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O Apaixonado Secreto
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E-book247 páginas4 horas

O Apaixonado Secreto

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Sobre este e-book

O Apaixonado Secreto por Camila Winter
Romance e mistério na era vitoriana

No final da era vitoriana, Angelet está prestes a se casar com um belo e rico pretendente quando começa a receber misteriosas cartas de amor de um estranho. Poesia, rosas e presentes tornam-se cada vez mais frequentes à medida que a poesia vai conquistando lentamente o seu coração e também a intriga de saber quem é o autor de um amor tão apaixonado ...

Mas uma dama comprometida não pode receber tanta atenção, seus pais a proibiram de ficar com as cartas, mas ela só pensa em descobrir seu apaixonado secreto sem imaginar que seu mundo está prestes a tremer quando ela descobre o engano de seu noivo e a chantagem que pretende fazer-lhe aquele libertino, um ferrenho inimigo de sua família.

O Apaixonado Secreto, um livro de romance e intriga ambientado em Devon no final do século XIX.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de jan. de 2024
ISBN9781071578339
O Apaixonado Secreto
Autor

Camila Winter

Autora de varias novelas del género romance paranormal y suspenso romántico ha publicado más de diez novelas teniendo gran aceptación entre el público de habla hispana, su estilo fluido, sus historias con un toque de suspenso ha cosechado muchos seguidores en España, México y Estados Unidos, siendo sus novelas más famosas El fantasma de Farnaise, Niebla en Warwick, y las de Regencia; Laberinto de Pasiones y La promesa del escocés,  La esposa cautiva y las de corte paranormal; La maldición de Willows house y el novio fantasma. Su nueva saga paranormal llamada El sendero oscuro mezcla algunas leyendas de vampiros y está disponible en tapa blanda y en ebook habiendo cosechado muy buenas críticas. Entre sus novelas más vendidas se encuentra: La esposa cautiva, La promesa del escocés, Una boda escocesa, La heredera de Rouen y El heredero MacIntoch. Puedes seguir sus noticias en su blog; camilawinternovelas.blogspot.com.es y en su página de facebook.https://www.facebook.com/Camila-Winter-240583846023283

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    O Apaixonado Secreto - Camila Winter

    O Apaixonado Secreto

    Camila Winter

    ––––––––

    Traduzido por Nelson Leonel De Benedetti 

    O Apaixonado Secreto

    Escrito por Camila Winter

    Copyright © 2020 Camila Winter

    Todos os direitos reservados

    Distribuído por Babelcube, Inc.

    www.babelcube.com

    Traduzido por Nelson Leonel De Benedetti

    Babelcube Books e Babelcube são marcas comerciais da Babelcube Inc.

    O apaixonado secreto - Camila Winter © Copyright. Todos os direitos reservados. Romance original inédito, protegido por direitos autorais. Reprodução total ou parcial proibida sem o consentimento da autora. Romance de ficção. Todos os personagens, lugares, nomes mencionados no presente são a invenção da autora. Edição impressa de 27 de fevereiro de 2016.

    INFORMAÇÕES DE REGISTRO

    SAFE CREATIVE

    ID: 1602206649213 

    Data de registro: 20-fev-2016 11:08 UTC 

    Licença: Todos os direitos reservados 

    Autora: Maria Noel Marozzi Dutrenit  

    ––––––––

    Somente o amor e a arte tornam a existência tolerável. (William Somerset Maugham)

    O apaixonado secreto

    Camila Winter

    Era fim de tarde naquele dia de setembro em Forest Manor; casa da família Hampton em Devon e uma brisa suave agitava as folhas de cipreste caídas no chão fazendo-as dançar e vibrar no ar sem parar de anunciar que o verão estava definitivamente chegando ao fim. Foi o que a senhorita Angelet Hampton pensou, observando aquela paisagem com um toque outonal enquanto se cobria com um xale de seda bege e se perguntava inquieta se choveria no fim de semana.

    Talvez não, ela disse a si mesma enquanto deliberadamente segurava e escondia a misteriosa carta de amor que acabara de receber. Não foi a primeira vez que aconteceu, tinha mais de dez cartas parecidas com aquela, mas não eram todas iguais. A jovem olhou em volta com um olhar alerta e abriu, ela não devia guardar aquelas cartas, seus pais a proibiram, mas ela guardava, não só as guardava com cuidado em uma caixa de madeira entalhada, mas de vez em quando as lia secretamente.

