Confissões De Uma Mente Fértil
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Confissões De Uma Mente Fértil - Deborah Zaniolli
DEBORAH ZANIOLLI
CONFISSÕES DE UMA MENTE FÉRTIL
1ª Edição
Piedade/SP
Edição da Autora
2015
Título da obra:
CONFISSÕES DE UMA MENTE FÉRTIL
Gênero literário da obra: Não Ficção
Copyright © 2016 por Deborah Zaniolli
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito da autora.
Diagramação, Revisão e Edição: Deborah Zaniolli
Capa: Cadeira Proust Geométrica do designer Alessandro Mendini, pela empresa italiana Cappellini.
Contato da autora: contato@deborahzaniolli.com
Website: www.deborahzaniolli.com
Baseado em fatos reais.
Os nomes citados neste livro foram modificados para preservar a identidade original dos personagens.
Dedicado este livro a todos que conheci durante os primeiros meses em Israel, principalmente às pessoas com quem compartilhei as melhores e piores experiências de minha adolescência no Kibbutz Beit Hashita, durante Fevereiro à Julho de 1999.
♥ SUMÁRIO
♥ Parte 1(Aliya)
1- Deixando a casa
2- O voo
3- Falta de comunicação
4- Metade do caminho
5- Perdida no tempo
6- O dia seguinte
♥ Parte 2 (O Kibbutz)
7- Primeiras impressões
8- Companheiras de quarto
9- As regras
10- Uma volta pelo Kibbutz
11- Grupo A, grupo B
12- Os dormitórios
13- Sem sonhos
14- Trabalhando na pucking
Zeitia
15- O rapaz da fábrica
16- Contato de primeiro grau
17- Me divertindo com Lucia
18- Meninos & meninas
19- Festa nos dormitórios
20- Dia da independência de Israel – 1999
21- Uma única vez
22- No jardim com Moshe
23- Lição aprendida
24- A cidade de Afula
25- Páscoa
26- Jerusalém
27- Por aí
28- Voluntários
29- Bem vindos a Hadera
30- Pronta para a guerra
31- Ronda policial
32- Até mais rapazes
33- Um amigo especial
34- Proibido Jasonim
35- Mais um fora
36- Entediadas
37- Amizade colorida
38- Sam está doente
39- A namorada do meu namorado
40- Fim de semana em Eilat
41- Eu, você e um quarto
42- Fim das aulas
♥ Parte 3 (O mundo real)
43- A universidade Hebraica
44- Lar doce lar
45- O bonito menino triste
46- Rússia
47- De mudança
48- Amor aos pedaços
49- Sexo, drogas e álcool
50- Flashbacks
51- De volta a Jerusalém
52- Basta!
53- Namorando quem?
54- Fim de uma amizade
55- Eric está de volta
56- Sem coração
57- O inferno é aqui
58- Vivendo a vida
59- O grande arrependimento
60- Dinheiro, dinheiro, dinheiro
61- Brasil
62- Todo final tem um novo começo
♥ Parte 4 (Deixando o passado para trás)
63- Um por um
♥ Parte 5 (A luz no fim do túnel)
64- Em busca de mim
♥ PARTE 1
(Aliya)
Aliya: Imigração de judeus ou descendentes de primeiro grau de judeus para Israel.
♥ 1- Deixando a casa
No momento em que caminho para o portão de Embarque Internacional
do aeroporto de Guarulhos, eu me sinto nervosa, porém segura do que estou fazendo, como se já tivesse feito algo assim antes.
Olho para trás e vejo minha mãe chorando, meu pai acenando adeus, meu irmão e irmã parados, se despedindo, e eu sorrio, como se tudo estivesse ótimo. E tudo está ótimo, então eu continuo caminhando, cabeça erguida, sem olhar para trás.
♥ 2- O voo
Esta é a primeira vez que eu viajo de avião. É extremamente emocionante.
Estou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, são 17:30 da tarde e já estou sentada dentro do avião. Do meu lado está uma garota que antes de embarcar, me disse que já esteve em Israel anteriormente e que desta vez está indo para estudar. Ela parece simpática.
Estou muito nervosa agora, pois estamos prestes a decolar. As palmas das minhas mãos estão suadas, posso sentir meu suor no assento, mas eu tento parecer tranquila.
Estou pensando em minha família agora. Penso em minha mãe e fico com medo de o avião cair e eu morrer antes de chegar a Israel, então rezo. Meu Deus, por favor, me ajude a chegar a Israel sã e salva e proteja este voo. Por favor, Deus, eu não quero morrer tão cedo e me ajude para que tudo dê certo quando eu chegar lá, Amém.
Você quer um chiclete? É bom para não tampar os ouvidos
, diz a garota ao meu lado.
Sim, claro, obrigada
.
Pego o chiclete, coloco na boca, mesmo sem entender direito como exatamente é que o chiclete é bom para não tampar os ouvidos, mas com certeza sei que ele vai me distrair.
Senhoras e senhores estamos partindo do Aeroporto Internacional de Guarulhos, são agora 17:50 da tarde, horário de Brasília, com destino ao Aeroporto Internacional Santos Dummont do Rio de Janeiro. O voo é de aproximadamente 40 minutos. Por favor, apertem os cintos e tenham um ótimo voo.
