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A educação de Casanova
A educação de Casanova
A educação de Casanova
E-book51 páginas33 minutos

A educação de Casanova

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Sobre este e-book

'Dizia Hipócrates que são nossas próprias forças internas quem realizam a cura, e que o médico é tão somente o agente que nos leva ao reencontro conosco mesmo. Acho que é precisamente isto que ocorre. Casanova, o grande Casanova, não come mais ninguém, e nem parece entusiasmado em comer mais ninguém... Ó, lástima, será necessário mesmo um grande médico do amor para me conduzir novamente ao meu próprio coração. Vim de tão longe atrás deste homem.

Preciso de um grande artista, um exímio escultor, ou ainda de um sábio restaurador. Meu amigo é tudo isto e muito mais. Casanova virou mito, mas aprendeu tudo o que sabe, ou quase tudo, deste homem árabe, que nunca precisou viajar pelos continentes para conhecer a alma dos homens e, sobretudo, das mulheres. Eu, é claro, fui por muito tempo um herege na arte do amor. Ele, pelo contrário, praticamente escreveu a bíblia de tal arte, não com uma pena ou caneta, mas com o próprio corpo e a própria alma e o olhar, o olhar!

Se um dia aprender a olhar como ele, me dou por satisfeito. Há homens que olham mulheres vestidas e as despem com o olhar. Ele não, ele veste as mulheres com o seu olhar, as preenche por todos os poros, e vira facilmente o centro de sua atenção. Caso queira, é claro...

Nunca vou entender por que diabos se casou.'

Trecho do conto, uma leitura recomendada para maiores de 16 anos.

[ uma edição Textos para Reflexão distribuída em parceria com a Bibliomundi - saiba mais em raph.com.br/tpr ]
IdiomaPortuguês
Data de lançamento14 de jul. de 2019
ISBN9781526013576
A educação de Casanova

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    A educação de Casanova - Rafael Arrais

    1.

    Eu poderia jurar que fazia séculos que não punha os pés nesta cidade. Tudo tem mudado no mundo, mas as felicidades e os prazeres continuam passageiros e fugazes, as grandes infelicidades continuam a atemorizar os homens, e de resto há somente este grande e tenebroso tédio nos intervalos entre umas e outras. Até algum tempo atrás, e já não me lembro mais quanto, eu me encontrava livre desta pequena tristeza, tão jovem quanto sempre fora, tão sedutor quanto um misterioso viajante. Mas ultimamente tenho envelhecido, meus pensamentos e minha alma vão tornando-se rígidos e enrugados, e meus olhares nada mais despertam nas mulheres...

    Como, afinal, despertar alguma paixão nalguma bela jovem (ou nem tão jovem), se eu mesmo padeço deste tédio que acomete a tudo e a todos na civilização moderna. Há pouco chamei-o grande e tenebroso, e me contradisse quando falei em pequena tristeza. Ora, uma grande infelicidade ainda pode ser mais interessante, pois após uma queda vem a fase em que ficamos novamente de pé, e após uma desilusão amorosa podemos contar com uma doce ilusão totalmente nova! Melhor seria uma grande infelicidade, uma grande tragédia, do que este tédio... Será que é por isso que os homens consideram se casar?

    Esta vista do mar de Mármora continua tão bela quanto me lembrava. Os homens aprenderam a construir essas grandes torres, cada vez maiores, mas em matéria de beleza e sedução, ainda têm muito o quê aprender com a natureza. E eu que sempre fora um agente livre, um mar esguio a banhar as mulheres seminuas (ou nuas) no verão, para desaparecer no inverno... E agora, agora um mar represado, entediado. Mas não se apiedem de mim, não estou aqui para chorar minhas mágoas, e sim para me curar.

    Dizia Hipócrates que são nossas próprias forças internas quem realizam a cura, e que o médico é tão somente o agente que nos leva ao reencontro conosco mesmo. Acho que é precisamente isto que ocorre. Casanova, o grande Casanova, não come mais ninguém, e nem parece entusiasmado em comer mais ninguém... Ó, lástima, será necessário mesmo um grande médico do amor para me conduzir novamente ao meu próprio coração. Vim de tão longe atrás deste homem.

    Beyazit é o bairro onde ele marcou o encontro. Não é preciso ser um especialista nas artes amorosas para perceber que se trata de um dos poucos bairros da cidade onde há prostituição. Além do que é já noitinha, isto tudo só pode ser um grande deboche da parte dele... Quem quer que tenha acreditado que fiz amor com cem mil mulheres ao longo de uma única vida é muito ingênuo, ou gosta de mitologia! Mas o pior é ver tantos jovens se divertindo, tantos

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