    Eram atormentados e estranhos versos escritos em traços irregulares, ela os leu novamente.

    — Cerrar meus olhos pode a derradeira

    sombra que me levar o branco dia,

    e desatar esta alma poderia

    ora a sua ansiedade lisonjeira;

    mas não, dessoutra parte na ribeira,

    a memoria deixar na qual ardia;

    nadar sabe esta chama na água fria,

    à lei que rege as coisas sobranceira.

    Alma a quem todo um Deus prisão tem sido,

    vejas que humor a tanto fogo hão dado,

    medulas que hão gloriosamente ardido:

    seu corpo hão de deixar, não seu cuidado;

    e serão cinzas, mas terá sentido;

    e serão pó, mas pó enamorado" (F. Quevedo).

    Anjo, o diabo é esse amor que me corrói toda a alma e a saudade de te ver, de tê-la em meus braços...

    Esse admirador misterioso sabia o nome dele é claro, ele era alguém próximo, mas quem, diabos? Já fazia muito tempo que escrevia essas cartas sem querer dar o nome, sem esperar resposta, às vezes assinava um admirador secreto e claro que era. Secreto e constante. Uau, esse assunto estava começando a intrigá-la.

    —Mas o que você está fazendo?

    Sua irmã mais nova, Clarise, descobriu que ela estava escondendo a carta misteriosa.

    —Nada...

    Os olhos de cristal de sua irmã brilharam maliciosamente. Ela tinha acabado de ser apresentada à sociedade e estava francamente insuportável e mal-humorada, que seu tamanho não era correto, que os vestidos da costureira estavam fora de moda. Que nenhum cavalheiro a convidava para dançar enquanto o cartão de dança da amiga Ellen estava sempre cheio...

    Oh, por que eu não sou tão bonita? Assim não vou conseguir arranjar marido, vou ser solteirona... queixava-se amargamente. 

    —Ah, sim, é a sua paixão secreta, aquela que lhe escreve cartas de amor, você acha que eu não sei? Mas esconda-as, nosso pai ficará chateado— ela continuou. Aparentemente, ela estava determinada a estragar tudo.

    Os olhos azuis de Angelet escureceram de repente quando a irmã quis ler a carta.

    —Não, nem mesmo sonhe com isso.

    Clarise a encarou irritada.

    —Se não o fizer, direi ao nosso pai e ele vai castigá-la.

    —Bem, você não vai fazer isso, porque se mencionar esta carta, direi a ele que você beijou secretamente aquele tenente— disse Angelet.

    A jovem não tomou isso como uma piada e ficou vermelha como um tomate de raiva.

    —Tudo bem, você ganhou... Mas te aviso que não pode ficar com essas cartas. Você sabe... Eu acho que tenho certas suspeitas sobre seu autor.

    Não foi a primeira vez que especularam sobre isso, parecia um enigma diabólico. Quem mandava essas cartas? Fazia mais de dois anos que começou a recebê-las e depois as rosas, cartas curtas, poemas tão bonitos que não conseguia queimá-los no fogão como sua mãe mandara. Só porque ela estava comprometida e aquelas cartas podiam comprometer sua reputação. Nossa, se isso acontecesse seria um desastre...

    —Bem, deixa pra lá, quem você acha que escreve essas cartas?

    Clarise, sua irmã ladina sorria de orelha a orelha.

    —Bem, eu tenho duas teorias sobre isso. Ou é Ted, o irmão retardado da noiva de nosso irmão.

    Não, essa possibilidade parecia assustadora. Teodore era um jovem nada atraente, tão louco quanto sua irmã, embora sua loucura fosse mais engraçada, é claro, a de sua futura cunhada assustadora.

    —E a outra possibilidade?

    —Bem, acho que ele é um apaixonado de Londres. Que, depois de ser apresentado pensou que poderia conquistá-la com aquelas cartas...

    —Isso é ridículo, Clarise, ninguém sensato faria isso. Às vezes me assusta, mas... se as cartas não fossem tão bonitas, eu as jogaria no fogo e pediria ajuda ao nosso pai.