O avião começa a se movimentar rápido e então, em uma velocidade extrema ele decola. E agora eu sei que já não estamos mais tocando o chão, estamos voando!
Ah! Santo chiclete!
♥ 3- Falta de comunicação
Chego ao Aeroporto Internacional Santos Dummont do Rio de Janeiro. Está ficando tarde e acabaram de dizer que meu voo para a Espanha está atrasado. Já sinto saudades da minha família!
Eu caminho pelo Aeroporto, sempre acompanhada pelo grupo de pessoas que encontrei antes de embarcar, porque sei que todos nós temos o mesmo destino, e a última coisa que eu quero é me perder.
Todo mundo se senta em um círculo no chão e começamos a conversar. Algumas pessoas começam a cantar, tem até um rapaz tocando violão, e eu me sento e observo o movimento.
Já passam de duas horas que estamos esperando pelo voo e estou muito cansada. Eu liguei para minha mãe de um telefone público para matar a saudade e ajudar a passar o tempo.
Também fui ao banheiro algumas vezes e eu e a garota do avião fomos comer no McDonald's. Ambas estávamos cansadas de sentar no chão e famintas! Batemos um papinho enquanto saboreávamos nosso hambúrguer e depois, voltamos para nosso grupo.
Agora estamos nos preparando para continuar nossa viagem. Eu pego minha mala do piso e caminho com o grupo, um atrás do outro, até chegar ao avião.
A nossa aeronave é um Boeing 777. Eu sento próxima à janela e ao meu lado se senta um rapaz loiro e muito lindo. O grupo de pessoas que eu estava junto no Aeroporto se separa e eu já não vejo a garota do avião mais. É uma pena. Nós conversamos bastante e eu sequer sei o seu nome!
Em frente ao meu assento tem uma tela de TV, mas eu não consigo deixar de pensar que estou deixando meu país, minha família, minha infância, deixando tudo para trás. Adeus Brasil!
Estamos voando à Espanha por muitas horas. Não tenho a menor ideia de tempo e eu tento dormir, mas não consigo relaxar. Eu tento então dar uma cochilada por alguns minutos, mas sou acordada pela aeromoça que oferece minha refeição, porém eu recuso sempre. Na verdade, esta é a primeira vez que eu ouço alguém falar Espanhol que não fosse pela televisão e chega a ser até divertido. Eu não consigo entender claramente o que a aeromoça me diz, então eu pergunto novamente, desta vez em Inglês.
Durante as quase doze horas de voo do Brasil à Espanha, eu não fui nenhuma vez ao banheiro, mesmo estando curiosa para saber como é lá dentro, e fora isso estou com mau hálito, mas eu tenho vergonha de levantar. Meu estômago dói, talvez porque eu não comi nada, mas não sinto fome. Posso escutar os ruídos que meu estômago faz, e chega a doer como se estivesse cheia de gases.
Espero que o rapaz loiro do meu lado não me escute. E para minha surpresa o rapaz é da Argentina. Ele tenta puxar conversa comigo, mas eu não entendo o que ele fala, pois fala muito rápido e a única coisa que escuto é: bla bla, bla bla
casa bla bla bla bla
si e mais bla bla bla bla
.
Ele deve estar pensando que sou uma idiota porque eu converso com ele em Inglês, mas ele não me parece entender o que digo, então desisto.
Apesar da semelhança de nossas línguas nativas, Português e Espanhol para mim parecem dois universos diferentes. Não é fácil para espanhóis entenderem o Português, mas para os brasileiros é mais fácil entenderem o Espanhol. Bom, isto é o que as pessoas dizem por aí. Talvez essa regra não sirva para mim.
A América do Sul inteira fala Espanhol, somente o Brasil fala Português, e hoje eu me sinto mal por não falar essa língua tão parecida com a nossa e tão diferente ao mesmo tempo. O idioma oficial das telenovelas. Dá-me a impressão de ser um idioma criado do Português errado, tudo é pronunciado de forma errada. E eles falam tão rápido.
Do Brasil à Espanha eu não fui ao banheiro, assim como não comi nada. Eu tive vergonha. E só por alguns minutos eu dormi de verdade. Eu não sei como é que eu consegui fazer isso, mas fiz. Coisa de louco!
♥ 4- Metade do caminho
Na Espanha está muito frio e ainda por cima chovendo. Estamos no meio de Fevereiro, em pleno inverno. Enquanto que agora no Brasil, as pessoas estão se divertindo nas praias, curtindo o verão.
Quando chegamos ao Aeroporto da Espanha, temos tempo somente para trocar de um avião para outro e então, continuamos viajando por mais quatro horas. Bom, depois de voar por tantas horas, mais quatro horas não é nada. Eu só quero aterrissar logo onde quer que seja.
De volta ao avião, eu sento no fundo, do lado esquerdo da aeronave e dessa vez, ninguém se senta ao meu lado. Do lado oposto do avião está um homem sentado sozinho que é a cara do Steven Spielberg! Não consigo para de olhar para ele, mas tento manter a descrição. Ele está usando um terno preto muito elegante, tem uma barba curta e branca e parece estar trabalhando, escrevendo algo em seu notebook. Eu percebo que é americano quando ele pede por um copo de água, por favor,
para a