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O Que Diabos Você Diz: Os Mistérios de Adrien English 3, #3
O Que Diabos Você Diz: Os Mistérios de Adrien English 3, #3
O Que Diabos Você Diz: Os Mistérios de Adrien English 3, #3
E-book311 páginas4 horas

O Que Diabos Você Diz: Os Mistérios de Adrien English 3, #3

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Sobre este e-book

Demônios, ameaças de morte e compras de Natal.

É época de Natal e Adrien English, o livreiro "mal estrelado e estudioso" e ocasionalmente escritor de mistério deve enfrentar um culto satânico, um professor universitário bonito e excêntrico e sua relação intermitente com o eternamente conflituoso detetive do LAPD Jake Riordan.

Sem falar em assassinato...

IdiomaPortuguês
Data de lançamento11 de abr. de 2021
ISBN9781071596210
O Que Diabos Você Diz: Os Mistérios de Adrien English 3, #3
Autor

Josh Lanyon

Author of nearly ninety titles of classic Male/Male fiction featuring twisty mystery, kickass adventure, and unapologetic man-on-man romance, JOSH LANYON’S work has been translated into eleven languages. Her FBI thriller Fair Game was the first Male/Male title to be published by Harlequin Mondadori, then the largest romance publisher in Italy. Stranger on the Shore (Harper Collins Italia) was the first M/M title to be published in print. In 2016 Fatal Shadows placed #5 in Japan’s annual Boy Love novel list (the first and only title by a foreign author to place on the list). The Adrien English series was awarded the All-Time Favorite Couple by the Goodreads M/M Romance Group. In 2019, Fatal Shadows became the first LGBTQ mobile game created by Moments: Choose Your Story.She is an EPIC Award winner, a four-time Lambda Literary Award finalist (twice for Gay Mystery), an Edgar nominee, and the first ever recipient of the Goodreads All-Time Favorite M/M Author award.Find other Josh Lanyon titles at www.joshlanyon.comFollow Josh on Twitter, Facebook, and Goodreads.

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    O Que Diabos Você Diz - Josh Lanyon

    Demônios, ameaças de morte e compras de Natal.

    É época de Natal e Adrien English, o livreiro mal estrelado e estudioso e ocasionalmente escritor de mistério deve enfrentar um culto satânico, um professor universitário bonito e excêntrico e sua relação intermitente com o eternamente conflituoso detetive do LAPD Jake Riordan.

    Sem falar em assassinato...

    Capítulo Um

    Capítulo Dois

    Capítulo Três

    Capítulo Quatro

    Capítulo Cinco

    Capítulo Seis

    Capítulo Sete

    Capítulo Oito

    Capítulo Nove

    Capítulo Dez

    Capítulo Onze

    Capítulo Doze

    Capítulo Treze

    Capítulo Quatorze

    Capítulo Quinze

    Capítulo Dezesseis

    Capítulo Dezessete

    Capítulo Dezoito

    Capítulo Dezenove

    Capítulo Vinte

    Capítulo Vinte E Um

    Capítulo Vinte E Dois

    Capítulo Vinte E Três

    Capitulo Vinte E Quatro

    Capítulo Vinte E Cinco

    Capítulo Vinte E Seis

    Capítulo Vinte E Sete

    Capítulo Um

    Não há nada novo sob o sol, mas há muitas coisas antigas que não conhecemos.

    Ambrose Bierce, O Dicionário do Diabo

    A voz no telefone era áspera: – Ossos de ira, ossos de poeira, cheios de fúria, a vingança é justa. Eu espalho esses ossos, esses ossos de raiva, meu inimigo, eu te trago dor. Tormento, fogo, a morte é o preço, com esta maldição eu amaldiçoo sua alma. Assim seja.

    Eu entreguei o telefone para Angus, que estava de frente para o visor marcado Nós Recomendamos para você que ficava perto do balcão.

    – É para você.

    Ele pegou o receptor e colocou sua orelha contra ele como se estivesse esperando um choque elétrico. Ele ouviu, então, tremendo a mão, ele baixou o receptor e olhou para mim.

