Na Beira Do Cais
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Na Beira Do Cais - José Rezende Mendonça
NA BEIRA DO CAIS
Sucessos, Fracassos e Esperanças
Ilhéus/Bahia - 1921 - 2021
José Rezende Mendonça
Ilhéus, Bahia - 2021
Copyright © 2021
José Rezende Mendonça
Ilhéus – Bahia
DIAGRAMAÇÃO
José Rezende Mendonça
REVISÃO
Josy Sampaio Mendonça
CAPA
José Rezende Mendonça
FOTOS
Todas as fotos publicadas neste livro, são do acervo fotográfico eletrônico de José Rezende Mendonça, e ou cedidas por diversos amigos, excetuando as que estão identificadas pela sua autoria e acervo, no próprio texto.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Mendonça, José Rezende. NA BEIRA DO CAIS – Sucessos, Fracassos e Esperanças
/José Rezende Mendonça – Ilhéus: Via Amazon, Clube de Editores e Livrorama - setembro/2021.
335 pg.
ISBN: 9798750754441
1. Literatura Brasileira, 2. Região Cacaueira da Bahia, 3.
Porto do Cacau, 4. Chocolate, 5. Estrada de Ferro, 6.
Navios, 7. Candomblé, 8. Assoreamento, 9. Cabaré, 10.
Hidrografia,11. Meio Ambiente,12. Turismo
______________________________________________
Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, por qualquer meio, total ou parcial, constitui violação da lei nº 9.610/98.
[ 2 ]
SUMÁRIO
CAPÍTULO
PÁG.
CAPÍTULO
PÁG.
Dedicatória
04
A Toca do Gringo
153
Agradecimento Especial
05
Cristo Redentor
154
Sobre o Autor
06
Flamingo Yate Clube
165
Introdução
07
Morro de São Sebastião
169
Terminal Pesqueiro
09
Ponte Lomanto Júnior
173
A Boca da Barra
14
Ponte Estaiada Jorge Amado
182
Os Naufrágios – Navio Itacaré
24
Os Pescadores
194
Navio Urubatan
35
Morro de Pernambuco
209
Navio Dois de Abril
41
Festa de Iemanjá
219
Embarque do Gado
42
O Afilhado de Iemanjá
224
Navio Jangadeiro (Café)
48
Travessia Ilhéus - Pontal
243
Navio Sueco
50
As Baronesas
253
Naufrágio na Pedra do Rapa
52
Dunas da Orla do Pontal
256
O Descaso – Navio Ludmar
54
Nossas Árvores
260
Os Hidroaviões
57
A Alvorada
268
Cais do Porto
63
Ponte de Caribé
270
A Estrada de Ferro
71
Colég. Barão de Macaúbas
272
Fábrica de Chocolate
88
Assoreamento-Baía Pontal
277
Ilhéus Hotel – Misael Tavares
103
Mudanças Ambientais
285
O Cabaré do Cacau - Bataclan
111
Mudanças Arquitetônicas
285
Sociedade União Protetora
120
Esporte Náutico
304
Sindicato dos Estivadores
121
Despoluição Baía do Pontal
312
Feira Livre do Cais do Porto
128
Turismo na Baía do Pontal
321
Satélite Esporte Clube Remo
135
Atrativos Cultuais
326
Instituto Baía do Pontal- IBP-I
146
Obras do Autor
328
Caranguejo do João
151
Final
335
[ 3 ]
DEDICATÓRIA
Dedico este livro a minha esposa Eliana. Mulher de fibra, coragem, dedicação e amor, que sem ela, nada disso seria possível. Aos meus três filhos: Jean, Josean e Josy. As noras Maria José, Liliane e ao genro Rodrigo. Aos meus netos: Jonnas (In Memoriam), Isabelle, Enzo, Raphael e Davi.
Que no presente e no futuro, os registros aqui relatados, possam refletir, o quanto se faz necessário no equilíbrio entre a natureza e o progresso.
Para meus netos e futuros bisnetos, que algo os despertem, para que um dia possam também, relatar em livros suas experiências vividas passo a passo, na luta pelo bem comum, e sempre respeitando o limite entre o meio ambiente a necessidade de sobrevivência.
[ 4 ]
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Meus mais sinceros agradecimentos ao amigo Daniel
Gentili,
pela
sua
colaboração
importantíssima, para o resgate de inúmeras fotos antigas da cidade de ilhéus, como também, diversos recortes de jornais e revistas,
colocando-as à nossa disposição; fruto da sua persistência e dedicação em pesquisas pela internet,
em
diversos
órgãos,
museus,
bibliotecas e institutos tais como: a Biblioteca Nacional, Arquivo Nacional, IBGE, Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Revista LIFE e alguns outros sites estrangeiros.
Daniel Gentili (1944), é paulista da cidade de Butucatu, e há muitos anos é morador da cidade de Lins. Filhos de italianos (Ulderico Gentili e Deolinda Simometti Gentili. Técnico industrial na área automobilística tendo exercido sua atividade nas empresas, Willys Ford e General Motors.
