Saúde Digital
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Sobre este e-book
José Mendes Ribeiro
José Mendes Ribeiro é economista (ISEG). Tem desempenhado funções de gestão no setor da saúde, público e privado. Responsável pelos Hospitais Empresa (Ministério da Saúde (2003) e pela Reforma Hospitalar (MS, 2011). Trabalhou na Accenture Portugal, no Hospital da Cruz Vermelha, no INSA (Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge) e no Grupo Português Saúde. Foi fundador da CROSS (companhia de organização e serviços de saúde) e da Walk in Clinics (rede de clínicas de conveniência de cuidados primários). Autor do livro Saúde: a liberdade de escolher (2009).
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Saúde Digital - José Mendes Ribeiro
Introdução
Os resultados obtidos no setor da saúde serão, talvez, um dos maiores sucessos da democracia portuguesa. As políticas públicas de saúde seguidas ao longo das últimas décadas permitiram uma trajetória de contínua convergência com os mais desenvolvidos sistemas de saúde europeus, averbando, em muitos casos, uma posição de destaque. Entre outros exemplos, é justo assinalar o notável êxito do programa de combate à mortalidade infantil, uma referência em todo o mundo.
A urgência da reforma dos sistemas de saúde é, contudo, uma enorme prioridade na agenda da governação em todo o mundo ocidental. A pressão da evolução demográfica, que tem permitido aumentar consideravelmente a esperança média de vida da população, e o ciclo intensivo de inovação terapêutica trazem novos desafios que urge equacionar.
Não poderão estar em causa os fundamentos que norteiam o nosso contrato social: a garantia de universalidade da cobertura; a equidade do acesso; a solidariedade do financiamento e a aplicação eficiente dos recursos públicos. A sustentabilidade, atual e futura, do sistema de saúde português não pode também ficar limitada à sua dimensão financeira, apesar das limitações orçamentais que a generalidade dos países atravessa, mas, bem pelo contrário, é fundamental construir um novo olhar na sociedade contemporânea que leve a considerar a saúde como investimento na sociedade e não mera despesa, abrindo novos caminhos à obtenção de resultados de qualidade e ganhos de saúde para a população.
As reformas da saúde deverão, em consequência, ser guiadas por um conjunto de sólidas políticas estruturais que permitam transformar o futuro dos sistemas de saúde através de um maior investimento na promoção da saúde e na prevenção da doença, na monitorização da doença crónica e na atuação concertada com outras políticas no domínio da proteção social, da educação, da alimentação e da proteção do meio ambiente.
Uma das mais importantes reformas estruturais deste século XXI será, contudo, fazer beneficiar quanto antes os sistemas de saúde da chamada economia digital, aproveitando a enorme convergência de tecnologias que conduziram à conectividade sem fronteiras e sem a limitação do tempo. A conectividade está a alterar, de maneira dramática, as relações humanas ao permitir um contacto muito mais próximo e, paradoxalmente, a prestação de serviços e cuidados de saúde de uma forma mais personalizada e humanizada.
Os percursos do consumidor da era digital inspiram novas abordagens e ideias inovadoras na resolução de problemas antigos, que a falta de conectividade impedia de satisfazer. A partilha de informação e do conhecimento, a integração de canais, a economia do agora e a gestão dos relacionamentos vivem um processo de melhoria permanente em todos os setores de atividade.
O nosso propósito é contribuir para um novo debate que aproveite o melhor da economia digital para mudar os velhos paradigmas da relação entre o cidadão e o sistema de saúde, ao mesmo tempo que desloca, definitivamente, o foco das políticas construídas no combate à doença para a proteção e promoção da saúde, como ambição maior de qualquer sistema de saúde.
«Pela primeira vez na História, as doenças infeciosas matam menos pessoas do que a idade avançada, a fome mata menos pessoas do que a obesidade, e a violência mata menos pessoas do que os acidentes» (Yuval Noah Harari, 2018).
O envelhecimento demográfico e a mudança das dinâmicas populacionais terão um profundo impacto no setor da saúde, na educação e no emprego, reduzindo o universo de contribuintes e aumentando o número de pensionistas.
Alguns números são assustadores. Faltam jovens e o número de idosos não para de aumentar. Em Portugal, em 2017, 1 em cada 5 residentes tem mais de 65 anos. Em 1981 existiam 45 idosos por cada 100 jovens. Em 2001 havia 101 idosos por 100 jovens; em 2011, 125, e em 2017, 153 idosos por 100 jovens.
Em pouco mais de três décadas, mais que triplicámos o número de idosos por cada jovem.
No mesmo intervalo, a nossa esperança média de vida à nascença evoluiu de 71,7 anos (68,2 nos homens, 75,2 nas mulheres) para 80,8 (77,7 nos homens, 83,4 nas mulheres) ou seja, acrescentámos mais 9,5 anos nos homens e 8,2 anos nas mulheres ou, vendo de outra perspetiva, ganhámos em média cerca de dois meses de esperança média de vida a cada ano nesse mesmo intervalo. Em 1974, a esperança média de vida era de apenas 68,2 anos.
Na população residente em 1981, com mais de 15 anos, havia cerca de 25 % de pensionistas, isto é 1 pensionista por cada 4 ativos; em 2017, existem quase 2 pensionistas por cada 4 ativos.
A Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que, a partir de 2025 e até 2050, a população portuguesa reduza entre 10 % e 15 %. Os idosos irão triplicar e os jovens reduzirão para menos de um terço do total da população.
Na década entre 2008 e 2017, o saldo natural passou a negativo, isto é, nascem menos pessoas do que aquelas que morrem. Em 2017 verificaram-se 86 154 nascimentos e 109 586 mortes. Desde 2010, deixou de estar assegurada a substituição da população ativa e contributiva. Em 2050, seremos cerca de 8 milhões e meio de residentes em