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Meu Mineiro amor e outros contos
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Meu Mineiro amor e outros contos
E-book106 páginas1 hora

Meu Mineiro amor e outros contos

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Sobre este e-book

Nestes 12 contos, a autora nos inspira a olhar a vida por outros vieses. Ao abordar assuntos como amor, virgindade, pedofilia e escravidão, vemos o mundo pelos olhos do Mineiro, da solteirona Inês, do padre Humberto ou do querido escravo John. Sinta-se abraçado por estas histórias e vamos juntos viajar!

Meu Mineiro amor e outros contos é um livro de contos, no qual o principal trata do amor entre dois jovens de mundos distintos; nos outros contos, a autora relata a bondade humana, fala de superação e do talento existente em cada criatura de Deus. Falando, principalmente, sobre o amor.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento20 de mar. de 2023
ISBN9786525445090
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    Meu Mineiro amor e outros contos - Anna Oliveira

    Agradecimentos

    À minha avó querida, Maria Leonarda Brito; ao meu avô querido, Francisco Rodrigues Machado.

    Ao meu pai, Francisco José Ribeiro, e à minha mãe, Elisabete Brito.

    Aos meus tios, Antônio Monteiro Rodrigues e Juarez Sousa.

    E às minhas filhas, Andreza, Lauza e Lara.

    Aos meus leitores e amigos.

    Sobre a autora

    Anna Machado de Oliveira nasceu em 23 de agosto em Fortaleza, Ceará. Quando criança, na escola primária, sua redação foi escolhida como a melhor do colégio, porém fora o amor de sua avó materna que despertou na autora o gosto pela literatura. Ficava na fazenda Capão do Maxixe a ler literatura de cordel para Dona Maria Leonarda Brito.

    Meu mineiro amor

    O galo nem tinha cantado quando Mineiro seu café com broa já tinha tomado. A calça de brim, a camisa azul, os sapatos engraxados. Pegou a estrada com seus cacarecos, um sorriso nos lábios e o pensamento:

    — Desta vez eu me supero! Vou vender todas as minhas mercadorias.

    Suas mercadorias eram: panelas, penicos, bacias, toalha, ferro, toalha de mesa, lamparina, funil, corda, lampião, lanterna, lençol etc. Era tanto cacareco que não sei como Mineiro conseguia carregar. Pegou a carroça para depois pegar o trem.

    — Eita, que hoje o Sol vai nascer lindo, não choverá não.

    A cigarra anunciou:

    — O Sol vai estar brabo como boi.

    E o mineiro lá se foi. O trem atravessando a mata, o mineiro cochilando, o passageiro roncando e a criança berrando. Eita, que hoje o dia vai ser longo!

    Mineiro zelava pelo seu ganha-pão; chegou ao destino, descarregou o restante das bagagens e alugou uma carroça.

    Chegou à pensão de dona Lili, a velhinha correu para abraçá-lo.

    — Meu filho, você voltou!

    — Sim, dona Lili; e trouxe muita mercadoria boa.

    Mineiro almoçou e foi logo mostrando para d. Lili as belezuras de mercadorias.

    A senhora ficou com três panelas de ferro e uma toalha de mesa. Indicou três amigas para comprarem também.

    — Ajude o rapaz, Neusinha! Ele vai se casar – falou d. Lili.

    Mineiro passou o dia percorrendo a cidade e suas redondezas. Com sua caderneta viu quem devia e quem era bom pagador. Deu um presente para dona Lídia, a senhora viúva sempre pagava em dia e ganhou uma linda toalha do Mineiro.

    Já eram 09h30min e Mineiro ainda não havia retornado à pensão. Dona Lili estava preocupada, pois havia aparecido um ladrão vindo de Goiás que roubava e matava as vítimas.

    Mineiro chegou à pensão às 20h30min, estava estropiado de tanto andar, vendera muito e recebera o restante do dinheiro. Apenas um calote do Nestor, o homem era um trapaceiro sem pudor.

    D. Lili colocou a janta de Mineiro, deu doce de jaca que era seu preferido. A amizade dos dois já durava cinco anos, regada pelo afeto e respeito.

