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Colcha de retalhos dos bugalhos e do malho
Colcha de retalhos dos bugalhos e do malho
Colcha de retalhos dos bugalhos e do malho
E-book102 páginas1 hora

Colcha de retalhos dos bugalhos e do malho

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Sobre este e-book

Escrever é libertar-se de fantasmas reais ou imaginários que nos impõem transformá-los em linguagem, a fim de adquirirem existência e, muitas vezes, essência. Eles, geralmente, provêm, segundo aquela concepção de Sartre de que "o inferno são os outros" ou, conforme nossa percepção de que se há inferno, há, também, paraíso e, em decorrência, ele também pode ser os outros. É verdade que há mais infernos que paraísos inspirando o escritor, mormente na ficção em que as musas são menos freqüentes. Mas os diabinhos, ou os daimons dos gregos, que nos levam à criação, a fim de mostrá-los que Deus é maior e poderoso, exercem funções semelhantes a das musas. Como conseqüência, a literatura exercita dois papeis distintos: a catarse, já descoberta por Aristóteles, e a vingança, bem enunciada por Louise Desalvo, em seu Conceived with malice, traduzido como Concebido com maldade; embora prefira a tradução literal malice, malícia, uma vez que maldade seria wickedness, pois o discurso artístico não se atém à mera vingança; mas à malicia, uma vez que se goza do outro através da linguagem que se faz arte, através de sopro e alma conferidos pela palavra.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento4 de jul. de 2022
ISBN9786553701717
Colcha de retalhos dos bugalhos e do malho

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    Colcha de retalhos dos bugalhos e do malho - Maria Alves Batista

    Flores e espinhos

    Minha amiga me disse para eu falar das flores, para eu lembrar o perfume que a rosa exala, e pra esquecer os ferimentos que seus espinhos provocam. Tenho tentado, mas o que fazer se os ferimentos são muito mais constantes e mais evidentes do que o suave e passageiro perfume?

    Ferem-me as dores todas do mundo: as criancinhas com fome (de carinho e de alimento); os velhinhos perambulando entre carros nas ruas a pedir um dinheirinho para o pão; os catadores de papel conduzindo crianças no meio do lixo em contraste com os luxuosos carros que circulam ao redor; as notícias de mortes, assassinatos todos os dias; as rebeliões nas prisões em que morrem culpados e inocentes; o desespero dos sem moradia lutando por seus direitos e submetendo-se, muitas vezes, a situações aviltantes e cruéis; os doentes sem recursos para adquirir medicamentos receitados (o médico sozinho não cura); os doentes mais graves sendo tratados como coisa qualquer em hospitais públicos (quando são atendidos); os outros doentes que morrem na maca, sem atendimento, dentro de hospitais; os bebês atirados em lagos, em igrejas, ou em banheiros de Shoppings pelas próprias mães, ah! Como isso dói! Até dá pra esquecer a própria dor... Essa é mais forte, não tenho forças para mudar o quadro! E o Governo ocupando-se com CPIs para resolver problemas de corrupção daqueles que o povo elegeu para representá-lo! Ah! Como dói!

    Será possível falar de flores, meu Deus? Como? Só na ficção. Ainda bem que ela existe. E salva. A literatura, graças, graças! Até chamaram as chagas de flores - a rosa de HIROSHIMA, e eu diria: as flores do mal se proliferam, que horror! E na minha pele as dores se afloram, infelizmente, as que não consegui dissimular. Ajuda-me, Senhor!

    — Oh! M., olhe as rosas, elas não choram, deixe de tanta sensibilidade, esse mundo não comporta gente assim.

    Saímos daquela escada de mãos dadas, era como se a sua força me auxiliasse a disfarçar minhas dores. Há feridas que não se cicatrizam, lamento.

    Homens Maduros????

    Elas andavam pela praça onde casais de namorados se agarravam deitados na relva.

    R — O que será das relações afetivas nas famílias e na sociedade em um mundo onde o sexo é praticado de forma desvairada e sem amor? Que rumos tomarão esses jovens provenientes das atuais (famílias?) Como resolver os conflitos psicológicos desses seres humanos submetidos a essas relações feitas e desfeitas instintivamente? (pelo instinto, apenas).

    Rose iniciou a conversa logo pela manhã, assim que acabou de ler aquele caso de estupro no jornal. Mirlena prosseguiu o assunto.

    M — O que observamos é que, sobretudo os homens, vêm contribuindo para o agravamento desse quadro. Eles, em sua grande maioria, agem sem controle sob seus impulsos eróticos e assim, vão tecendo de forma irresponsável o fio da vida, e trocam de parceira como se troca de roupa, e já não conseguem manter uma relação estável (seja no casamento ou fora dele). Isso se pode perceber nos casos de adultério e se complica muito mais pela atitude dos pedófilos ou dos que praticam atos de incesto. Quantas pessoas ficam violentadas nesses casos! Até existem fatos relatados pela mídia (e não são poucos) de pais biológicos com suas próprias filhas, (avós, tios, primos, padrastos, Ufa! etc.). Os pedófilos, (uns hediondos seres) disfarçam-se muito bem em meio à sociedade, escondem-se sob o poder, do capital ou da Igreja, ou ainda... Ah! Quanta podridão! E não acontece nada com eles. Atos de abuso sexual ficam impunes, dão habeas corpus para o padre que corrompeu muitos lares. Isso não é um absurdo? Onde é que vamos parar? Será que AIDS não foi suficiente para mostrar ao homem que o corpo é um templo de Deus e como tal precisa ser respeitado?

    R — É mesmo, nunca ouvi nenhum relato sobre atos de pedofilia praticados por mulheres. Também nunca soube de mãe que abusasse sexualmente do filho, como não vi nenhum caso de freiras pedófilas(não sei se o termo é esse) . Que eu me lembre, a mídia apenas divulgou um fato desses: trata-se de uma babá usando o menino de quem cuidava, mas sei que foi punida severamente.

    Ainda bem! Quem souber de tais abusos praticados por mulher que se manifeste, quero estabelecer o confronto.

    M — Sabe-se, amiga, e é constante no meio social, vermos certos homens se comportarem como adolescentes na vida sexual durante quase toda a sua existência: eles buscam o prazer puramente carnal e optam pela novidade chegando mesmo a considerar caretice a fidelidade nas relações. Disso decorre a instabilidade econômica dos mesmos, sem contar outros prejuízos a si e aos mais próximos (família). Como não pensam no seu amanhã, acabam ficando nas costas dos que pensaram e renunciaram para ter uma vida mais digna, e eles prosseguem na vida causando dificuldades aos

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