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Estudos de Lexicologia, Lexicografia, Terminologia e Terminografia das Línguas de Sinais
Estudos de Lexicologia, Lexicografia, Terminologia e Terminografia das Línguas de Sinais
Estudos de Lexicologia, Lexicografia, Terminologia e Terminografia das Línguas de Sinais
E-book927 páginas9 horas

Estudos de Lexicologia, Lexicografia, Terminologia e Terminografia das Línguas de Sinais

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Sobre este e-book

O livro Estudos de Lexicologia, Lexicografia, Terminologia e Terminografia das Línguas de Sinais é uma coletânea de trabalhos que, de forma multidisciplinar, vem contribuir com o fortalecimento dos estudos linguísticos da Língua de Sinais Brasileira, que tem assumido um lugar de destaque no país. As reflexões desta coletânea ampliam os horizontes por meio de diferentes perspectivas e da ampla discussão teórico-prático, com as diversas áreas do conhecimento. As contribuições aqui presentes são discussões de diferentes autores, Surdos e não-surdos, de diversas regiões do Brasil e linhas teóricas que se articulam com os Estudos Culturais, a tradução, a interpretação, a Ciência natural, a Ciência Humana, a História, a variação linguística, a Educação, a Tecnologia, os Estudos sobre gênero e orientação sexual, a Saúde, a Música, a Teologia, Linguística de corpus, a onomástica, a acessibilidade e, obviamente, a Linguística das Línguas de Sinais, contribuindo com o fortalecimento e o enriquecimento da produção bibliográfica sobre os estudos das línguas de sinais.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento15 de mar. de 2023
ISBN9786525002187
Estudos de Lexicologia, Lexicografia, Terminologia e Terminografia das Línguas de Sinais

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    Estudos de Lexicologia, Lexicografia, Terminologia e Terminografia das Línguas de Sinais - Daniela Prometi

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    Sumário

    INTRODUÇÃO

    LINGUÍSTICA DE LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA: ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO NO INSTITUTO DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

    Rozana Reigota Naves

    A TERMINOLOGIA E A LÍNGUA DE SINAIS NO CONTEXTO DA ACESSIBILIDADE LINGUÍSTICA

    Enilde Faulstich

    COMO DICIONARIZAR UMA LÍNGUA GESTUAL EMERGENTE? O CASO DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

    Ana Mineiro

    REGISTRO DO LÉXICO NA PERSPECTIVA DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA DA LIBRAS

    Gláucio Castro Júnior

    A ORGANIZAÇÃO DE OBRAS TERMINOGRÁFICAS BILÍNGUES LÍNGUA DE SINAIS – LÍNGUA PORTUGUESA: UMA PROPOSTA TERMINOLÓGICA

    Patricia Tuxi

    O CONFLITO ENTRE O IN VIVO E O IN VITRO NO ADVENTO DA TERMINOLOGIA EM LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA: EM BUSCA DO EQUILÍBRIO

    Sandra Patrícia de Faria-Nascimento

    ELABORAÇÃO DE DICIONÁRIO BILÍNGUE DA LIBRAS PARA TRADUÇÃO AUTOMÁTICA: PULØ, PRODEAF, VLIBRAS

    Tanya A. Felipe

    TERMINOLOGIA DE BIOLOGIA:A (RE)CONSTRUÇÃO DE UM GLOSSÁRIO CIENTÍFICO NO SPREAD THE SIGN

    Tathianna Prado Dawes

    Mônica Maria Guimarães Savedra

    Wilma Favorito

    TERMINOLOGIA EM LIBRAS: COLETA E REGISTRO NO AMBIENTE ACADÊMICO

    Hadassa Rodrigues Santos

    CONCEPÇÃO: A CRIAÇÃO DE SINAIS PARA IDENTIDADE SURDA

    Juliana Fernandes Montalvão Mateus

    Ana Regina e Souza Campello

    Bruno Bueno Lima de Sousa

    Ítalo Urbano Barros Fernandes

    CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA E LINGUÍSTICA DO QR CODE NA DIVULGAÇÃO DE SINAIS-TERMO EM LIBRAS DOS ESPAÇOS TURÍSTICOS DO BRASIL

    Gláucio de Castro Júnior

    Daniela Prometi

    Francilene Machado de Almeida

    Maria do Carmo Callado

    Victor Hugo Oliveira Mota

    OS SINAIS UTILIZADOS NO CONTEXTO DE GÊNERO, IDENTIDADE DE GÊNERO E ORIENTAÇÕES SEXUAIS DA COMUNIDADE SURDA LGBT+ DE BRASÍLIA: COLETA, REGISTRO E ANÁLISE CONCEITUAL

    Eduardo Felten

    Marcus Vinícius S. de Almeida

    GLOSSÁRIO BILÍNGUE DA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA: SINAIS-TERMO DA ÁREA DA MÚSICA

    Daniela Prometi

    GLOSSÁRIO DE SINAIS-TERMO NA ÁREA DE NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO EM LIBRAS

    Betty Lopes L’Astorina de Andrade

    GLOSSÁRIO DE SINAIS-TERMO RELIGIOSOS EM LIBRAS

    Brenno Barros Douettes

    O ESTUDO DE SINAIS-TERMO NO CONTEXTO DA LINGUÍSTICA FORENSE

    Maria de Fátima Félix Nascimento

    Alex Silva Alves

    O PROJETO: ACESSIBILIDADE VIDEOGRÁFICA NAS CAMPANHAS DO MINISTÉRIO DA SAÚDE: A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS COMO INSTRUMENTO DE ACESSO A INFORMAÇÃO PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE

    Gláucio Castro Júnior

    Daniela Prometi

    Patricia Tuxi

    Victor Hugo Oliveira Mota

    Maria do Carmo Callado

    A LEXICOGRAFIA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS: ONTEM, HOJE E AMANHÃ

    Joyce Cristina Souza

    Gladis Maria de Barcellos Almeida

    FILOSOFIA EM LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA: UM ESTUDO TERMINOLÓGICO COM A LINGUÍSTICA DE CORPUS

    Mônica Braz de Souza

    LEXICOGRAFIA DA LIBRAS: MAPEANDO AS CIDADES DO RECÔNCAVO DA BAHIA

    Emmanuelle Félix dos Santos

    Fabíola Morais Barbosa

    Ione Barbosa de Oliveira Silva

    LÉXICO TRILÍNGUE DA LÍNGUA YORÙBA PARA A LIBRAS: ESTUDOS TERMINOLÓGICOS

    Wemerson Meira Silva

    João Diogenes Ferreira Santos

    Viviane Sales Oliveira

    BANCO TERMINOLÓGICO EM LIBRAS: PROPOSIÇÕES LEXICAIS PARA OS TERMOS EM LIBRAS DAS DISCIPLINAS DO MESTRADO EM LETRAS – UFSJ

    Beatriz Evangelista de Oliveira

    Cleuzilaine Vieira da Silva

    Marcos Pereira Feitosa

    A REDUPLICAÇÃO COMO FENÔMENO PRODUTIVO NO LÉXICO DA LÍNGUA BRASILEIRADE SINAIS (LIBRAS)

