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O Segredo de Duque de Morewether
O Segredo de Duque de Morewether
O Segredo de Duque de Morewether
E-book364 páginas5 horas

O Segredo de Duque de Morewether

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Sobre este e-book

Thea Ashbrook chega a Londres em uma missão de fazer o que é certo para seus meio-irmãos - não encontrar um marido. Com saudades da Grécia, ela causa um incidente em uma palestra prestigiosa sobre arquitetura grega, onde é apresentada ao irritante e belo Duque de Morewether. As más línguas lhe contaram todas as aventuras indecorosas pelas quais ele é tão famoso, e ela não está impressionada. Quando ela descobre que o amor dele pela família reflete o seu, ela se dá permissão para abrir seu coração para ele. Christian, duque de Morewether, é famoso por seus modos escandalosos. Ele acha que sua vida não tem nada, até conhecer a Srta. Althea Ashbrook e, pela primeira vez em sua vida, ele se vê sem palavras. Quando seu passado voltar para assombrá-lo, serão necessários todos os seus poderes de persuasão para convencer Thea de que ele é digno de seu amor. O duque tem um segredo - que Thea acha que nunca poderia perdoar e a manda correndo para casa. Para encontrar a redenção e reconquistá-la, Christian deve perceber que os erros não podem ser ignorados para sempre. Os segredos que você guarda podem mudar sua vida para sempre.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento9 de ago. de 2020
ISBN9781071552223
O Segredo de Duque de Morewether

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    O Segredo de Duque de Morewether - Amylynn Bright

    O Segredo do Duke de Morewether

    por Amylynn Bright

    O SEGREDO DO DUKE DE MOREWETHER

    Direitos Autorais © 2014 Amy Bright

    Todos os direitos reservados.

    Título original: THE DUKE OF MOREWETHER’S SECRET

    Design da capa por Jaycee DeLorenzo / jayceedelorenzo.com/sweetnspicy/

    Design do livro por Amy Bright

    Tradução: Maria Clara Campelo

    Revisão: Paloma Vasconcellos Antunes Pastore

    Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico ou mecânico, incluindo sistemas de armazenamento e recuperação de informações, sem a permissão por escrito da autora. A única exceção é por um revisor, que pode citar trechos curtos em uma revisão. 

    Este livro é um trabalho de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são produtos da imaginação da autora ou são usados de maneira fictícia. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, eventos ou localidades é inteiramente coincidência.

    Amylynn Bright

    Visite meu website em www.amylynnbright.com e meu blog em www.thequillsisters.com.

    Dedicatória

    Collette Cameron - Eu nunca poderei agradecer o suficiente por suas amáveis palavras e apoio. Tenho muita sorte de ter amigos tão talentosos e maravilhosos.

    Killian Metcalf – Que dádiva de Deus você é! Não posso agradecer o suficiente por seu incentivo, seus conhecimentos e suas excelentes sugestões. Sou eternamente grata.

    And Linda – Porque você entende que ele simplesmente deve ser um duque.

    Capítulo Um

    Londres 1815

    ––––––––

    Christian reprimiu uma risada quando a mulher deu um risinho abafado. Os outros no salão não a acharam tão divertida quanto ele. Isso ficava claro com os olhares. Porém, novamente, a plateia que geralmente assistia a palestras acadêmicas era composta por velhos cavalheiros aborrecidos que ficavam perfeitamente felizes em flertar com belas moças em festas, mas ficavam indignados se alguém se infiltrasse em sua palestra.

    Ele caminhou para o corredor para esticar as pernas e esfregar o joelho dolorido. Ele estava há dois meses no país trabalhando com os potros da primavera. Apenas três dias de volta à cidade e ele já estava à procura de entretenimento. Ele não esperava nada tão divertido como um alvoroço em um colóquio sobre arquitetura grega no salão de Lady Bethel.