    Atrás das lentes azuis de seus óculos de John Lennon, seus olhos estavam aterrorizados. Ele lambeu seus lábios pálidos.

    – Olha, Angus. – Eu disse. – Por que você não fala com Jake? Ele é um policial. Talvez ele possa ajudar.

    – Ele é um detetive de homicídios. – Murmurou Angus. – Além disso, ele não gosta de mim.

    Ele estava certo em ambos os aspectos, mas tentei de qualquer maneira.

    – Não é que ele não gosta de você, na verdade. Além disso, você tem que falar com alguém. Isto é assédio.

    – Assédio? – Sua voz disparou um ponto alto. – Eu queria que fosse assédio! Eles vão me matar.

    Um cliente que espreitava na área de livros de bolso tossiu. Percebi que não estávamos sozinhos na livraria.

    Gesticulei para Angus. Ele me seguiu de volta ao armazém que servia como meu escritório. Até agora, tivemos um grande total de três clientes navegando nas prateleiras neste dia sombrio de novembro. Encostei a porta do escritório e virei para enfrentar Angus.

    – Ok, o que diabos está acontecendo? – Eu meio que sabia o que estava acontecendo, então eu acrescentei. – Exatamente.

    Eu pensei que meu tom era bastante calmo, mas ele ergueu as mãos como se eu fosse bater nele.

    – Não posso falar sobre isso – Ele falou. – Quero dizer, se eu falar sobre isso, se eu revelar os segredos do... – Ele engoliu a Palavra. –Eles vão me matar.

    – Eu pensei que eles já estivessem tentando te matar?

    – Eu quero dizer me matar fisicamente.

    – Uh-huh. – Eu disse. Soou como Jake.

    Angus pegou a nota cética na minha voz.

    – Adrien, você não entende. Você nunca... Eles sabem onde eu moro. Eles sabem onde trabalho. Eles sabem onde Wanda vive. Eles sabem onde Wanda trabalha. Eles...

    – Por que você não sai da cidade por um tempo? – Eu interrompi. – É quase Natal. Por que você não... Tira umas férias?

    – É novembro.

    – Já passamos ação de graças.

    Angus estava trabalhando na livraria Capa e Espada Livros por um ano, mas eu não sabia muito sobre ele, além do fato de que ele estava terminando uma licenciatura secreta na UCLA, que parecia implicar uma grande quantidade de folclore, mitologia e ocultismo. Tinha vinte e poucos anos, vivia sozinho e era um decente, porém pouco ortodoxo, funcionário. Lisa, minha mãe, insistia em que ele estava envolvido com drogas. Jake, meu amante ocasional, estava convencido de que era louco, mas eu me inclinava a acreditar que era somente... jovem. Eu o estudei enquanto ele permanecia ali de pé, com suas roupas pretas folgadas, como um emigrante do lado das trevas. Ele estava balançando a cabeça de forma desesperada, como se eu ainda não entendesse.

    – Sim. – Eu disse entusiasmado com a ideia. – Por que não pega Wanda e se afasta por uma semana ou duas? Para esquecer tudo isso.

    Vasculhei a gaveta da mesa procurando meu talão de cheques. Na verdade, não que eu pense que poderia resolver problemas com dinheiro - a menos que fosse um problema de dinheiro. E, normalmente, não recomendo fugir de seus problemas, mas esse tipo particular de problemas me assusta. Ou foi o que pensei na hora.

    Angus ficou em silêncio quando completei o cheque. Eu destaquei a folha e estendi para ele. Ele não disse uma palavra. Então, enquanto eu o observava, uma lágrima escorreu por seu rosto e caiu no cheque. Ele deu um grande suspiro estremecido e começou a falar.

    Eu o cortei.

    – Ouça, garoto, faça um favor a nós dois. Os trotes da cripta são ruins para os negócios.

    Eu me dirigi para a porta.

    ***

    – Você fez o que? – Perguntou Jake.

    Eu estava cerca de dez minutos atrasado para encontrá-lo na concessionária de automóveis no East Colorado Boulevard. Meu Bronco, de dez anos de idade, estava nas últimas, e Jake parecia acreditar que eu era incapaz de tomar uma decisão correta, a menos que seguisse seus conselhos.