    Fabiane Elias Pagy

    GLOSSÁRIOS E VOCABULÁRIOS DE LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA: FERRAMENTAS DE CONSULTA PRÉVIA NA PREPARAÇÃO PARA A INTERPRETAÇÃO

    Eduardo Felten

    Tiago Coimbra Nogueira

    O TRABALHO DE TRADUÇÃO DO INVENTÁRIO DE SINAIS-TERMO DO CAMPO DO PATRIMÔNIO CULTURAL EM LIBRAS

    Fabiane Elias Pagy

    Ellen Correia Araújo

    INTERPRETAÇÃO DA ENTONAÇÃO EXPRESSIVA PARA LÍNGUA DE SINAIS TÁTIL: LÉXICO E LINGUAGEM ESPECIALIZADA

    Vânia de Aquino Albres Santiago

    A LÍNGUA DE SINAIS NA COMUNICAÇÃO COM O SURDOCEGO: EM BUSCA DE UMA MODALIDADE LINGUÍSTICA

    Wolney Gomes Almeida

    ACESSIBILIDADE DO PATRIMÔNIO LINGUÍSTICO, CULTURAL E HISTÓRICO EM LIBRAS DA CIDADE DE SALVADOR - BAHIA

    Nanci Araújo Bento

    Erivaldo de Jesus Marinho

    REGISTRO DE SINAIS-TERMO DO CAMPO DO PATRIMÔNIO CULTURAL DE CUIABÁ - MATO GROSSO

    Cirlene Alves Rodrigues Tiago

    Débora de França Martins Mazur

    Mariana Miranda Máximo

    Shirley Marques de Souza Benevides

    SOBRE OS AUTORES

    ESTUDOS DE LEXICOLOGIA, LEXICOGRAFIA,

    TERMINOLOGIA E TERMINOGRAFIA

    DAS LÍNGUAS DE SINAIS

    Editora Appris Ltda.

    1.ª Edição - Copyright© 2022 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98. Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores. Foi realizado o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nos 10.994, de 14/12/2004, e 12.192, de 14/01/2010.

    Catalogação na Fonte

    Elaborado por: Josefina A. S. Guedes

    Bibliotecária CRB 9/870

    Livro de acordo com a normalização técnica da ABNT

    Editora e Livraria Appris Ltda.

    Av. Manoel Ribas, 2265 – Mercês

    Curitiba/PR – CEP: 80810-002

    Tel. (41) 3156 - 4731

    www.editoraappris.com.br

    Printed in Brazil

    Impresso no Brasil

    Daniela Prometi

    Erivaldo de Jesus Marinho

    Gláucio de Castro Júnior

    Patricia Tuxi

    (org.)

    ESTUDOS DE LEXICOLOGIA, LEXICOGRAFIA,

    TERMINOLOGIA E TERMINOGRAFIA

    DAS LÍNGUAS DE SINAIS

    AGRADECIMENTOS

    Agradecimento especial a Fundação de Apoio a Pesquisa no Distrito Federal - FAPDF que nos oportunizou, por meio do Edital n.º 02/2018 - PROMOÇÃO, REALIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS, transformar esse sonho acadêmico e social em realidade. Por ser uma obra com pesquisadores de todo o território nacional e uma pesquisadora internacional, todos com representação no âmbito da Língua Brasileira de Sinais — Libras e das línguas de sinais, sem o apoio da FAPDF, não teríamos conseguido reunir todos esses importantes trabalhos para a área de Lexicologia, Lexicografia, Terminologia e Terminografia das línguas de sinais. Obrigado FAPDF!

    INTRODUÇÃO

    O Estudos de Lexicologia, Lexicografia, Terminologia e Terminografia das Línguas de Sinais é composta por vinte e sete ensaios e traz reflexões de diferentes autores, Surdos e não-surdos, de diversas regiões do Brasil e linhas teóricas, mas que possuem em comum: o desejo de contribuir com as pesquisas sobre Lexicologia, Lexicografia, Terminologia e Terminografia, áreas em crescimento de estudos e pesquisas da Língua de Sinais Brasileira - LSB, mas ainda incipientes se comparadas com as línguas orais.

    Os trabalhos aqui reunidos articulam e estreiam novas perspectivas da Lexicologia, Lexicografia, Terminologia e Terminografia da Língua de Sinais Brasileira com os estudos culturais, a tradução, a interpretação, a ciência natural, a ciência humana, a história, a variação linguística, a educação, a tecnologia, estudos sobre gênero e orientação sexual, a saúde, a música, a teologia, linguística de corpus, a onomástica, a acessibilidade e, obviamente, a Linguística das Línguas de Sinais.

    O capítulo que abre o livro de Estudos de Lexicologia, Lexicografia, Terminologia e Terminografia das Línguas de Sinais é o ensaio Linguística de Língua de Sinais Brasileira: Ensino, Pesquisa e Extensão no Instituto de Letras da Universidade de Brasília. Nele, Rozana Reigota Naves apresenta um registro institucional de projetos acadêmicos desenvolvidos no Instituto de Letras da Universidade de Brasília, que possui uma tradição de 20 anos com projetos e ações, nos três pilares indissociáveis entre ensino, pesquisa e extensão, voltadas para a comunidade Surda, assim como para a LSB e, como essas atividades têm contribuído para fortalecimento e os estudos da Linguística da LSB, como área de estudos e pesquisa.

    O léxico das Língua de Sinais Brasileira assumiu lugar de destaque no país, afirma Enilde Faulstich. No capítulo A Terminologia e a Língua de Sinais no Contexto da Acessibilidade Linguística, a autora abre uma discussão sobre o sujeito linguístico surdo e a diversidade linguística e social que ele vive, além de desenvolver uma provocação sobre o que seria acessibilidade à educação linguística, discutir a Terminologia do léxico e o porquê da criação da expressão sinal-termo, como sinal e termo exclusivo da língua de sinais para o discurso especializado.

    O capítulo Como dicionarizar uma língua gestual emergente? O caso de São Tomé e Príncipe, da autora Ana Mineiro, traz um registro sobre o nascimento e registro de uma nova língua gestual em São Tomé e Príncipe, a partir do projeto linguístico e humanitário Sem Barreiras, que promoveu um espaço de encontro Surdo x Surdo. O estudo apresenta reflexões sobre os desafios, os procedimentos e as decisões tomadas para a dicionarização da Língua Gestual de São Tomé e Príncipe, a fim de registrar a língua em uso, mesmo em uma fase emergente.

    A diversidade linguística brasileira é rica e instigante e, nesta perspectiva, a variação da Língua Brasileira de Sinais – Libras é um campo promissor de estudos e investigação. O trabalho de Gláucio de Castro Júnior, no texto Registro do léxico na perspectiva da variação linguística da Libras, focaliza os estudos da Variação Linguística da Língua de Sinais desenvolvidos no Núcleo de Estudo e Pesquisa da Variação Linguística da Libras (Núcleo Varlibras) do Instituto de Letras da Universidade de Brasília (IL/UnB). Sendo precursor dos estudos sobre Variação Linguística da Libras em 2008, o autor teoriza sobre o conceito de Diversidade Linguística, o lugar dela no contexto socioeducacional e a na aprendizagem e os procedimentos para registros de sinais-termo em Libras, levando em consideração a variação linguística.