    A senhorita balançou a cabeça e cruzou os braços sobre o peito. Ele veio à preleção movido por sua fascinação sobre o assunto, e ficara desapontado ao descobrir que havia captado o palestrante dando algumas informações incorretas. O fato de essa mulher também reconhecer esse fato era extremamente interessante. É claro que ele era muito bem criado para demonstrar publicamente que sabia mais do que o especialista, mas observá-la fazendo isso era deliciosamente divertido.

    Ele não conhecia a dama, mas conhecia a companhia que estava sentada com ela. A Srta. Anna Sinclair, a melhor amiga de sua irmã, se mexeu na cadeira ao lado. O desconforto de Anna só aumentou sua diversão, tal era o relacionamento dele com a mulher tão próxima dele quanto sua própria irmã. Anna morava com a família desde os dez anos, e seu pai militar não fazia ideia do que fazer com ela quando a mãe morreu. Embora houvesse afeição entre ela e Christian, eles nunca haviam alimentado nada além de uma rivalidade semelhante à de irmãos.

    A misteriosa moçoila não fez nenhum esforço para disfarçar sua frustração quando o palestrante erroneamente atribuiu um templo menos conhecido à cidade errada.

    - Ah, pelo amor de Deus! - ela zombou. Diversas vozes pediram silêncio, porém ela as ignorou.

    - Mas ele está errado.

    Anna deu um tapinha no joelho da moça.

    - Eu sei, mas de verdade, Thea, shhhhh. - Claramente desconfortável, Anna olhou para os outros membros da plateia e fez contato visual com Christian. Ela encolheu os ombros e fez uma careta.

    Ver Anna desconfortável foi muito prazeroso. Normalmente, sua personalidade nada delicada era a causa da angústia dos outros, e Christian achou que ver a inversão de papéis pelo menos uma vez foi extraordinariamente satisfatório. Anna raramente perdia o controle de uma situação, mas ela estava claramente perdida aqui.

    Ele esticou o pescoço para a direita, tentando enxergar por entre os ombros e além das cabeças dos homens que estavam entre ele e a outra mulher. E ficou frustrado por poder ver pouco do rosto dela com os outros em seu caminho.

    - Senhor. - Sua voz era rouca. - O planejamento da cidade é atribuído a Hipódamo de Mileto e não a Pitágoras como o senhor sugeriu.

    - O que? - O homem por trás do púlpito parecia estupefato com a ousadia da jovem de interrompê-lo.

    - Eu posso compreender como você pode confundi-los. Hipódamo era pupilo de Pitágoras, afinal de contas.

    -Minha jovem. - O orador se aproximou. - Controle-se.

    - Acredite em mim, senhor, eu me controlei.

    Christian ainda não conseguia distinguir nada de suas feições, mesmo com Anna afundando cada vez mais em sua cadeira. Quem era essa mulher?

    - Então eu peço que se retire respeitosamente. Esses senhores vieram para ser instruídos por um especialista da história da arquitetura grega.

    - Perdão! Quando o orador especialista vai chegar?

    Ah, ela era um deleite. O rosto do orador chegou a um tom alarmante de roxo avermelhado. Christian acreditava que seu motorista chamaria aquela cor de púrpura. O homem parecia incapaz de elaborar uma réplica e praticamente cuspiu.

    - Pois muito bem. - A senhorita se levantou e Christian pôde ver que ela era mais alta que Anna, mas quem não era? Ela curvou-se deliciosamente. - Vamos embora, Anna. Vamos deixar esses senhores com suas ilusões de perseguição acadêmica. - A dama saiu da sala, de cabeça erguida e Anna se esgueirou atrás dela.

    Christian se levantou e acenou com a cabeça para o homem à sua esquerda, em seguida, seguiu as senhoritas para fora da sala. Ele não podia perder a chance de ser apresentado. Assim que ele as alcançou na calçada, uma discussão teve início.

    - Mas você não pode fazer isso, Thea, - Anna falava em tom de súplica. - Simplesmente não é assim que se faz.

    - Bem, aquilo foi ridículo. Esses senhores estavam lá para aprender e aquele... aquele palerma não tinha ideia do que estava falando.

