Famosas últimas palavras
()
Sobre este e-book
Luís Filipe Cristóvão
Luís Filipe Cristóvão nasceu em 1979. Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, frequentou os programas de Mestrado em Teoria da Literatura e em Treino Desportivo, e o Curso de Especialização em Edição e Novas Tecnologias. Tem trabalho disperso por revistas e antologias em português, castelhano, francês, inglês, alemão e lituano. Desde 2005 publicou os livros de poesia Registo de nascimento, Pequena antologia para o corpo, E como ficou chato ser moderno, Santa Cruz e A cabeça de Fernando Pessoa. Também escreveu dois livros infantis: Afonso e o livro, aconselhado pelo Plano Nacional de Leitura português, e Pedro gosta, publicado no Brasil pela Oficina Raquel. Depois de ter sido livreiro, editor, dirigente associativo e gestor de conteúdos online, trabalha, atualmente, como jornalista desportivo.
Relacionado a Famosas últimas palavras
Ebooks relacionados
Famosas últimas palavras Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAmálgama De Pedra E Vidro Absolutos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDo mar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAo norte, ao chão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMenino no capinzal Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMeu primeiro bordado de mundo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRus in Urbe Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEbó pra Oxum na Mata Atlântica Nota: 3 de 5 estrelas3/5De volta às águas escondidas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCordelizando O Mundo Todo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs águas sabem coisas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Barca Do Mestre Santinho Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs Nomes Da Terra Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContos Gauchescos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMar de ferro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasGrande mar oceano Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO abridor de letras Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMemórias Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNo Reino Das Àguas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTabatinga Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBátrakhos – Encontros e desencontros Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAntineopoemas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNavegar Eu Precisei. Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSonata do Verão Eterno Nota: 5 de 5 estrelas5/5Cavaleiros E Dragões Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPoema Morto Nota: 0 de 5 estrelas0 notasProvência - Pio Furtado Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAlmas De Lama Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPoeta não tem idade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDesertos Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Poesia para você
Desculpe o exagero, mas não sei sentir pouco Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Profeta Nota: 5 de 5 estrelas5/5Bukowski essencial: poesia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Coisas que guardei pra mim Nota: 4 de 5 estrelas4/5meu corpo minha casa Nota: 5 de 5 estrelas5/5o que o sol faz com as flores Nota: 4 de 5 estrelas4/5Se você me entende, por favor me explica Nota: 5 de 5 estrelas5/5Todas as flores que não te enviei Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tudo Nela Brilha E Queima Nota: 4 de 5 estrelas4/5A Odisseia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEu tenho sérios poemas mentais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Os Lusíadas (Anotado): Edição Especial de 450 Anos de Publicação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPra Você Que Sente Demais Nota: 4 de 5 estrelas4/5Todas as dores de que me libertei. E sobrevivi. Nota: 4 de 5 estrelas4/5Sede de me beber inteira: Poemas Nota: 4 de 5 estrelas4/5Sentimento do mundo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasJamais peço desculpas por me derramar Nota: 4 de 5 estrelas4/5Alguma poesia Nota: 4 de 5 estrelas4/5Laços Nota: 5 de 5 estrelas5/5Marília De Dirceu Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPara não desistir do amor Nota: 5 de 5 estrelas5/5Poemas de Álvaro Campos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAristóteles: Poética Nota: 5 de 5 estrelas5/5As palavras voam Nota: 5 de 5 estrelas5/5Poesias para me sentir viva Nota: 4 de 5 estrelas4/5Sonetos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAntologia Poética Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Navio Negreiro Nota: 5 de 5 estrelas5/5Textos Para Serem Lidos Com O Coração Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Categorias relacionadas
Avaliações de Famosas últimas palavras
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Famosas últimas palavras - Luís Filipe Cristóvão
Fala de artesão
canto
Permite aos mortos o descanso.
Deixa que na noite sosseguem os fantasmas,
abandona a cabeceira da consonância,
resiste, como puderes,
ao chamamento da parecença.
Vem, vem cantar.
Desliza o teu corpo pela terra,
repousa a enxada com que feres o cultivo,
esquece a memória dos passados,
resiste, como puderes,
ao triste destino que te havias prometido.
Desliza o teu corpo pelo espaço,
vem cantar.
transmontana
Deitam-se as árvores
sobre a terra
transmontana,
ao fim da tarde,
já a sopa está ao lume.
As velhas rezam,
renovam as flores
e logo se escapam,
encostadas às paredes
do largo da Igreja.
Deitam-se as árvores
e então pedras
crescem e engolem
toda a plantação.
O tempo é lento,
o lugar silencioso,
ao fim da tarde,
quando os homens
regressam.
Toca o sino
todas as meias horas
pela mão de Dona Inácia.
Toca o sino,
limpa-se o altar,
segue deus satisfeito
nesta terra
onde as casas
contam histórias
sem voz.
Toca o sino
e a vida leva-se,
carregando feno
para os animais,
olhando o burro
que adormece,
chamando o preguiçoso
cão que se oferece
ao visitante.
De pedra a ponte,
de pedra o monte.
De pedra os homens
que resistem.
De pedra a memória
de pedra a fuga.
De pedra as camas
daqueles que já não dormem.
Alguns pássaros ainda,
à procura das sementes,
vão caindo à beira-rio.
Um homem,
como colado à ponte,
observa-os.
A seu lado um gato,
curioso e atrevido,
vai medindo os pássaros
mais os seus gestos.
Sonha o gato
com a caça,
imagina a distração
do pássaro
ou a demora,
o seu salto
e as unhas,
prendendo-o,
certeiras no desejo.
Sonha o gato.
O homem, não.
Baixou o Rio