O Submarino Carioca: humanização em Pediatria

De Elizabeth Alt Parente

O expressivo e vultoso avanço tecnológico do mundo moderno traz à tona a necessidade de resgatar e fortalecer o olhar humanizado da medicina. Considerando-se a importância da dimensão do lúdico no cuidado integral à saúde da criança e do adolescente, este livro se propõe a analisar e discutir o caso do "Submarino Carioca", um tomógrafo implantado num hospital pediátrico da cidade do Rio de Janeiro, construído sob uma ambiência humanizada e transformado em um grande "brinquedo" que permite a realização do exame sem a utilização de anestesia, sem traumas e reduzindo tensões, ou seja, sob a perspectiva da Política Nacional de Humanização – HumanizaSUS. Trata-se de um estudo de caso desenvolvido no serviço de Radiologia do referido hospital, a partir da instalação de um tomógrafo com uma ambiência voltada à humanização, inaugurado em junho de 2012 e fruto de uma iniciativa público-privada no combate ao câncer infanto-juvenil por detecção precoce. É possível também observar um fator protetivo na realização do processo de trabalho e no lidar com o contexto saúde-doença, favorecendo o bem-estar, não só do usuário como também do profissional de saúde. Faz-se essencial que as instituições valorizem o protagonismo da criança e do adolescente como usuários do serviço de saúde, sistematizando atividades lúdicas como recurso do processo de humanização, investindo concretamente em ambiência e formação dos profissionais sob essa ótica.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Dialética
• Data de lançamento: 15 de ago. de 2022
• ISBN: 9786525253121

Pré-visualização do livro

capaExpedienteRostoCréditos

Aos meus pais, José Francisco Parente Filho e Herminia Alt Parente, estrelas de uma outra dimensão que continuam a iluminar o meu caminho.

Ao meu irmão Edson Alt Parente, por todo carinho e zelo.

À minha irmã Edina Alt Parente Palmeira, por me haver iniciado na paixão pelo ato de estudar.

Ao meu filho Vinícius Parente Mazzeo, por me permitir a completude.

Nascente

Clareia...manhã...

Uma manhã carregada

De sonhos renascentes

Irrompe, abrupta,

Densos matizes cinzentos.

E contempla, solidária,

A vivência emocionada

Do retorno à nascente.

O céu chora.

O som atravessa o tempo

Renovado

Regravado

Ressignificado

Para a modernidade

E reserva espaço

Para longínquos ideais.

Delicadamente,

Os acomoda

Num nicho macio e quente,

Jardim de primavera permanente

De sol e flores recorrentes

No eterno coração de estudante.

Aqueles que comigo interagem sabem da importância da poesia em minha vida. Ela é um combustível, um substrato vital.

Escrevi estas palavras a caminho da primeira aula que assistiria em meu mestrado, com emocionado retorno aos bancos onde me sentei há mais de trinta anos, na universidade que me proporcionou a realização do sonho de ser médica. Não pude deixar de registrá-las aqui.

Agradeço a oportunidade do retorno.

Agradeço a oportunidade da conquista de um sonho.

Agradeço a todos os meus mestres, em especial à minha orientadora, profa. Dra. Lilian Koifman por sua objetividade, organização e imensurável capacidade técnica, qualidades que representaram um verdadeiro diferencial no desenvolvimento deste trabalho.

Agradeço ao prof. Dr. Aluisio Gomes da Silva Junior, renomado representante da Saúde Coletiva brasileira, meu coorientador, por toda a contribuição e enriquecimento da pesquisa.

À profa. Dra. Maria Tereza Fonseca Costa, pelas imprescindíveis contribuições na qualificação e ao longo da jornada.

Ao Dr. Paulo Roberto da Silva Peres, ex-diretor do Hospital Jesus, e Dra. Dayse Demori Peres, membro atual da diretoria, pela oferta de informações atualizadas, pelo apoio e amizade.

Aos colegas e amigos do Hospital Municipal Jesus, em especial à Dra. Maria Vicencia Pugliesi, pelo carinho e oferta de conteúdos científicos de enorme contribuição, à Dra. Sandra Monteiro de Sá, pela inestimável ajuda nas árduas tarefas da informática e à Dra. Tatiana Fazecas, pelo oferecimento das fotos e mídias que ilustraram a apresentação.

À querida amiga, profa. Dra. Carmen Lúcia Leal Ferreira Elias, pelo empréstimo de livros essenciais e apoio incondicional em todos os momentos, bons e ruins, ao longo de quase trinta anos.

Aos colegas Gustavo Machado, Felipe Martins, Henrique Sater e Camila Terra, que, investidos do papel de pesquisadores auxiliares, tornaram possível o desenvolvimento da pesquisa, de forma dedicada, técnica e prestativa.

