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A Reforma Protestante: Edição Ampliada Comemorativa aos 500 Anos da Reforma Protestante
A Reforma Protestante: Edição Ampliada Comemorativa aos 500 Anos da Reforma Protestante
A Reforma Protestante: Edição Ampliada Comemorativa aos 500 Anos da Reforma Protestante
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A Reforma Protestante: Edição Ampliada Comemorativa aos 500 Anos da Reforma Protestante

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Sobre este e-book

Abraão de Almeida revisita e amplia sua clássica obra nesta edição especial Comemorativa aos 500 anos da Reforma Protestante, trazendo novas e interessantes informações acerca do movimento que mudou a face da cristandade.
Descubra os principais passos do cristianismo antes da Idade Média, acompanhe a evolução do papado e dos dogmas romanos, detenha-se nos precursores da Reforma e na Reforma em si, e finalmente avance até aos primórdios do século XXI. Um produto CPAD.
IdiomaPortuguês
EditoraCPAD
Data de lançamento27 de nov. de 2017
ISBN9788526315112
A Reforma Protestante: Edição Ampliada Comemorativa aos 500 Anos da Reforma Protestante

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    Inspirador, enriquecedor, informativo e desafiador, com uma pena erudita e de compreensão facilitada pela maestria do escritor. Nesse manual de verdades você é informado e desafiado a aprofundar.

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A Reforma Protestante - Abraão de Almeida

Cristã)

1

APÓSTOLOS E REFORMADORES NA IDADE MÉDIA

E [Jesus] disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura (Mc 16.15).

O livro de Atos dos Apóstolos dá-nos uma ideia do progresso do cristianismo até cerca do ano 60 d.C., quando o evangelho, segundo testifica o apóstolo São Paulo, era pregado a toda criatura que há debaixo do céu [...] (Cl 1.23). De Atos para cá, temos de recorrer à História, e esta, felizmente, mostra como foi a dilatação da Palavra de Deus dentro e fora dos domínios romanos, nas gerações seguintes.

Eclesiasticamente, o período compreendido entre o segundo século e meados do quinto é conhecido por subapostólico. Apesar de várias perseguições, o progresso evangelístico nesse período foi enorme, particularmente na Ásia Menor, onde o número de cristãos chegou à metade da população. O sangue dos mártires, derramado por mãos dos tiranos, era qual semente plantada em sólo fértil, a multiplicar dia a dia o número de salvos. Desse período focalizaremos o trabalho de alguns servos de Deus.

ULFILAS

Nos primeiros decênios do século IV, numa de suas incursões pela Ásia Menor, os godos levaram consigo, como escravo, um rapaz cujo nome significa lobinho: Ulfilas. Este era de sangue nobre e havia nascido na Capadócia, no ano 311 d.C.

Alarico, rei dos godos, gostou tanto do rapaz que o nomeou adjunto à embaixada real em Constantinopla, onde Ulfilas serviu ao seu rei durante dez anos. Ali encontrou Cristo como seu Salvador pessoal, operando-se milagrosa transformação em sua vida. Com o coração transbordante de alegria pela posse da salvação, desejou voltar à terra onde fora escravizado, a fim de levar àquela pobre gente o precioso evangelho de Cristo. Seus pais tudo fizeram para impedi-lo de ir, mas Ulfilas estava certo da chamada divina. Partiu para a terra dos godos, ao norte do rio Danúbio, chegando ali em 341 d.C.

Grandioso foi o trabalho desse homem de Deus. Como os godos não possuíam ainda língua escrita, ele lhes preparou um alfabeto — o gótico — e traduziu para essa língua as Escrituras Sagradas, exceptuando-se os livros dos Reis, por temer que as histórias das guerras ali registradas despertassem a paixão bélica daquele povo tão famoso como guerreiro. Como um marco importante do trabalho de Ulfilas, a Universidade de Upsala, na Suécia, guarda orgulhosamente um exemplar do Novo Testamento que ele escreveu com tinta de prata sobre púrpura. Daí chamar-se a Bíblia de prata.