    Devido a modalidade visual-espacial da Libras, muito se discute sobre a análise, descrição e registro de sinais e sinais-termo nesta língua. No texto A organização de obras terminográficas bilíngues Língua de Sinais – Língua Portuguesa: uma proposta terminológica, a autora Patricia Tuxi traz reflexões e questionamentos sobre o registro de uma língua de Sinais. Após uma discussão teórica e adaptando o roteiro sobre a avaliação de dicionários de Faulstich (1998; 2011), a autora analisa as macroestruturas e as microestruturas de 06 glossários bilíngues em que uma das línguas é de sinais e apresenta uma proposta de organização e registro para glossário bilíngue do par linguístico Língua Brasileira de Sinais – Libras e Língua Portuguesa, de acordo com o princípio da Terminologia da Língua de Sinais.

    Nomear as coisas é uma ação, um ato histórico. A partir de uma série de questionamentos e reflexões, o capítulo O conflito entre o in vivo e o in vitro no advento da terminologia em Língua de Sinais Brasileira: em busca do equilíbrio, da autora Sandra Patrícia de Faria-Nascimento, baseando-se nas reflexões de Calvet (2007) e Schermer (2012), a autora defende a Terminologia em LSB como uma área em surgimento, que implica na discussão de política linguística. Mas, alerta que essa área de estudo não visa fabricar terminologia com produções em série de sinais-termo aleatórios, construídos de forma arbitrária, imprevisível, o que pode levar a uma ação irresponsável e acarretar um desserviço à LSB. A autora discute e diferencia a produção de sinais-termo in vivo e in vitro, o surgimento do léxico e dos termos, a criação de sinais-termo em contextos de uso, a composição do fundo lexical da LSB, o que se deve levar em consideração na criação terminológica em LSB, in vitro, os mitos e as verdades sobre a validação dos sinais-termo in vivo e in vitro e a importância das pesquisas sobre sinais-termo e as implicações na criação de materiais didáticos.

    No capítulo Elaboração de dicionário bilíngue da LIBRAS para tradução automática: PULØ, PRODEAF, VLIBRAS, da autora Tanya Felipe, encontramos uma discussão sobre tradução automática e a elaboração de obras lexicográficas em Libras. O trabalho apresenta um resumo sobre as discussões levantadas durante o minicurso ministrado pela autora no I Congresso Internacional de Lexicologia, Lexicografia, Terminologia e Terminografia das línguas de Sinais, que aconteceu na Universidade de Brasília - UnB, em 2018. A ensaísta relata o histórico, os procedimentos para criação e as características de um dos primeiros dicionários digitais criado em 2001, o Dicionário Digital da Libras - Versão 1.0 e, posteriormente, a Versão 2.0, ambos sob sua coordenação, que mais tarde gerou o projeto criação do Tradutor Automático para a tradução de Português para a Libras, utilizando um Avatar inteligente. A autora também relata a sua participação nos projetos ProDeaf e VLibras, apresenta os procedimentos utilizados na criação destes tradutores automáticos e o projeto de um novo dicionário digital online, com as atividades a serem realizadas.

    A criação de obras lexicográficas em Libras em diversas áreas do conhecimento tem crescido consideravelmente. O trabalho Terminologia de Biologia: a (re)construção de um glossário científico no Spread The Sign, dos autores Tathianna Prado Dawes, Mônica Maria Guimarães Savedra e Wilma Favorito, apresenta o projeto de extensão denominado Spread The Sign Sudest e um breve histórico das duas edições do Fórum Internacional sobre Produção de Glossários e Dicionários em Língua de Sinais, que ocorreram na Universidade Federal Fluminense e na Universidade de Brasília, em 2018. Os autores destacam algumas as obras lexicográficas, impressas e online, da Libras e uma breve apresentação sobre os Estudos de Terminologia e Lexicografia em Libras e a (re)construção do glossário Spread The Sign Sudeste, que trata de sinais-termo da área de Biologia, apresentando as características e os procedimentos adotados.

    Ampliando a discussão sobre a coleta e registo de terminologias em Libras, o capítulo Terminologia em LIBRAS: coleta e registro no ambiente acadêmico, da autora Hadassa Rodrigues Santos, discorre sobre as unidades terminológicas em Libras e a importância da constituição de corpora. Discutindo sobre as características da linguagem de especialidade e a interface entre a Terminologia e a Linguística de Corpus, a autora explica a relevância da corpora como base para o trabalho terminográfico, além de apresentar um recorte de produções lexicográficas e terminográficas em Libras e sua importância para o contexto educacional.

    Todo ser humano é um indivíduo multifacetado, possui múltiplas identidades. O ensaio Concepção: a criação de sinais para identidade surda, dos autores Juliana Fernandes Montalvão Mateus, Ana Regina e Souza Campello, Bruno Bueno Lima de Sousa e Ítalo Urbano Barros Fernandes, é apresentada uma discussão sobre a Identidade Surda, os procedimentos e os sinais-termo criados para cada tipo das diferentes Identidades Surdas classificadas por Perlin (2006): Política, Híbrida, Flutuante, Embaçada, Transição, Diáspora e Intermediária.

    A tecnologia é uma aliada do ser humano e tem contribuído muito com os registros e divulgação da Libras. No artigo Contribuição tecnológica e linguística do QR CODE na divulgação de sinais-termo em Libras dos espaços turísticos do Brasil, dos autores Gláucio de Castro Júnior, Daniela Prometi, Francilene Machado de Almeida, Maria do Carmo Callado e Victor Hugo Oliveira Mota, encontramos como a tecnologia do QR Code pode facilitar o acesso às pessoas Surdas às informações em espaços turísticos. Após discussão sobre o processo de nomeação dos sinais-termo, os autores apresentam um modelo turístico em Língua de Sinais Brasileiras – Libras dos espaços turísticos para as seguintes capitais: Brasília, Goiânia, Rio de Janeiro e Florianópolis, onde afirmam que o QR Code dentro do folheto turístico facilita o acesso das pessoas Surdas aos sinais-termo do Espaços Turísticos do Brasil e que essa tecnologia pode ser utilizada como ferramenta dentro da Terminologia Bilíngue, onde Surdos podem abrir o vídeo e visualizar o sinal-termo ou o texto em Libras em qualquer lugar.

    Levantando discussões e fazendo interface com as Ciências Humanas, o capítulo Os sinais utilizados no contexto de gênero, identidade de gênero e orientações sexuais da comunidade surda LGBT+ de brasília: coleta, registro e análise conceitual, dos autores Eduardo Felten e Marcus Vinícius S. de Almeida, com base nos estudos lexicais e terminológicos da Libras, bem como por meio do estudos de Gênero, Diversidade de Gênero e Orientação Sexual, apresentam reflexões e os procedimentos metodológicos que deram origem ao glossário semi-bilíngue do par linguístico Português-Libras com alguns sinais-termo sobre identidade e diversidade de gênero, resultado de uma pesquisa do Programa de Iniciação Científica-ProIC da Universidade de Brasília - UnB, desenvolvido no Laboratório de Linguística da Língua de Sinais Brasileira (LabLibras) do Instituto de Letras da UnB, com a participação da Comunidade Surda LGBT+.

