravam suas memórias inventadas. Muitas das minhas invenções vêm dessa família maravilhosa!

    Aos meus cinco sobrinhos lindos: Mateus, Gabriel, Augusto, Davi e Sol (in memoriam), por me ensinarem a beleza da infância e a novidade radical que ela impõe.

    Aos amigos do Universidades Renovadas, pelo exemplo de intelectualidade e fé.

    À professora doutora Lúcia Pulino, amiga e orientadora, por acolher sempre minhas ideias e por todo o ensinamento. Muito deste trabalho também é inspirado em seu jeito poético e sensível de escrever e de ser!

    À professora doutora Paula Medeiros, por ter inspirado este trabalho, me fazendo descobrir a potência da infância e a beleza da poesia.

    Às professoras doutoras Regina Pedroza e Gabriela Mieto, por contribuírem sempre de forma generosa e amiga.

    À instituição escolar que me recebeu de portas abertas, às educadoras, às crianças e a toda equipe que possibilitou este trabalho!

    Ao poeta do ínfimo, Manoel de Barros, que me inspirou e me inspira a valorizar o pequeno das coisas.

    Ninguém consegue viver sem meninos e meninas fazendo peraltagens por dentro. Jesus – de quem tudo o que sabemos da infância é ‘crescia em sabedoria, estatura e graça’ – põe a chave de entrada ao Reino dos Céus no coração infantil. Não me parece adequada a interpretação por ingenuidade ou inocência. Os meninos do reino são benditos por exercitar esperanças. [...] Só mesmo meninos e meninas para resgatar exercícios de esperança.

    Pablo Morenno (2005, s.p)¹

    Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o reino de Deus é daqueles que se parecem com elas. Em verdade vos declaro: Quem não receber o reino de Deus como uma criancinha, nele não entrará.

    (Lc 18,16-17).

    PREFÁCIO

    AS INFÂNCIAS NOSSAS DE CADA DIA: NA RODA COM CRIANÇAS

    Lúcia Helena Cavasin Zabotto Pulino

    A professora, esperando por seus estudantes, sensibiliza-se e comenta com o porteiro da escola: Algumas de minhas crianças acordam cedinho, andam dois quilômetros em estrada de terra batida, os chinelinhos desgastados, o sol na cabeça, mochilas nas costas.

    Enquanto isso, na estrada, uma mãe acompanha o grupo de crianças que, pelo caminho, foram se juntando ao grupo, que foi aumentando, crescendo. Agora, já são 12. Vem um caminhão! Cuidado! – a voz da mãe-do-dia atrai o grupo como um ímã. Uma poeira seca se espalha, adentrando as ventas e grudando na pele e nos cabelos molhados pela higiene matutina. Colorem-se de um tom amarronzado.

    O grupo chega ao portão da escola e, assim que o transpõem, os pequenos debandam correndo, dividindo-se em grupos menores, que procuram o parquinho, onde encontram outros colegas. O balanço, a gangorra, o escorregador, o monte de areia com pedrinhas, são seu lugar de acolhimento. As mochilas voam e descansam na areia. A mãe grita: Tchau! Estudem bastante!

    Seu João se lembra de quando era pequeno. Conta para a professora que ele preferia o balanço. Esticava as pernas e dava um bom impulso, que o levava ao céu! Os amigos queriam conseguir essa façanha também: Desce, João! Agora é a minha vez! Chegou a apanhar um dia de um garoto forte, porque demorou um pouco para descer.

    Ana, a professora, conta ao porteiro que, quando menina, preferia o escorregador. Gostava de se soltar e deixar-se descer, livre, apenas segurando a saia, para não deixar as pernas aparecerem.

    Neste momento, Ana sente uma mãozinha pegando na sua: Maria, sua aluna de 5 anos, tinha escolhido ficar a seu lado, ainda com a mochila nas costas. Quer ir brincar um pouquinho, antes de o sino tocar? – perguntou-lhe a professora. Não. Quero ficar aqui com você, tia. – a menina respondeu baixinho. A professora pensa, então, que cada criança prefere uma forma de acolhimento e que esta menina se sentia bem ficando com ela logo na chegada.

    João toca o sino! O som se espalha pelo parque, as crianças se assustando, como se não o esperassem! Todos os dias o badalar do sino é uma surpresa para eles! Talvez alimentem secretamente a esperança de um dia o sino não obedecer aos movimentos do porteiro e o parque ficar em silêncio, só quebrado pelos gritinhos e risadas de prazer.

    Ana abre a porta da sala e fica em pé, ali, recebendo cada criança com um afago, um beijo, um abraço, palavras de boas-vindas. Transpondo esse limite, os pequenos estudantes correm para o cabideiro e penduram suas mochilas, cada um escolhendo seu gancho, indicado com um desenho, assinado com seu nome, escrito do-seu-jeito. Aí, lembram-se de abrir as mochilas e tirar uma flor, um brinquedo, um livro, um pacote embrulhado como presente, uma sacola. Enquanto pegam suas coisinhas nas mochilas, conversam, todos ao mesmo tempo, e vão se acomodando em almofadas colocadas em forma de círculo, sobre um tapete.

