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O Turismo E Os Não Lugares
O Turismo E Os Não Lugares
O Turismo E Os Não Lugares
E-book103 páginas1 hora

O Turismo E Os Não Lugares

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Sobre este e-book

O livro aborda o aspecto mágico e sedutor do Turismo, que envolve as pessoas em um mundo de encantamento ao criar os não lugares conduzindo-os para o mundo do faz de conta. Recife, com seus canais, torna-se a “Veneza Brasileira”; Búzios, devido à comparação feita por Brigitte Bardot quando visitou o país, transforma-se na “Côte d’ Azur” do Brasil. A revitalização de centros históricos, em nome do resgate da memória cultural da memória cultural, acaba produzindo cenários cinematográficos para atrair o turista, tornando-os, também, não lugares. As viagens para a Disneyworld em que as crianças são acompanhadas pelas falsas “tias” produzem o parentesco do faz de conta. E em um planeta preocupado com o aspecto ecológico, os resorts transformam-se em eco-resorts.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento22 de fev. de 2015
O Turismo E Os Não Lugares

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    Pré-visualização do livro

    O Turismo E Os Não Lugares - Ycarim Melgaço Barbosa

    Apresentação

    O objetivo do livro é tratar de um dos assuntos de maior interesse atualmente: o turismo, analisando alguns de seus variados aspectos; desde o papel da propaganda no uso de imagens para persuadir o consumidor, passando pela produção de não lugares que constituem um dos assuntos mais relevantes no Turismo. Cidades como Las Vegas ou o parque temático da Disneyworld, em Orlando, refletem a reprodução de ícones famosos, como uma réplica de Veneza, da Torre Eiffel ou de uma parte da savana africana repleta de animais selvagens; todos acabam transformando-se em cenários turísticos reproduzidos fora de seus locais de origem, constituindo-se num mundo de faz de conta.

    A palavra turismo carrega certa magia, um ar de sedução, ela é envolvente. Desde a pré-história, o homem sempre se deslocou, mas o evento do turismo é mais recente. Viajar como turista pressupõe o encanto, o fascínio, o sentimento de descontração ou mesmo de aventura. Mesmo em viagens de trabalho ou de estudos, sempre sobra um tempo para um passeio. O que interessa é que nos diversos tipos de viagens há, provavelmente, a oportunidade de se fazer uma modalidade de turismo. Participando, por exemplo, de um congresso ou de uma feira, há paralelamente pacotes oferecidos aos participantes. No fundo, esses eventos consomem produtos turísticos – hotéis, traslados e restaurantes. Além da finalidade de lazer, o turismo foi-se ampliando e englobando quase todos os tipos de viagens. No fundo, o turismo acabou transformando-se em uma mercadoria em que o valor de troca suplanta o valor de uso, ou seja, na compra de um produto turístico, o status que ele confere pode ser mais relevante.

    As primeiras férias remuneradas deste século proporcionaram o direito ao ócio turístico, embora ainda um pouco distante de um turismo de massa ou fordista que iria ocorrer após a Segunda Guerra Mundial, sobretudo nos anos setenta, com a modernização dos meios de comunicação – com destaque para o transporte aéreo, mais rápido e com mais espaço, diminuindo custos. O turismo de massa tornou a produção turística um dos negócios mais importantes e de maior crescimento sustentável nos últimos anos.

    Os fatores chave do desenvolvimento do turismo contemporâneo são diversos e aparecem inter-relacionados dos quais destacamos os seguintes: a conquista do tempo do ócio e do turismo, a conquista do espaço (redução de distâncias e superação de fronteiras); o aumento de renda e a capacidade de gasto turístico e, finalmente, a transformação das férias e da viagem turística em necessidades básicas (Vera et alli, 1997: 14).

    O turismo constitui um fenômeno espacial, sendo, às vezes, confundido com uma atividade econômica, talvez por ser uma prática social coletiva geradora de várias atividades econômicas. Não se produz a mercadoria típica que circula; na verdade, quem se desloca é o consumidor, o turista. O produto turístico se consome ali onde se produz e não desaparece. Porém, a transformação do setor de turismo em indústria enquadra-se numa política denominada de geoestratégia para fortalecê-lo e torná-lo mais competitivo. Esse teria sido um dos aspectos do turismo em face de um mundo globalizado em que grandes empresas começam a dominar o mercado mundial. Nesse sentido, as redes hoteleiras (hotéis de bandeira) que se multiplicam pelo mundo e já se encontram em vários países, mantêm certa homogeneização dos serviços.

    Na nova economia não há uma busca por acúmulo de riqueza material ou de bens tangíveis; vendem-se marcas, imagens e serviços, são intangíveis que vão dominando as transações comerciais. Elas transformaram simples viajantes em turistas e despertaram de uma indústria que definiu, organizou e comodificou experiências turísticas.

    Por fim, pode-se afirmar que não existem recursos turísticos em si, mas recursos exploráveis e utilizáveis em determinadas condições tecnológicas e econômicas. A aptidão turística de uma região acaba cedendo espaço para uma tecnoesfera comandada pelo capital que cria lugares para o turista, a partir do nada. Tem-se, como bom exemplo, Las Vegas, nos Estados Unidos, uma das cidades que mais recebe turistas no mundo, construída em pleno deserto de Mojave, superando 35 milhões de turistas por ano, por conta dos megaresorts. O complexo Sun City, na América do Sul, o maior resort do mundo, e também os parques da Disney podem ser incluídos nesse turismo temático, sobretudo a Disneyworld, na Flórida. Todos atestam o modelo de crescimento do turismo com base nos grandes investimentos de capital e na produção de espaços icônicos ou de não lugares.

    O turismo tem sabido aproveitar-se de certos aspectos importantes, como a onda ecológica que atravessa o planeta, criando seu próprio produto denominado ecoturismo, e como no Brasil em que a indústria hoteleira cria o eco-resort. No fundo é uma função apelativa. Como também o são as falsas tias que levam crianças para os parques da Disney, na Flórida, que procuram dar a ideia de segurança com a sugestão de parentesco. Consome-se muito mais a segurança do que o próprio destino da viagem. Para atrair turistas, cria-se a revitalização de monumentos históricos usando cores fortes; é o domínio do pictório, predominando o apelo visual, talvez se deslocando da originalidade e do passado histórico de determinado lugar, surgem não lugares. Todos esses exemplos demonstram os caminhos que estão sendo seguidos pelo turismo e que vamos tentar analisar aqui.

    Ycarim

    Decifrando os não lugares

    Um ícone na semiologia constitui um signo que apresenta relação de semelhança, um espaço icônico reproduz a aparência de um mundo real. Os lugares rodeados dessa iconicidade tentam representar outro lugar, mas ele só existe na aparência, é na realidade um simulacro, ou um não lugar.

    O turismo reproduz simulações de lugares famosos numa espécie de clonagem, tanto de espaços tangíveis como dos não tangíveis, buscando a mais exata similaridade, mais uma vez aparece o mundo do faz-de-conta no turismo. Las Vegas, no deserto de Mojave, nos Estados Unidos, é um espaço icônico: grandes hotéis são construídos em representações, um, como uma parte de Veneza¹, incluindo os famosos canais; outro representa um bairro de Nova York; outro, ainda, uma famosa pirâmide do Egito. Na Flórida, alguns hotéis da Disney reproduzem a cidade italiana de Portofino, e assim por diante, num processo de tangibilidade. Existe, também, a busca de similaridade apenas com o emprego de vocábulos: Recife, a Veneza brasileira, neste caso, a construção é apenas verbal.

    Há uma evidência de que as sociedades desenvolvidas estão fascinadas

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