    Música para Surdo? Surdos se interessam por música? Esses e outros questionamentos são discutidos no capítulo Glossário bilíngue da Língua de Sinais Brasileira: sinais-termo da área da Música, da autora Daniela Prometi. A autora discute sobre a importância do bilinguismo na educação de Surdos, os desafios dos Surdos frente aos vocábulos da língua portuguesa, reflete sobre a relação do Surdo com a música, culminando com os procedimentos, a organização e a construção do glossário terminológico bilíngue (Libras – Português), composto por 52 sinais-termo usados com mais frequência na leitura da partitura musical e na leitura teórica, contribuindo assim na educação musical para Surdos.

    Trazendo à tona a discussão sobre a importância da educação alimentar acessível às pessoas Surdas, a autora Betty Lopes L’Astorina de Andrade, no texto Glossário de sinais-termo na área de Nutrição e alimentação em Libras, ao apresentar uma proposta e organização de um glossário terminológico, em Língua Brasileira de Sinais, da área de nutrição e alimentação. A autora discute sobre a função social do glossário diante das discussões atuais sobre alimentação e vida saudável. As discussões sobre a temática iniciaram no grupo no Facebook, denominado Ecologia, alimentação e vida saudável, totalmente em Língua Brasileira de Sinais - Libras, composto por 299 membros, Surdos e ouvintes formados e/ou atuam na área de alimentação e nutrição. A partir dos debates de temas variados no grupo, que favoreceram a coleta e a validação dos sinais-termo, foi criado uma proposta de um glossário multilíngue em Libras, ASL (American Sign Language, Língua de Sinais Americana) e LSF (Langue des Signes Française, Língua de Sinais Francesa).

    Nos Estudos da Tradução a Bíblia é considerada um texto sensível, pois a sua tradução envolve e pode afetar questões culturais, crenças, ideologias e valores de diversas sociedades que a recebe. No trabalho Glossário de sinais-termo religiosos em Libras, Brenno Barros Douettes apresenta uma breve discussão sobre o que seria uma boa tradução para a comunidade Surda e os procedimentos realizados que deram origem a proposta do glossário semibilíngue de termos religiosos bíblicos. Os dados foram coletados de três manuais de Libras das religiões pesquisadas: Católica, Evangélica (Batista) e Testemunhas de Jeová. O autor apresenta as etapas de tradução dos conceitos dos léxicos religiosos para Libras e de validação, que geraram o Glossário de Termos Bíblicos em Libras, com 93 sinais-termo bíblicos coletados da categoria de personagens bíblicos.

    A partir das discussões interdisciplinar entre Terminologia, Terminologia em Libras e Linguística Forense, as discussões do capítulo O estudo de sinais-termo no contexto da Linguística Forense, dos autores Maria de Fátima Félix Nascimento e Alex Silva Alves, visam contribuir com a compreensão de terminologias da área criminal e policial para a comunidade Surda. A partir dos verbos de ação-processo extraídos do livro Lexicologia: a linguagem do noticiário policial (FAULSTICH, 1980), os autores apresentam o processo de criação de um glossário bilíngue de sinais-termo forenses de ação-processo, que foram coletados e analisados no Laboratório de Linguística de Língua de Sinais Brasileira – LabLibras, da Universidade de Brasília – UnB.

    As campanhas publicitárias televisivas do Ministério da Saúde são um meio de alertar, orientar ou esclarecer a população sobre diversos assuntos da saúde com abrangência âmbito nacional. O projeto Acessibilidade videográfica nas campanhas do Ministério da Saúde: a Língua de Sinais Brasileira como instrumento de acesso à informação para promoção da Saúde é apresentado no capítulo O projeto: acessibilidade videográfica nas campanhas do Ministério da Saúde: a Língua Brasileira de Sinais como instrumento de acesso a informação para promoção da saúde, dos autores Gláucio de Castro Júnior, Daniela Prometi, Patricia Tuxi, Victor Hugo Oliveira Mota e Maria do Carmo Callado, desenvolvido na Universidade de Brasília pelo Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas – LIP, com financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal – FAPDF. O objetivo do projeto foi investigar as Terminologias Lexicais no que se refere à saúde, e ainda inserir a acessibilidade visual da língua de sinais nas campanhas do Ministério da Saúde. Os autores discutem a acessibilidade nas campanhas videográficas do Ministério da Saúde, as políticas públicas de inclusão no âmbito da saúde, o acesso da pessoa surda aos serviços de saúde e os resultados alcançados com o projeto, visando contribuir com campanhas acessíveis em Libras para a sociedade.

    As autoras Joyce Cristina Souza e Gladis Maria de Barcellos Almeida, no ensaio A Lexicografia da Língua Brasileira de Sinais: ontem, hoje e amanhã, trazem uma reflexão teórica sobre a Libras e a Lexicografia. As autoras trazem uma breve discussão sobre as pesquisas iniciais da língua de sinais, seus aspectos linguísticos e lexicográficos. Ao discutir o ontem é apresentado um breve histórico sobre a lexicografia da língua de sinais e, por meio de um quadro, as autoras apresentam e analisam um repertório lexicográfico de 18 obras impressas, no período de 1875 e 2017. Para tratar do hoje analisam e apresentam um repertório lexicográfico da língua de sinais publicado a partir do ano de 2001, no formato impresso e digital, com reflexões sobre os dicionários da Libras. As autoras finalizam com o amanhã, apresentando propostas de dicionários bilíngues para produção, compreensão e tradução, com as suas respectivas definições e características, para os públicos: falantes de Libras e falantes de português.

    No capítulo Filosofia em Língua de Sinais Brasileira: um estudo terminológico com a linguística de corpus, Mônica Braz de Souza, balizada em algumas ferramentas da Linguística de Corpus - LC, apresenta uma proposta de um Glossário de Filosofia em LSB voltado para a Educação Básica. A autora alerta que a forma como alguns Glossários da LSB são criados pode acarretar consequências ruins para ampliação lexical da língua. De caráter transdisciplinar, o trabalho apresenta a contribuição da LC na elaboração do Glossário Terminológico em LSB, detalha os passos para o levantamento e a seleção dos dados, por meio de ferramentas computacionais, a seleção, a sistematização e a análise do corpus, a elaboração dos conceitos na língua portuguesa, que serviram para a elaboração de mapas conceituais, e a organização do banco de dados.

    No ensaio Lexicografia da Libras: mapeando as cidades do recôncavo da Bahia, das autoras Emmanuelle Félix dos Santos, Fabíola Morais Barbosa e Ione Barbosa de Oliveira Silva, é apresentado um recorte de uma pesquisa, de natureza onomástica, com os sinais de cinco cidades do Recôncavo da Bahia: Amargosa, Santo Antônio de Jesus, Cruz das Almas, Cachoeira e Nazaré. Os topônimos foram analisados levando em consideração a motivação para constituição desses sinais, especialmente, os fatores extralinguísticos como aspectos de natureza física, histórica, cultural etc., assim como a estrutura lexical desses sinais. A pesquisa destaca a importância dos estudos da lexicografia da Libras e os passos no desenvolvimento do trabalho, utilizando a descrição do sinal através da estrutura proposta por Lessa-de-Oliveira (2012, 2019) e, apesar de não ser o foco e não aprofundar nas discussões, o artigo apresenta as variantes para alguns sinais encontrados.

