Conversas sobre Clubes de Ciências
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Conversas sobre Clubes de Ciências - Berenice Alvares Rosito
Chanceler
Dom Jaime Spengler
Reitor
Evilázio Teixeira
Vice-Reitor
Jaderson Costa da Costa
CONSELHO EDITORIAL
Presidente
Carla Denise Bonan
Editor-Chefe
Luciano Aronne de Abreu
Adelar Fochezatto
Antonio Carlos Hohlfeldt
Cláudia Musa Fay
Gleny T. Duro Guimarães
Helder Gordim da Silveira
Lívia Haygert Pithan
Lucia Maria Martins Giraffa
Maria Eunice Moreira
Maria Martha Campos
Norman Roland Madarasz
Walter F. de Azevedo Jr.
Berenice Alvares Rosito
Valderez Marina do Rosário Lima
CONVERSAS SOBRE CLUBES DE CIÊNCIAS
logoEdipucrsPorto Alegre, 2020
© EDIPUCRS 2020
CAPA Thiara Speth
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Maria Fernanda Fuscaldo
REVISÃO DE TEXTO Marlova Aseff
Edição revisada segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Este livro conta com um ambiente virtual, em que você terá acesso gratuito a conteúdos exclusivos. Acesse o site e confira!
Logo-EDIPUCRSEditora Universitária da PUCRS
Av. Ipiranga, 6681 - Prédio 33
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E-mail: edipucrs@pucrs.br
Site: www.pucrs.br/edipucrs
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
R821c Rosito, Berenice Alvares
Conversas sobre clubes de ciências [recurso eletrônico] /
Berenice Alvares Rosito, Valderez Marina do Rosário Lima. –
Dados eletrônicos. – Porto Alegre : EDIPUCRS, 2020.
Recurso on-line (156 p.)
Modo de Acesso:
ISBN 978-65-5623-090-0
1. Ciência - Estudo e ensino. 2. Ciência - Pesquisa. I. Lima,
Valderez Marina do Rosário. II. Título.
CDD 23. ed. 507.2
Loiva Duarte Novak CRB 10/2079
Setor de Tratamento da Informação da BC-PUCRS.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de qualquer parte desta obra em qualquer sistema de processamento de dados. Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal), com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenizações diversas (arts. 101 a 110 da Lei 9.610, de 19.02.1998, Lei dos Direitos Autorais).
SUMÁRIO
Capa
Conselho Editorial
Folha de Rosto
Créditos
PREFÁCIO
APRESENTAÇÃO
PRIMEIRAS PALAVRAS
A história dos clubes de ciências
O conceito de clube de ciências
O foco na formação científica
O foco na formação integral dos alunos clubistas
PARTE I
UM MAPA DE IDEIAS SOBRE CLUBES DE CIÊNCIAS
1. DIÁLOGO SOBRE AS ESSÊNCIAS DE UM CLUBE DE CIÊNCIAS
2. DIÁLOGO SOBRE A ORGANIZAÇÃO DE UM CLUBE DE CIÊNCIAS
3. DIÁLOGO SOBRE A APRENDIZAGEM DO PROFESSOR NO CLUBE DE CIÊNCIAS
4. DIÁLOGO SOBRE AS ATIVIDADES INVESTIGATIVAS DESENVOLVIDAS EMUM CLUBE DE CIÊNCIAS
5. DIÁLOGO SOBRE AS PERCEPÇÕES DE PROFESSORES CLUBISTAS
5.1 Momento 1: Conversa das autoras com as professoras Magda Medeiros Schu e Valéria Oliveira Ferreira
5.2 Momento 2: Conversa das autoras com o professor Gian Giermanowicz
PARTE II
UM MAPA DE POSSIBILIDADES DE MOVIMENTAÇÃO EM CLUBE DE CIÊNCIAS
REFLEXÃO INICIAL
1. ALGUMAS ATIVIDADES POSSÍVEIS
1.1 Atividades práticas: aspectos teóricos
1.1.1 Exemplo de atividade prática: Clube de ciências: espaço para produção artística?
1.2 Experimentação: aspectos teóricos
1.2.1 Exemplo de experimentação: Combustão a vela
1.3 Problematização: aspectos teóricos
1.3.1 Exemplo de problematização: O mistério da família Carvalho
1.4 O questionamento do estudante: aspectos teóricos
1.4.1 Exemplo de questionamento: mosquito Aedes aegypti
1.5 Os projetos de pesquisa: aspectos teóricos
1.5.1 Exemplo de projeto de pesquisa: Investigando aditivos alimentares em alimentos industrializados:
2. AMPLIANDO O CONJUNTO DE ATIVIDADES
2.1 Estudando microrganismos
2.2 Caixa de perguntas
2.3 Mural da ciência
2.4 Investigando o consumo de medicamentos
PARA FINALIZAR
REFERÊNCIAS
SOBRE AS AUTORAS
EDIPUCRS
PREFÁCIO
Conversas sobre clubes de ciências surge no formato de livro, mas nos convida, conforme informa o seu título, à conversa. Ao prefaciar esta obra, integrar-me a esta conversa, sou conduzida pela alegria dos que convivem, admiram e acreditam nesses contextos de educação científica. Compreendo que escrever sobre eles implica a produção de um texto sempre povoado de muitos outros, pois contamos sobre as nossas interlocuções com estudantes clubistas, professores coordenadores, licenciandos, pesquisadores, autores e tantos outros que se conectam a nós para aprender ciências. Escrever sobre os clubes de ciências é, assim, uma escrita coletiva e um convite à conversa com os leitores.