    —E por que você não faz isso? Como diabos tantas cartas chegam sem antes chegar às mãos de nosso mordomo? Você sabe que nosso pai deu ordens para que qualquer carta que chegar a você seja interceptada e enviada a ele primeiro.

    —Isso faz parte do mistério, parece um fantasma, mas fantasmas não escrevem cartas de amor nem mandam botões de rosa.

    —A proposito, você não está... você está certa. Agora acredito que mais cedo ou mais tarde esse cavalheiro vai te procurar, aparentemente ele não se importa que você esteja noiva de Ravenston. Oh, por que ninguém escreve cartas de amor para mim? Estou solteira e ansiosa para que um homem se apaixone por mim— reclamou sua irmã mais nova.

    Angelet não prestou atenção nela e correu para o quarto para guardar com cuidado a última carta. Era algo estranho, para dizer a verdade, ela pensou enquanto a escondia em uma caixa de madeira com fotos na tampa. Todas elas estavam lá.

    Às vezes, dizia simplesmente: Meu anjo, não pense por um momento que me esqueci de você. Eu nunca paro de pensar em você. Nunca... E as outras cartas eram um trecho de poesia ou uma frase assim: Ninguém tem domínio sobre o amor, mas o amor domina todas as coisas (Jean De La Fontaine).

    Ela adorava lê-las na solidão de seu quarto quando ninguém a estava vendo, furtivamente, se perguntando quem era o autor de tais cartas de amor românticas. Ele era um admirador secreto esperando o momento certo para declarar seu amor por ela?

    Angelet suspirou ao devolver a caixa de madeira sob uma prateleira onde guardava vestidos velhos e alguns bordados, sabendo que estariam seguros ali.

    Realmente não importa mais, vou me casar com Sir Ravenston em três meses e não devo prestar atenção a essa bobagem... Se meu noivo descobrir, ele vai pensar que sou uma namoradeira sem vergonha, disse ela a si mesma. E por Deus que tal não seja verdade, só tenho curiosidade de saber quem ele é e nada mais...

    Alguns passos na sala chamaram sua atenção. Sua irmã mais nova tinha um rosto carrancudo.

    —Angie, por favor... prometa que não vai dizer nada sobre... o que você já sabe— ela gaguejou.

    Ela sorriu, tentada. Sua irmã era tão preguiçosa que raramente dizia o nome completo, sempre abreviando, chamando-a de Angie ou Ange.

    —Tudo bem, não vou dizer que você beijou o tenente, mas se fizer novamente, se a verem, nenhum cavalheiro decente vai se aproximar de você. E, por favor, pare de ameaçar contar ao nosso pai sobre as cartas.

    Clarise assentiu gravemente enquanto estendia a mão direita.

    —Eu prometo!— ela exclamou —Mas quero dizer-lhe que é perigoso, que de qualquer maneira, guardar essas cartas é um risco à sua reputação.

    Angelet não prestou atenção à irmã, ultimamente ela estava insuportável com a perspectiva de ser introduzida na sociedade na próxima semana e qualquer coisa a irritava ou aborrecia.

    —Isso não acontecerá, vamos, são apenas algumas letras— respondeu ela.

    —Bem, eu acho que é arriscado para sua reputação. Se o seu noivo descobrir que um misterioso cavalheiro está escrevendo cartas para você... Inferno! Faz muito tempo que você recebe essas cartas, Angie.

    Ela tinha razão, a primeiro ela recebera há mais de um ano e depois... recebia com certa frequência. Cartas e rosas ou chocolates, sempre com um recado breve e como não sabia quem era, não podia dizer-lhe que deixasse de lhe enviar coisas.

    Quando seus pais descobriram, não aceitaram o assunto muito bem e deram ordens aos criados para que todas as cartas, mensagens ou presentes para a Srta. Hampton fossem enviados imediatamente para Lorde Hampton ou sua esposa Lady Sophie, mas eles raramente conseguiam interceptar essas cartas e presentes que chegavam na mansão Forest Manor de uma forma estranha e misteriosa. Como se o autor daquelas cartas conhecesse cada canto da mansão e pudesse entrar lá sem ser visto ou ouvido e depois deixar as mensagens em seu quarto antes que alguém soubesse de sua existência.

