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Família Torta de Palmito
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Família Torta de Palmito
E-book151 páginas1 hora

Família Torta de Palmito

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Sobre este e-book

Quem espera encontrar uma receita no livro Família Torta de Palmito pode se decepcionar. O livro traz, sim, em pedaços como uma torta, uma receita de como podemos encontrar vida em memórias familiares de uma forma única. É a história de uma família, meio maluca e disfuncional, aos olhos de uma integrante, ora como participante ora como observadora. Através de textos curtos e longos, com uma abordagem especial em cada um deles, proporcionando uma leitura leve e aconchegante. É fácil perceber, em alguns momentos, a energia caótica, inocente e engraçada de uma criança por trás de uma escritora adulta. E, em outros momentos, a complexidade e profundidade do que é crescer e viver. O conteúdo do livro nos convida a resgatar nossas lembranças, sejam elas grandes momentos pessoais ou pequenas passagens cotidianas que nos marcaram para sempre. Tudo isso contido num vocabulário único, cujas palavras soam realmente familiares e tornam o livro perfeito para criarmos a receita da torta de palmito que quisermos.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento13 de mar. de 2023
ISBN9786525444116
Família Torta de Palmito

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    Adorei o livro, um dos melhore que já li até hoje. Recomendo

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Família Torta de Palmito - Soraya Sant´Anna

Agradecimentos

Gostaria de agradecer à Editora Viseu, pela oportunidade de publicar meu livro e, de brinde, com uma capa que me toca profundamente o coração: As meninas olhando, encantadas, para a roupa de tricô recém-finalizada pela mãe, são o meu punctum, como diria Roland Barthes. Gostaria também de agradecer a toda minha Família Torta de Palmito por sempre me incentivar a escrever e por servir de inspiração com suas histórias mirabolantes. Agradeço às minhas filhas, Laryssa e Manuela, por serem meu motivo de alegria e orgulho. Ao meu companheiro de vida e de sonhos, Hideraldo, por ser meu refúgio de mim mesma. Ao querido professor de piano, Lucas Pedroso (meu primeiro fã), primeira pessoa a quem mostrei meus manuscritos e que me incentivou a publicá-los. À linda Bruna Messina, minha pastora, pelo prefácio tão delicado e comovente (sua alma é arco-íris). Aos Oliveiras, Batistas e Sant’Annas, por fazerem parte do meu ser; carrego vocês em meu coração, meu DNA e minhas manias. Meu coração transborda de alegria. Agradecimentos a todos os meus médicos. Vocês são o meu milagre. Agradeço a Deus por tê-los colocado em meu caminho.

Prefácio

Receber o convite para escrever o prefácio deste livro foi uma grata surpresa. Quando Soraya me chamou para um café, eu já logo pensei: Iiihhhh, aí vem bomba…, pois é assim que as pastoras pensam quando outras mulheres as convidam para um café. Mas não, ela veio ao meu encontro com um envelope de papel pardo bem recheado e um leve sorriso no rosto. Vale lembrar que foi necessário reagendar esse encontro pelo menos duas vezes, o que aumentava significativamente minha ansiedade quanto ao assunto a ser tratado. Agora vamos ao livro. Família torta de palmito leva um título que não poderia ser mais adequado, afinal, conheço as criaturas alvas que sem dúvida foram inspirações para a arte da Soraya. Quanto ao conteúdo, eu diria que é a sistematização do caos em letras, espaços e sinais gráficos. Quem diria que uma frase resumiria lembranças familiares de um dia inteiro. Lendo as páginas que eu batizei (pois sou pastora, eu faço isso!) de Projeto Soraya, eu ria e chorava. Foi tão bom sentir cheiros de casa da vó, sentar-me no chão da minha imaginação e admirar de baixo para cima um quadro esquisito na parede, brincar com palavras e números sem me importar com a devida diagramação que um livro deve (na vista dos acadêmicos) apresentar. Sem dar spoilers — coisa que sou totalmente contra — preciso adiantar a expressão que me atravessou com tanta verdade, que é o que se vive em família: vivências e morrências, palavras da autora.