    – Dei-lhe oitocentos dólares. Disse-lhe para sair com a bruxa Wanda durante os feriados. – Eu olhei para as fileiras de carros esportivos elegantes e SUVs de aparência robusta brilhando no pôr do sol com as cores de um coquetel sunshine. As folhas de palmeiras se agitavam no alto. Pequenos sinos de Natal tocavam através dos alto-falantes em mensagens não tão subliminares.

    Eu vi o reflexo loiro e musculoso de Jake se materializar atrás de mim no para-brisas escuro.

    – Oitocentos dólares? Você tem oitocentos dólares para jogar pela janela?

    Eu dei de ombros.

    – Vou considerá-lo um bônus de Natal.

    – Uh-huh? – Senti ele estudar meu rosto. – Bem, Sr. Trump, precisamos mesmo dar uma entrada, então?

    – Você já ouviu falar da grande tradição americana de financiamento?

    Ele bufou. Seus olhos amarelos me fitaram.

    – Como diabos fugir resolve alguma coisa? – Ele perguntou, e durante um segundo, pensei que estávamos falando de algo completamente diferente.

    – Eu não estava procurando uma solução a longo prazo. – Antes de Jake ter a chance de responder, eu adicionei: – Duvido que precise. São crianças. Podemos manter a atenção deles, eu não sei... Um minuto em cada ano de suas vidas? Isso significa cerca de 20 minutos de terror. Quando muito.

    Jake crispou os lábios, mas ele disse: – Essas crianças fazem parte de um coven de bruxas com base em Westwood?

    Eu estava acariciando o capô de um Subaru Forester prata.

    – Dá um novo significado à expressão espirito adolescente não é?

    Estudei o preço do adesivo preso na janela.

    – Pelo o que entendi, todos eles participaram de um curso sobre demonologia ou bruxaria, há um ano. Acho que alguém inalou muito incenso durante a aula.

    – Então eles saíram e começaram um coven?

    – Estou supondo. Não é como se Angus tivesse sido muito aberto sobre o assunto. Revelar os segredos do Conde Chocula Cereal é punível com um castigo pesado.

    As luzes vermelhas e verdes do Natal, esticadas sobre o lote de estacionamento, começaram a piscar. Elas me lembravam pimentões brilhantes, mas talvez eu estivesse inconscientemente influenciado pelo restaurante mexicano do outro lado da rua. De repente eu lembrei que eu não tinha parado para o almoço. Meu estômago rosnou. Estava pensando se Jake teria tempo para jantar.

    Se eu reclamasse de estar com fome, ele faria tempo. Como um fanático fitness, que acreditava que a regra das três refeições por dia estava gravada em pedra, ele ficou horrorizado com meus hábitos alimentares. Não nos víamos muito ultimamente. Eu estava disposto a arriscar outro sermão sobre os benefícios de carboidratos complexos.

    – Dê uma volta, compare os preços, consiga o veículo certo para você. – Observou olhando para mim de forma insistente por cima do Forester.

    – Claro.

    – Você não precisa de outro carro que consome muito. O que você diria sobre um cupê? Ou um usado?

    – Usado?

    No meu tom, um músculo puxou o canto de sua boca. Relutantemente, eu subi o corredor de carros até um azul de duas portas. Janelas coloridas, teto solar elétrico, alto-falantes Bose. O preço estava ok também. Clima controlado. O que é que isso quer dizer? Ar-condicionado?

    De repente, Jake declarou um olhar sinistro:

    – Acredite ou não, esse tipo de coisa pode acabar fora de controle. A polícia encontrou um cadáver de mulher não identificada nas colinas de Hollywood a cerca de um mês. De acordo com os rumores, ela foi vítima de um ritual de assassinato.

    – Você quer dizer, como, adoradores do diabo?

    Eu estava principalmente brincando, mas Jake respondeu pensativamente: – Eu meio que gostaria que você não tivesse enviado o garoto para fora da cidade. Eu gostaria de falar com ele.