    —Angie, venha aqui, por favor. Você está distraída— queixou-se Clarise. —Ajude-me com este espartilho, não posso ir assim, pareço uma bola.— Ela parecia à beira das lágrimas se pavoneando com seu vestido em um tom pastel muito bonito e elegante.

    Angelet se aproximou e suspirou resignada. Não havia muito o que fazer, até que sua irmã encontrasse um pretendente que prestasse atenção nela, ela tornaria sua vida miserável. E pensar que a apresentação dela foi tão discreta...

    Ela começou a trabalhar e ajustou o espartilho enquanto sua irmã mais nova fazia uma careta para si mesma no espelho.

    —Um pouco mais— ela exigiu — eu devo parecer magra. Você sabe que está muito na moda.

    A cintura fina, os cachos na testa, saber tocar piano e cantar... O que estava totalmente fora de moda era bordar na presença de estranhos, mas a mãe fazia isso sempre que se encontrava com as amigas.

    Angelet achou que ajustar tanto o espartilho era loucura, mas não disse nada. Droga, ela teve que se conter para não rir, a pobre Clarise sofreu. Ela disse que não tinha cintura fina como era o estilo entre as moças, e apesar de ser loira e com feições muito delicadas, não ficou nada feliz e acusou-a de roubar todos os olhares e atenção de possíveis pretendentes.

    Oh, como ela era cansativa às vezes! Já fazia algum tempo, depois da festa de apresentação, ela se tornara insuportável, usando um espartilho apertado demais para diminuir a cintura e parando de comer para conseguir, enrolando os cabelos e usando todos os tipos de truques para se embelezar.

    Agora ela estava furiosa porque os cachos não eram tão perfeitos quanto ela queria e ela queria culpá-la.

    —Oh, Angelet, eu disse para você me ajudar! Eles não parecem bem...

    A jovem foi até o espelho e a ajudou a endireitar o vestido rosa. Aquele vestido não combinava com ela, ela tinha um quadril muito largo e seus braços rechonchudos e outros atributos eram apertados, e ajustando tanto o espartilho ela percebeu que os seios da irmã pareciam prestes a explodir.

    —Clarise, você não pode usar esse vestido, parece que não é do seu tamanho— disse ela com cautela.

    Ela estava certa e o olhar de cristal de sua irmã se encheu de lágrimas.

    —Sim, é o meu tamanho, mas nada mais me serve— reclamou ela. —Engordei, é assustador... não consigo ajustar meu tamanho e essa cor não combina comigo, mas... O que mais eu poderia usar? Sou uma debutante e devo ter boa aparência, ser discreta, não posso usar cores escuras como viúvas.

    Angelet lamentou e a abraçou. A pobrezinha tinha muita pressão. Suas amigas estavam quase todas noivas ou namorando, enquanto a pobre Clarise só fora abordada por um soldado com o dobro de sua idade e outro jovem de péssima reputação. Ambos os candidatos foram descartados de imediato e agora ele tinha que voltar à procura de um marido. A busca exaustiva por um marido.

    —Não diga isso... Este vestido é lindo e destaca seu cabelo loiro e seus olhos. Você parece um anjo, Clarise... só que você deve afrouxar um pouco o espartilho... sua barriga vai doer se não fizer isso.

    Sua irmã mais nova concordou em deixá-la fazer isso.

    —Claro, você está muito calma porque está noiva de Sir Ravenston. Em menos de um mês apos sua chegada a Londres, você já tinha um marido garantido.

    Os olhos de Angelet brilharam desamparados.

    Ela tinha razão, sua vida estava garantida no sentido mais literal, mas ela não estava tão feliz no momento, porque o casamento havia sido arranjado por sua família e todo o namoro parecia quase algo fingido e estudado. Ela não estava apaixonada por Ravenston, pelo amor de Deus, como poderia estar se o conhecia há seis meses? Foram seus pais e seu irmão que a convenceram a encorajar essa amizade, porque ele era um herdeiro rico de Cumbria e se ela pedisse sua mão, ela viveria em uma mansão de sonho nas terras geladas de Lake District, em uma imensa propriedade cheia de ovelhas, cabras e alguns pássaros e principalmente seria a senhora de uma luxuosa e bela mansão.