As autoras Berenice Alvares Rosito e Valderez Marina do Rosário Lima sabem bem disso, pois transformam a leitura de seu livro em uma experiência relacional e colaborativa, como se nós, leitores, com elas participássemos também de um clube de ciências. Desta forma, podemos compreender o livro como um espaço metafórico de um clube de ciências, no qual leitores, reunidos por interesse e vontade própria, podem se conhecer, conversar e se engajar coletivamente na elaboração de conceitos e de ações nestes contextos de educação não formal. O modo como os textos foram produzidos e estruturados na obra convidam-nos à participação atenta e ativa. As autoras compartilham conosco os seus diálogos, permitindo-nos, com elas, elaborar, revisar, expandir compreensões, envolvendo-nos na perspectiva de aprender com o outro.
Essa é uma característica que define a identidade de um clube de ciências, ressaltada pelas autoras em uma de suas conversas: A troca de ideias e a integração entre os componentes, oportunizando uma aprendizagem melhor pela partilha de informações e pela discussão sobre elas
, diz Berenice. Para que este exercício seja eficiente é preciso que todos tenham oportunidade de expor suas ideias
, afirma Valderez. Coerentemente a esse princípio, ao longo do livro as conversas entre as autoras se ampliam no diálogo com outros professores clubistas, valorizando a escuta sensível, trazendo para a roda também as suas perspectivas sobre o funcionamento desses espaços de iniciação científica. Portanto, os diálogos transcritos envolvem processos de escutar e falar reflexivos, de sujeitos que articulam teorias e práticas, densamente entrelaçadas, acerca do cotidiano dos clubes, e compõem a primeira parte do livro, intitulada Um mapa de ideias sobre clubes de ciências
.
Novamente, é importante destacar a coerência da organização da obra em analogia aos princípios de um clube de ciências, como escrevem as autoras: No clube de ciências, o aluno clubista é desafiado a encontrar respostas, sempre provisórias, a suas indagações e dúvidas, não só sobre conceitos e fenômenos científicos estudados, mas, ainda, sobre o funcionamento do mundo social
. Do mesmo modo, nessa seção do livro, os leitores são desafiados a refletirem a partir de ideias sobre a essência do clube, organização, atividades investigativas, aprendizagens e percepções de licenciandos e professores no contexto dos clubes de ciências. Em seu conjunto, essas ideias não são certezas, mas compõem um mapa para professores, pesquisadores e outros profissionais interessados fundamentarem, interpretarem, perguntarem(-se) e investigarem percursos formativos dos diferentes sujeitos participantes dos clubes.
Complementar e em coerência com essas ideias, na obra é possível encontrar outro mapa, com possibilidades de movimentação nos clubes de ciências. Na segunda seção do livro, são reunidas estratégias para a implementação de práticas educativas, permitindo-nos interpretar e conversar sobre a potência desses contextos para o educar pela pesquisa. No entanto, as autoras nos advertem que "não existe uma receita aplicável genericamente para o funcionamento de um clube de ciências. Tampouco existem dois clubes iguais, posto que cada clube implantado tem uma identidade e responde aos anseios dos participantes, em coerência com as particularidades da comunidade na qual está inserido". Nessa direção, destacamos a importância de se abordarem subsídios fundamentados teoricamente e empiricamente, com práticas e critérios oriundos de conhecimentos elaborados pelas escritoras e seus coletivos em diferentes percursos formativos (de docência, pesquisa e extensão) em clubes de ciências, mas que podem mobilizar professores de todos os lugares.
Por fim, as autoras encerram o livro com a sistematização de princípios que reúnem os vários temas abordados sobre os clubes de ciências e que podem ser igualmente temas de conversas com os próprios clubistas, crianças e adolescentes, a fim de compreenderem esse contexto de educação científica do qual escolheram participar.