Embora Ulfilas não acreditasse plenamente na divindade de Cristo, professando a fé ariana, seu trabalho foi glorioso pelo fato de levar a um povo bárbaro a mensagem salvadora do evangelho de Cristo e deixar a Palavra de Deus numa língua que se tornou a mãe das línguas dos povos do norte da Europa: alemães, escandinavos e anglo-saxões.

MARTINHO

Enquanto Ulfilas laborava entre os godos, o evangelho prosperava na Gália, hoje França, onde, já no começo do século II, Irineu havia trabalhado como bispo de Lião. Irineu era discípulo de Policarpo, e este do apóstolo João, que, juntamente com Maria, mãe de Jesus, serviu à igreja de Éfeso.¹

A pregação do evangelho nas Gálias e a implantação do cristianismo ali deve-se a Martinho, bispo de Tours, homem dotado de capacidade extraordinária e possuidor de grande eloquência. Havendo sido soldado do exército do imperador Constantino, ele se serviu de táticas militares para fazer avançar o cristianismo naquele país. Preparou seus auxiliares e os organizou em verdadeiros exércitos que tinham por finalidade destruir, com ferramentas adequadas, todo vestígio do paganismo: templos, árvores sagradas, ídolos etc. A divisa deste grande e incansável evangelizador era: Não recuso trabalho.

Canonizado pela igreja romana, Martinho de Tours é hoje o padroeiro da França. Mas sua doutrina nada tinha das inovações romanistas que já começavam a surgir em sua época, em consequência da admissão à igreja de pessoas não regeneradas, o que começou a acontecer a partir da suposta conversão, ao cristianismo, de Constantino Magno, em 312 d.C.

PATRÍCIO

Outro nome digno de ser ostentado na galeria dos heróis da fé é o de Patrício, apóstolo da Irlanda. Nascido na primeira metade do século V, na Escócia, foi aprisionado por piratas escoceses e vendido como escravo na Irlanda, quando contava apenas 17 anos de idade. Somente depois de seis anos de cativeiro, ele conseguiu escapar e voltar à sua terra.

Esse período sombrio de sua vida levou Patrício a experiências mais íntimas com Deus, nascendo-lhe o desejo de levar o evangelho àquele povo mergulhado nas densas trevas do paganismo. Com o passar dos anos, Patrício mais se convencia das necessidades espirituais dos irlandeses e mais vocacionado se sentia para levar-lhes a mensagem salvadora do evangelho. Seus parentes e amigos tentaram demovê-lo do seu propósito, mas ele, certo da chamada divina, partiu, demorando-se algum tempo na França a fim de preparar-se melhor em contato com gente culta e piedosa.

Chegando à Irlanda em 433, e tendo a grande vantagem de já conhecer a língua e os costumes de seus habitantes, começou por reunir ao ar livre grandes multidões que cada vez tomavam mais interesse na história da cruz. Muitos camponeses rudes foram convertidos a Cristo, abandonando a idolatria para servirem ao Deus vivo. Sua maior luta foi contra o druidismo (Veja o glossário, no final deste livro.), terrível culto em cujo ritual criaturas humanas eram impiedosamente sacrificadas vivas em enormes fogueiras. Às vezes, dezenas de criminosos e inocentes eram amarrados a uma gigantesca armação de madeira, em forma humana, à qual ateavam fogo.