    Èdè Làmì é uma expressão da língua Yorubá que significa Língua de Sinais no português. No capítulo Léxico trilíngue da língua Yorùba para a Libras: estudos terminológicos, os autores Wemerson Meira Silva, João Diogenes Ferreira Santos e Viviane Sales Oliveira, apresentam o Projeto Èdè Làmì, de pesquisa e extensão, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Neste projeto, segundo os autores, se discute temas da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Libras, estudos linguísticos, históricos, culturais e identitários das pessoas Surdas, assim como a sua inclusão nos diversos espaços sociais, além da proposta de construção de um léxico alfabético trilíngue, apresentando como língua fonte o idioma africano Yorùbá falado no Candomblé e a língua alvo a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Os autores discutem a Lei 10.639/2003 e a importância do acesso às pessoas Surdas ao ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana no currículo regular, por meio da Libras, a necessidade de léxicos especializados que levem em consideração os traços culturais dessa língua e apresentam uma ficha terminológica trilíngue (Português, Yorùbá e Libras), com um recorte de 9 sinais-termo.

    No trabalho Banco terminológico em Libras: proposições lexicais para os termos em Libras das disciplinas do mestrado em Letras – UFSJ, dos autores Beatriz Evangelista de Oliveira, Cleuzilaine Vieira da Silva e Marcos Pereira Feitosa, encontramos uma pesquisa em tradução do par Linguístico Libras/Língua Portuguesa, da UFSJ - Universidade Federal de São João del-Rei, desenvolvida a partir do estudo do léxico da linha de pesquisa Literatura e Teoria Literária, devido ao ingresso de um mestrado Surdo no Programa de Pós-graduação em Letras na UFSJ. O trabalho salienta a importância de um banco de dados para a atividade tradutória e reconhece a necessidade de pesquisas, de conhecimento da área e os aspectos da cultura sarda e da Libras para a sua criação. Após detalhar a metodologia da pesquisa, os autores apresentam alguns sinais-termo que compõem o banco terminológico que está na fase de elaboração de um sistema de busca online.

    Reduplicação é um fenômeno linguístico presente nas línguas naturais, mas não exclusivo das línguas orais. No ensaio A reduplicação como fenômeno produtivo no léxico da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) da autora Fabiane Elias Pagy, teoriza sobre a presença da reduplicação na Libras. Para tanto, é realizada uma discussão sobre os aspectos linguísticos da Libras, como o fenômeno acontece na Libras, por meio de exemplos práticos, e a sua relação com o léxico da Libras, uma vez que, segundo a autora, esse fenômeno favorece à criação de novos sinais. Neste último caso, a autora destaca e reforça sobre a importância de os falantes da Libras conhecerem o fenômeno da reduplicação.

    A discussão sobre materiais lexicográficos como apoio à atividade de tradutória é discutida em Glossários e vocabulários de Língua de Sinais Brasileira: ferramentas de consulta prévia na preparação para a interpretação, dos autores Eduardo Felten e Tiago Coimbra Nogueira. Neste ensaio, os autores apresentam e discutem, de forma interdisciplinar, a Terminologia, os Estudos da Tradução e a LSB ao apresentar os conhecimentos e as competências necessárias da terminologia para tradutores. Apresentam e refletem sobre algumas de ferramentas de pesquisas e de apoio aos tradutores e intérpretes de língua de sinais e português – Tilsp e materiais terminológicos em Libras de diversas áreas de conhecimento, publicados por meio de pesquisas científicas.

    Ampliando a discussão interdisciplinar entre Tradução, Terminologia e Libras, o capítulo O trabalho de tradução do inventário de sinais-termo do campo do patrimônio cultural em libras, das autoras Fabiane Elias Pagy e Ellen Correia Araújo, apresenta aspectos teórico-práticos e o passo a passo que envolveu a atividade de tradução de textos do projeto de extensão da Universidade de Brasília (UnB), em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), visando dar acesso às pessoas Surdas aos Bens Culturais Nacionais, por meio de ações, atividades e materiais acessíveis em Libras.

    A autora Vânia de Aquino Albres Santiago, no capítulo Interpretação da entonação expressiva para língua de sinais tátil: léxico e linguagem especializada, desenvolve uma reflexão oportuna sobre as adaptações e o léxico específico durante a guia-interpretação para a língua de sinais tátil na interpretação em contextos de apresentação monológica. A autora conceitua o que é uma pessoa Surdacega, as principais causas, as principais condições da pessoa com visão subnormal e as implicações na forma de comunicação e no trabalho desenvolvido durante a guia-interpretação que implicam nas decisões tradutórias frente o uso de diferentes unidades lexicais, pois um item lexical simples pode vir a produzir outros diferentes sentidos, a depender da situação de uso e da função que assume na sentença.

    Modalidade Tátil - Seria uma terceira modalidade de língua? Essa e outras perguntas e inquie­tações são discutidas pelo autor Wolney Gomes Almeida, no texto A língua de sinais na comunicação com o surdocego: em busca de uma modalidade linguística, traz reflexões sobre como as línguas de sinais podem contribuir para os estudos linguísticos. As provocações apresentadas no ensaio se devem às formas de comunicação utilizadas por pessoas surdocegas. Neste sentido, a pergunta-chave deste capítulo é: qual modalidade linguística é falada por surdocegos no uso da língua de sinais, que não apresentam o canal visual como elemento preceptor na comunicação? Apesar de provocações ainda iniciais, as reflexões apresentadas sobre a modalidade háptica ou modalidade tátil pode ser considerada uma terceira modalidade de língua.

    E sobre a diversidade cultural e linguística brasileira? No capítulo Acessibilidade do patrimônio linguístico, cultural e histórico em Libras da cidade de Salvador - Bahia, dos autores Nanci Araújo Bento e Erivaldo de Jesus Marinho, é apresentado dados parciais do Inventário Nacional de Sinais-Termo do Campo do Patrimônio Artístico, Cultural Histórico de Salvador - Bahia, que faz parte do Projeto Inventário Nacional de Sinais-Termo do Campo do Patrimônio Artístico, Cultural e Histórico do Brasil em Libras, coordenado pelo Prof. Dr. Gláucio de Castro Júnior e desenvolvido no Núcleo de Estudo e Pesquisa da Variação Linguística - Núcleo Varlibras do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas - LIP da Universidade de Brasília - UnB, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan. No artigo, os autores apresentam os principais pontos turísticos da capital baiana e sinais da gastronomia baiana, visando contribuir com a proteção do patrimônio cultural e ampliar as discussões sobre a acessibilidade linguística e cultural na Libras da cidade de Salvador-Bahia.

    Também fazendo parte do Projeto Inventário Nacional de Sinais-Termo do Campo do Patrimônio Artístico, Cultural e Histórico do Brasil em Libras, coordenado pelo Prof. Dr. Gláucio de Castro Júnior, o capítulo Registro de sinais-termo do campo do patrimônio cultural de Cuiabá - Mato Grosso, amplia o banco de dados do Patrimônio Linguístico da Comunidade Surda por meio do registro de sinais-termo do Campo do Patrimônio Cultural de Cuiabá - Mato Grosso, contribuindo também com o uso e a difusão da Libras, assim como o acesso à informação, à comunicação e à acessibilidade linguística e cultural na Libras.

