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Sísifo desce a montanha
Sísifo desce a montanha
Sísifo desce a montanha
E-book140 páginas33 minutos

Sísifo desce a montanha

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Sobre este e-book

Recorrendo ao mito grego de Sísifo, aquele que conseguiu driblar o seu destino e aprisionar a morte, ousadia pela qual foi condenado ao exaustivo e inútil trabalho de rolar uma grande pedra de mármore ao topo de uma montanha, o poeta explicita o desejo de refletir sobre a passagem do tempo e a finitude. A epígrafe de Clarice Lispector expondo a urgência da "deseroização de si mesmo" fala do trabalho estético e existencial deste poeta.
Nesta coletânea de poemas, Affonso Romano de Sant'Anna retoma temas de livros anteriores, como a história, viagens físicas e metafísicas e a convivência com animais. Dialogando com o mistério da vida, do tempo, do universo e da morte, o poeta, do alto de seus mais de 70 anos, e uma vivência que inclui as utopias dos anos 60, a experiência da sala de aula, gestões como a que promoveu na Biblioteca Nacional (1990-1996) e o exercício diário da palavra escrita e recitada em lugares como Alemanha, Irlanda e México, apresenta uma obra que desafia a ideia de aleatoriedade que uma coletânea pode conter. Tudo aqui é pensado, coeso, com a organicidade de quem pratica a coerência e sabe que tem a oferecer ao leitor um painel de rara maturidade estética e existencial.
Sísifo desce a montanha é um livro cujo tema central é a morte – os medos, as angústias, os enigmas, as inquietações que rondam o assunto. O poema Véspera clarifica que não existe quem esteja preparado para a hora última, para a hora derradeira, que ninguém está à espera da morte, que ninguém está realmente pronto para o ponto final. No entanto, como pode (erroneamente) parecer, este não é um livro sobre a morte. Este é um livro sobre a vida, sobre o grande aprendizado que é viver, confirmando a máxima de que, até o último sopro de respiração, o ser humano é um eterno aprendiz. A finitude é uma das grandes questões da humanidade, senão a maior. Sísifo desce a montanha é um livro sobre a nossa breve existência neste mundo cheio de nuances, gradações e variantes.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de out. de 2012
ISBN9788581220574
Sísifo desce a montanha

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    Sísifo desce a montanha - Affonso Romano de Sant'Anna

    Affonso Romano de Sant’Anna

    Sísifo desce a montanha

    Sumário

    Meus três enigmas

    Erguer a cabeça acima do rebanho

    Depois de ter visto

    Ritual doméstico

    Parem de jogar cadáveres na minha porta

    Ostra

    Onde estão?

    Édipo (acuado)

    Aquelas questões

    Todos eles querem representar Hamlet

    As nuvens

    Radar

    Como se desce uma montanha

    Preparando a cremação

    1

    2

    3

    Além de mim

    Independem de mim

    As muitas mortes de um homem

    2

    3

    4

    Cai a tarde sobre meus ombros

    O que se afasta

    Alívio

    Lentidão e fúria

    Eu sei quando um fruto

    Num certo lugar

    3 × Nietzsche

    1

    2

    3

    Platão e eu

    Deus está condenado

    Poética da respiração

    Predecessores

    A fala de Deus

    Na boca do deserto

    Uma voz de muezim

    O inacabado

    Na tumba de Ramsés III

    Hieroglifos

    Tutankamon

    Sarcófago de livros

    Outra poética

    Gerações 1

    Gerações 2

    Gerações 3

    Gerações 4

    Geração 1937

    Batalha dos três reis

    Ameríndia

    Pequim 1992

    Num parque do México

    No caminho dos Incas

    Acrópole

    Índia: Hotel Agra Ashok

    Sobre os telhados do Irã

    Obama, venha comigo a Cartago

    No fundo do mar

    O entorno

    Levaram os seis filhotes

    O gato

    Cavalo

    Sapo Alfredo

    Como se o touro viesse

    Compreensão

    Caixa-preta

    Diante da TV

    Possibilidades

    Elisa Freixo

    Não lugar

    Habitação

    Tempoesia

    No labirinto

    Jogando com o tempo

    Fiz 50 anos

    Vício antigo (2)

    Carmina Burana mais anônimo francês

    Agenda

    Esclerose e/ou Malevitch

    Num restaurante

    Suplício corporal

    Remorso

    Numa esquina em Bogotá

    1

    2

    Vida secreta

    Devo estar meio distraído

    Dona Morte

    A comensal

    Medidas

    À porta

    Morre mais um importante

    Triunfo das joias

    Pobrezas e riquezas

    Tenho olhado o céu

    Gonzalo Rojas nos contaba

    Vista do avião

    Museu do Prado, 27/3/2001

    Véspera

    Gênesis invertido

    Escravidão poética

    Está se cumprindo o ritual

    Aos que virão

    Exercício de finitude:

    Créditos

    O Autor

    "A gradual deseroização de si mesmo

    é o verdadeiro trabalho que se elabora

    sob o aparente trabalho."

    Clarice Lispector

    MEUS TRÊS ENIGMAS

    Tenho pouco tempo

    para resolver três enigmas que me restam.

    Os demais

    ou não os resolvi

    ou resolveram

    me abandonar

    exaustos de mim.

    São de algum modo obedientes.

    Só ganham vida

    se os convoco.

    Isto me dá a estranha sensação

    que os controlo.

    Complacentes

    me olham

    do canto de sua jaula.

    Enigma que se preza

    não se entrega

    nem se apressa em estraçalhar

    o outro com fúria de fera.

    No entardecer

    os três enigmas sobrantes

    me espreitam

    soberanos.

    Às vezes, mesmo arredios

    aceitam meus afagos.

    Na dúbia luz da madrugada

    parecem desvendáveis.

    O dia revem.

    Eles me olham (penalizados)

    e começam

    (de novo)

    – a me devorar.

    ERGUER A CABEÇA ACIMA DO REBANHO

    Erguer a cabeça acima do rebanho

    é um risco

    que alguns insolentes correm.

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