    Não sabia por que esperava que a jovem fosse a típica rosa inglesa. Afinal de contas, seu sotaque claramente denunciava o fato de que era estrangeira. Em vez de uma tez clara como leite e creme, uma linda mulher de pele morena olhou para ele. Seu rosto estava ligeiramente bronzeado e livre das sardas que atormentavam sua irmã quando ficava exposta ao sol. Cachos negros, reluzentes como cetim emolduravam seu rosto. Mas foram os olhos dela que o hipnotizaram. Nem cinza nem verdes e um marrom mais escuro rodeava suas íris.

    Anna soltou um suspiro exasperado.

    - Eu não podia deixar que ele continuasse sem que lhe chamasse atenção daquele jeito. Por acaso sei, sem sombra de dúvida, que ele estava errado e estou certa. - O sotaque da moça era incomum e Christian não conseguia identificá-lo. Sua boca faz uma coisinha luxuriante quando diz suas vogais, ou de modo intrigante puxava o r.

    - Ela está certa - Christian interrompeu e como recompensa ganhou um leve sorriso, um breve capricho dos lábios da senhorita. - O homem é um imbecil.

    - De qualquer maneira, - Anna insistiu para sua amiga, que estava mais calma agora - Eu sei que você é uma especialista, mas não pode envergonhá-lo na frente de toda a sala. Você está em Londres agora.

    Desta vez, quem bufou exasperadamente foi a sedutora companheira de Anna. Christian não podia fingir que não estava totalmente fascinado por ela. Ela tinha uma figura voluptuosa que não se adequava à moda. Por mais que ele tivesse a suspeita de que ela lamentava esse fato, isso lhe dava água na boca.

    - Eu não quis fazer aquilo. Devo voltar e me desculpar? A mulher lançou um olhar para a casa, a preocupação marcando sua testa.

    - Anna tem uma tendência ao exagero. - Ele disse. Anna lançou-lhe um olhar ameaçador que dentro do repertório de expressões faciais que ele inventou leva o nome de Sorrisinho Irredutível número 4.

    - Ela também esquece suas boas maneiras quando está alvoroçada.

    Abanando a mão aborrecidamente, Anna se lembrou de si mesma.

    - Thea permita lhe apresentar Christian, Duque de Morewether. Minha querida amiga, senhorita Althea Ashbrook.

    Ele se curvou em resposta a reverência da dama.

    - A seu serviço. - Como ele poderia não estar familiarizado com esta amiga? Ele tinha certeza de que estava a par de todos os amigos de sua irmã e de Anna.

    - Ah, sim. - Ela inclinou a cabeça para o lado e estendeu a mão com luvas.

    - Absolutamente encantado, senhorita Ashbrook. - Ele liberou a força total do Sorriso Sedutor número 2.

    Seus lábios eram de um rosa muito pálido contra sua pele e um meio-sorriso travesso deslizou por eles.

    - Eu ouvi tudo sobre você, meu senhor.

    - E eu ainda não sei nada de você. Como isso é possível?

    - Tenho certeza de que não tenho ideia.- Seu queixo era levemente pontudo e seu nariz pequeno e redondo na ponta. - Anna me arrastou para cima e para baixo para todos os encontros sociais em Londres pelas duas últimas semanas.

    Ele riu.

    - Estive fora da cidade por tanto tempo que reuniões empoeiradas de eruditos se tornaram obrigatórias para a diversão da alta sociedade?

    A senhorita  Ashbrook fez uma careta.

    - Vamos para casa antes que os intelectuais venham atrás de nós com forcados. Anna olhou a rua e acenou para um carro de aluguel.

    Ele fez sinal para seu cocheiro.

    - Seria um prazer levá-la a qualquer lugar que você deseje ir.- Anna deu a ele um olhar cheio de suspeita. - Eu estive no campo por muito tempo; você não pode me negar esse prazer.

    Quando Christian acomodou as damas na carruagem, a senhorita Ashbrook fez uma pausa e olhou para o rosto dele. Não, essa não era uma rosa inglesa perfeita, e sim uma selvagem, e ele se viu estranhamente sem uma frase espirituosa e sedutora para fasciná-la.

