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Charneca em Flor
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E-book60 páginas22 minutos

Charneca em Flor

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Sobre este e-book

Obra-prima da portuguesa Florbela Espanca, publicada um ano após a sua morte, tem como principal tema o amor, reflexo de sua vida tumultuada, com muitos amores e separações. Uma vida atormentada, que a levou ao suicídio no dia em que completou 36 anos. Sua obra influenciou muitos outros autores e a coloca entre as grandes poetisas do século XX.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento27 de jan. de 2020
ISBN9788582652008
Charneca em Flor
Autor

Florbela Espanca

Nascida Flor Bela Lobo, em Vila Viçosa (Portugal) em 8 de dezembro de 1894, Florbela Espanca cometeria suicídio com remédios exatamente no dia de seu aniversário em 1930, em Matosinhos. Rejeitada pelo pai e órfã de mãe em 1908, sofreria ainda a perda do irmão em 1927. O amor almejado em seus poemas ela iria buscar nos braços de três maridos, tendo tido dois abortos e nunca tendo filhos. Sua obra romântica, mas amarga, sobrevive até hoje e é um dos marcos da poesia em língua portuguesa.

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    Charneca em Flor - Florbela Espanca

    VERSOS DE ORGULHO

    O mundo quer-me mal porque ninguém

    Tem asas como eu tenho! Porque Deus

    Me fez nascer Princesa entre plebeus

    Numa torre de orgulho e de desdém!

    Porque o meu Reino fica para Além!

    Porque trago no olhar os vastos céus,

    E os oiros e os clarões são todos meus!

    Porque Eu sou Eu e porque Eu sou Alguém!

    O mundo! O que é o mundo, ó meu amor?!

    O jardim dos meus versos todo em flor,

    A seara dos teus beijos, pão bendito,

    Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços...

    São os teus braços dentro dos meus braços:

    Via Láctea fechando o Infinito!...

    RÚSTICA

    Ser a moça mais linda do povoado.

    Pisar, sempre contente, o mesmo trilho,

    Ver descer sobre o ninho aconchegado

    A bênção do Senhor em cada filho.

    Um vestido de chita bem lavado,

    Cheirando a alfazema e a tomilho...

    — Com o luar matar a sede ao gado,

    Dar às pombas o sol num grão de milho...

    Ser pura como a água da cisterna,

    Ter confiança numa vida eterna

    Quando descer à terra da verdade...

    Deus, dai-me esta calma, esta pobreza!

    Dou por elas meu trono de Princesa,

    E todos os meus Reinos de Ansiedade.

    REALIDADE

    Em ti o meu olhar fez-se alvorada,

    E a minha voz fez-se gorjeio de ninho,

    E a minha rubra boca apaixonada

    Teve a frescura pálida do linho.

    Embriagou-me o teu beijo como um vinho

    Fulvo de Espanha, em taça cinzelada,

    E a minha cabeleira desatada

    Pôs a teus pés a sombra dum caminho.

    Minhas pálpebras são cor de verbena,

    Eu tenho os olhos garços, sou morena,

    E para te encontrar foi que eu nasci...

    Tens sido vida fora o meu desejo,

    E agora, que te falo, que te

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