O Rio da Costa e a Cidade de Vila Velha: Da Ruptura à Busca da Harmonia por Meio do Desenho Urbano
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O Rio da Costa e a Cidade de Vila Velha - Heliomar Venâncio
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, ao Grande Arquiteto do Universo, pelo meu fortalecimento e crescimento diário na vida.
À minha esposa, Sintia Venâncio, pelo apoio e pela compreensão em minhas longas jornadas dedicadas a esta obra.
À minha mãe, Dirce; ao meu filho, Thomás; e aos familiares, meus laços eternos.
À Prof.ª Dr.ª Ana Paula e também a todos os professores do mestrado da Universidade de Vila Velha, pela paciência e pela disposição. Meus agradecimentos pelos seus valiosos conhecimentos compartilhados.
Aos orientadores, Prof. Dr. Giovanilton A. C. Ferreira e Prof.ª Dr.ª Simone Lourdes Neiva, minha gratidão.
Aos colegas do mestrado, pela convivência harmônica e alegre, que transformou nossas aulas em uma maravilhosa experiência, em especial às migas
Raquel Mesquita e Aline Azevedo.
E a todas as pessoas que contribuem para a melhoria da qualidade de vida em nossas cidades.
APRESENTAÇÃO
Ao iniciar meus estudos de mestrado na UVV, no final do verão de 2017, senti a necessidade de desenvolver uma obra voltada para as problemáticas urbanas, com um tema que contribuísse para o dia a dia de minha cidade.
O estudo aprofundado da relação entre cidades e rios pode ser uma contribuição que este livro lança, junto a inúmeros trabalhos que têm abordado esse tema, justificando, assim, a investigação de elementos que colaborem para o progresso da Arquitetura e do Urbanismo nessa área.
O interesse pelo tema surgiu ao observar durante alguns anos, através das janelas do escritório onde trabalho, o Canal da Costa, a malha urbana ao seu redor e a ruptura espacial e visual causada pelo manancial que corta a região mais populosa do município, além de também presenciar o descaso da população com o recurso hídrico.
Em oportunidades de viagens e estudos, pude observar em algumas cidades soluções adotadas para problemas similares. É o caso do investimento em instrumentos de transformação de espaços urbanos, a exemplo de parques lineares utilizados como alternativas de revitalização de áreas subutilizadas.
A partir dessa inquietação pessoal com a falta de estudos e propostas para esse importante espaço da cidade, o trabalho desenvolvido com a colaboração dos professores doutores Ana Paula Rabelo Lyra, Giovanilton Carreta e Simone Neiva, me fez pensar em algumas soluções de integração dos canais da Costa e Guaranhuns com a cidade. O resultado esperado é a contribuição acadêmica para uma discussão sobre os caminhos e os rumos da relação entre os rios e as cidades.
Investigar, pesquisar e debater a implantação de alternativas para a revitalização são os objetivos deste livro. As propostas de diretrizes visam a contribuir para o planejamento urbano da cidade de Vila Velha. O intuito é buscar uma reconciliação e a revitalização dos espaços no trajeto do Canal da Costa-Guaranhuns, contribuindo para a evolução das pesquisas e das reflexões desenvolvidas em trabalhos que busquem o caminho da revitalização de espaços por meio do convívio pacífico entre cidades e mananciais hídricos.
Os canais da Costa e Guaranhuns estão inseridos em uma área estratégica do município de Vila Velha, entre vias de grande importância para a mobilidade, áreas com potencial ambiental, grande adensamento populacional em seu entorno, instituições, grandes centros comerciais e de transporte. Ainda assim, esse é um espaço totalmente desconectado dos recursos hídricos.
Segundo Friedrich (2007), em contextos como esse, é necessário que se considere em uma visão sistêmica e interdisciplinar, a participação coletiva da população, a promoção de educação ambiental e cidadania, entre outras ações, sendo o uso de um instrumento de desenho urbano uma forma importante de reconciliar rios e cidades.
Pensar utopicamente uma cidade hoje faz todo o sentido. Mesmo que esta utopia indique o caminho de transformações muito radicais do que é possível realizar.
DENISE FALCÃO ROSA
Sumário
INTRODUÇÃO
1
O RIO E A CIDADE: DA HARMONIA À RUPTURA
2
DO PLANO AO PROJETO
3
a cidade de vila velha e o entorno do canal da costa
4
O DESENHO URBANO COMO ESTRATÉGIA PARA RESGATAR
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Índice remissivo
INTRODUÇÃO
Os mananciais urbanos foram diretamente afetados pelo crescimento do tecido urbano no Brasil, principalmente a partir da década de 1950, devido a fatores econômicos e sociais, como o êxodo urbano, que serão abordados neste trabalho, objetivando esclarecer esse aspecto urbanístico na cidade de Vila Velha. O Rio da Costa passou por diversos momentos ao longo da história do município de Vila Velha, sendo um importante manancial hídrico no século XVI, durante a colonização do solo espírito-santense. Ele sofreu a retificação na década de 1950, o que mudou radicalmente a sua característica geográfica e a de seu entorno. Atualmente, o Rio da Costa está totalmente degradado e esquecido, situação que é fruto de uma ruptura muito significativa com a cidade e a população.