Às amigas Carolina Motta, gestora de projetos/oncologia do Instituto Desiderata e Roberta Costa Marques, ex-diretora do referido instituto, pela gentileza em fornecer informações atualizadas sobre projeto de humanização do Serviço de Radiologia do Hospital Municipal Jesus.

Aos queridos colegas de mestrado, por todas as trocas e incentivo, com os quais tive prazeroso convívio e solidificação de laços. Alguns tornaram-se amigos próximos e para sempre: Daniela Marcondes, Valéria Menezes, Ana Carla Alves, Bárbara Valente, Sandra Filgueiras, Patrícia Costa, Kênia Vieira, Gustavo Machado e Rosane Quaranta.

À querida amiga Gilda Santiago, sempre presente nos momentos em que a arte aflora e me faz florir, por opinar com sua sensibilidade e me auxiliar na escolha do título.

À querida amiga Cynthia Azevedo, por todo apoio na formatação, com suas valiosas sugestões no processo de transformação da dissertação em livro.

Ao meu querido aluno André Freind, por me fornecer carinhosamente a foto do Submarino Carioca a partir de seu arquivo pessoal.

A todos aqueles que, por me amar, me incentivam no caminho da superação.

PREFÁCIO

A crítica ao processo de tecnificação da assistência à saúde humana em detrimento dos aspectos subjetivos e afetivos da relação entre profissionais e pacientes não é nova, remonta à década de 1970 e tem desafiado gerações de trabalhadores, gestores e pensadores do setor.

A Biomedicina hegemônica e suas abordagens tecnológicas vem sendo reformuladas com contribuições, reflexões e críticas de vários campos do conhecimento, ressalto as contribuições da Saúde Coletiva brasileira que tem, na construção do Sistema Único de Saúde - SUS, um importante campo de experimentos empíricos, debates e realizações.

Neste cenário, destaco a experiência do Submarino Carioca relatada neste livro cujo prefácio tenho a honra de fazer, que vem desenvolvendo o atendimento humanizado de crianças em setores de grande aporte tecnológico, considerados como ambientes, muitas vezes, ameaçadores e frios como o Serviço de Radiologia, em especial a Tomografia Computadorizada, cujas instalações são consideradas por muitos pacientes como claustrofóbicas.

Os problemas dissecados, o redesenho do ambiente, os esforços das equipes em seus processos de trabalho, os movimentos da gestão e a vivência dos pacientes trazem luzes aos grandes desafios e possíveis caminhos na construção cotidiana de políticas públicas da importância do SUS.

A autora, Elizabeth Alt Parente, já conhecia de longa data, dos bancos da Faculdade de Medicina da UFF, onde militamos juntos no Movimento Estudantil, na chapa Nascente do Diretório Acadêmico Barros Terra, na luta pela redemocratização do Brasil na última década da ditadura militar. Nos reencontramos no Mestrado em Saúde Coletiva da UFF, naquele momento como uma das gestoras de um serviço público de referência- O Hospital Municipal Jesus, preocupada em oferecer melhor qualidade no atendimento às crianças. Buscava no ambiente acadêmico ampliar suas reflexões, dialogar com outros pontos de vista e trazer contribuições à sua instituição em sua missão. Me convidou para orientá-la, junto com a Profa. Lilian Koifman, em sua dissertação-ação. Mais do que participar da orientação, tive o prazer de assistir à implantação da experiência e participar dos debates decorrentes deste processo. Aprendemos muito juntos e acredito que este aprendizado tem neste livro a marca das realizações e a humildade das dúvidas e incertezas que guiam nosso andar pela Vida.

Aluisio Gomes da Silva Junior

Professor Titular do Departamento de Planejamento em Saúde do Instituto de Saúde Coletiva da UFF.

APRESENTAÇÃO

Este livro emerge como proposta de uma sonhada construção, ao longo do tempo: o desejo de exercer o ofício de professora na faculdade de medicina. Após dezenas de anos exercendo a pediatria em suas mais variadas funções, desde a atenção básica (postos de saúde, centros municipais de saúde), até a alta complexidade (UTI Neonatal), passando por atendimento em consultório privado e pela gestão, faltava-me a sala de aula. Decidi que sonhos não envelhecem e me aventurei na busca pelo mestrado.

Acredito que, quando temperamos nossos atos com amor, o universo verdadeiramente conspira. Impulsionada pelo desejo de participar da formação de alunos enquanto profissionais capacitados e humanizados, surge a proposta de estudar a fundo um tema tão importante e ao mesmo tempo tão banalizado, a humanização nos serviços de saúde. Estudar este tema em profundidade e rigor científico me é imensamente prazeroso. Assim surge o estudo de caso Submarino Carioca em dissertação de mestrado, cumprido na Universidade Federal Fluminense (UFF), local onde tive a honra de me tornar