    —Ele já te beijou?— Clarise quis saber maliciosamente.

    Ela piscou inquieta.

    —O que?

    —Eu pergunto se Charles já beijou você, boba.

    Angelet olhou para ela.

    —Por favor, pare de fazer perguntas. Eu não direi uma palavra.

    —Oh, claro... você é uma Angelet afetada.

    —Não, não sou.

    —E mesmo assim os cavalheiros nunca olham para mim se você estiver presente, disparou Clarise.

    Angelet sentiu que não suportaria outra birra da irmã naquele dia, seus nervos estavam à flor da pele e Clarise gritava há meses porque ninguém a notava. Dizia que a culpa era dela porque não tinha conseguido emagrecer ou fazer sua cintura ficar fina, que tudo se devia ao seu azar ou que ninguém a olharia se sua irmã mais velha estivesse presente porque Angelet era a única das irmãs que havia herdado a beleza delicada e etérea de sua mãe, que ainda mantinha seu corpo esguio apesar dos anos. O cabelo castanho de Angelet, a pele de porcelana e o olhar suave e doce atraíram os pretendentes certos e, em menos de um mês, Sir Charles se tornou seu amigo mais próximo... e três meses depois, seu noivo. E agora tudo estava indo bem porque eles se casariam em menos de três meses.

    Clarise achava que nunca poderia ser como Angelet. E, no entanto, naquele dia ela a notou estranha, quieta, pensativa e de repente percebeu que ela ainda não havia se vestido.

    —Você não vai à festa da amiga da mamãe? Ela perguntou.

    Depois de soltar um pouco o espartilho com a ajuda da irmã e cobrir seus braços nus com um xale de seda indiana, o vestido ficou muito mais discreto e elegante.

    —Eu realmente quero ficar aqui... minha cabeça dói— disse Angelet evasivamente.

    —Mamãe vai ficar chateada, Angie, vamos, faça um esforço. Não será que você está esperando a visita de sua paixão secreta, certo?

    —Claro que não! Que absurdo você diz.

    —E eu me pergunto como ele consegue mandar essas cartas para você sem ninguém descobrir. É muito estranho, não acha?

    Sim, claro que era, mas ela não queria falar sobre isso. Sua mãe estaria aqui a qualquer minuto.

    —Bem, que sorte você tem... em breve terá um marido e um apaixonado que lhe enviará cartas de amor— disse Clarise com inveja.

    —É bobagem o que você está dizendo, Clarise— ela respondeu nervosa —Não estou interessada em ser cortejada por um fantasma, por alguém tão covarde que manda versos de amor, mas não quer se mostrar. Além disso, sou uma jovem comprometida.

    —Ah não minta por favor, você pode ver Angelet... você ficou muito vermelha. Vamos, você não tem um sentimento muito forte por Sir Charles. Ele está perdidamente apaixonado por você, ele te segue como um tolo por toda parte, mas você... você não o quer, você não suporta que ele te beije, eu acho.

    Essas palavras eram como uma adaga precisa e Angelet achou que quando a irmã fizesse treze anos seria insuportável.

    —Você tem me espionado, pequena intrometida?— reclamou ela.

    —Não... eu só os vi se beijando outro dia nos jardins. Bem, ele estava beijando você na verdade...

    Angelet ficou aborrecida, ela estava certa, claro. Aquele beijo não tinha sido do seu agrado, roubado e apaixonado em excesso, não parecia caber na personalidade cerebral e serena do noivo, mas...

    A voz estridente de sua irmã a fez pular.

    —Angie! Temos que sair. Angelet. Mamãe ficará chateada se você não se juntar a nos. Venha.

    —Não. Eu simplesmente não posso ir agora, me deu uma dor de cabeça horrível. Diga a mamãe... Acho que vou dormir.

    —Bem, na verdade, você parece pálida, você que é sempre tão rosa— disse a irmã e de repente a viu mordiscando um doce. —Há algo de errado?

    Sua irmã não respondeu, ela não queria contar a ela que tinha ouvido uma conversa entre seu irmão e seu amigo Thomas Harvey outro dia e que a preocupou, mas ela sentiu uma angústia terrível ao pensar que por uma coisa tola haveria um duelo com Sir Praxton, apelidado de "o

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