    Acreditamos que reunimos, aqui, de forma multidisciplinar, contribuições que ampliam os horizontes diante das diferentes perspectivas e ampla discussão teórico-prático e, que a partir destes trabalhos, possamos contribuir com a formação e o desenvolvimento de novas pesquisas dos Estudos de Lexicologia, Lexicografia, Terminologia e Terminografia das Línguas de Sinais.

    Os organizadores

    LINGUÍSTICA DE LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA:

    ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO NO INSTITUTO DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

    Rozana Reigota Naves

    Este capítulo compõe, no âmbito do Laboratório de Memória Ativa – Labmemo (FUB/IL, 2015) – do Instituto de Letras da Universidade de Brasília (IL/UnB), mais um registro institucional de projetos acadêmicos desenvolvidos no Instituto, com temáticas de interesse do corpo docente e discente.¹ Neste caso específico, a Linguística de Língua de Sinais Brasileira (doravante, Libras ou LSB) é o tema central. O texto está dividido em duas seções. Na primeira, contextualizamos, de um ponto de vista descritivo, a Linguística de Língua de Sinais Brasileira como área de estudos e linha de pesquisa, situando os variados aspectos que envolvem a constituição desse campo no bojo dos estudos linguísticos. A segunda seção trata de projetos e ações de ensino, pesquisa e extensão que vêm sendo implementados nessa área ao longo dos últimos 20 anos no IL/UnB. O texto se encerra com as considerações finais.

    LINGUÍSTICA DE LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA COMO ÁREA DE ESTUDOS E LINHA DE PESQUISA

    É sabido que os estudos sobre as línguas de sinais ganharam relevância científica a partir do trabalho de Stokoe (1960), que apresentou uma análise descritiva, de base fonológica e morfológica, sobre a Língua de Sinais Americana. Mais que desenvolver uma proposta de decomposição dos sinais em unidades articulatórias menores, que ficaram conhecidas como parâmetros fonológicos por não possuírem uma contraparte de significado – configuração de mão, locação e movimento –, a grande contribuição de Stokoe foi a de inserir as línguas de sinais no contexto da pesquisa linguística, uma vez que ele advoga em favor de que essas línguas são sistemas linguísticos passíveis de análise e descrição pelas mesmas categorias postuladas para as línguas orais.

    Isso significou ampliar enormemente o escopo do estudo científico da linguagem, da forma como o concebemos a partir da obra de Saussure (1975 [1916]), quando a Linguística se destaca como ciência autônoma, dotada de princípios teóricos e metodologias investigativas próprias e consistentes e distinta das abordagens anteriores sobre as línguas. Amplia não apenas da perspectiva da necessidade de os linguistas se debruçarem sobre as propriedades dessa outra modalidade de língua – a visual-espacial –, em todos os níveis de análise (do fonológico ao pragmático, passando pelo léxico), como também da perspectiva de se considerar a variação translinguística e a variação intralinguística, tal como acontece com as línguas orais. Tratou-se, portanto, de criar um campo de investigação teórica sobre a descrição da estrutura e do funcionamento das línguas de sinais, as questões relativas à aquisição de línguas e as possibilidades de aplicação das descobertas e das técnicas para fins específicos, especialmente o ensino, considerando-se os aspectos educacionais dos surdos.

    Nesse contexto, definir língua(gem) revela uma natureza filosófica, em que o estudo das línguas naturais deve ser visto como um caso específico de algo mais geral, a linguagem – termo que se aplica a sistemas de comunicação naturais ou artificiais, humanos ou não (LYONS, 1981). Concebe-se língua como um sistema de signos, projetado para a comunicação e como suporte ao pensamento, que distingue a espécie humana dos outros animais e se caracteriza pela arbitrariedade da relação entre forma e significado, pela flexibilidade e variabilidade, pela independência de estímulo e pela dependência estrutural. Apesar de essa concepção já estar plenamente difundida no caso das línguas orais, os estudos sobre as línguas de sinais enfrentam, ainda hoje, a necessidade de afirmação de que se está diante de uma língua, visto que, em muitos textos públicos e em muitas outras áreas, a denominação linguagem de sinais – inadequada de uma perspectiva teórica – ocorre com relativa frequência, mesmo após mais de 50 anos decorridos dos escritos de Stokoe.

    Outro aspecto frequentemente levantado quanto ao estatuto das línguas de sinais diz respeito à arbitrariedade do signo linguístico: argumenta-se que essas línguas têm um componente icônico muito forte, o que parece pôr em xeque a autonomia da relação entre significante e significado.² Ao estabelecer parâmetros fonológicos para as línguas de sinais, Stokoe desafia o senso comum referente à ideia de iconicidade atribuída a essas línguas, demonstrando que é possível analisá-las sob o ponto de vista articulatório em dois planos: o das palavras (sinais) e o dos sons (parâmetros). Afirma-se, portanto, a dupla articulação das línguas de sinais, garantindo-se, por meio da identificação de componentes fonológicos semelhantes aos fonemas, a propriedade da arbitrariedade dos signos e a consequente autonomia da relação entre forma e significado (MARTINET, 1974).³

    Esse fato se relaciona com o chamado aspecto criativo das línguas humanas⁴. Lobato (2015, p. 40) afirma que só há criatividade onde há significado. Nesse sentido, a criatividade reside justamente nas possibilidades de escolha de significado, tanto no âmbito das estruturas gramaticais significativas (por exemplo, ativa ou passiva, definição de tempo e aspecto verbal etc.) quanto no âmbito das seleções lexicais e morfológicas, como no caso da seleção de sufixos de grau ou da raiz dos itens lexicais. Sendo desprovidas de significado, as unidades fonológicas não contribuem para a criatividade linguística. Complementarmente, havendo a possibilidade de se extraírem elementos de forma, independentes de significado, nas línguas de sinais, comprova-se o aspecto criativo e assevera-se o caráter arbitrário, desvinculando-se os conceitos de sinal e de gesto, ainda que muito de iconicidade possa ser identificado nesse sistema de signos.

    Estando claro o estatuto das línguas de sinais como línguas naturais, cabe refletir sobre o processo de aquisição de língua pelos surdos. Os estudiosos assumem que a língua de sinais é a primeira língua (L1) dos surdos, uma vez que a incapacidade auditiva impede esses sujeitos de estarem submetidos ao input da língua oral da comunidade de fala em que estão inseridos.⁵ Entretanto, é preciso considerar que parte significativa dos surdos nasce em família ouvinte, de forma que, nesses casos, cabe questionar o conceito de língua materna, quando aplicado à comunidade surda. Outra questão diz respeito à exposição aos dados da língua de sinais, a qual muitas vezes acontece tardiamente, de tal maneira que o desenvolvimento da competência linguística da criança surda pode sofrer atrasos, embora as pesquisas tenham demonstrado que os estágios de aquisição de língua são semelhantes, entre crianças surdas e não surdas. A circunstância da surdez, associada ao fato de conviver em uma comunidade ouvinte, torna os surdos indivíduos potencialmente bilíngues, visto que a comunicação com os demais indivíduos se faz na língua da comunidade – no caso do Brasil, a língua portuguesa, que é considerada a segunda língua (L2) dos surdos.⁶

