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Toinho, Seu Danado!
Toinho, Seu Danado!
Toinho, Seu Danado!
E-book225 páginas2 horas

Toinho, Seu Danado!

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Sobre este e-book

Toinho tem vinte e dois anos, é aluno da professora Kílvia, gosta de escrever ficção. Encantada com o aluno gatão, logo a professora está lendo os textos do pupilo no quarto dele. Impressionada, Kílvia chama a irmã gêmea, leem dezesseis textos e dão vida ao vocábulo tórrido. Toinho é danado. Mas certa coisinha nas irmãs o deixa aturdido. A ardência continua numa casa de praia, onde Toinho recebe a missão de redigir nove textos, cujos assuntos são indicados pela professora. Toinho desenvolve os temas com episódios da casa. Toinho é danado. Mas algo nele deixa as irmãs boquiabertas. Somou? São vinte e cinco textos. Pensava em formar uma coletânea, mas achei insossa a simples reunião deles. Nasceu então a ideia de contextualizá-los em formato romance. Mas a compreensão será mantida se a opção for a de ler apenas os textos. Porque desajeitado e brincalhão, este livro é impróprio para leitores obcecados por erudição ou amancebados com o mau humor. Duas coisinhas abundam aqui: sexo e entrelinhas. O danado do Toinho é feroz combatente do falso moralismo, daí o sexo estar sempre a se mexer em seus escritos. Seja na sedução, seja no bissexualismo, seja na paixão. Mas tudo fora da esfregação irracional e em leitos perfumadíssimos, cujos lençóis protegerão o mais melindrado leitor. Mas se você for da (ops!) da turma dos FM, o que não acredito, Toinho não o impedirá de afastar o lençol e dar uma brechadinha. E as entrelinhas? Ah, entrelinha é entrelinha, não?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de fev. de 2016
Toinho, Seu Danado!

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    Toinho, Seu Danado! - Tião Carneiro

    TOINHO, SEU DANADO!

    (As provas das prosas)

    Tião Carneiro

    TOINHO, SEU DANADO!

    (As provas das prosas)

    Edição independente

    Natal - 2016

    1

    TOINHO, SEU DANADO! (As provas das prosas)

    TOINHO, SEU DANADO!

    (As provas das prosas)

    Impressões do primeiro leitor

    TOINHO, SEU DANADO! é o 4º livro da extraordinária

    produção literária de Tião Carneiro. Entrelaçando contos e

    crônicas em forma de romance, eis aqui uma ótima leitura para a

    hora de lazer. Amena, simples como o autor que mais uma vez

    nos brinda com textos divertidos e inteligentes, permeados de

    cultura regional.

    O jogo de palavras é característica forte da obra de Tião Carneiro.

    Neste compêndio, logo de início, ele contextualiza livro anterior

    – A Senhora 2 e o Senhor 2, e dele saca e transcreve artigo com

    cerca de 400 palavras onde uma delas, e somente uma, contém a

    letra a, exatamente a palavra Raro. É o mote para seguir

    brincando com as palavras, às vezes de forma apenas engenhosa

    (tão somente para divertir?) quando, por exemplo, diz que

    "Cristina continuava a mesma. Mesma, mas mais malandra,

    metediça, matreira, maldosa, maluquinha, meiga, melosa,

    menina, mamável". Ou então quando, de forma gramaticalmente

    mais acurada, busca demonstrar que a palavra Mulher não se

    classifica como mero substantivo, mas como um Adjetivo,

    Feminino, Plural:

    "É clamoroso erro a gramática ter classificado mulher de

    substantivo, embora substantivadas e substanciosas sejam.

    Mulher é adjetivo de primeira linhagem. Adjetivo é algo

    2

    acrescentador, modificador, qualificador. Carinhosa é

    acrescentador de carinho, beleza é modificador de bela,

    elegância é qualificador de atitude. E quem é carinhosa, bela e

    elegante?

    Homem algum se refere às mulheres com apenas um adjetivo. Usa,

    no mínimo, dois: bela e capaz, elegante e competente, linda e

    inteligente, estudiosa e sensual. Portanto, a mulher é uma

    criatura pluralizada. Corrija-se a gramática. Mulher é adjetivo

    plural, sim. "

    Personagem principal dos textos romanceados, Toinho, jovem de

    22 anos, parece fissurado em sexo e vez por outra revela

    sentimentos os mais primitivos, que bem retratam a violência

    urbana dos dias atuais. Mas, por sorte, o instinto violento de

    Toinho nunca chega às vias de fato. Tudo fica só no pensamento.