Este livro é o resultado da dissertação de mestrado que investigou o processo de ruptura da cidade de Vila Velha com o Rio da Costa ao longo dos 483 anos de história do município. Tal ruptura se deu principalmente no período pós-retificação do leito do rio, em 1955, o qual originou 10,1 km de extensão de canais, batizados de Canal da Costa
e Canal Guaranhuns
. Essa mudança transformou grande parte do leito do rio em uma calha de concreto, modificando seu traçado original. Nas décadas seguintes, o Rio da Costa foi degradado na medida em que o crescimento urbano do município aumentou.
Aqui, parte-se da reflexão sobre a possibilidade de reconciliação do rio com a cidade, buscando caminhos norteados pela reintegração do manancial à vida urbana, o que resultou em instrumentos de planejamento e desenho urbano, considerando os recursos naturais como elementos estruturadores do ordenamento e do desenho urbano da cidade.
O enredo deste livro inclui a antiga trajetória do Rio da Costa, que era um afluente do Rio Jucu, pertencente à bacia hidrográfica de mesmo nome, que teve grande importância na colonização do município de Vila Velha e uma relação harmoniosa com a cidade por séculos. Foi rota de entrada para a cidade e fonte de recursos e recreação para a população. O espaço do canal é uma oportunidade para um redesenho do tecido urbano do entorno, como forma de resgate da antiga rota do Rio da Costa.
O Rio da Costa, que foi um braço do Rio Jucu (importante manancial de abastecimento da Grande Vitória), passou por diversos momentos de transformação ao longo da história do município, desde sua grande importância durante a colonização do estado ao esquecimento e à degradação.
Atualmente, esse recurso hídrico está totalmente poluído e esquecido, fruto de uma ruptura muito grande entre ele e a cidade e seus habitantes. Seu traçado atravessa 17 bairros populosos com perfil social diversificado, passando ao lado de shoppings, terminais de ônibus e importantes instituições municipais, que valorizam sua localização estratégica.
No município de Vila Velha e em diversos municípios, a relação entre rios e cidades ao longo dos séculos foi pautada por momentos distintos, desde a grande importância dos mananciais para o estabelecimento, a vida e o crescimento das cidades até a ruptura que ocorreu com a intensificação do processo de urbanização, com os rios urbanos sendo interpretados como limitadores da expansão e do crescimento urbano:
A expansão do Tecido Urbano vai depender da forma em que ocorre a transição de fase. Esta transição será normalmente suave, sem gerar reações, mas será abrupta, por meio de turbulências, quando a densidade da forma construída atingir o seu limite, o seu ponto crítico. Neste caso, a turbulência consiste na expansão do tecido urbano. O crescimento urbano e os processos de densificação e expansão. (SILVA; KRAFTA, 2019, p. 5).
O objetivo essencial desta dissertação é investigar as transformações espaciais no entorno do Canal da Costa e a possibilidade de reconciliação do rio com o município, buscando de forma preliminar mecanismos de valorização dos espaços ao longo do canal, como forma de despertar o interesse de preservação do manancial hídrico. A ideia é manter sua importante capacidade de drenagem, além de valorizar a possibilidade de o rio funcionar como elemento de conexão entre os bairros do município de Vila Velha, favorecendo, assim, a mobilidade de ciclistas e pedestres.
Uma parte muito considerável das cidades pelo mundo foi implantada junto a mananciais hídricos, e em geral com uma relação harmoniosa no início da sua ocupação urbana, devido à necessidade do uso da água para as diversas atividades humanas, como consumo e agricultura. Entretanto, com o passar dos anos, iniciaram-se os conflitos, com o lançamento de dejetos, a poluição ou as passagens sobre os mananciais, e também a partir de soluções práticas baseadas na canalização e no recobrimento dos rios.
Assim, o estudo de como ocorreram as rupturas entre rios e cidades se torna importante para a compreensão desse episódio e o desenvolvimento deste trabalho, para que, assim, seja retomado um almejado caminho para a reconciliação entre as partes, contribuindo para a possibilidade de solução de problemas ambientais e socioeconômicos que foram agravados ao longo dos anos.
Autores como Gorski (2010) e Pellegrino e Moura (2017) escrevem sobre a força de um pensamento mundial em torno da recuperação de recursos hídricos inseridos em contextos urbanos consolidados e têm sido a mola propulsora de ideias para o uso de instrumentos de planejamento e desenho urbano. Nesse mesmo caminho, Speck (2016) e Gehl (2015) discorrem sobre a revitalização de espaços nas cidades por meio de usos de lazer