    O processo de aquisição do português como L2 pelos surdos é, também, objeto de investigação, apresentando nítida interface com os estudos sobre o ensino de língua portuguesa. Cabe ressaltar que a modalidade de língua acessível para os surdos é a escrita – o chamado português escrito –, apresentada a ele de forma mais sistemática no contexto da educação escolar formal – muitas vezes em paralelo com a Libras, visto que muitos surdos relatam ter tido os primeiros contatos com a língua de sinais quando ingressam na escola. Como consequência do contato tardio com os sistemas linguísticos stricto sensu, o desempenho dos surdos na escrita da língua portuguesa varia enormemente, mesmo para aqueles que têm o mesmo nível de escolarização, sendo relevantes os estudos sobre as interlínguas dos surdos.⁷ Esses estudos contribuem para a descrição do processo de aquisição e para a formação de professores de surdos, pois levam a pensar abordagens, métodos e técnicas próprios para esse grupo de estudantes, quer seja em escolas bilíngues quer seja em escolas inclusivas, contemplando não apenas o fato de que o português seja uma L2, mas, sobretudo, de que é outra modalidade de língua.⁸

    O direito de acesso à educação em Libras e de acessibilidade dos surdos aos diversos contextos sociais e culturais em Libras foi garantido, respectivamente, pela Lei n.º 10.346/2002 (Lei de Libras), regulamentada pelo Decreto n.º 5.626/2005, e pela Lei n.º 5.296/2004 (Lei de Acessibilidade). Desde então, vêm sendo propostos e desenvolvidos pelo Governo Federal e pelos órgãos da administração pública medidas e programas específicos para a implementação do disposto na legislação, dos quais decorrem grande parte das iniciativas a serem descritas na próxima seção.

    ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO: LINGUÍSTICA DE LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA NO INSTITUTO DE LETRAS

    Os projetos e ações desenvolvidos no Instituto de Letras voltados para a comunidade surda ou para a Libras apresentam um histórico de 20 anos, remontando à criação do curso de licenciatura em Português do Brasil como Segunda Língua (PBSL), em 1998, e culminando, em 2018, com a conclusão da primeira turma do curso de licenciatura em Língua de Sinais Brasileira-Português como Segunda Língua (LSB-PSL). No transcurso desses 20 anos, a pós-graduação (lato e stricto sensu), a pesquisa e a extensão nessa área também se fortaleceram, como se verá a seguir.

    Ensino e pesquisa em nível de graduação

    O curso de licenciatura em português do Brasil como Segunda Língua (PBSL) representou a iniciativa seminal, no âmbito do Instituto de Letras da Universidade de Brasília, de reflexão teórica e aplicada sobre o contexto linguístico e educacional dos surdos. Inovador e único no panorama nacional, esse curso se circunscreve no contexto das políticas linguísticas e das políticas de inclusão, tendo sido criado com o objetivo principal de atender a comunidades que, no Brasil, não têm o português como primeira língua – como os imigrantes, os indígenas e os surdos –, bem como àqueles que, no exterior, desejam aprender o português do Brasil como língua de comunicação internacional. O projeto político pedagógico do curso (FUB/IL, 2014) informa que a organização do fluxo da licenciatura em PBSL foi orientada para o desenvolvimento da compreensão e produção linguísticas e interculturais, bem como para os estudos contrastivos das línguas modernas.⁹ O curso visa a formar professores aptos a ensinar o português brasileiro para falantes de outras línguas, em uma abordagem que leva em consideração os aspectos socioculturais e a variação linguística.

    Um dos produtos da expertise que foi se constituindo a partir de então está relacionado à participação de professoras do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas (LIP/IL/UnB) no Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos da Secretaria de Educação Especial (Seesp) do Ministério da Educação (MEC), da qual resultou a publicação de dois volumes sobre o ensino de língua portuguesa para surdos.¹⁰ O Programa, que tinha como objetivo apoiar e incentivar a qualificação profissional de professores da educação básica que ministram aulas para surdos por meio de materiais apropriados para essa prática pedagógica, viabilizou a realização de oficinas e laboratórios de produção de material por parte dos professores, relacionando teoria e prática e promovendo a compreensão das diferenças linguísticas e socioculturais e a valorização da condição multicultural dos estudantes surdos do país. A elaboração do material publicado para a capacitação dos professores de língua portuguesa da educação básica no atendimento às pessoas com surdez partiu do pressuposto de que a aquisição e a utilização da modalidade visual-espacial da língua têm implicações para o desenvolvimento cognitivo, a afirmação social e a realização pessoal dos surdos e abordou diversos temas nesta área do conhecimento, tais como a situação linguística e cultural do surdo, a aquisição de língua (em perspectiva biológica e psicossocial), as políticas de idioma e a legislação vigente, as abordagens, métodos e técnicas a serem adotados no ensino de português (escrito) para surdos (SALLES et al., 2004).

    A vanguarda alcançada pela UnB no cenário nacional com a Licenciatura em PBSL e a participação no Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos conferiu ao IL a possibilidade de funcionar como um dos polos do curso de Letras-Libras a distância, implantado em 2006 sob coordenação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), inicialmente com financiamento da Secretaria de Educação a Distância (Sead) e da Secretaria de Educação Especial (Seesp) do Ministério da Educação (MEC) e, posteriormente, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).¹¹ O curso, que foi ofertado primeiro como licenciatura, visava atender a demanda pela inclusão de surdos na educação básica e para a oferta de Libras nos cursos de Pedagogia, licenciaturas e Fonoaudiologia (como determina o Decreto n.º 5.626/2005). Em etapa posterior, ofertou-se, também, o curso de bacharelado, que visava formar tradutores e intérpretes de Libras, para atender o disposto na Lei n.º 5.296/2004). Especialistas de todo o país estiveram à frente da produção do material didático do curso, que foi ofertado na modalidade a distância para possibilitar a multiplicação de formadores qualificados no Brasil (QUADROS, 2014).

    A necessidade de estar em conformidade com o disposto no Decreto n.º 5.626/2005, que versa, em seu Capítulo II, sobre o estatuto da disciplina Libras nos cursos de graduação das Instituições de Ensino Superior, respondendo a uma diligência da Secretaria de Ensino Superior (Sesu) do Ministério da Educação (MEC), foi atendida pela Universidade de Brasília (UnB) no ano de 2009, por meio da Circular n.º 02/2009 do Decanato de Ensino de Graduação (DEG), que informava todas as unidades acadêmicas da inclusão da disciplina Libras Básico como optativa em todos os currículos dos cursos de graduação da UnB.¹² A concretização da oferta dessa disciplina se deu pela disponibilização, pela Reitoria, de uma vaga de docente, para contratação de professor do quadro permanente da instituição. Iniciou-se, então, a oferta de quatro turmas semestrais de Libras, que foi sendo ampliada à medida que novas vagas foram disponibilizadas pelo MEC. Nos anos que se seguiram, alguns dos cursos de licenciatura da UnB passaram por reformulação curricular e, nesse processo, alteraram o estatuto da disciplina Libras Básico para obrigatória, conforme rege a legislação.