    O que ele gosta e faz mesmo é escrever. Entre uma e outra crônica

    (ou conto) Toinho faz parênteses e escracha, sem cerimônia

    alguma, as suas fantasias sexuais com as gêmeas Kílvia

    (professora e espécie de Ombudsman dos textos de Toinho) e

    Kélvia, dentre outras namoradas de ocasião. Toinho escreve sobre

    tudo, inclusive sobre os seus escritos; ironiza de si mesmo, rir do

    próprio riso, conversa com animais, com santos; brinca com obras

    de imortais das letras (Machado de Assis, Fernando Sabino, Luís

    Fernando Veríssimo) e elabora inusitados desfechos em cada

    texto.

    Na obra de Tião Carneiro os traços da cultura regional perfazem

    verdadeiro deleite para os da sua geração e devem despertar

    bastante curiosidade nos leitores jovens ou de outras regiões deste

    imenso Brasil. Com efeito, para quem não foi 'menino de sítio' é

    preciso, em dados momentos, ter à mão um dicionário nordestinês.

    Quem, daqui e do nosso tempo, nunca tocou siririca na intenção

    de outro alguém? Quem nunca curtiu as gírias Duvido dê ó dó!!,

    Pra riba de muá!, ou Batendo biela? Os mais afoitos, contam,

    3

    TOINHO, SEU DANADO! (As provas das prosas)

    se iniciavam sexualmente numa Casa de Recurso.

    E são muitos os termos jocosos e peculiares usados por Tião

    Carneiro (personagem Toinho, no caso). Um bacana demais, que

    me chamou atenção, foi Bexiga taboca. Lembro que essa

    expressão, ao lado de rádio estopou balaú (que nunca soube se

    tinha qualquer significado) era o maior palavrão da meninada do

    meu tempo. Servia para todas as ocasiões. Como adjetivo

    demonstrativo da destreza com a bola nos pés - "joga que só a

    bexiga taboca!, como advérbio de lugar - longe que só a bexiga

    taboca, ou até como interjeição de espanto - que bexiga

    taboooca!!"

    Duas das crônicas de que mais gostei são A MINHA PRIMEIRA

    VEZ e O GRUDE DA CRISTINA E A VÍRGULA SAFADINHA.

    Vejo-as com forte conteúdo autobiográfico. Numa, o autor

    rememora, de preâmbulo, a infância em Araçá, distrito de

    Extremoz/RN. Lembra da sua bicicleta Merck Swiss

    (merquisuísse amarelinha) e mostra como acompanhou a

    evolução tecnológica da bola de futebol - a primeira, de meia;

    depois a de borracha; por último, a nº 4 (de couro, vermelhinha).

    Fazendo um adendo quero lembrar que houve um tempo em que

    a bola utilizada no time dos adultos era chamada simplesmente de

    Nº 5, ou seja, nº 5 era sinônimo da pelota.

    Pois bem. Na outra crônica destacada Tião Carneiro faz um

    paralelo entre as cidades de Extremoz, no RN, e Estremoz, em

    Portugal. Como pano de fundo discorre acerca da iguaria feita de

    goma de farinha de mandioca, o popular Grude que, por assim

    dizer, está para Extremoz como a Carne de Sol está para Caicó.

    Inclusive, na entrada daquela cidade, a estátua de um menino

    vendendo grude num cestinho de cipó demonstra a tradição que o

    autor ora atesta: "Dizem que o menino sou eu, mas, fiquem

    sabendo, é desgrudada mentira, embora eu tenha vendido muito

    grude naquela região." Não é à toa que ainda hoje críticos dos

    4

    nossos (des)governantes asseveram que a maior multinacional do

    Rio Grande do Norte ainda é a Fábrica de Grude de Extremoz.

    Comecei dizendo que TOINHO, SEU DANADO! é obra de

    leitura simples... oops!! Não devo fazer reticências. Até as

    reticências não passam ao largo do severo observatório

    interpretativo do jovem escritor Toinho: "Desconfio das

    reticências. São reveladoras. Bastam-lhes uma atenção especial

    e escancaram a intenção do falante. Reticências, sejam escritas,

    sejam sentidas, são marqueteiras da perspicácia comunicativa."

    Queria dizer que o livro é simples, mas não simplista. Há uma

    frase atribuída a Leonardo da Vinci segundo a qual "A

    simplicidade é o último grau de sofisticação". O desafio está, pois,

    lançado. Nem o sujeito mais biqueiro em leitura deixará de se

    identificar com TOINHO, SEU DANADO!

