Chemtrail
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Chemtrail - Oberon De Almeida
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A teoria
Por volta de 1996, foi levantada uma teoria baseada em uma acusação de que a Força Aérea Americana (USAF) estaria utilizando aeronaves para pulverizar agentes químicos no céu, devido a trilhas de condensação incomuns que foram vistas por cidadãos norte-americanos¹, principalmente no Condado de Shasta, na Califórnia. A acusação foi feita em resposta a uma diretiva militar que delineou um futuro sistema de modificação do tempo com o propósito de manter o domínio militar dos Estados Unidos no ano de 2025
. O documento consistia em uma representação ficcional de situações futuras para o ano de 2025². A USAF argumentou que a publicação não reflete a atual situação das forças aéreas americanas e não há planos para tornar isso realidade no futuro. Os militares ainda afirmaram que as denúncias feitas eram falsas, as quais, inclusive, já foram refutadas por muitas universidades estabelecidas e acreditadas, por organizações científicas, e as principais publicações de mídia. No entanto, as denúncias e teorizações continuaram.
1.1 O encontro do Condado de Shasta, Califórnia.
Em 15 de julho de 2014, cerca de quatrocentas pessoas se reuniram na Câmara de Supervisores do Condado de Shasta-Califórnia, com objetivo de colocar em debate a questão das trilhas químicas. O supervisor, Les Baugh, anunciou o tópico como uma discussão para levantar questões relativas à engenharia climática e pulverização de aerossóis, considerando a possibilidade de tomar ações e outras medidas adequadas, se necessário
. O grupo de peritos presentes apresentou dados para confirmar a legitimidade das preocupações levantadas.
No final da apresentação, o conselho votou em unanimidade para investigar a pulverização atmosférica e a contaminação por metais pesados. Também foram aprovadas resoluções e ações de investigação sobre o assunto. O PhD em silvicultura e Mestre em Zoologia (insetos aquáticos), Francis Mangels, da Universidade de Montana, apresentou dados de sua pesquisa feita em seu próprio terreno que indicaram alterações bruscas no PH do solo.
Outros oradores – como Irajá Sivadas, Allan Buckman e Jeff Nelson – também apresentaram alegações com o objetivo de provar a existência de uma operação militar de pulverizações no Condado de Shasta. Em um de seus artigos, Allan Buckmann afirmou que:
Contrails são, por definição, trilhas de condensação deixadas por escapamentos de aeronaves a jato. São cristais de gelo que não persistem no céu por muito tempo. Elas não ficam no céu e não criam nuvens. Uma esteira possui geralmente baixo volume e se estende duas a vinte vezes o comprimento da aeronave.
No entanto, as trilhas denunciadas pelos moradores de Shasta permaneciam no céu por horas e se expandiam formando nuvens artificiais. Este fato corroborou a teoria de que tais trilhas não eram formadas apenas por condensação de água, mas por produtos químicos.
A conferência realizada no Condado de Shasta se tornou popular na internet a partir do momento que foi divulgada no site Geoengineering Watch³, criado por Dane Wigington, consultor de energia renovável de 46 anos de idade.
Dentre os diversos teoristas, Wigington é o mais engajado na causa, inclusive seu site é hoje o principal veículo de divulgação do assunto. Foi a partir dos conteúdos divulgados pelo site criado por Wigington que o tema veio a ser conhecido pelo mundo.
Veiculada na internet, a teoria das trilhas químicas (chemtrail é abreviação de chemical trail, ou trilha química, em português) rapidamente se tornou uma verdadeira febre e alcançou os quatro cantos do planeta. Milhares de pessoas se voltaram para essa questão, temendo que as chemtrails estariam acontecendo não só na Califórnia, mas em outros estados, países, e em suas próprias cidades. O que antes era uma teoria passou a ser encarada como uma verdade factual.
A internet foi tomada por centenas de sites denunciando a existência de um plano secreto de pulverização global. No início se acreditava que a pulverização feita pelos aviões tinha como objetivo o gerenciamento da radiação solar (SEM, sigla de solar radiation management, em inglês), mediante a criação de nuvens artificiais oriundas da pulverização realizada por aeronaves.
Mas, em pouco tempo, novas alegações foram sendo acrescentadas, as quais afirmavam que tal projeto tinha também como objetivo a redução populacional, a manipulação da mente, a guerra biológica e geofísica.
Pelo mundo afora centenas de pessoas passaram a denunciar tal operação, exigindo esclarecimento com as forças armadas e instituições governamentais. Por fim, uma série de movimentos foram organizados em vários países, nos quais se reúnem ativistas que marcham pelas ruas, reivindicando o fim das operações de pulverização química.
1.2 A teoria chega ao Brasil
O assunto chegou ao Brasil por volta de 2011. Foi neste ano que os primeiros vídeos de trilhas persistentes foram registrados por mim em maio de 2011, no estado de Santa Catarina, e então foram divulgados na internet, dando início às primeiras especulações de que o Brasil também estaria sendo vítima deste projeto de pulverização global. O site Trilha Química⁴, criado por mim na época, foi um dos primeiros a explorar o assunto. Neste site, ainda acreditando na teoria das trilhas químicas, eu divulguei uma série de fotografias e filmagens das trilhas no céu.
O assunto se tornou uma coqueluche
entre os internautas brasileiros, e rapidamente grupos de ativismo passaram a se organizar reivindicando esclarecimento das autoridades, principalmente da Força Aérea Brasileira (FAB), a qual desde o início negou veementemente a possibilidade de o espaço aéreo brasileiro estar sendo invadido por aeronaves clandestinas que executariam pulverizações ilegais de produtos químicos.