    – Você não pode pensar que Angus está envolvido em tudo isso. – Eu protestei. – Ele é um pouco estranho, eu admito, mas ele é um bom garoto.

    – Você não tem ideia de quem ele é, Adrien. – Jake, um veterano da polícia por dez anos, usou aquele tom de policial quando eu exibia sinais de ingenuidade civil. – Você tem empregado ele por alguns meses, isso é tudo. Você o contratou através de uma agência de temporários. Você acha mesmo que eles fizeram verificações de segurança sérias?

    – Você acha que é necessário para trabalhar em uma livraria especializada em mistérios?

    Ele não estava ouvindo.

    – Desde os anos oitenta, ouvimos falar desta rede satânica clandestina. Pode não haver evidência de um movimento organizado como alguns grupos religiosos afirmam, mas temos visto um monte de lesões e mortes causadas por pessoas que levam essas coisas a sério. E um monte de gente encontra-se nas alas psiquiátricas. É feio, é violento, mas muitas crianças são atraídas por isso.

    – Por isso espero que Angus esteja assustado até a medula, e consiga tirar essas ideias da cabeça.

    Tentei me imaginar no volante do cupê, desisti dele e caminhei de volta para o Forester prateado.

    ***

    Quando terminei de assinar os documentos de empréstimo, Jake e eu cruzamos a rua para jantar no restaurante. Entreguei meu Bronco como parte do negócio, como o negociante iria instalar um sistema estéreo de última geração no meu carro novo, eu precisava de uma carona para casa. Jake se deixou coagir.

    Enquanto esperávamos que a nossa refeição fosse servida, eu o vi devorar duas cestas de tortillas. Ele mastigou com cuidado, como se ele fosse pago com chips, os olhos fixos em uma parede coberta com uma buganvila de plástico.

    – Tudo certo?

    Ainda mastigando, se deteve com a mão estendida a metade do caminho de sua cerveja.

    – Claro, por quê?

    – Eu não sei. Você parece preocupado.

    – Não.

    Ele engoliu um gole de cerveja, olhando-me nos olhos.

    – Tudo está bem.

    Nosso relacionamento não era fácil. Jake estava profundamente trancado no armário. Ele disse que era porque era um policial, que o trabalho era bastante difícil sem ter que enfrentar os caras que deveriam estar ao seu lado, mas percebi que era mais complicado do que isso. Jake desprezava ser sexualmente atraído por homens. Embora ele sempre tenha sido um bom amigo para mim, e era um amante fisicamente satisfatório - quando ele estava por perto - ainda havia alguma tensão entre nós que eu temia que nunca poderia ser completamente resolvida.

    O que era uma maldita vergonha, porque eu o queria. Muito.

    Quando nos conhecemos, ele estava ativamente na cena S/M. Eu pensava - esperava – que talvez ele fosse menos ativo nos clubes hoje em dia.

    O que eu sabia com certeza é que ele estava saindo com uma policial, chamada Kate Keegan. Ele a estava vendo desde antes de nos conhecermos. Não achava que fosse apenas um disfarce. Mas ele não falava sobre isso comigo.

    – Então, eu ouvi que Chan escreveu um livro.

    Poucos meses antes, o parceiro de Jake, detetive Paul Chan, havia se unido aos Parceiros no Crime, o grupo de redação semanal que eu recebia na livraria.

    – Sim, um livro sobre procedimento de polícia.

    – É bom?

    – Uh, bem...

    Jake riu, empurrou a cesta de chips na minha direção.

    ***

    No dia seguinte, sexta-feira, dediquei-me a finalizar os preparativos para uma sessão de autógrafos com o renomado escritor Gabriel Savant. Savant era o autor da série de livros sobre o Detetive do oculto Sam Haynes, uma espécie de atualização dos velhos romances baratos de Jules de Grandin e John Thunstone. Eu não sou um grande fã das histórias de horror, mas havia dado uma olhada no mais recente de Savant em um esforço para facilitar o debate, se a sessão de perguntas e respostas declinava muito rapidamente. Não que eu esperava ter problemas. Após o início de sua carreira medíocre na década de 1980, Savant tinha reinventado a si mesmo e seu trabalho e agora era um favorito dos meios de comunicação. Preocupado com uma participação significativa naquela noite, eu desejava mesquinhamente que eu tivesse atrasado o resgate de Angus até depois do fim de semana.