Hoje aposentado, aproveita seu tempo para estas pesquisas e também auxiliando sua esposa, que é médica e proprietária de um Laboratório de Patologia, na cidade de Lins.
Nos conhecemos pela internet, nas nossas pesquisas por fotos antigas, no seu principal hobby a fotografia de aves. E a partir daí não paramos mais em trocas de acervos, principalmente com fotos e documentos das estradas de ferro do Brasil.
Em uma de suas mensagens por e-mail para mim, assim escreveu:
"esta é uma colaboração modesta e não muito difícil de fazer, só se gasta um pouco de tempo e paciência e com muita felicidade aproveitada pelo homem apaixonado por Ilhéus, o Rezende
[ 5 ]
SOBRE O AUTOR
Como um cara prestativo, sobretudo de caráter ilibado, além de outras boas qualidades, é fácil observar o apreço que colegas, amigos – e quem o conhece – têm por José Rezende.
Na vida laboral da Geociências, divisão do Centro de Pesquisa, da CEPLAC, órgão onde trabalhara
como especialista em fotointerpretação, se aprofundando também em questões do meio
ambiente, José Rezende fez publicar, como autor e coautor, significativo número de trabalhos técnicos, a exemplo de – só para citar dois – Povoados e Vilas dos Sudeste da Bahia - Ceplac - 1978
e
Terras Avistadas por Cabral (Mata Atlântica) - 500 Anos de Devastação UESC - 2000
. Artigos, mapas e documentos diversos igualmente de sua lavra, são mais peças a se juntarem para credenciá-lo entrar no rol dos profissionais exemplares sem pedir licença. Sim, com o mérito de ter seu nome gravado – por publicações sobre biodiversidade – nos anais do Ministério do Meio Ambiente e no Instituto National Tropical Botanical Garden dos EUA.
Já aposentado, a sua austera posição em defesa do Pontal, bairro ilheense onde nascera, ao acordar o memorialista que adormecia dentro de si, vem a publicar em 2007, Pontal Ontem & Hoje
. Dando seguimento à sua produção literária, outras publicações de diferentes temas saíram do prelo; recentemente, voltando a tematizar seu amado Pontal, foi a vez de Memórias da Infância - Lá vem o Bicho Papão
.
José Rezende ao me ‘intimar’ declarar algo a respeito do autor desta obra, ao intimador fiz ver que não poderia ser sintético, entretanto, ao obedecer à ‘regra do jogo’, radicalizo e termino estas linhas aqui, mas antes sem deixar de lhe pedir vênia para acrescentar que, além da observação, o observador também tem pelo colega ceplaqueano e, amigo, o maior apreço.
Heckel Januário
[ 6 ]
INTRODUÇÃO
"Se você apagasse todos seus erros do passado,
você apagaria toda a sabedoria do seu presente"
Autor Desconhecido
A finalidade principal com a elaboração deste livro, é mostrar na linha do tempo, sobre praticamente tudo que ocorrera no Cais do Porto do Cacau, e o seu entorno. São recordações da infância a sênior, que envolvem a misteriosa Baía do Pontal, na cidade de Ilhéus. Que é tão antiga quanto, a criação das Capitanias Hereditárias, em registros históricos, relatos individuais e pesquisas faladas ou orais.
Os primeiros registros, dão conta do Rio dos Ilhéos, hoje Rio Cachoeira, o principal formador desta baía; e os rios Santana, Fundão (Itacanoeira); Ilha do Frade e o Canal do Jacaré.
A história mais importante do Cais do Porto do Cacau, na Baía do Pontal, na cidade de Ilhéus/Bahia, começa com a expansão da lavoura do cacau, no início do século XX, (1910) com a necessidade da instalação de um ancoradouro fluvial na foz do Rio Cachoeira. Em 1911 foi firmado um contrato entre o governo federal e o senhor Bento Berilo de Oliveira, para a construção de uma ponte e um cais. Finalmente, em 17 de maio de 1920, numa parceria entre o município e a iniciativa privada, foram realizadas obras que transformaram o antigo ancoradouro no primeiro porto de Ilhéus.
[ 7 ]
Começa então, a partir daí, o progresso com o crescimento da cidade de Ilhéus e toda região do cacau, entre coronéis, cacau, chocolate, estrada de ferro, violência, lazer, cassino e mulheres.
Ao longo do tempo, num período aproximado de 30 anos, o porto de Ilhéus, na Baía do Pontal, era o destaque principal. Mas, já a partir dos anos 40, era percebido a necessidade da construção de um novo porto, pois cada vez mais os navios de grande porte, não podiam mais adentrar a boca da barra, para alcançar o cais do porto, tendo que serem carregados em alto mar, num trabalho muito arriscado. Juntaram-se a isso, as deficiências verificadas por falta de dragagem, formação de bancos
de areia e com um canal de acesso de profundidade irregular.
