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O Espírito Do Rio
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E-book79 páginas1 hora

O Espírito Do Rio

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Sobre este e-book

Casamento perfeito entre realidade e ficção, que relata o conflito entre o pescador/caçador e o agente ambiental voluntário, reunidos numa mesma pessoa, além de abordar a questão socioeconômica dos pescadores da região do lago de Itaipu. Adolar e o amigo Tom vivem empolgantes aventuras. Os dois amigos acreditam na presença do espírito de uma grande sucuri, que os protege no mato e no rio.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento27 de ago. de 2019
O Espírito Do Rio

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    O Espírito Do Rio - Airton Kraemer

    O Espírito do Rio

    Airton Kraemer

    Para

    Beatriz,

    Caroline,

    Nicole,

    e Dona Eugênia

    Para Marcos,

    Marisa,

    Marceli,

    Marcílio

    E Dona Ilca

    PREFÁCIO

    O autor de Um Lago no Meu Vale volta a brindar os leitores com uma instigante história que resulta num amálgama entre ficção e realidade. Fiel às origens de seu primeiro relato, é do vale, do seu vale, que o autor busca a inspiração para o enredo. A construção e o sentido da amizade emergem com força na narrativa, algo que na imaginação do autor pode transcender o tempo e manifestar-se em outras dimensões.

    Guardadas

    as

    localizações

    geográficas, a pesca do jaú, imaginada ou de fato acontecida com o pescador Adolar, lembra a luta do Velho e o Mar no célebre romance de Ernest Hemingway. Não perder o peixe e, ao mesmo tempo, não deixar o barco afundar, parece ser um dilema que

    assola muitas pessoas. A luta de Adolar com o jaú agradará ao leitor. Mas esta é apenas uma de tantas histórias percebidas ou convividas entre Adolar e o seu amigo Tom.

    Nos diálogos que constrói, e que podem gerar alguma controvérsia, o autor se posiciona sobre o que entende por um relacionamento sustentável entre homem e natureza diante de uma sociedade egocêntrica, marcada pelo consumismo e pela vaidade. Mas o texto serve também como subsídio para discutir os diversos impactos sócio-ambientais no Oeste do Paraná, principalmente aqueles gerados pela construção da usina de Itaipu.

    O geógrafo Yi-fu Tuan costuma chamar de topofilia o sentimento que emerge e se constrói a partir da percepção

    afetiva que se desenvolve entre os seres humanos e o meio em que vivem. Não fugindo ao que narrou em Um Lago no Meu Vale, Airton demonstra perseguir esta dimensão. Neste sentido, seu conto pode nos ajudar a sermos melhores e a melhorar nosso relacionamento entre nós mesmos e o ambiente que nos proporciona a vida.

    Tarcísio Vanderlinde

    (Primavera/2005)

    INTRODUÇÃO

    Adolar Scherner foi uma das figuras mais humanas e mais queridas que conheci.

    Convenceu-me de que é possível sentir-se feliz mesmo na pobreza, na simplicidade.

    Não é que ele não tivesse sonhos e ambições. Aspirava sempre melhores condições de vida para si e sua família, mas resignava-se com o que a vida lhe dava.

    A presente obra retrata um pouco da grandeza desse homem do rio e do mato, que dizia: "O bom não é ser importante; o

    importante é ser bom". Um humilde pescador que, por sua liderança nata e pelos seus feitos, terá sua imagem sempre respeitada e reverenciada pelos pescadores

    do lago de Itaipu e de seus afluentes. Será para sempre uma lembrança querida por todos que o conheceram.

    O Espírito do Rio relata passagens reais, mas não só isso. A história se envereda também pela ficção, pelo mistério sobre um estranho espírito que habita o Rio São Francisco. É uma narrativa para homenagear a memória de um amigo do rio.

    Para preservar a imagem inesquecível de Adolar, o pescador.

    (O autor).

    O Rio Paraná

    O Rio Paraná fervilhava, num turbilhão de águas revoltas. Correntezas e redemoinhos produziam sons de trovão.

    Uma espuma esbranquiçada saltava em meio a estrondos, e ia sendo levada pela torrente. Às vezes um pouco da espuma desviava-se em direção aos remansos e ia bater nas pedras, nos arbustos de sarandi e nas areias brancas, que emolduravam uma paisagem ao mesmo tempo assustadora e fascinante. Das matas paraguaias, na margem direita, surgiam bandos de araras e papagaios que cruzavam os céus em algazarra. Eles vinham ao Brasil, na margem esquerda do rio, sobrevoavam lavouras de soja e milho, mas o seu alvo

    eram os pomares com frutos maduros e apetitosos, nas fazendas ribeirinhas. Após se fartar, voltavam em vôos majestosos às matas paraguaias, abrigando-se para mais uma noite quente de verão. A floresta densa e fechada na margem direita do rio Paraná lhes oferecia conforto e proteção.

    Ali, naquele ponto, o Possuelo desembocava no Paraná e formava um belo cenário, com praias de areias brancas nas duas margens, emolduradas por rochedos.

    O Possuelo era um pequeno rio de águas cristalinas, como tantos outros que desciam pelas barrancas, no lado paraguaio, e serviam de refúgio e berçário para importantes espécies de peixes, como dourados, piauçus, curimbatás, chinelos, piavas, surubins, jaús, pintados, mandis, bagres e muitos outros.

    Era janeiro de 1982.

    Sentado na areia, na margem brasileira do Paranazão, Adolar contemplou o rio caudaloso, as barrancas, a mata, as aves, e começou a recolher a sua linhada de mão.

    Eram mais de 40 metros de linha, cujo anzol com pesada chumbada ele arremessara para além do remanso. Era lá, bem no meio da correnteza, que esperava fisgar um bom pintado para vender ao peixeiro, conhecido pela alcunha de Xirú, uma espécie de atravessador que comprava o pescado diretamente dos pescadores e o revendia aos supermercados e peixarias, não sem antes aplicar uma gorda margem de lucro para si. Adolar, como tantos outros pescadores, estava conformado com a situação. – "Nós trabalhamos e quem

    ganha mais dinheiro é o Xirú. Não tem outro jeito. A gente não tem condições de vender o peixe lá na cidade, e tem que aceitar o preço que o Xirú oferece."

    Ele falava em voz alta, enquanto recolhia a linhada. –Faltam poucos metros, pensou. E a linha vinha leve. Era mais uma tentativa fracassada de fisgar um belo pintado. Quando faltavam apenas três metros de linha a serem recolhidos, ele ainda pôde contemplar os pequenos peixinhos, filhotes de bagres e barbados, mordiscando os

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