Na época eu estava entre os principais ativistas e estudiosos do assunto no Brasil, e fui o encarregado pelas filmagens em Santa Catarina. Eu trouxe a questão à tona quando escrevi alguns dos primeiros artigos sobre o tema publicados em jornal. Fui um dos responsáveis por difundir na imprensa brasileira o assunto das chemtrails. Afirmei em meus artigos que o Brasil tornara-se palco de uma grande operação clandestina de pulverização atmosférica. Executei registros fotográficos periódicos, que se estenderam de 2011 a 2014. Com isso acabei criando um dos maiores acervos fotográficos brasileiros sobre o fenômeno. Aleguei que as trilhas persistentes registradas em Shasta, nos Estados Unidos, também podiam ser vistas nos céus Catarinenses, e que sua estranha persistência gerava nuvens artificiais que cobriam e esbranquiçavam enormes porções do céu. Para mim, na época, isso não parecia ser algo natural.
Alguns dos registros feitos revelaram rastros persistentes e espessos que se mantinham no céu por horas, mesmo na ausência dos aviões que os haviam gerado. Segundo o que eu pensava e escrevia em jornais, isso não poderia ocorrer caso os rastros fossem resultado da condensação gerada comumente pela exaustão das turbinas dos aviões. Por isso a alegação feita pelos norte-americanos, de que as trilhas persistentes seriam químicos pulverizados dentro de uma operação clandestina de engenharia climática, poderia ser verdade e estaria acorrendo a nível global.
Desde que o tema surgiu, foi necessário não mais que uma década para a teoria das trilhas químicas se tornar um dos temas mais abordados entre teoristas da conspiração pelo mundo todo. O assunto foi veiculado em diversas emissoras de televisão. O documentário chamado O Que Eles Estão Pulverizando no Mundo?⁵, de Paul Wittenberger, tornou-se o mais notório entre os vídeos sobre chemtrails, e trouxe o debate à tona apresentando entrevistas com especialistas e autoridades, levantando dados e pesquisas feitas pelo mundo todo, as quais comprovariam a veracidade da teoria.
Estaríamos, de fato, sobre a ameaça de uma grande operação clandestina global de pulverização e engenharia climática? As estranhas trilhas persistentes deixadas por aviões em diversas partes do mundo seriam realmente aerossóis pulverizados ilegalmente sobre nossas cabeças?
No decorrer deste livro serão investigadas cada uma das evidências que supostamente comprovam a teoria. A intenção deste livro é não deixar mais dúvidas pendentes sobre o assunto. Se as trilhas químicas existem – ou não –, isso será revelado aqui de uma vez por todas.
2
OBSERVAÇÕES E RASTREAMENTOS
A teoria das trilhas químicas já havia se tornado um fato
para aqueles que defendiam sua existência. O que antes era um conjunto de suposições levantadas por um grupo de cidadãos do condado de Shasta, Califórnia, tornou-se uma realidade aos olhos de milhares de pessoas que, pelo mundo afora, clamavam por explicações oficiais e pelo fim das pulverizações clandestinas. Apesar de não existirem evidências conclusivas, a principal proposição que sustentava a tese era o fato de as trilhas persistentes estarem sendo vistas em diversas partes do mundo.
A alegação era de que, antigamente, as trilhas persistentes não eram vistas nos céus. No passado eram trilhas curtas e se dissipavam em questão de minutos, e hoje persistem por horas se espalhando no céu e formando nuvens artificiais. Chegou-se a conclusão de que as trilhas do passado eram naturais, formadas pela condensação de água oriunda da exaustão das turbinas. Assim, não restava outra conclusão a não ser a de que as trilhas persistentes vistas hoje só poderiam ser químicos deliberadamente pulverizados por aviões atuando em um projeto clandestino de engenharia climática global.
Durante os anos de 2012 e 2013, os registros fotográficos que eu fiz em Santa Catarina revelaram o mesmo cenário observado por curiosos em todo o mundo: bem no início da manhã podia se ver no céu a intensa movimentação dos aviões e suas trilhas persistentes. Em questão de horas essas trilhas se dilatavam, criando nuvens artificiais que, ao se espalharem, substituíam o azul natural do céu por um véu esbranquiçado e leitoso. Realmente, tratava-se de um fenômeno inusitado que passou a gerar pânico entre as pessoas que tinham contato, não só com a teoria difundida na internet, mas também com as estranhas trilhas vistas no céu.
Associando as informações disponíveis na internet com o fenômeno em si visto no céu, não restava outra explicação a não ser a teoria das trilhas químicas – ou chemtrails, em inglês – já difundida na internet. Esta foi a conclusão a que eu cheguei pesquisando os céus de Santa Catarina, estado onde moro, registrando o fenômeno em fotos e vídeos. Contudo, estas certezas
não iriam durar muito tempo.
2.1 Evidências contrariam a teoria
A grande revelação veio através de conversas com um dos pesquisadores, Alexandre Oliveira, meu parceiro nesta investigação. Oliveira apresentou-me novas evidências que mudaram radicalmente o rumo das investigações. Ele me mostrou não somente as fotos e filmagens das aeronaves soltando as trilhas, mas também o seu rastreio feito através do Flightradar24, que é um programa de computador para o monitoramento de aeronaves. O programa pode rastrear aeronaves em tempo real e também fornece informações completas, como rota, altitude, registro, posicionamento, velocidade, horários, tipo de aeronave etc.
Por meio de análises cuidadosas dos dados fornecidos pelo programa Flightradar24, nossa conclusão foi