Assim como eu fui levada às lembranças caóticas do que é viver no seio da família expandida, que me promoveram choro e riso, dê-se o direito de aceitar o convite de Soraya para um café despretensioso que carrega uma grata surpresa, uma torta de palmito. Eu acessei memórias e pensamentos que nem eram meus, mas como já estavam em meu estômago, fiz a gentileza de me apropriar. Já vou encerrando por aqui, pois pode ser que, do muito falar, eu acabe estragando a surpresa — já disse que eu não gosto de spoilers?

Obrigada, Soraya, por me servir essa fatia privilegiada, em um belo pratinho de porcelana com arranjos florais e um garfinho de sobremesa. Para você, leitora e leitor, não se apresse, deguste. Bon appetit! Bruna Messina Sempre gostei de nomes longos para filmes: Brilho eterno de uma mente sem lembranças, O fabuloso destino de Amélie Poulain, O inglês que subiu a colina e desceu a montanha. O que mais me fascina num nome longo é a possibilidade de o enredo estar contido no título. E quase sempre está. Quando fui escolher o título do meu livro, optei, é claro, por um nome longo, mas só explico o nome mais tarde, já quase no final.

Este livro não foi escrito todo em primeira pessoa. Nem tem gênero definido. Às vezes, os gêneros masculino e feminino estão trocados. As histórias que narro são trechos que se passam com mais de uma pessoa, mas condenso em apenas uma. As características dessas pessoas estão diluídas em várias personas.

Espero que você se divirta e se emocione como eu me diverti e me emocionei ao escrevê-lo, afinal, é a história da minha família, ou pelo menos quase todas são e acho que a graça aqui é adivinhar quais são essas histórias.

Minha família é pouco convencional. Rimos de tudo, fazemos graça com a desgraça. Tiramos sarro uns dos outros. Temos conflitos, brigas, tragédias e, no final, rimos disso também. Mas quis o destino que nos separássemos das pessoas responsáveis pela aglutinação de todos: mamãe e papai. Quando coloco a palavra mamãe em primeiro lugar é porque ela era o sol, e todos nós (inclusive meu pai) orbitávamos ao redor dela. Era a nossa rainha. Mas, como toda história nem sempre tem final feliz (as melhores são sempre essas), seguimos aqui tentando encontrar um caminho de volta para casa. Vida – coisa que o tempo remenda, depois rasga.

(Guimarães Rosa)

O que a memória ama fica eterno.

(Adélia Prado)

Sempre fui fascinada por aquele quadro: a imagem de uma senhora sentada de pernas torneadas, bonitas até. Cabelos curtos quase no ombro e, em seu colo, ela tecia cestos de vime… suas longas pernas e delicados pés descalços, as mãos elegantes… ele ficava na sala da minha avó, era uma pintura a óleo. Eu ficava horas olhando para ele, absorta… mas admito que a posição do quadro não favorecia em nada o parar e observar. Ele ficava em cima da porta que dava para o resto da casa e inclinado como os quadros antigos ficavam. Apenas eu parava e observava. Para mim, a posição favorecia e muito, porque eu era criança. Imagine um quadro penso na sua direção!!! Sempre achei que fosse um retrato dela: minha avó paterna! E todos dizem que eu tenho um pouco de seu temperamento, dizem até que eu puxei suas mãos elegantes porque minha avó fazia tudo, sim, exatamente tudo, como se tivesse acabado de fazer as unhas; fiquei sabendo por sua boca que ela fora rica, que empregados eram pagos para abaná-la no calor infernal de Registro. Acho que por isso ela procurava fazer tudo de maneira elegante, principalmente costurar, que era sua profissão… ficava observando o jeito das mãos tocarem o tecido como se fosse feito de vidro, ou de uma matéria quase líquida… meu avô até fazia graça dizendo que quem havia pintado o quadro era um admirador secreto de minha avó e que estava procurando por ele… que daria uma surra nele…Só bem mais tarde, quando as ilusões da vida já tinham chegado ao fim, e a inocência da infância ido com elas, é que fiquei sabendo da real história, bem mais simples, na verdade. Era um presente de casamento dado aos pais da minha avó. Hoje o quadro está na minha sala. Herdei porque ninguém mais o quis, e papai, que notava que

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