    Já em 2012, a UnB foi instada pelo MEC, por meio de ofício referente ao Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Viver sem Limite, a se manifestar quanto ao interesse de ofertar curso de licenciatura em Letras Libras/Língua Portuguesa. Tendo a resposta sido afirmativa, MEC e UnB pactuaram, em reunião, as condições de oferta do curso, que incluíam a disponibilização de vagas de docentes e de técnicos (de nível superior e de nível médio) e o repasse de recursos de custeio e de investimento para a implantação do curso.¹³ Nesse contexto, iniciaram-se os trâmites institucionais para a criação do curso de licenciatura em Língua de Sinais Brasileira-Português como Segunda Língua (LSB-PSL), aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) em 2014.¹⁴ O fluxo do curso, de concepção bilíngue por essência, foi implantado progressivamente a partir do primeiro período letivo de 2015, quando ingressou a primeira turma, que se formou no segundo período de 2018. O projeto político pedagógico do curso informa que a percepção filosófica da educação especializada permeia toda a criação da Licenciatura em LSB-PSL, em vista de que a formação de docentes, que atuarão em campo específico do saber, disseminará conhecimentos que exigem metodologias apropriadas para os fins de organização da teoria e da prática de ensino escolar no nível Básico, tendo como ponto de partida e motivação a licenciatura em PBSL (FUB/IL, 2018, p. 3). O corpo discente do curso é formado por estudantes surdos ou deficientes auditivos, surdocegos e não surdos, sendo que esses últimos contam com o suporte técnico de tradutores e intérpretes de Libras, servidores do quadro permanente da UnB.

    A implantação do curso de licenciatura em LSB-PSL demandou a organização de infraestrutura para o desenvolvimento do componente prático do currículo. Para isso, foi destinado, no Departamento de Linguística, Língua Portuguesa e Línguas Clássicas (LIP) um espaço para a instalação do Laboratório de Língua de Sinais Brasileira (Lablibras), hoje utilizado também para os estudos de pós-graduação e para as pesquisas desenvolvidas pelos docentes da área.

    A pesquisa, mesmo no nível de graduação, tem se viabilizado não apenas no âmbito das diversas disciplinas que compõem o fluxo do curso, mas também por meio do Programa Iniciação Científica da Universidade de Brasília (ProIC), que teve vários trabalhos premiados na área de Libras e do português como segunda língua no ano de 2018, demonstrando a excelência do percurso formativo que vem se consolidando no IL/UnB.

    Cabe ressaltar o interesse crescente dos estudantes de graduação do IL pela questão da acessibilidade de maneira mais geral (tradução intersemiótica, audiodescrição etc.), que é contemplada em um dos eixos de formação do curso de bacharelado em Línguas Estrangeiras Aplicadas ao Multilinguismo e à Sociedade da Informação, criado em 2010 no contexto do Programa de Apoio à Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).

    Ensino e pesquisa em nível de pós-graduação

    Como consequência do crescente campo que se abriu em nível de graduação, a partir da criação da Licenciatura em PBSL, o interesse pelas pesquisas em Linguística de Língua de Sinais Brasileira se ampliou no contexto do Programa de Pós-Graduação em Linguística (PPGL/IL/UnB), principalmente na área de concentração em Teoria e Análise Linguística, mais particularmente nas linhas de pesquisa Léxico e Terminologia e Gramática: Teoria e Análise. A exemplo do que já vinha ocorrendo com a Linguística de Línguas Indígenas, os editais de seleção para ingresso no PPGL passaram a contemplar vagas específicas para estudantes surdos, inicialmente para o curso de mestrado e, posteriormente, para o curso de doutorado. Em um segundo momento, com o aumento da demanda, as vagas passaram a ser publicadas em edital de seleção específico para candidatos surdos. Esse procedimento, pioneiro como política de acessibilidade de surdos à pós-graduação na UnB e no Brasil, leva em consideração as características da condição linguística e educacional dos surdos, por exemplo, no que se refere a contemplar a escrita do português como a de uma segunda língua e a dispensar os candidatos da prova de língua estrangeira. O ingresso de estudantes surdos no PPGL foi estratégico para possibilitar que os surdos tivessem protagonismo nos estudos da Linguística de Língua de Sinais Brasileira, passando da situação de consultores a pesquisadores, bem como para promover um incremento na produção científica de surdos e de não surdos nessa área.

    Em 2010, foi submetido à Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (Secis) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) o projeto intitulado Laboratório de Pedagogia Visual para a Educação Bilíngue de Surdos – Libras/Português (Lapevi), que tinha como objetivo geral contribuir para a inclusão social e educacional da pessoa surda, com pesquisas em recursos inovadores de práticas pedagógicas adequadas à implementação da educação bilíngue – Libras/Português, baseadas na pedagogia visual para a educação científica dos surdos (FUB/IL, 2010, p. 2-3).¹⁵ A proposta era a de investigar questões relativas à produção de métodos e técnicas material instrucional bilíngue para o ensino de ciências, em que se incluem manuais de ensino de língua (Libras e português L2), dicionário bilíngue (ou multilíngue), glossários terminológicos bilíngues dicionários analógicos em português e em Libras, com temática voltada para a linguística, para as ciências ambientais, e outras áreas do conhecimento, enquadrando-se na ação de Ciência, Tecnologia para Inclusão Social do MCT, que visava promover e apoiar projetos nas áreas de pesquisa, inovação e extensão tecnológica para o desenvolvimento social.

    A preocupação com a formação continuada de professores para a educação básica na área da educação linguística de surdos não se limitou ao ensino de graduação e à pesquisa de pós-graduação stricto sensu, mas abrangeu também a pós-graduação lato sensu. De julho de 2014 a abril de 2016, em parceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), o PPGL ofereceu o curso de Especialização em Ensino de Língua Portuguesa como Segunda Língua para Estudantes Surdos.¹⁶ O objetivo geral do curso, que teve como meta formar 50 professores da rede pública de ensino do Distrito Federal, era o de identificar fenômenos linguísticos naturais que distinguem a Língua Portuguesa, língua oral, da LSB, língua visual-espacial, tendo como objetivos específicos: (i) descrever as propriedades que se apresentam específicas e mais frequentes no português escrito dos Surdos; (ii) aproximar semelhanças e diferenças entre as línguas para distinguir categorias e gêneros no português escrito por Surdos; (iii) avaliar textos escritos em português L2 por estudantes surdos do ensino fundamental e médio, de acordo com as competências e as habilidades desses níveis de ensino (FUB/IL, 2016, p. 2-3).

    Por fim, cabe mencionar que a contratação do corpo técnico de tradutores e intérpretes de Libras pela UnB, com lotação no LIP, bem como o interesse pela área de acessibilidade entre os docentes e os egressos do curso de bacharelado em Línguas Estrangeiras Aplicadas ao Multilinguismo e à Sociedade da Informação, levou a uma demanda por formação pós-graduada desses profissionais, o que veio a ser atendido, também, pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução (Postrad/IL/UnB), inclusive, mais recentemente, com a destinação de vagas para surdos nos editais de seleção para ingresso no curso de mestrado.

    Extensão como elo entre ensino e pesquisa

    A extensão universitária, compreendida como a relação necessária entre a sociedade e o conhecimento produzido e a formação oferecida pela universidade, funciona como elo entre a pesquisa e o ensino.

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