Então, era preciso novas alternativas e depois de várias análises, decidiu-se pela construção do novo porto, agora em mar aberto, na ponta do Malhado, na Av. Soares Lopes que veio a ser inaugurado em 1971.
Em 1977, o antigo Porto de Ilhéus, já totalmente desativado, teve seu patrimônio e controle incorporado à
Companhia das Docas do Estado da Bahia (CODEBA).
Com isso, mais uma perda para a tão admirada Baía do Pontal.
[ 8 ]
TERMINAL PESQUEIRO PÚBLICO DE ILHÉUS
[ 9 ]
Num dos Armazéns desativado da CODEBA, foi construído o Terminal Pesqueiro Público de Ilhéus, inaugurado em 30.11.2012, na gestão do então governador da Bahia Jacques Wagner e tendo como prefeito de Ilhéus, Newton Lima Silva. Mesmo inaugurado, só efetivamente veio a funcionar em 2013, na gestão do prefeito Jabes Ribeiro.
O modelo de gestão compartilhada do Terminal Pesqueiro foi aprovado pela Câmara de Vereadores, Bahia Pesca e pelos presidentes das Colônias Z-34, Z-19.
O Terminal Pesqueiro teve um investimento de dez milhões de reais, recursos dos governos federal e estadual.
Foi idealizado para estimular a economia local, oferecendo
[ 10 ]
aos pescadores da região e visitantes uma área própria para trabalharem adequadamente.
Adotado de câmaras e túneis de espera, congelamento e estocagem de iscas e refrigerados, sala de higienização, pátio de caminhões, vestiários, sanitários e casa de máquinas. Além disso, conta com uma fábrica de gelo, central de fornecimento de energia, boxes de vendas, oficina de manutenção de embarcações, central de higienização de caixas, lanchonete e estacionamento também compõem a estrutura dos terminais.
Uma das finalidades para que toda essa estrutura funcionasse adequadamente, foi promover um esforço em conjunto entre governo, cooperativas, associações, federação dos pescadores, empresários do ramo e demais entidades setoriais, para utilizar a capacidade estimada e planejada para os equipamentos. Tudo isso para
[ 11 ]
impulsionar a cadeia produtiva da pesca, aprimorar as condições de trabalho, melhorando a qualidade de vida do pescador e de suas famílias.
Em 2019, O Terminal Pesqueiro, contou com mais um importante serviço. O espaço passou a processar o camarão, pois o crustáceo lavado, resfriado e filetado na unidade de beneficiamento do Terminal, aumentou seu valor de mercado em pelo menos 100%.
Em 2020, segundo o presidente da Bahia Pesca, Marcelo Oliveira, o Terminal Pesqueiro de Ilhéus atingiu a marca de 300 mil toneladas de pescado desembarcados, número 12% maior que no ano passado. Afirmou também, numa entrevista à imprensa regional, que o crescimento da movimentação é explicado por suas vantagens logísticas, e que o seu o interesse pelo terminal ocorre por conta de sua localização estratégica e pelos descontos oferecidos aos pescadores, a exemplo de gelo com abatimento de 25% em comparação ao valor oferecido no mercado.
[ 12 ]
E devido ao trabalho de apoio ao pescador desenvolvido no terminal, Ilhéus se tornou referência no Brasil. Hoje, o Terminal recebe embarcações de diferentes estados, que veem no Terminal um ótimo lugar para descarregar seu pescado antes de voltar ao seu porto de origem
O espaço conta ainda com outros serviços, como venda de combustível
para
embarcações,
unidade
de
beneficiamento
de
pescado,
soprador
de
gelo
(equipamento que coloca o gelo diretamente na embarcação, sem necessidade de esforço físico dos pescadores), estrutura de peixaria, caminhão frigorífico e um píer que comporta cerca de 15 embarcações simultaneamente.
[ 13 ]
A BOCA DA BARRA
Entrada da Barra – ao fundo o Morro de Pernambuco
Num encontro com um amigo pontalense nato, o Edilson Carvalho Silva, hoje radicado em São Paulo, nossa conversa neste encontro girou sobre a Baía do Pontal. E
ali na cobertura do abrigo (ALVORADA) das antigas lanchas, que faziam a travessia Ilhéus/Pontal, ficamos por algumas horas contemplando a Baía do Pontal.
Lembramos dos idos anos de 50 e 60, quando esta baía nos proporcionava uma agitação salutar que achamos difícil um dia voltar ao que era. E para matar a saudade transcrevo aqui algumas lembranças daquela época.
[ 14 ]
[ 15 ]
Vamos começar a falar da entrada ou boca da barra
, pois era assim que chamávamos o local onde começava o avanço do mar na foz do Rio Cachoeira. Era o local mais temido por todos os condutores das lanchas, besouros, canoas, saveiros, lanchinhas, rebocadores, alvarengas
, navios etc.
Um Rebocador puxando uma Alvarenga
Os profissionais que conduziam