    - Sabe, - Anna disse, mudando de posição para encarar sua amiga, - acho que Morewether pode ser de alguma utilidade para nós.

    Christian pensou em várias maneiras que estaria disposto a ser útil.

    - Claro. Estou ao seu dispor.

    Anna sorriu pela primeira vez.

    - Eu aposto que sim.

    Christian não mordeu a isca de Anna e se virou para a senhorita Ashbrook.

    - O que fez você decidir vir hoje para aquela palestra em particular?

    A brisa fez com que as fitas de seu chapéu se enrolassem com seus cachos.

    - Isso foi um erro. Eu sei disso agora, mas estava me sentindo um pouco melancólica e com saudades de casa.

    - Você é grega? Você cresceu em torno das ruínas? Que fascinante. Deve ser por isso que você sabe tanto sobre elas.

    - De fato. - Um sorriso distante fez seus lábios curvarem. - Meu lar é um lugar espetacular. Então seu humor mudou. Seus olhos intempestivos brilharam com irritação. - Claramente, aquele ilíthio (idiota, em grego) nunca esteve no Peloponeso.

    - É um lugar onde sempre quis ir-, ele disse.

    Ela passava as mãos com luvas ao redor, acariciando o couro elegante do assento ao lado dela, e então finalmente se acomodaram em seu colo. Ele as observou com interesse, os dedos longos e finos, envoltos em couro bege.

    Se ele se concentrasse, e ele estivera se concentrando muito, havia outras coisas além de seu sotaque que a diferenciavam dos londrinos. Apesar de seu vestido estar na moda londrina, e ela absolutamente deslumbrante nele, ainda assim ela apresentava diferenças. O decote que expunha sua graciosa garganta também revelou o adorável tom moreno suave em sua pele. Seus lábios estavam cheios e em forma de arco, tão diferentes das mulheres que ele já havia seduzido, e seus olhos incomuns eram muito mais enternecedores.

    Christian procurou qualquer coisa para manter a conversa viva.

    - Você é nova em Londres?

    - Sim. Eu estou aqui para lidar com obrigações familiares, - ela respondeu enigmaticamente.

    - A senhorita vai ficar por muito tempo?

    - Tempo suficiente para realizar o que eu preciso fazer. - Ela desviou o olhar, dando-lhe tempo suficiente para assimilar a curva de sua orelha e o formato de sua mandíbula.

    O silêncio se prolongou. Ele não conseguia pensar em nada a dizer para instigá-la a falar mais. Ele procurava por mais material de conversação - qualquer coisa que permitisse que os tons ricos de sua voz reverberassem sobre sua pele. O que ele teria que fazer para ouvir o riso dela? Ele já imaginava isso; um som sensual rouco com uma linha direta para sua virilha.

    Seu olhar deslizou para Anna, e ele esperava que ela o ajudasse. O duende do mal sorriu para ele. Quando ele estava certo de que ela estava deixando a situação tão desconfortável para ele quanto possível, Anna se virou para a moça e sorriu.

    - Thea, os eventos de hoje não mudam nossos planos para o jantar esta noite.

    Isso era uma deixa?

    A senhorita Ashbrook franziu o cenho.

    - Está certa disso?

    - Com quem vocês tem planos? Posso ir também?

    - Eu conheço muito bem o Lorde e a Lady Harrington -, Anna disse para sua amiga mesmo enquanto sorria maliciosamente para ele. - Eles não se importam com o que as pessoas dizem sobre você. Além disso, eles são provavelmente as melhores pessoas para se conhecer na sociedade. Com sua influência, muitos pecados sociais podem ser perdoados.

    Sua irmã. Eles estavam indo jantar na casa de sua irmã e cunhado. Christian quase riu de seu alívio. Ele enviaria uma nota convidando-se assim que chegasse em casa. A cura que ele procurava para o tédio pode ter acabado de se apresentar na forma de um encantador pacote estrangeiro.

