Messalina

De Adeilson Nogueira

Conta-se que o tribuno que a ajudou a se matar, agarrando-a pelos cabelos e antes de esfaqueá-la, lhe teria dito: Se sua morte for plantada por todos os seus amantes, metade de Roma chorará . A tristeza do amanhecer, a depressão cinzenta; quando os espíritos de hoje permanecem não nascidos, e os fantasmas de ontem vagam na sombra da noite; quando na saciedade maçante a paixão não morrerá, embora o desejo, sua vida, se vá, como muitas vezes o corpo não morrerá, embora a alma tenha fugido. Nesse momento, o espírito fica frio e estremece... As sombras nos olhos haviam se aprofundado, de modo que se podia perceber sua alma apenas vagamente, escondida, como a verdade, nas profundezas de um poço de lágrimas não derramadas. Sobre seu coração repousava a calma da desolação, e em seu espírito estava o silêncio do deserto do qual a vida fugiu. Na solidão da morte ela voltara a ser como uma criança, ou como uma grega da infância de sua raça. Ela se apegou estranhamente às fantasias... Que saudades repugnantes queimam em seus seios! Que gritos eles emitem enquanto a paixão palpita por dentro! Quão encharcados seus membros em torrentes de vinho velho!

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 5 de abr. de 2022

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MESSALINA

Adeilson Nogueira

1

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2

ÍNDICE

INTRODUÇÃO......................................................................................04

A DESONRA DE CLÁUDIO.....................................................................06

O CONCURSO......................................................................................11

O AMANTE..........................................................................................14

REINADO.............................................................................................19

3

INTRODUÇÃO

Conta-se que o tribuno que a ajudou a se matar, agarrando-a pelos cabelos e antes de esfaqueá-la, lhe teria dito: Se sua morte for plantada por todos os seus amantes, metade de Roma chorará.

A tristeza do amanhecer, a depressão cinzenta; quando os espíritos de hoje permanecem não nascidos, e os fantasmas de ontem vagam na sombra da noite; quando na saciedade maçante a paixão não morrerá, embora o desejo, sua vida, se vá, como muitas vezes o corpo não morrerá, embora a alma tenha fugido.

Nesse momento, o espírito fica frio e estremece...

4

As sombras nos olhos haviam se aprofundado, de modo que se podia perceber sua alma apenas vagamente, escondida, como a verdade,