    Blidenor Braz Baracho

    5

    TOINHO, SEU DANADO! (As provas das prosas)

    SUMÁRIO

    Dois terços deste livro são de crônicas e contos e um terço

    dá apoio a essas prosas. Daí que você o pode ler ou como

    coletânea ou como romance. Este sumário pretende orientar o

    leitor arredio a romances, mas adepto de textos curtos. Alguns

    não tão curtos, aviso logo. Quer um conselho? Conheça os

    ambientes da história: Colégio, Quarto e Praia.

    1. O ANIVERSÁRIO – Pg. 24 2. SABE DE NADA - Pg. 29

    3. IMPLICÂNCIA – Pg. 34 4. AS RISADAS - Pg. 38

    5. A PRIMEIRA VEZ – Pg. 42 6. A ÚLTIMA VEZ - Pg. 45

    7. O FILME CENSURADO – Pg. 57 8. JÚLIA – Pg. 62

    9. TOINHO, DANADO! – Pg. 66 10. A CARTEIRA - Pg. 75

    11. BEM, O AMADO – Pg. 85 12. RINHA - Pg. 87

    13. P. INDECENTE – Pg. 96 14. A PUSEIRA – Pg. 99

    15. A DESP. DO ZÉ – Pg. 104 16. O GRUDE – Pg. 135

    17. TRANSPARÊNCIA - Pg. 139 18. SENADOR – Pg. 143

    19. SEBO – Pg. 146 20. A FIRMA RABUDA - Pg. 151

    21. MÃE – Pg. 155 22. D. INTERNETE - Pg. 158

    23. ASSALTOS – Pg. 164 24. PRETERIÇÃO – Pg. 175

    6

    TOINHO, SEU DANADO!

    (As provas das prosas)

    NO COLÉGIO

    O celular de Bruna marca nove e cinco da noite quando

    me sento na última carteira da sala. Mal me abanco e o arrepio

    nos braços insinua que a mente está prestes a conceber algo

    diabólico. Benzo-me e beijo a bochecha de Bruna. Sou cheio de

    superstição. Do nada me irrito. Fiquei assim há dois anos, depois

    de ter sido preso.

    A mestre se apresenta. Os arrepios retornam. Dessa vez

    em razão da luxuriante voz:

    - Olá, gente. Sou a professora de português e literatura.

    Nos próximos quatro meses, estaremos esmiuçando as variáveis

    comunicativas de nossa língua. As aulas consistirão em

    interpretar textos e... é... é...

    Aproveitei a hesitação para lhe dar as boas-vindas e de

    forma implícita avisar que ela havia esquecido de dizer o nome.

    Mas a professora não acolheu como lúdica a brincalhona

    mensagem e deu-me descortesia como agradecimento.

    Atravessava um instante mental de desconforto. Julgo assim, já

    que estava convicto da inexistência de censura em minha voz, o

    que abonaria a indelicadeza. Frouxa convicção, já que a prova

    final dependia da mentalização dela. Levantei a mão esquerda:

    - Seja bem-vinda, professora... professora... professora...

    Risinhos e fulana de tal dariam um cheiro de civilidade.

    Mas carranca e mudez esbofeteavam a nobre função da moça:

    7

    TOINHO, SEU DANADO! (As provas das prosas)

    - É... é... Bom, o Exame Nacional está na porta. Quero

    ajudá-los nessa luta. Vamos começar com um teste. Terão quinze

    minutos para ler um texto. Em seguida, debateremos a linguagem

    do autor.

    Bruna olhou-me com picante risinho e dirigiu-se à

    professora:

    - Como é o seu nome, professora?

    - Ah, desculpem. Quanta leseira. Meu nome é Kílvia.

    Kílvia com K. Mas podem me tratar por Ki. É como me tratam os

    amigos.

    Peguei ar. Influenciado por novo risinho de Bruna,

    levantei-me propenso a dar um bofetão na rude professora. Não

    me vinguei, mas começava a sentir as contrações do algo

    diabólico.

    Sentei-me.

    - Por que a professora não quis falar comigo, Bruna? Será

    que ela sabe da Roberta? Tens alguma ideia?

    - Tenho. Digo já. Ela está falando:

    - Veremos uma prosinha interessante. É um teste de

    percepção. Podem fazê-lo em duplas. Daqui a quinze minutos

    iniciaremos o debate.

