Alfabetizar letrando com a tradição oral
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Alfabetizar letrando com a tradição oral - Lenice Gomes
© 2013 by Lenice Gomes e Fabiano Moraes
© Direitos de publicação
CORTEZ EDITORA
Rua Monte Alegre, 1074 – Perdizes
05014-001 – São Paulo – SP
Tel.: (11) 3864-0111 Fax: (11) 3864-4290
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Direção
José Xavier Cortez
Editores
Amir Piedade
Anna Christina Bentes
Marcos Cezar Freitas
Preparação
Alessandra Biral
Revisão
Gabriel Maretti
Rodrigo da Silva Lima
Edição de Arte
Mauricio Rindeika Seolin
Projeto e Diagramação
More Arquitetura de Informação
Ilustrações
Marco Antonio Godoy
Produção Digital
Hondana - http://www.hondana.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Gomes, Lenice
Alfabetizar letrando com a tradição oral [livro eletrônico] / Lenice Gomes, Fabiano Moraes. -- São Paulo : Cortez, 2014. -- (Coleção biblioteca básica de alfabetização e letramento)
20,5 Mb ; e-PUB
Bibliografia.
ISBN 978-85-249-2217-6
1. Alfabetização 2. Escrita 3. Leitura 4. Letramento 5. Prática de ensino 6. Tradição oral I. Moraes, Fabiano. II. Título. III. Série.
Índices para catálogo sistemático:
Publicado no Brasil – 2014
Sumário
↘ INTRODUÇÃO
▸Tradição oral: uma riqueza presente em nossos dias
↘ CAPÍTULO 1
A oralidade na sala de aula: o respeito à fala do aluno
Alfabetizar letrando com provérbios e fábulas
▸Em defesa do uso do termo oratura
▸A tradição oral na escola: uma porta que se abre
▸Como e por que respeitar a ‘fala’ do aluno na sala de aula
▸Alfabetização, letramento e cidadania
▸A importância da fala do aluno no processo de alfabetização e letramento
▸Por uma ação reflexiva
▸Proposta prática: alfabetizar letrando com provérbios e fábulas
Provérbios
Fábulas
▸Livros sugeridos para ações literárias
▸Para além da sala de aula: teatro fabuloso
▸Para conhecer mais
↘ CAPÍTULO 2
Tradição oral, alfabetização e letramento
Parlendas, quadrinhas e cantigas: por um letramento lúdico
▸Contadores e professores: entre o lúdico e o pedagógico
▸Brincando com a palavra: por um letramento lúdico
▸Alfabetização e letramento
▸Letramento: dimensão individual
▸Letramento: dimensão social
▸Por uma ação reflexiva
▸Proposta prática: alfabetizar letrando com parlendas, quadrinhas e cantigas
Parlendas
Quadrinhas
Cantigas
▸Livros sugeridos para ações literárias
▸Para além da sala de aula: vamos cirandar
▸Para conhecer mais
↘ CAPÍTULO 3
A literatura infantil e as raízes no popular
Palavras-enigma: dos mitos às adivinhas
▸Da palavra criadora à tradição oral
▸Da tradição oral a seus registros escritos antigos e medievais
▸A literatura infantil e suas raízes na tradição oral
▸O registro escrito da tradição oral no Brasil
▸Tempos atuais: a tradição oral na literatura infantil
▸Por uma ação reflexiva
▸Proposta prática: alfabetizar letrando com adivinhas e mitos
Adivinhas
Mitos
▸Livros sugeridos para ações literárias
▸Para além da sala de aula: caça ao tesouro
▸Para conhecer mais
↘ CAPÍTULO 4
Os narradores tradicionais e a escola
Lendas e contos tradicionais
▸Breve histórico da decadência da oralidade no Ocidente moderno
▸O romance entra em cena
▸A era da informação
▸O distanciamento da morte na sociedade ocidental
▸Século XX: mudanças aceleradas
▸Por uma ação reflexiva
▸Proposta prática: alfabetizar letrando com lendas e contos tradicionais
Lendas e contos tradicionais
▸Livros sugeridos para ações literárias
▸Para além da sala de aula: contos e lendas que nos cercam
▸Para conhecer mais
↘ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
↘ BIOGRAFIAS
↘ INTRODUÇÃO
Tradição oral: uma riqueza presente em nossos dias[1]
Baudelaire amava a solidão, mas a queria na multidão (Benjamin, 1989, p. 47).
Quando Baudelaire, espécie de narrador lírico, descobriu que, sem os ecos servis da forma, a poesia podia florescer do outro lado do boulevard , da vida noturna das ruas, dos becos, das adegas, dos cafés e das mansardas [2] de Paris, originou-se uma concepção para a lírica que em nada modificaria a compreensão do mundo fantástico e imaginário dos contos tradicionais e das histórias cotidianas.
O contador de histórias habitava aquele mundo e, como transeunte, foi se adaptando aos meios e às angústias da modernidade. Com efeito, percebemos que a figura mítica e lendária do homem que narra, localizada na sociedade urbano-industrial, não se perdeu na multidão, nem mesmo quando foi lançada involuntariamente no labirinto dos chipes dos vídeos e dos computadores. Isso porque ainda havia, e ainda há, no céu a Lua e na selva amazônica as belas narrativas indígenas. A sociedade necessita de mitos e por isso não consegue se desvencilhar desse processo imaginário que o momento revela e que se manifesta nas ações, nos sonhos e nos sentimentos do homem como ser social e cultural.