    - Fico contente em acompanhá-las até a casa da minha irmã, - Christian disse a elas com a voz mais solícita de seu arsenal.

    - Obrigada, Vossa Graça -, disse Thea. Um sorriso suave acariciou seus lábios. - Eu não gostaria de causar qualquer inconveniente, especialmente depois de arruinar sua tarde.

    - Eu vou estar lá de qualquer maneira-, ele informou a ela e ignorou a expiração pesada de Anna. - Será o meu prazer em absoluto.

    A Srta. Ashbrook inclinou a cabeça e olhou para ele. Christian resistiu à vontade de se incomodar. Ele deu a ela um sorriso amigável, mas não muito esperançoso.

    Ele não conseguia se lembrar da última vez que uma mulher o aprisionou de tal maneira. Ela buscou seu rosto, parou novamente para encontrar seu olhar. Finalmente seus olhos se estreitaram nas bordas quando ela lançou a ele um sorriso de tirar o fôlego.

    - Na verdade, Vossa Graça, seu interesse em mim é um pouco surpreendente. Você não é exatamente o que eu esperava.

    Ah, sua reputação o precedia.

    - Com que disparates nossa querida Anna tem enchido seus ouvidos?

    Mais uma vez, Anna bufou. A moça tinha elevado sua exasperação a um nível científico.

    - Garanto-lhe que nem uma mentira passou por meus lábios quando me dispus a falar sobre você. Além disso, dificilmente importa o que eu tenho a dizer sobre o assunto. Há um número mais que suficiente de mulheres em Londres com histórias para contar sobre você sem que minhas contribuições se façam necessárias.

    Christian cutucou Anna com o pé.

    - Quase nada é verdade, posso atestar.

    - Nada disso? Deveras? A Srta. Ashbrook levantou uma sobrancelha, incrédula.

    - Eu não disse nada disso. Eu disse que quase nada é. - Anna abriu a boca para protestar, e ele apontou o dedo para ela. - Você se aquiete, passarinha. O riso de Anna ressoou alegremente pelas laterais da carruagem e transbordou pela rua.

    Srta Ashbrook o provocou com uma risadinha rouca que só aguçou ainda mais seu apetite.

    - Eu ouvi muitas histórias sobre o senhor, Vossa Graça, e admito, algumas delas são estranhas demais, quase inacreditáveis.

    - Conte-me, - ele a encorajou. Ele imaginou que estava desafiando ela a narrar alguns dos contos mais absurdos, deixando o caminho livre para ela ignorar qualquer advertência que ela pudesse ter absorvido das fofocas.

    A dama sorriu maliciosamente.

    - Houve um incidente que achei cômico quando ouvi. Eles dizem que quando você terminou com uma de suas amantes, ela estava tão perturbada que queimou todos os presentes que o senhor lhe dera em uma pira no hall de entrada.

    - Ah, ha. - Anna chiou e virou o rosto enquanto tentava controlar suas risadas.

    Maldição! O primeiro boato que ela trouxe era mais ou menos verdade. Bem, em maior parte verdade.

    - Não foi no hall de entrada, na verdade, foi no jardim.

    - Ah.

    - Aquele evento tinha tomado uma proporção descomunal. O fogo não havia sido tão alto assim.

    Anna assinalou:

    - Era alto o suficiente para incendiar o grande carvalho.

    Christian olhou para a mulher mais irritante que ele poderia ter nesta carruagem naquele momento. Ela devia estar se divertindo com o desconforto dele. Ele voltou sua atenção para a Senhorita Ashbrook.

    - Ela queimou vestidos. É por isso que o fogo foi maior do que o esperado.

    - Nós perdemos aquela árvore. - Anna claramente não ia se calar. Ela alegou ter algum tipo de ligação com a maldita árvore, isso era um absurdo. Ele tinha certeza de que a consideração dela só representava uma maneira de provocá-lo incessantemente sobre a situação.

    Dessa vez, seu pé cutucou o dela com um pouco mais de firmeza, mais perto do tornozelo e com a biqueira da bota.

