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Todas as mulheres
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E-book113 páginas24 minutos

Todas as mulheres

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Sobre este e-book

O retorno de Carpinejar à Poesia, gênero que o lançou como escritor

Concebido como um poema de poemas interligados, Todas as Mulheres apresenta um dos mais verticais mergulhos íntimos da contemporânea literatura brasileira e marca também a volta de Fabrício Carpinejar à poesia como quem nunca tivesse partido, sem deixar de ser ao mesmo tempo novo na acepção mais poderosa do termo, o novo quando audácia. Entre tantas manifestações do feminino, Carpinejar redescobre nos amores vividos o primeiro, enquanto busca por aquele que será o último.
IdiomaPortuguês
EditoraBertrand
Data de lançamento4 de dez. de 2015
ISBN9788528621075
Todas as mulheres

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    Todas as mulheres - Fabrício Carpinejar

    Quem será a minha viúva?

    Quem, dentre todas as que me amaram, realmente

    [me guarda intacto?

    Quem não mentiu seu amor, não desistiu de mim

    [desfeito o trato?

    Quem é o cristal no meio das garrafas lascadas e

    [anjos caídos?

    A que está perto do caixão ou a dissimulada do

    [fundo da sala,

    que pintou as unhas das mãos e dos pés para

    [minha morte?

    A que segura a argola do féretro como se fosse seu

    [bracelete

    ou a férrea e orgulhosa, que nem veio se despedir?

    Quem é a mulher das minhas mulheres?

    A mulher com todas as mulheres em si

    que ainda escuta minha risada na caixa de ossos?

    Quem conheceu, por último, minha altura e meu peso

    e conserva as minhas medidas em sua nudez?

    Quem tem o batimento soletrado a partir de meu nome?

    Será a de olhos negros, ciganos,

    que previu minha morte, mas não matou sua fé?

    Ou a de olhos verdes, límpidos,

    que lamenta com o brilho da íris?

    Ou a que baixa o rosto de vergonha

    e não tem mais olhos para seus olhos?

    Será a que me ofende por partir,

    chamando-me de canalha, estúpido, idiota

    aos pés do caixão

    ou a que sussurra palavras doces

    para me proteger

    com um terço na mão?

    Será a que teve mais tempo comigo

    ou a que guardou maior saudade?

    Será a que recebeu o telefonema dos familiares

    ou a que não foi convidada e viu no jornal?

    Não chorei e não vou chorar mais,

    não ofereci pistas de minha dor,

    não facilitei a ninguém

    para vir atrás e descobrir o paradeiro da ferida.

    Confundi o sofrimento

    e engoli as minhas lágrimas

    quando eram vento e resmungo.

    Mesmo que falasse o que acho,

    não seria acreditado.

    Se alguém aqui me consultasse

    como um dicionário,

    pronto como um verbete,

    diria que estou inventando.

    Não vim de terno novo:

    Já usei o conjunto mais de uma vez.

    Quem definiu minha roupa final,

    separou este par de bico fino

    só posto em casamento?

    Meu casaco

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