    Nessa noite, Mineiro tivera um sonho esquisito. Sonhara que estava com a noiva em um lindo jardim todo rodeado de flores brancas. Ouvia um barulho da cachoeira e ia se banhar, quando a noiva gritara para ele:

    — Não! Tu ainda não estás pronto!

    Foi um grito tão feio e tão longo, que Mineiro quase levou um tombo. Acordou assustado e suado e foi à cozinha beber um pouco de água. Ficou refletindo sobre o sonho, seria algum aviso?

    Não, deve ser o casório que se aproxima, estou nervoso. Voltou para cama, entretanto não conseguiu mais dormir.

    Passadas algumas horas, ouviu d. Lili bater nas panelas. Ela estava a preparar o desjejum para os hóspedes que naquela manhã eram apenas oito. O Mineiro partiu, dessa vez foi para uma tristeza louca. Dessas que arregaçam a alma e sangram o coração.

    Estava o Mineiro com 26 anos, todo faceiro, todo medonho e as coisas já tinha comprado. A casa ganhara de herança do avô Geraldo. Uma casinha feia, toda desenxabida, esfolada, sem brilho, apagada. Mineiro, caprichoso que só, chamou Toinho pintor e disse:

    — Amigo, me ajude, quero transformar esta casa num palácio da alvorada!

    Toinho franziu a testa, mordeu os lábios e disse:

    —Vai dar trabaio, Mineiro, a casa está despencando!

    Pegaram cimento, cal, terra etc. Foram tapando os buracos, ajeitando aqui, ajeitando acolá, consertando as paredes. Uma mão de cal e depois a tinta branca, cobrindo as feiuras da casa.

    As janelas desgrenhadas e a madeira apodrecida foram substituídas por madeira novinha, trazida de Alagoinha. Mineiro sorria:

    —Tá ficando bom, Toinho, tá ficando bom, homem de Deus!

    Em trinta e um dias se acabou tudo. Os dois amigos estropiados se deitaram no alpendre da casa no chão e foram prosear:

    — Ficou uma belezura, não é, Toinho?

    — Dessa vez, compadre, tenho que confessar, pensei que a casa feia fosse despencar. Cada vez que mexia, alguma coisa desabava, mas o alicerce dela é bom, aguentou o repuxo.

    — Ficou muito bom o conserto!

    Mineiro pagou o Toinho, que não queria receber:

    — Oxe, homem, é meu presente de casamento.

    — Deixe de loucura, tu tens seis filhos para criar e a comadre precisa de dinheiro.

    — Está certo, Mineiro, entretanto vou te dar uma ovelha do meu pequeno rebanho. – Mineiro aceitou.

    — Glória! Glorinha! Vem cá, amor!

    — Já estou indo, meu sonho, meu amor. – Glória foi ver a casinha onde os dois iriam morar. Quando chegou e viu a casa branquinha de alpendre, as janelas de madeira nova pintadas de azul-marinho, vasos de flores enfeitando a entrada, luminárias na frente, ficou tão entusiasmada, que disse:

    — Caso amanhã mesmo se quiseres, meu Mineiro amor.

    — Então, querida, vou botar os papéis no cartório amanhã mesmo.

    Tudo corria tranquilo, os fazendeiros esperando a colheita do café, outros esperando ter bom lucro com a venda dos queijos e leite. D. Diocina, a doceira do Ceará, esperando lucrar na festa de Nossa Senhora dos Desesperados. A cidade pequenina de Minas Gerais estava toda sabendo que mineiro caixeiro-viajante e Glória professora de História iriam se casar.

    O pai de Glória mandara fazer o vestido em São Paulo, por uma grande costureira: Laurinda Monteiro Colher. Os docinhos foram feitos por D. Diocina. Seria um casamento muito lindo.

    O vestido de Glória era branco, rendado e comprido. Uma linda tiara de pedras preciosas o padrinho Moraes mandara fazer. Moraes era o fazendeiro mais rico das Minas Gerais, tinha terra que a vista não alcançava e um imenso amor fraternal por Glória.

    O pai preferia um doutor para casar-se com Glória, mas Mineiro era muito inteligente e trabalhador, cativara o seu sogro e a sogra. Mineiro herdara uma chácara e uma casa do avô. Então, o pai de Glória se

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