    Eu estava montando o display com o lançamento mais recente de Savant, O Códice de Rosacruz, perguntando-me se eu tinha bastante garrafas de champanhe de quatro dólares, quando recebi outra ligação do lado escuro.

    – Afetado, golpeado, espancado, rasgado. Atormentado perfuro em ti como se fosse um espinho...

    – Falando em tormento, – eu interrompi, – Você está desperdiçando seu tempo. Angus não trabalha mais aqui.

    – O qu... – Ele - a voz era masculina - ele ficou surpreso. Houve uma pausa, e então um estalido quando ele desligou o aparelho.

    Tentei retornar a ligação discando flash+103, mas o número estava bloqueado. Não uma surpresa, eu acho. E claro, eu sabia, que isso não era o fim.

    Com certeza, mais tarde, naquela tarde, tive outra chamada de alguém perguntando por Gus. Desta vez, a voz era feminina, doce. Durante todo o tempo que Angus trabalhou para mim, eu notei que só uma garota havia ligado para ele, e essa era sua namorada, Wanda. E Wanda não tinha uma voz doce. Soava mais como se ela houvesse sido desmamada com Marlboros sem filtro.

    – Me desculpe. – Eu disse em resposta a sua pergunta. – Ele Não está aqui.

    – Oh meu Deus. – Ela se preocupou. – Eu tenho que falar com Gus. É tipo como uma emergência.

    – Tipo uma emergência, mas não?

    – O quê?

    – Esquece. – Em seguida eu disse. – Olha, ele partiu. De verdade. Por favor, espalhe a palavra.

    Houve uma pausa. Então ela vacilou

    – Eu não sei...?

    Eu decidi tentar uma abordagem diferente.

    – Qual o seu nome? Talvez ele me telefone depois que ele se instalar. Você é uma amiga de Angus?

    Ela riu com uma risada tilintante, uma risada de menina festeira.

    – Bem, ye-aah! Claro! E eu tenho que falar com ele. Ele quer conversar comigo, acredite.

    – Oh, eu acredito. – Eu disse com sinceridade igual. – Mas ele partiu. Destino ignorado. Eu gostaria de ajudar, mas... Ei, porque você não deixa seu nome e número, e se ele entrar em contato comigo, eu vou deixá-lo saber que você ligou.

    Outra hesitação. Então ela disse friamente.

    – Claro. Diga a ele que Sarah Good ligou. Ele conhece o número.

    666?

    Ela desligou suavemente. Eu fiz o mesmo. Eu peguei um vislumbre da expressão triste no espelho em frente ao balcão. Sarah Good. Uma das primeiras bruxas de Salem a ser enforcada. Fofa.

    Bem, pelo lado positivo, ao menos as crianças estavam aprendendo alguma história na escola.

    ***

    Às seis e meia já não havia um assento disponível na loja. E nesse instante compreendi que tinha calculado seriamente mal ambos, champanhe e a ajuda que eu precisaria. Eu nunca tinha visto tantos adolescentes com batom preto - meninos e meninas - nem tantas joias do tipo correntes em homens de meia idade que não andassem por aí dirigindo Harleys.

    Não que não fosse legal comprovar que as pessoas liam. Especialmente aquelas pessoas cujo aspecto parecia indicar que um livro seria sua última opção de entretenimento. Só esperava que a noite não terminasse com moveis quebrados ou com o impacto de um raio sobre o edifício.

    Correndo ao lado, eu subornei as meninas para fechar a agência de viagens para me dar uma mão na hora de controlar a multidão.

    Por volta de sete-quinze, nosso ilustre autor estava oficialmente atrasado, e o público começou a ficar inquieto. Havia uma fileira de mulheres esperando para usar o banheiro e uma desagradável discussão sobre as origens da suástica acontecia perto do canto acolhedor. Um repórter local tentou me entrevistar sobre a minha participação em um caso de assassinato no ano anterior. Eu resisti ao impulso de terminar com todo o champanhe da loja e me esconder no almoxarifado.

