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A Saga De Enéias
A Saga De Enéias
A Saga De Enéias
E-book227 páginas3 horas

A Saga De Enéias

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Sobre este e-book

Neste livro o leitor degustará a Saga completa do personagem mitológico Enéias bem como a fundação do Império Romano. Junte-se aos heróis dessa emocionante aventura!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento16 de fev. de 2023
A Saga De Enéias

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    A Saga De Enéias - Santiago Diniz

    A Saga

    de

    Enéias

    1

    2

    UM POUCO DE VIRGÍLIO

    Roma tinha atingido seu máximo esplendor, sob o governo de Otávio Augusto. Seus domínios estendiam-se para além das montanhas e dos mares.

    O exército era poderoso e invencível. Leis equânimes presidiam todos os povos. As letras e as artes desenvolviam-se sob a proteção do imperador e do seu ministro e conselheiro Mecenas. Neste grande ambiente de paz e prosperidade, viveu Publius Virgilius Maro (70 a 19 a.C.), o maior poeta romano, que em seu poema A Eneida, cantou as glórias da cidade eterna e do imperador do mundo e narrou as aventuras e as façanhas de Enéias, o herói troiano, fundador mitológico da raça romana. Era natural da região de Mântua (70-19 a.C.) e filho de uma família de camponeses. Alcançou pelo casamento uma situação estável, podendo então ouvir, em Milão e Roma, as lições de filósofos epicuristas. Amigo de Horácio, como ele protegido por Mecenas, entrou em contato com o imperador, de quem recebeu o incentivo para escrever a Eneida.

    Admirador da cultura helênica, empreendeu uma viagem à Grécia, berço e viveiro da cultura, sonho que há muito acalentava: o destino concedeu-lhe a realização desse anseio, mas morreu no regresso, junto de Brindisi. O seu túmulo encontra-se hoje em Nápoles.

    A obra de Virgílio compreende, além de poemas menores, compostos na juventude, as Bucólicas ou Éclogas, em número de dez, em que reflete a influência do gênero pastoril criado por Teócrito.

    As Geórgicas, dedicadas ao seu protetor Mecenas, constam de quatro livros, tratando da agricultura. Trata-se de uma obra de implicações políticas indiretas, embora bem definidas: ao fazer a apologia da vida do campo, o poeta serviu o ideal político-social da dignificação da classe rural. Refletia a influência de Hesíodo e Lucrécio. Literariamente, as Geórgicas são consideradas a sua obra mais perfeita.

    3

    E, finalmente, a Eneida, aqui apresentada com mais detalhes, com preliminares e complementos.

    A FUGA DE DIDO

    Múton, filho de Pigmálion e Galatéia, ocupou o trono de Tiro, na Fenícia, e foi também chamado pelo nome de Belos, confundido com o terrível deus Baal dos fenícios e Bel dos sírios. Múton teve os filhos Pigmálion (como o avô), Alashia, Ana e Barca.

    Alashia (Elissa) era uma princesa, filha de Belos, soberano de Tiro, na terra dos fenícios. Muito moça desposara Sicarbas (Siqueus), sacerdote do deus-marinho Melkart (identificado com o semi-deus Héracles). Sicarbas, seu tio materno, era homem de grandes posses e de muito prestígio. Entretanto, já havia-se desenrolado a guerra dos gregos em Tróia, o rei Belos recebera em seu reino o herói salamínio Teucros, que havia sido expulso de sua terra. E

    Belos foi levado do mundo dos vivos, ascendendo ao trono seu filho Pigmálion. