Toinho, Seu Danado!
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Toinho, Seu Danado! - Tião Carneiro
TOINHO, SEU DANADO!
(As provas das prosas)
Tião Carneiro
TOINHO, SEU DANADO!
(As provas das prosas)
Edição independente
Natal - 2016
1
TOINHO, SEU DANADO! (As provas das prosas)
TOINHO, SEU DANADO!
(As provas das prosas)
Impressões do primeiro leitor
TOINHO, SEU DANADO! é o 4º livro da extraordinária
produção literária de Tião Carneiro. Entrelaçando contos e
crônicas em forma de romance, eis aqui uma ótima leitura para a
hora de lazer. Amena, simples como o autor que mais uma vez
nos brinda com textos divertidos e inteligentes, permeados de
cultura regional.
O jogo de palavras é característica forte da obra de Tião Carneiro.
Neste compêndio, logo de início, ele contextualiza livro anterior
– A Senhora 2 e o Senhor 2, e dele saca e transcreve artigo com
cerca de 400 palavras onde uma delas, e somente uma, contém a
letra a, exatamente a palavra Raro. É o mote para seguir
brincando com as palavras, às vezes de forma apenas engenhosa
(tão somente para divertir?) quando, por exemplo, diz que
"Cristina continuava a mesma. Mesma, mas mais malandra,
metediça, matreira, maldosa, maluquinha, meiga, melosa,
menina, mamável". Ou então quando, de forma gramaticalmente
mais acurada, busca demonstrar que a palavra Mulher não se
classifica como mero substantivo, mas como um Adjetivo,
Feminino, Plural:
"É clamoroso erro a gramática ter classificado mulher
de
substantivo, embora substantivadas e substanciosas sejam.
Mulher é adjetivo de primeira linhagem. Adjetivo é algo
2
acrescentador, modificador, qualificador. Carinhosa é
acrescentador de carinho, beleza é modificador de bela,
elegância é qualificador de atitude. E quem é carinhosa, bela e
elegante?
Homem algum se refere às mulheres com apenas um adjetivo. Usa,
no mínimo, dois: bela e capaz, elegante e competente, linda e
inteligente, estudiosa e sensual. Portanto, a mulher é uma
criatura pluralizada. Corrija-se a gramática. Mulher é adjetivo
plural, sim. "
Personagem principal dos textos romanceados, Toinho, jovem de
22 anos, parece fissurado em sexo e vez por outra revela
sentimentos os mais primitivos, que bem retratam a violência
urbana dos dias atuais. Mas, por sorte, o instinto violento de
Toinho nunca chega às vias de fato. Tudo fica só no pensamento.
O que ele gosta e faz mesmo é escrever. Entre uma e outra crônica
(ou conto) Toinho faz parênteses e escracha, sem cerimônia
alguma, as suas fantasias sexuais com as gêmeas Kílvia
(professora e espécie de Ombudsman dos textos de Toinho) e
Kélvia, dentre outras namoradas de ocasião. Toinho escreve sobre
tudo, inclusive sobre os seus escritos; ironiza de si mesmo, rir do
próprio riso, conversa com animais, com santos; brinca com obras
de imortais das letras (Machado de Assis, Fernando Sabino, Luís
Fernando Veríssimo) e elabora inusitados desfechos em cada
texto.
Na obra de Tião Carneiro os traços da cultura regional perfazem
verdadeiro deleite para os da sua geração e devem despertar
bastante curiosidade nos leitores jovens ou de outras regiões deste
imenso Brasil. Com efeito, para quem não foi 'menino de sítio' é
preciso, em dados momentos, ter à mão um dicionário nordestinês.
Quem, daqui e do nosso tempo, nunca tocou siririca na intenção
de outro alguém? Quem nunca curtiu as gírias Duvido dê ó dó!!
,
Pra riba de muá!
, ou Batendo biela
? Os mais afoitos, contam,
3
TOINHO, SEU DANADO! (As provas das prosas)
se iniciavam sexualmente numa Casa de Recurso
.
E são muitos os termos jocosos e peculiares usados por Tião
Carneiro (personagem Toinho, no caso). Um bacana demais, que
me chamou atenção, foi Bexiga taboca
. Lembro que essa
expressão, ao lado de rádio estopou balaú
(que nunca soube se
tinha qualquer significado) era o maior palavrão da meninada do
meu tempo. Servia para todas as ocasiões. Como adjetivo
demonstrativo da destreza com a bola nos pés - "joga que só a
bexiga taboca!, como advérbio de lugar -
longe que só a bexiga
taboca, ou até como interjeição de espanto -
que bexiga
taboooca!!"
Duas das crônicas de que mais gostei são A MINHA PRIMEIRA
VEZ e O GRUDE DA CRISTINA E A VÍRGULA SAFADINHA.
Vejo-as com forte conteúdo autobiográfico. Numa, o autor
rememora, de preâmbulo, a infância em Araçá, distrito de
Extremoz/RN. Lembra da sua bicicleta Merck Swiss
(merquisuísse amarelinha
) e mostra como acompanhou a
evolução tecnológica da bola de futebol - a primeira, de meia;
depois a de borracha; por último, a nº 4 (de couro, vermelhinha).
Fazendo um adendo quero lembrar que houve um tempo em que
a bola utilizada no time dos adultos era chamada simplesmente de
Nº 5, ou seja, nº 5 era sinônimo da pelota.
Pois bem. Na outra crônica destacada Tião Carneiro faz um
paralelo entre as cidades de Extremoz, no RN, e Estremoz, em
Portugal. Como pano de fundo discorre acerca da iguaria feita de
goma de farinha de mandioca, o popular Grude que, por assim
dizer, está para Extremoz como a Carne de Sol está para Caicó.
Inclusive, na entrada daquela cidade, a estátua de um menino
vendendo grude num cestinho de cipó demonstra a tradição que o
autor ora atesta: "Dizem que o menino sou eu, mas, fiquem
sabendo, é desgrudada mentira, embora eu tenha vendido muito
grude naquela região." Não é à toa que ainda hoje críticos dos
4
nossos (des)governantes asseveram que a maior multinacional do
Rio Grande do Norte ainda é a Fábrica de Grude de Extremoz.
Comecei dizendo que TOINHO, SEU DANADO! é obra de
leitura simples... oops!! Não devo fazer reticências. Até as
reticências não passam ao largo do severo observatório
interpretativo do jovem escritor Toinho: "Desconfio das
reticências. São reveladoras. Bastam-lhes uma atenção especial
e escancaram a intenção do falante. Reticências, sejam escritas,
sejam sentidas, são marqueteiras da perspicácia comunicativa."
Queria dizer que o livro é simples, mas não simplista. Há uma
frase atribuída a Leonardo da Vinci segundo a qual "A
simplicidade é o último grau de sofisticação". O desafio está, pois,
lançado. Nem o sujeito mais biqueiro em leitura deixará de se
identificar com TOINHO, SEU DANADO!
Blidenor Braz Baracho
5
TOINHO, SEU DANADO! (As provas das prosas)
SUMÁRIO
Dois terços deste livro são de crônicas e contos e um terço
dá apoio a essas prosas. Daí que você o pode ler ou como
coletânea ou como romance. Este sumário pretende orientar o
leitor arredio a romances, mas adepto de textos curtos. Alguns
não tão curtos, aviso logo. Quer um conselho? Conheça os
ambientes da história: Colégio, Quarto e Praia.
1. O ANIVERSÁRIO – Pg. 24 2. SABE DE NADA - Pg. 29
3. IMPLICÂNCIA – Pg. 34 4. AS RISADAS - Pg. 38
5. A PRIMEIRA VEZ – Pg. 42 6. A ÚLTIMA VEZ - Pg. 45
7. O FILME CENSURADO – Pg. 57 8. JÚLIA – Pg. 62
9. TOINHO, DANADO! – Pg. 66 10. A CARTEIRA - Pg. 75
11. BEM, O AMADO – Pg. 85 12. RINHA - Pg. 87
13. P. INDECENTE – Pg. 96 14. A PUSEIRA – Pg. 99
15. A DESP. DO ZÉ – Pg. 104 16. O GRUDE – Pg. 135
17. TRANSPARÊNCIA - Pg. 139 18. SENADOR – Pg. 143
19. SEBO – Pg. 146 20. A FIRMA RABUDA - Pg. 151
21. MÃE – Pg. 155 22. D. INTERNETE - Pg. 158
23. ASSALTOS – Pg. 164 24. PRETERIÇÃO – Pg. 175
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TOINHO, SEU DANADO!
(As provas das prosas)
NO COLÉGIO
O celular de Bruna marca nove e cinco da noite quando
me sento na última carteira da sala. Mal me abanco e o arrepio
nos braços insinua que a mente está prestes a conceber algo
diabólico. Benzo-me e beijo a bochecha de Bruna. Sou cheio de
superstição. Do nada me irrito. Fiquei assim há dois anos, depois
de ter sido preso.
A mestre se apresenta. Os arrepios retornam. Dessa vez
em razão da luxuriante voz:
- Olá, gente. Sou a professora de português e literatura.
Nos próximos quatro meses, estaremos esmiuçando as variáveis
comunicativas de nossa língua. As aulas consistirão em
interpretar textos e... é... é...
Aproveitei a hesitação para lhe dar as boas-vindas e de
forma implícita avisar que ela havia esquecido de dizer o nome.
Mas a professora não acolheu como lúdica a brincalhona
mensagem e deu-me descortesia como agradecimento.
Atravessava um instante mental de desconforto. Julgo assim, já
que estava convicto da inexistência de censura em minha voz, o
que abonaria a indelicadeza. Frouxa convicção, já que a prova
final dependia da mentalização dela. Levantei a mão esquerda:
- Seja bem-vinda, professora... professora... professora...
Risinhos e fulana de tal dariam um cheiro de civilidade.
Mas carranca e mudez esbofeteavam a nobre função da moça:
7
TOINHO, SEU DANADO! (As provas das prosas)
- É... é... Bom, o Exame Nacional está na porta. Quero
ajudá-los nessa luta. Vamos começar com um teste. Terão quinze
minutos para ler um texto. Em seguida, debateremos a linguagem
do autor.
Bruna olhou-me com picante risinho e dirigiu-se à
professora:
- Como é o seu nome, professora?
- Ah, desculpem. Quanta leseira. Meu nome é Kílvia.
Kílvia com K. Mas podem me tratar por Ki. É como me tratam os
amigos.
Peguei ar. Influenciado por novo risinho de Bruna,
levantei-me propenso a dar um bofetão na rude professora. Não
me vinguei, mas começava a sentir as contrações do algo
diabólico.
Sentei-me.
- Por que a professora não quis falar comigo, Bruna? Será
que ela sabe da Roberta? Tens alguma ideia?
- Tenho. Digo já. Ela está falando:
- Veremos uma prosinha interessante. É um teste de
percepção. Podem fazê-lo em duplas. Daqui a quinze minutos
iniciaremos o debate.
Repassados os clones pelas costas da turma, Bruna juntou-
se a mim. A mestra começou a fazer anotações na caderneta de
chamada. Com cinco minutos, eu já percebera duas atipicidades
no texto. Bruna nada notara.
- E aí, Bruna? Por que a professora...
- Digo já, Seu Danado. Textinho mais esquisito, boy. Vou
ler em voz baixa, tá?
E assim fez. Coxa com coxa, seios com ombros, Bruna se
pôs a ler:
8
Nobre cliente:
S empre sonhei com um emprego desses. Discreto,
diferente, moderno. Difícil de obtê-lo, é evidente. Contudo,
possível, sim. Consegui-lo, porém, constituiu o tempo todo
inquieto temor em meu consciente. Por isso, seu insólito pedido
fez-me do subconsciente um colérico defensor de meus sonhos.
É compreensível esse prelúdio. Do mesmo modo como é
entendível o termo insólito. Onde se viu, nobre cliente, oferecer
um lorde emprego e só exigir do sortudo um simples escrito? O
texto, seu moço, disse você, pode ser escrito sem doutos
compromissos com o primor prosódico. Título livre! Texto solto!
Teor leve! Esse, em resumo, foi o seu pedido. E receber, por mês,
três mil cruéis se o texto lhe sugerir singelo lixo? Onde se viu
isso, nobre cliente? E receber dez mil cruéis, se o bendito
documento lhe sugerir opulento luxo? E, se nem simples nem
opulento? Quer dizer: nem lixo nem luxo? "Cinco mil cruéis por
mês", prometeu você! Onde se vê isso? E tudo por um serviço de
treze meses! Ser-lhe-ei, pois, seu eterno servidor, mesmo eterno
de treze meses. Ser-lhe-ei, sim, seu eterno, infinito, infindo e
perpétuo consultor.
N em por um minuto duvidei de seus propósitos. Vejo-os
honestos e sinceros. Como oportuno registro, descrevo-lhe os
números de nossos encontros. Sou visto em três momentos e, no
primeiro deles, de vinte e um minutos, seus belos olhos me veem
mestre. No segundo, de dezoito minutos, os engenhosos sentidos
entendem-me experto – com x
, sim, nobre cliente e gênio. No
último, em quinze minutos, os sensíveis neurônios, generosos
com este plebeu, descrevem-me como espírito benéfico, o deus
do bem. Um Confúcio, enfim. Você me conheceu, pelo exposto,
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TOINHO, SEU DANADO! (As provas das prosas)
em 54 minutos, e logo me julgou técnico no que pretende
produzir. Terei, por treze meses, o bucólico ofício de "emitir
opiniões sobre genéricos conceitos. Somente isso.
Tens o dom
do bem querer. Tens o bem do bom viver. Tens o dom dos dons",
expressou-se você.
Ho je reflito sobre esses conceitos e duvido-me deles
merecedor. Esses dons só podem ser sentidos e vistos por mentes
superiores. Como Mente Superior
, perdoe-me, nobre cliente, só
vejo o Mestre Supremo, estou supondo que os dons percebidos
por você descendem do desejo de quem quer me oferecer certo
conforto psíquico.
Ra ro. Esse, nobre cliente, é um termo novo neste escrito.
Porém o é sem motivo. Compreender o emprego dele no contexto
do texto, desculpe-me o ensurdecedor som, é descobrir o porquê
do excêntrico estilo do discurso.
Dois conselhos, por fim, você me deu. Ou melhor, um
lembrete e um conselho.
No primeiro, tenho de lhe servir, mesmo que isso
prejudique meu ofício de vendedor de jogo do bicho. O conselho
foi de prevenir-me de possíveis incursões no libidinoso terreno do
sexo.
"Sou mulher. Por conseguinte, deves ser prudente com
teus sonhos", observou-me você, nobre cliente.
Dos sonhos, penso, é impossível fugir. Do destino, se
existe, somos prisioneiros.
Respeitosos cumprimentos,
Simônidas Silva
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- Que carta troncha, Toinho! Sim, a professora. Não tem
nada a ver com a Roberta, não. Ela saboreou uma enxurrada
íntima ao ver seu jeitão de gato e não está se segurando, entendeu?
Quem manda ser gostosão, boy?
- Que conversa, Bruna. Que segurado é um se ela me
ignora?
- Você é bom em