    Às sete e meia, houve um tumulto na porta da frente. Várias pessoas, claramente parte de uma comitiva, entraram na loja. Três senhoras com grandes pernas vestidas mais como súcubos do que funcionárias de uma respeitada editora entraram. Um homem rechonchudo, de óculos me levou a um lado e se apresentou como Bob Friedlander, representante de Gabe.

    Representante? Bom trabalho, se você pode obtê-lo, eu acho.

    Eu não peguei a maior parte do que Friedlander disse, porque no instante seguinte, o Príncipe de vendas havia aparecido. Gabriel Savant tinha mais de um e oitenta metros de altura e foi construído como um modelo masculino - na verdade, ele parecia a metade masculina da ilustração de um romance: revoltos cabelos negros caindo sobre sua frente bronzeada, olhos azuis penetrantes, brilhante sorriso branco. Tinha pedrarias em seus dentes? Com toda certeza, algo brilhou em sua orelha direita. Ele usava calça de couro e uma capa preta. Surpreendentemente, ninguém riu.

    ‒ Mas isto é encantador. ‒ Gabriel assegurou-me, uma vez que Friedlander guiou sua estrela em minha direção. ‒ Claro, não é a livraria Vroman's, mas é bom.

    ‒ Ambiente. ‒ Friedlander disse rapidamente. ‒ Ambiente maravilhoso.

    ‒ Nós tentamos. ‒ Eu disse.

    ‒ Claro que você fez. ‒ Gabriel encorajou. Ele olhou para o seu representante. – Bobby, o que há para beber? Estou morrendo de sede.

    Friedlander limpou a garganta incomodo. Junto com o aroma da loção pós barba de Gabe flutuava um aroma resultante da mistura de enxaguante bucal e bourbon. Principalmente bourbon.

    – Há champanhe de uma marca qualquer circulando. – Eu disse.

    Você pensaria que eu tinha oferecido leite a um vampiro. Gabe empalideceu. Engolindo em seco, ele disse:

    – Oh, Deus, vamos acabar logo com isso. – Ele caminhou até a escrivaninha antiga que eu havia configurado na sala.

    Aplausos entusiasmados da plateia à espera ecoaram nas vigas escuras.

    – Este tour promocional tem sido esgotante. – Me disse Friedlander a modo de desculpa. – Vinte cidades em trinta dias..., Entrevistas de rádio às quatro da manhã, talk shows, almoços em clubes de leituras; às vezes vamos a três livrarias em um dia. Gabe está esgotado.

    – Eu aposto que vocês dois estão.

    Ele riu. Por trás dos óculos, seus olhos eram leves, inesperadamente alertas.

    – Um pouco. Pelo o que entendi você escreve também.

    – Um pouco. – Não o suficiente, graças a Deus, para que alguém quisesse me enviar para fora na estrada.

    – Você é muito modesto. Eu li Assassinato virá à tona. Muito engraçado.

    Esse cara fez o seu dever de casa como ninguém que eu já conheci antes, ou ele era gay. Meus livros não atraíam a muitos leitores convencionais.

    – Mas você precisa de um gancho. – Ele disse. – Uma marca de autor.

    – Você não acha que um ator shakespeariano gay, detetive amador é um gancho suficiente?

    – Não. De jeito nenhum. Olhe para Gabriel. Ele desperdiçou anos produzindo livros lindamente escritos, literatura ficcional aclamados pela crítica, mas que ninguém queria ler e, em seguida, o que acontece? Ele vem com Sam Haynes, o detetive oculto. O resto é história.

    História, ocultismo e romance, todos enunciados em Prosa carregada, pensei enquanto Savant lia em voz alta trechos de sua última obra-prima. Ele me lembrou um Vincent Price de boa aparência, mas o público adorou. Eles ficaram silenciosos como a proverbial tumba enquanto ele lia. Nem um sussurro,

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