Patrício organizou sabiamente a igreja: deu às mulheres cristãs um lugar digno na evangelização de seu sexo, e nas escolas instruiu a mocidade, usando o alfabeto por ele mesmo inventado. Trabalhou mais de 30 anos e ganhou uma nação inteira para Cristo! As igrejas fundadas por Patrício, como demonstra o erudito historiador Neander, nunca tiveram relação com Roma, e a isto se deve o fato de que por muito tempo se vissem livres de sua perniciosa influência

COLOMBA

A grande obra de evangelização levada a efeito na Irlanda por Patrício, a partir de 433, prosperara de tal maneira que, no ano 565, um grupo de missionários, liderado por Colomba, partiu desse país para a Escócia, onde foi evangelizar as regiões ainda pagãs. A gloriosa semente do evangelho, levada à Irlanda por um escocês, se tornara agora uma grande árvore que estendia seus ramos agradecidamente à terra natal de seu maior apóstolo.

Colomba e seus fiéis cooperadores entregaram-se de corpo e alma à missão que os levou àquela gente bárbara. Cheios de amor às almas, oravam e pregavam, indo de casa em casa e de povo em povo. Em pouco tempo já havia muitos novos convertidos, e, para que eles recebessem o necessário ensino, fundou-se uma escola de teologia, na qual se estudava a Bíblia metodicamente. Os resultados desse abençoado ensino foram surpreendentes, e o número de crentes era cada vez maior.

É importante salientar que as igrejas fundadas por Colomba também permaneceram fiéis às Sagradas Escrituras e não sofreram a má influência do romanismo, que já por essa época se achava em adiantado estado de paganização. Os cristãos da Irlanda, como os da Escócia, herdaram o espírito missionário de seus pioneiros e levaram as boas novas da salvação à Holanda, à Suíça, à Alemanha e ainda à Itália e à Espanha.

PERSEGUIDOS E PERSEGUIDORES

Durante o período que abrange os séculos quinto a nono, os cristãos que mais se aproximavam do padrão bíblico eram conhecidos como donatistas*, cátaros (Veja o glossário, no final deste livro.), paterinos* etc., os quais foram duramente perseguidos pelos católicos romanos. Algumas vezes determinado grupo se evidenciava, outras vezes outro, pois nem todos eles permaneceram inteiramente fiéis às doutrinas do Novo Testamento, embora procurassem, dentro das limitadas luzes que possuíam, seguir as pisadas de Cristo.

Em virtude das próprias circunstâncias em que esses cristãos viveram, não se sabe muita coisa acerca desse longo e tenebroso período da História Cristã. Considerados hereges pela igreja apostatada da fé, os verdadeiros cristãos não possuíam as Escrituras Sagradas no seu todo, mas apenas partes dela. E mesmo estas partes, constituídas de rolos de papiro ou pergaminho manuscritos, eram volumosas e difíceis de ser protegidas.

Para impedir a disseminação das doutrinas evangélicas, a igreja romana adotou muitos planos e moveu intensas campa­nhas com o objetivo de destruir os escritos bíblicos ou relatos históricos relacionados com os hereges. Todos os que persistiam em ensinar tais doutrinas ou em historiar a vida desses dissidentes acabavam sendo duramente perseguidos.

Nos séculos X a XII, havia três grupos distintos de cristãos: os romanos, encabeçados por Gregório VII e Inocêncio III, que pretendiam fundar uma monarquia universal, tanto no sentido espiritual como político; os ortodoxos, que defendiam a ideia de uma igreja nacional; os evangélicos, constituídos dos waldenses e albigenses, que eram apologistas da separação.

Somente este último grupo tinha a Bíblia como regra de fé e prática, e procurava viver santamente. Eram estes os continuadores dos movimentos cristãos e, biblicamente, correspondiam à verdadeira igreja de Cristo. Examinemos, em traços rápidos, o caráter destes dois movimentos reformadores.

Os waldenses, assim chamados por terem como cabeça a Pedro Waldo, rico comerciante de Lyon, na França, iniciaram seu movimento por volta de 1170. Rejeitavam a missa, as orações pelos mortos e a doutrina do purgatório, por falta de apoio bíblico, e enfatizavam a pregação dos leigos e a leitura constante do Novo Testamento.