Valendo-nos dessas assertivas, queremos descortinar o papel contemporâneo desse homem real de todos os dias (da prosa na esquina, das conversas telefônicas, dos relatos mais breves), sujeito atuante e presente no cotidiano escolar, que nos conduz a um mundo imaginário e fantástico evocando a força da forma de nossos pensamentos, constituindo, em suas narrativas e brincadeiras com as palavras, nosso conjunto social.
Nesse sentido, vasculhamos (se assim podemos dizer) os horizontes de nossas culturas mergulhando em um universo transformado pela força dos significados plurais que habitam a tradição oral e transitam pelo espaço escolar, com o intuito de contribuirmos, por meio desse livro, com a formação e com as práticas do professor no que tange ao processo de alfabetização e às práticas de letramento com gêneros da tradição oral.
Para tanto, conceituamos, no primeiro capítulo, o termo oratura, destacando a importância do respeito à fala do aluno no processo de alfabetização e letramento, visando a constituição de sua cidadania, e sugerimos atividades com provérbios e fábulas.
No segundo capítulo, abordamos os aspectos lúdicos concernentes a alguns gêneros da tradição oral como pontos favoráveis a seu uso nos processos de alfabetização e letramento, e propomos atividades com parlendas, quadrinhas e cantigas no ambiente escolar.
No capítulo subsequente, traçamos um breve panorama das relações da literatura infantil com a tradição oral, com o objetivo de destacarmos a presença desta em livros destinados ao público infantil. Em seguida, apresentamos algumas atividades envolvendo seres mitológicos e adivinhas.
No último capítulo, descrevemos brevemente o histórico da desvalorização da oralidade no Ocidente, defendendo a importância desse universo e da valorização do convívio intergeracional a ele inerente. Por fim, lançamos mão de propostas de ações a partir da leitura de lendas e contos tradicionais.
Se, para Benjamin (1979), a narrativa não se exaure, mas mantém sua força e sua sabedoria por milênios, como sementes hermeticamente guardadas mantêm seu poder de germinação, poderíamos acrescentar a essa força de germinação a enorme riqueza que a tradição oral traz em seu bojo. Uma riqueza que geralmente deixamos guardada em um quarto escuro de nosso reinado interior ou em um território esquecido da sala de aula, como nos faz lembrar Dieckmann (1986, p. 11) ao narrar, em Contos de fada vividos, um conto milenar indiano que nos ajuda a ilustrar o que a própria tradição oral diz fundo ao nosso imaginário por meio de sua polifonia ancestral e milenar:
Em um reinado distante, o Rei recebeu por um ano seguido a visita diária de um Mago que lhe deu de presente, em cada um desses dias, uma linda maçã. Ocupado e distraído por seus inúmeros afazeres, o Rei repetia diariamente o ritual cotidiano de agradecer ao Mago e entregar a fruta recebida a seu assistente, ordenando que este a depositasse em uma sala escura do seu palácio. Pois, justamente no dia em que essa corriqueira prática completava um ano, o pequeno macaco de estimação da Rainha libertou-se de sua coleira e, pulando rapidamente para a sala escura no momento em que o assistente do Rei guardava mais uma maçã, pegou-a e mordeu-a. Neste instante, todos, com exceção do Mago, admiraram-se ao ver que a maçã continha uma rica e bela pedra preciosa em seu interior. O Rei imediatamente abriu as outras maçãs e verificou que, debaixo da polpa apodrecida de cada uma das frutas, havia uma pedra preciosa de enorme valor, totalizando exatamente o número de dias do ano.
Lançamos assim nosso convite à leitura deste livro e à busca lúdica pela riqueza da tradição oral presente em nossos dias.
1. Texto de autoria de Lenice Gomes e Fabiano Moraes, originalmente publicado com o mesmo título na Revista Direcional Educador, ano 8, n. 91, p. 14-16, ago. 2012.
2. Tipo de telhado em que cada água (‘vertente de telhado’) é quebrada em dois caimentos (o inferior, quase vertical, e o superior, quase horizontal), de modo a permitir o aproveitamento de espaço no desvão do mesmo
(Houaiss; Villar, 2009).
↘ CAPÍTULO 1
A oralidade na sala de aula: o respeito à fala do aluno
Alfabetizar letrando com provérbios e fábulas
Ao mesmo tempo que a experiência linguística da oralidade influencia a compreensão e o funcionamento da escrita, essa compreensão torna mais claro para as crianças o funcionamento da língua oral e a enriquece (Terzi, 1995, p. 114).
Em defesa do uso do termo oratura
Ao nos propormos a transitar pelo tema que intitula este capítulo, assim o almejamos fazer como narradores e professores. Por um lado, o fato de sermos narradores é algo que consideramos de suma importância para a abordagem aqui proposta, tendo em vista a proximidade dessa atividade com os saberes e os fazeres populares, assim como com o vasto acervo oral tradicional herdado dos nossos antepassados. Por outro lado, somos também professores, o que nos possibilitou conhecer bem o espaço social denominado sala de aula, lugar onde se efetiva oficialmente a educação e se dão os processos de constituição dos sujeitos em meio a uma ampla rede de interações pessoais, de tradições e de tecnologias. Por essas razões, nós nos sentimos à vontade para utilizar e propor, nesta obra, práticas sociais de letramento que dialoguem diretamente com esse vasto acervo da tradição oral, a oratura , termo conceituado a seguir, ao mesmo tempo