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Ao norte, ao chão
Ao norte, ao chão
Ao norte, ao chão
E-book53 páginas15 minutos

Ao norte, ao chão

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Sobre este e-book

Os poemas de Ao norte, ao chão revelam uma trama em sentido ambivalente: ela se manifesta no verso, "esta linha/ em que não vamos ao fim/ para que se possa respirar/ e haja ainda o que seguir", conforme "Percurso", um dos pontos altos deste livro de Laís Ferreira; a trama também se faz presente na tendência à narratividade, que é contida, em ritmo cadenciado, às vezes alcançando um suave prosaísmo. De qualquer modo, sua poesia ressalta na oscilação de experiências em torno do amor, que se apresenta "como as redes, as iscas, as buscas/ próximas ao mar". Outro sinal dessas buscas se torna evidente na recorrência com que cartas são evocadas e especuladas, funcionando como um símile da intensidade dos sentimentos.
O amor também se mostra, indiretamente, no seu trabalho em relação às imagens, que se encadeiam, reproduzindo a dinâmica da rede. Em Ao norte, ao chão, as imagens se desdobram em outras, o que garante uma série de emoções a um mesmo símbolo, seja ele o "mar", seja ele o "bolso" – duas constantes na poesia de Laís Ferreira.
Contudo, o verso "é próximo ao chão/ embora se escalone ao céu", sugerindo uma poética de contrastes. Eles estão presentes em referências a patologias contemporâneas e à perspectiva trágica de certos poemas, como "Os sem nomes do amor": "É triste, mas não somos a terra:/ não retemos poeira, grão e cal./ O que cai em nós não germina,/ não há morte precursora da vida.// No entanto, sob as unhas descansam/ um verso por quem se foi, a esperança." É uma obra que, nos contrastes, desvela que tudo está tão próximo e tão distante.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de dez. de 2017
ISBN9788592579692
Ao norte, ao chão

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    Ao norte, ao chão - Laís Ferreira

    Créditos

    A maré

    Neste volume dos bolsos, aguardo

    um maço de lenços, um raio

    para que se ilumine, irradie

    a junção das vértebras

    a instabilidade dos homens,

    a estabilidade tardia da fé.

    Meus amigos foram às ilhas,

    ilhas se perdem na paisagem

    enquanto ainda a chamamos

    sabendo que há fronteira, tráfego

    lixo amontoado, as liquidações

    a insistirem que a continuidade

    constitui um sentença sem juiz.

    Amanhã virá, é claro, o sol

    estará lá, como o mar e a terra

    talvez mais sujos, talvez o barro

    não apareça tanto. As marés

    parecem dizer algo de amor.

    Hoje se cruza a costa, navega-se

    amanhã, impossível molhar os pés.

    Hoje não falaremos de amor

    Hoje não falaremos de amor.

    Não que não nos interesse:

    é claro, na manhã passada

    um beija-flor alcançou a beira

    do nono andar. A escuta

    alcançou a paciência do outro.

    Trançamos nossos cabelos,

    os rostos pedem este vento

    calma e alguma ternura.

    Mas não falaremos de amor.

    Os homens estão errados,

    as flores morrem na rua

    e nos livros que lemos

    a realidade parece incrédula

    frente à própria ficção.

    A palavra segue no bolso

    como um recado, receita

    para cozinhar legumes

    sem que percam a água

    proteínas. Hoje, quebramos

    o primeiro ovo podre

    desde quando partilhamos

    este alimento, esta esperança.

    Mas

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