    — Vamos fazer nossa Roda! Sentem-se confortavelmente! – convida a professora, sentando-se em uma almofada e já sentindo o peso de três crianças em cima dela, querendo, todas, ficar com ela.

    — Eu tenho novidade!

    — Eu também!

    — Primeiro eu!

    — Vamos fazer alguns combinados antes!? Como podemos resolver quem se senta junto de mim, quem começa a falar?

    — Vamos fazer 2 ou 1?! Ou Pedra, Tesoura, Papel!?

    — Oba! Faz tempo que não fazemos Pedra… Vamos, vamos!

    — Então vamos: primeiro, quem vai se sentar de meu lado direito, depois do lado esquerdo!

    — E no seu colo?

    — Agora, como vamos conversar muito, quero ficar com o meu colo livre, para poder olhar direitinho para cada um ou uma de vocês! Depois, na Roda de História, poderemos sortear quem vai se sentar em meu colo. Está bem assim?

    — Sim! Sim! Sim! Sim! Sim!

    — Então, vamos ver quem vai se sentar de meu lado direito. Quem gostaria? 1, 2, 3, 4, 5 crianças! Então vamos! Pedra, Tesoura, papel!... Sai a Rita. De novo! Pedra, Tesoura, Papel!... Sai o Pedro! Ficaram agora, a Eva, o Luís e a Tatiana! Vamos ver, ao mesmo tempo, quem se senta do lado esquerdo, e do direito. Porque saindo uma criança, sobram duas, uma para cada lado! Certo?

    — Siiim!

    — Pedra, Tesoura, Papel!... Sai a Débora! Ficam Silvinha e Nina. Quem quer o lado direito?

    — Eu! – Grita Nina.

    — Então, Silvinha, você fica no lado esquerdo?

    — Sim!

    — Agora, vamos ver quem começa a mostrar a novidade, professora!? – falam, ao mesmo tempo, duas meninas.

    — Sim! Quem gostaria de começar a roda de novidades? Nossa! Quanta gente! 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10! Metade da roda! Vamos fazer o sorteio de outro jeito, agora?

    — Vamos! – gritaram todas as crianças, rindo e se movimentando, algumas rolando pelo chão.

    — Então, vamos nos organizar direitinho, para conseguirmos fazer 2 ou 1!

    2 ou 1! 2ou 1! 2ou 1! 2 ou 1! … agora sobraram só duas crianças: 2 ou 1! Empatou! De novo! 2 ou 1! Pronto! Quem começa é o Pedro! Depois, a segunda, a terceira, e todas as outras crianças, vão levantando a mão, e eu entrego para cada uma o bastão da palavra! Vamos começar! Você tem novidade, Pedro? Trouxe alguma coisa para mostrar para nós?

    — Não! Não trouxe! Mas vou contar uma novidade! Ganhei uma cachorrinha de minha madrinha!

    — Que novidade boa! Como ela é?

    — Ela é bem pequena! Tem 1 mês de vida! É cor de mel e eu pus o nome nela de Mel!!!

    — Ai que linda, Pedro! Professora, ele pode trazer a Mel aqui na escola?

    — Se os pais dele deixarem, vamos esperar que ela cresça um pouco e ele poderá trazê-la! Obrigada, Pedro! Gostamos muito de sua novidade!

    — Eu tenho uma novidade!

    — Tome o bastão! Pode falar! Vamos ouvir o que a Marta vai falar! Ela está com a palavra!

    — Minha novidade é este pacote!

    — Nossa! Um presente! Mostra! O que é?!

    — Eu também não sei! Meu pai pediu para eu trazer para a nossa turma e pediu para eu não abrir antes da roda! O que será?!

    — Vamos abrir… Você abre, Marta?

    — Abra para mim, professora?

    — Sim. Vou tirar o laço. Pronto! O papel… Tem outro papel! Olhem! É uma caixinha! Vou abrir… Tem algo dentro! (Chacoalhando a caixa)

    — Posso adivinhar?!

    — Sim!

    — É uma joia!

    — Não! (a professora olha dentro da caixa, abrindo-a um pouco)

    — Um besouro!

    — Não!

    — Um papel!

    — Sim! Mas o que será que tem no papel? (A professora se vira e, cobrindo a caixinha, olha o que tem no papel)

    — É guardanapo?

    — Não…

    — É um desenho?

    — Não!

    — Tem uma coisa escrita?

    — Sim!!!

    — Então lê!

    — Vou ler! Foi escrito pelo pai da Marta! Ele assinou! Queridas crianças, este é um convite para vocês!...

    — Oba! Convite para fazer o que!? (A turma se excita, fala alto, cada um tentando adivinhar o que está escrito.)

    —… Um convite para vocês irem ao circo que chegou ontem na nossa comunidade! Sou marceneiro e fui chamado para fazer um grande conserto na arquibancada do circo. Quando fui combinar o serviço, o dono do circo me perguntou quanto custaria o conserto e eu perguntei se

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