    - Obviamente, a mulher estava desequilibrada. Pouco tempo depois, ela retirou-se para o campo. - Christian lançou à Anna um olhar de advertência.

    Eu juro por Deus se ela bufar...

    - Houve também um conto envolvendo duas jovens mulheres quase nuas, uma cabra e um mergulho no lago Serpentine.

    Christian fechou os olhos enquanto se recompunha.

    - Eu era muito mais jovem na época. Certamente você não pode usar uma indiscrição juvenil contra mim? - Os barulhos do outro lado do assento soavam como se Anna estivesse engasgada. Se ela não estivesse sufocando agora, era só esperar até que ele a leve para casa.

    - Posso compreender as tolices da juventude. - concordou a senhorita Ashbrook. Seu sorriso diminuía enquanto ela parecia estar reavaliando ele. - Eu o entendo melhor do que pensa, Vossa Graça.

    Ele definitivamente não gostou de como isso soava.

    - Sim, bem, deixe-me provar que está errada. Permita-me acompanhá-la até a casa de minha irmã para o jantar desta noite.

    A Senhorita Ashbrook olhou para Anna, que encolheu um dos ombros e revirou os olhos. Sim, sufocá-la seria uma coisa agradável, muito agradável.

    - No mínimo, não posso dizer que a noite será tediosa. - A Srta. Ashbrook estendeu a mão.

    - O senhor pode me buscar às oito horas.

    Christian apertou sua mão quando a carruagem parou bruscamente em frente a uma enorme mansão perto da sua casa. Quando ele a ajudou a descer, deu outro longo olhar para o rosto dela, um olhar que demorou tanto tempo que foi quase grosseiro. Desta vez, quando ela sustentou seu olhar e curvou seus lábios em um sorriso, Christian ficou encantado em pensar que poderia encontrar o caminho para cair em suas graças.

    - Até a noite, então.

    - Humm. - Ela assentiu para ele e acenou para Anna como despedida.

    Ele a observou até que ela desaparecesse na casa. Meu deus! A mulher era impressionante, fascinante e ele queria saber tudo sobre ela.

    - Eu não acredito! - A voz de Anna penetrou seus pensamentos. - Você está completamente, absolutamente, sem sombra de dúvida apaixonado por ela.

    Christian decidiu relevar e a ignorou. A carruagem diminuiu a velocidade ao dobrar a esquina para Berkeley Square.

    - Ah você está, está sim...- ela continuou quando ele não mordeu sua isca.

    - Cale-se.- ele disse a ela em aviso.

    - Ela não vai te querer, você sabe. - A voz de Anna se suavizou. - Eu sei que você acha que é o sonho de todas as mulheres, mas não dessa.

    Era isso exatamente o que ele temia.

    Capítulo Dois

    Ela havia escolhido o vestido cuidadosamente. Seu cabelo estava perfeito. Um colar de pérolas e diamantes cintilava em seu peito, de modo inocente, chamava a atenção para o baixo corte de seu corpete. Uma avaliação rápida no espelho provou o que ela já sabia. Ela estava deslumbrante e isso realmente irritava.

    - Você é uma tola, - disse ela a seu reflexo. Depois repetiu em grego, caso ela não estivesse prestando atenção.

    Althea Eugenia Ashbrook não tinha vindo a Londres para arranjar um marido, e certamente não um marido como o duque de Morewether. Não importava que ele fosse alto, de porte atlético e másculo, com belos cabelos cor de ébano e olhos castanhos. Não era por acaso que ele era encantador e espirituoso e sorria como um homem que sabia como cometer todos os melhores pecados. Ela não estava mentindo quando disse que o conhecia. Talvez ela não conhecesse ele especificamente, mas ela certamente reconheceu um canalha à primeira vista. Ela poderia tê-lo farejado a quilômetros de distância. Ela ouvira incontáveis fofocas sobre ele - tudo, desde grandes damas arrogantes que a avisaram para manter distância até as jovens senhoras melancólicas suspirando sonhadoramente com a ideia de um beijo roubado.