Sabemos que a conversa é boa quando se alonga, produz novas perguntas, engaja outros. Assim, são as Conversas sobre clubes de ciências que essa obra divulga e provoca. Espero que ajudem a ampliar o diálogo nas universidades e nos contextos das escolas para que os clubes de ciências sejam uma realidade em muitos espaços. Sabemos que diferente de outros países da América Latina têm políticas públicas preocupadas com o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação a partir do ensino de ciências para suas crianças e jovens. No Brasil, existem iniciativas ainda isoladas, porém sem o respaldo de uma política que legitime estes espaços, muitos deles em funcionamento graças aos projetos de universidades que buscam fomento para desenvolverem parcerias com as escolas públicas ou, ainda, iniciativas de algumas redes de ensino.[ 1 ]
Valderez e Berenice são testemunho disso, de uma vida amorosa e comprometida com essa causa no contexto educativo do Rio Grande do Sul. Um reflexo disso é eu estar aqui, convidada também para esta conversa. Há 30 anos, iniciando a minha vida profissional como professora na rede municipal de ensino da cidade de Blumenau (Santa Catarina), implementei um clube de ciências na minha escola, situada numa comunidade de vulnerabilidade socioambiental. Foi com meus clubistas que conseguimos implementar a coleta de resíduos na comunidade, antes depositada no ribeirão; diminuir o borrachudo com iscas naturais; incentivar as pessoas a não cortarem a vegetação das encostas, frequentemente erodidas nas chuvas. Foi nesse contexto que me constituí uma professora investigadora, educando pela pesquisa, buscando incentivar meus alunos a interessarem-se pela ciência e continuarem os seus estudos, apesar de cedo terem que trabalhar para prover a família. E foi nesse percurso que ganhei de presente o livro Clubes de ciências: criação, funcionamento, dinamização[ 2 ], do qual uma das autoras é também a professora Valderez. Essa obra ampliou as minhas referências, possibilitou novas experiências, tornou o meu trabalho de professora clubista mais consistente. O tempo passou, esse livro ainda hoje é meu material de consulta junto a meus acadêmicos, nos cursos de licenciatura, nas práticas extensionistas, nas pesquisas de iniciação científica e da pós-graduação, em que investigo com eles os clubes de ciências.
Assim, prefaciar uma nova obra sobre os clubes de ciências, que contempla temas que permanecem importantes e outros que emergem do atual contexto histórico-social, assim como os desafios para educação científica do nosso tempo, enche-me de alegria e de esperança de que muitos outros professores, como eu, poderão se beneficiar e se inspirar para oferecer um ensino de ciências significativo para as nossas crianças e adolescentes. Também evoco o sentimento de gratidão pelo convite para participar desta interlocução e às autoras que se dispuseram a dedicar o seu tempo para partilhar as suas tão boas conversas conosco, os leitores. E que essa conversa continue.
Daniela Tomio
Notas
[ 1 ] TOMIO; HERMANN (2019).
[ 2 ] MANCUSO; LIMA; BANDEIRA (1996).
APRESENTAÇÃO
Em 1996, foi lançado pelo Centro de Ciências do Rio Grande do Sul[ 3 ] o livro intitulado Clube de ciências: criação, funcionamento e dinamização, no qual o prólogo traz uma criativa historieta de autoria do professor Ronaldo Mancuso.[ 4 ] A protagonista dessa história é a professora Carmela, e para a sua composição, Mancuso passeia por várias fases da educação científica sul-rio-grandense e homenageia professores que influenciaram os rumos tomados pelo ensino de Ciências no Rio Grande do Sul (RS), no período entre 1960 e 1990.
Nas escolas em que trabalha e fora delas, dona Carmela vive várias aventuras científicas e pedagógicas. Em um dado momento, ao participar de um evento sobre clubes de ciências, assiste a depoimentos e, a partir deles, conclui que ela própria tinha um clube de ciências sem nunca ter dado esse título ao trabalho que costumava desenvolver com os seus alunos. A trajetória da professora Carmela tem a finalidade de introduzir os conteúdos que se desenvolvem no livro e que versam sobre uma atividade de grande expressão naquele final de século XX no RS. A entrada no século XXI, embora não tenha se caracterizado pela eliminação dessa atividade educativa, apontou uma diminuição em termos de produção acadêmica sobre clubes de ciências. De Prá e Tomio (2014), ao analisarem o estado da arte sobre o tema, assinalam dois pontos que chamam a atenção: o primeiro é a identificação de apenas 38 trabalhos acadêmicos disponíveis on-line no período entre 1993 e 2012; o segundo é a constatação de que a obra antes mencionada é a mais citada como referência dos trabalhos científicos computados.
Desde que tomamos conhecimento dessas informações, nós, autoras do presente texto, nos sentimos comprometidas com a necessidade de organizar um livro para divulgar ideias renovadas sobre as atividades nos clubes de ciências. Tal como a professora Carmela, temos vivenciado o ensino de Ciências em nossas carreiras como docentes e pesquisadoras, tendo como referência a perspectiva investigativa, tanto no espaço formal quanto no espaço não formal. Nesse último, especificamente em clubes de