Waldo não tinha a intenção de romper com Roma, mas foi excomungado pelo papa em fins do século XII. Esse reformador traduziu porções das Escrituras para a língua vernácula, e adotou o método evangelístico de Jesus, ao enviar setenta discípulos para que pregassem o evangelho. O movimento espalhou-se pelo sul da França, Itália e Espanha.

Os albigenses apareceram cerca do ano 1200, principalmente no Norte da Itália e no Sul da França. Negavam os sacramentos eclesiásticos, aceitando somente a Santa Ceia e o Batismo. Ti­nham as Escrituras como suprema autoridade e criticavam o poder e a riqueza da igreja romana.

Esse movimento popular e bíblico foi destruído logo no seu início pelos 300 mil cruzados de Simão de Montfort. Somente na cidade de Beziers, em 1209, esses soldados da cruz massacraram entre 20 mil e 100 mil pessoas.

Os massacres de albingenses prosseguiram noutras cidades, com requintes de crueldade. Homens e crianças eram mutilados, as mulheres desonradas, as vilas queimadas, e as cidades entregues à pilhagem e seus habitantes mortos à espada. No momento da captura de La Minerbe, foram queimadas vivas cerca de 140 pessoas, entre as quais a mulher, a irmã e o filho do governador da localidade.

Contribuiu, também, para a destruição dos albigenses a Santa Inquisição, que foi instituída pelo papa Inocêncio III especialmente para esse fim. Este funesto tribunal [Inquisição], somente na Espanha, em 18 anos levou à fogueira 10.200, e, à infâmia, 97 mil infelizes

Mas a igreja de Cristo, como um rio que desaparece aqui para surgir ali, ainda com mais ímpeto, continuava viva e forte, apesar de toda a oposição e ódio da igreja romana e monarquias submissas ao papa. A prova disso é que os waldenses existem até hoje.

PANO DE FUNDO POLÍTICO

A fim de melhor compreendermos o desenvolvimento da Reforma, vamos examinar a situação política da Europa a partir da segunda metade do século XV, começando com a França. Luís XI (1461-1483), graças à sua habilidosa política, legou uma forte monarquia ao filho, Carlos VIII. A França era, então, uma das mais influentes nações da Europa. O astuto e inteligente Maquiavel (1469-1527), que traça o perfil dos principais mandatários de seu tempo, tece muitos elogios à sábia política de Luís XI.⁴

A Espanha, que havia sofrido muito com as guerras e anarquias do século XIV e inícios do XV, fortaleceu-se mediante o casamento de Fernando de Aragão (1479-1516) com Isabel de Castela (1474-1504).

O casamento não trouxe fusão orgânica das instituições políticas dos dois estados, mas marido e mulher seguiram uma política comum e seus herdeiros puderam apropriadamente ser chamados de reis da Espanha. Uma nova monarquia nacional havia nascido de uma união de dinastias.⁵

Fernando e Isabel iniciaram uma cruzada para expulsar os mouros do reino de Granada, que era o seu último reduto no país, o que conseguiram após 11 anos de lutas. A partir daí, a Espanha enfatizou o patriotismo e a intolerância religiosa, resultando em drásticas medidas contra os judeus, os feiticeiros, os hereges em geral e, mais tarde, contra os protestantes.

A Inquisição, como veremos em diversos capítulos seguintes, tornou-se extremamente poderosa e sanguinária, levando ao suplício e à morte dezenas de milhares de vítimas.

As primeiras e principais vítimas da intolerância religiosa na Espanha foram os judeus, que, em 1492, foram obrigados ou a se converter ao catolicismo, ou a deixar o país.

A Inglaterra, por sua vez, enfraquecida pela Guerra dos Cem Anos e, a seguir, pela guerra das rosas, estava, no final do século XV, profundamente debilitada. Henrique VII (1485-1509), graças à sua habilidade administrativa, afastou o país de toda guerra estrangeira, eliminou os pretendentes ao trono, e restaurou a economia. Henrique

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