    Ela não precisava de um homem. Para nada. Thea regozijava-se com o fato de que ela era completamente independente em todos os sentidos. Ela tinha seu próprio nome, a única coisa honrosa que seu pai lhe deixara, e seu próprio dinheiro, e ela usaria essas coisas para fazer o que seu pai nunca fizera. Seus meio-irmãos mereciam mais do que o que lhes foi deixado, e ela tinha toda a intenção de usar o dinheiro do pai para lhes dar uma vida melhor. Esta incursão a Londres serviria para encontrar uma escola aceitável para os meninos. Quaisquer conexões que ela fizesse com a classe alta de Londres serviriam apenas para facilitar suas vidas.

    Inconscientemente, ela passou os dedos por um cacho errante. Ela o colocou de volta em seu penteado e alisou o cabelo na nuca.

    As ações do Duque de Morewether poderiam ter sido as mesmas que seu pai tomara vinte e cinco anos antes. O duque era bonito de modo diabólico, um fato que não se perdeu nele, é claro, e ele tinha a reputação de ter seduzido todas as mulheres desde que partira para Eton, aos treze anos.

    Quem seduz mulheres aos treze anos?

    Absurdo. Ainda assim, as mulheres não conseguiam parar de falar sobre o homem. Ele estivera fora da cidade por meses, e ainda assim, em cada sarau, baile ou festa de jardim onde três mulheres se encontravam, ele era um tópico de conversa. Eles o discutiam nos aposentos. Eles o discutiram nos provadores da Bond Street. Quando ela finalmente o conheceu esta tarde, Thea já estava cansada de ouvir sobre ele. 

    Mesmo assim, ela não podia negar que o homem era ridiculamente bonito. Embora, ela tenha sido levada a acreditar que seus poderes de sedução fossem mais impressionantes do que ela experimentara hoje. Era possível que ele tivesse usado o estratagema de parecer reservado para desarmá-la, mas ele transpareceu sinceridade. Mesmo assim, ele quase a atraiu, ela quase se deixou levar por sua beleza e sorriso encantador.

    Thea escolheu dois dos contos mais absurdos que ouvira sobre ele desde a sua chegada a Londres para testá-lo. Como ela suspeitava, ele admitiu que ambas eram verdadeiras.

    Ainda assim, aqui ela estava se preparando. Maldição.

    Ela se afastou rodopiando do longo espelho e atravessou a sala. 

    Ela tinha muito a fazer enquanto estava aqui; as pessoas contavam com ela. Ela faria tudo certo, de uma vez por todas, e ela não tinha tempo para homens bonitos.

    Ela não estava em Londres em busca de um marido, e seria bom manter isso em mente.

    ~~~***~~~

    Christian decidiu que experimentara alguma forma de insanidade temporária. Simplesmente não havia outra explicação para seu comportamento incomum. Nunca em sua vida ele estivera nervoso perto de uma mulher. No entanto, com a Senhorita Ashbrook, ele ficava sem palavras. Talvez fosse por isso que ele ficara obcecado por ela o dia todo. Pelo amor de Deus, ele a viu por menos de uma hora. Esta noite na casa de sua irmã, ele veria que ela era apenas uma mulher como qualquer outra e que não vale a pena supervalorizar a situação. Ainda assim, ele estava com um péssimo humor.

    Ele cruzou uma perna sobre a outra, tomando cuidado para não pegar as saias da mãe dentro do confinamento da carruagem, e pousou um tornozelo no joelho oposto. Ele revirou os olhos, irritado com a falta de espaço para as pernas, a conversa graciosamente genial entre sua mãe e Anna, e sua própria estupidez. Sua mãe olhou para ele, curiosa com a asquerosidade de seu humor, ele supôs, mas ele a ignorou como ele ignorou Anna quando a detestável moça sorriu para ele como se ela soubesse de alguma coisa.

    Christian virou a cabeça e olhou para o breu total da rua St. James. Pela milésima vez naquele dia, ele

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