A Coruja De Folhas
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A Coruja De Folhas - Simone Martinelli
A Coruja de Folhas
Um romance inesperado
Simone Martinelli
A Coruja de Folhas
Copyright © 2017 Simone Martinelli
All rights reserved.
Para decifrar o romance
Quando finjo que não vejo, finjo que não existo.
Quando finjo que não existo o universo acredita.
Aos questionadores da vida
Como no passado
que em seus braços,
Pássaros.
CHLOE
Enquanto os ares de dentro da sala de cirurgia sopravam o mormaço antimicrobiano, a minúscula gota de chuva, pela ponta do galho recheado de musgo da velha árvore do outro lado da janela, escorria acanhada como se seu desejo fosse prolongar-se para sempre… não era dia, não era noite, ela nasceu entre um e outro.
Lágrimas gotejaram dos seus olhos embaraçados, não pela natureza e sim pelo forte odor que a sala exalava. Logo que afastada do âmago de sua criação, mesmo ainda sem consciência, pelas essências, foi capaz de sabe que estava em outra morada. A bebezinha nasceu com a inusitada habilidade de sentir o mundo pelo olfato.
Batizada de Chloe, tanto pai quanto mãe, fanáticos historiadores da Grécia antiga, pouco desconfiaram que cheiros invadiam as narinas da tão pequenina menina como água em barco naufragado, quantos sentidos, a recém-nascida desabrochou muito antes da primavera.
Não foram anos e sim poucos dias para que Chloe desvendasse as tramas da vida, os cheios seguidos de atitudes, químicos, resinosos, salgados, cítricos, adocicados, apimentados, o odor do dia de Sol, da chuva, da lua, da folha, do carinho e do desprezo. Certa hora, ela descobriu que a doçura não era substância pura, e sim manufaturada, e pouco a pouco, certo amargor foi tomando conta das intensas batidas do seu coração.
E assim, o tempo manteve seu curso. Flores despontaram e murcharam por repetidas vezes, enquanto o sol exalava sua intransigência, a lua trocava seus odores por milhares de vezes. A rotina demandava a escassez de energia, as horas sugavam o seu sorriso, as essências eram por demais invasivas. No entanto, depois de outra noite soterrada por cheiros, foi acordada bruscamente pela lembrança de Ícaro, desvelada pela olência das asas do passarinho que alçava voo do lado de fora do canto da sua janela alaranjada – aos sete anos, ela já conhecia de cor, das histórias de ninar contadas nos únicos momentos divididos com os seus ascendentes, os odores dos grandes mitos gregos. Jacinto, para ela, cheirava como quase todas as flores, Apolo, qual era dúvida senão um profundo e intenso cheiro de ferrete? Zeus quase inodoro se não fosse pelo forte anis, Gaia era amadeiradamente doce, Pandora lagrimejava seus olhos com seu tom de malagueta, Nyx refrescante como sereno seu sabor de limão, Eros doce como a maçã de Eva, a beleza inspiradora das Musas cheirava buque de camélias e o destino tecido pelas Moiras, sempre amargo como jurubeba, corriam todos os dias em sua mente, alguns mais que outros. Ela acreditava que todos os cheiros do mundo emanavam somente por vontade dos deuses – a extraordinária criança, lastimada pelo feitiço decorrente de tais histórias, prometeu a si mesma que um dia encontraria o tão venerado quanto falado oráculo de Dodona, e para seus Sellois perguntaria o motivo do seu faraônico poder olfativo, milagrosamente velado para o resto da família e para o mundo e pediria, sem remorsos pela liberdade do seu nariz. Naquela mesma manhã, invocou a cólera na fragrância que de todas era a que causava o sumo enojo, patchuli queimado, o cheio da negligência, seu cotidiano não era recheado de avós e tias, pai e mãe focados em textos antigos e pronto, era o que conhecia.
E assim, apenas com a companhia do tempo perdido decifrando e catalogando essências que permeavam sua vida, ela cresceu. Quando adolescente, sua rebeldia solitária misturada com a morosidade de sua casa na colina, instigaram Chloe a comprimir a velha promessa.
Era uma tarde banal, os ventos tocaram seus cabelos com tamanha delicadeza que certa brandura preencheu seu coração e ela decidiu seguir aquela ventosidade até perder suas forças. Poucos passos depois, foi abordada pela vizinha. – Chloe, você não deveria estar a caminho da escola? Perguntou a vizinha enquanto enxugava as mãos no avental vermelho preso ao vestido florido.
– Deveria, senhora Alba – respondeu Chloe abaixando a cabeça, e retomando o caminho para escola.
Na mesma noite, deitada em sua cama, sentiu-se envolta por algo caloroso, o buraco em seu coração havia desaparecido, ela entendeu então que sua fortuna estava em concretizar a promessa, e de pronto a conclusão incendiou sua mente, colocando barreiras em qualquer outra solução para a felicidade, nem mesmo o amor teve espaço para aparecer.
Tobias era o filho da vizinha, todos os dias ele