    Repassados os clones pelas costas da turma, Bruna juntou-

    se a mim. A mestra começou a fazer anotações na caderneta de

    chamada. Com cinco minutos, eu já percebera duas atipicidades

    no texto. Bruna nada notara.

    - E aí, Bruna? Por que a professora...

    - Digo já, Seu Danado. Textinho mais esquisito, boy. Vou

    ler em voz baixa, tá?

    E assim fez. Coxa com coxa, seios com ombros, Bruna se

    pôs a ler:

    8

    Nobre cliente:

    S empre sonhei com um emprego desses. Discreto,

    diferente, moderno. Difícil de obtê-lo, é evidente. Contudo,

    possível, sim. Consegui-lo, porém, constituiu o tempo todo

    inquieto temor em meu consciente. Por isso, seu insólito pedido

    fez-me do subconsciente um colérico defensor de meus sonhos.

    É compreensível esse prelúdio. Do mesmo modo como é

    entendível o termo insólito. Onde se viu, nobre cliente, oferecer

    um lorde emprego e só exigir do sortudo um simples escrito? O

    texto, seu moço, disse você, pode ser escrito sem doutos

    compromissos com o primor prosódico. Título livre! Texto solto!

    Teor leve! Esse, em resumo, foi o seu pedido. E receber, por mês,

    três mil cruéis se o texto lhe sugerir singelo lixo? Onde se viu

    isso, nobre cliente? E receber dez mil cruéis, se o bendito

    documento lhe sugerir opulento luxo? E, se nem simples nem

    opulento? Quer dizer: nem lixo nem luxo? "Cinco mil cruéis por

    mês", prometeu você! Onde se vê isso? E tudo por um serviço de

    treze meses! Ser-lhe-ei, pois, seu eterno servidor, mesmo eterno

    de treze meses. Ser-lhe-ei, sim, seu eterno, infinito, infindo e

    perpétuo consultor.

    N em por um minuto duvidei de seus propósitos. Vejo-os

    honestos e sinceros. Como oportuno registro, descrevo-lhe os

    números de nossos encontros. Sou visto em três momentos e, no

    primeiro deles, de vinte e um minutos, seus belos olhos me veem

    mestre. No segundo, de dezoito minutos, os engenhosos sentidos

    entendem-me experto – com x, sim, nobre cliente  e gênio. No

    último, em quinze minutos, os sensíveis neurônios, generosos

    com este plebeu, descrevem-me como espírito benéfico, o deus

    do bem. Um Confúcio, enfim. Você me conheceu, pelo exposto,

    9

    TOINHO, SEU DANADO! (As provas das prosas)

    em 54 minutos, e logo me julgou técnico no que pretende

    produzir. Terei, por treze meses, o bucólico ofício de "emitir

    opiniões sobre genéricos conceitos. Somente isso. Tens o dom

    do bem querer. Tens o bem do bom viver. Tens o dom dos dons",

    expressou-se você.

    Ho je reflito sobre esses conceitos e duvido-me deles

    merecedor. Esses dons só podem ser sentidos e vistos por mentes

    superiores. Como Mente Superior, perdoe-me, nobre cliente, só

    vejo o Mestre Supremo, estou supondo que os dons percebidos

    por você descendem do desejo de quem quer me oferecer certo

    conforto psíquico.

    Ra ro. Esse, nobre cliente, é um termo novo neste escrito.

    Porém o é sem motivo. Compreender o emprego dele no contexto

    do texto, desculpe-me o ensurdecedor som, é descobrir o porquê

    do excêntrico estilo do discurso.

    Dois conselhos, por fim, você me deu. Ou melhor, um

    lembrete e um conselho.

    No primeiro, tenho de lhe servir, mesmo que isso

    prejudique meu ofício de vendedor de jogo do bicho. O conselho

    foi de prevenir-me de possíveis incursões no libidinoso terreno do

    sexo.

    "Sou mulher. Por conseguinte, deves ser prudente com

    teus sonhos", observou-me você, nobre cliente.

    Dos sonhos, penso, é impossível fugir. Do destino, se

    existe, somos prisioneiros.

    Respeitosos cumprimentos,

    Simônidas Silva

    10

    - Que carta troncha, Toinho! Sim, a professora. Não tem

    nada a ver com a Roberta, não. Ela saboreou uma enxurrada

    íntima ao ver seu jeitão de gato e não está se segurando, entendeu?

    Quem manda ser gostosão, boy?

    - Que conversa, Bruna. Que segurado é um se ela me

    ignora?

    - Você é bom em

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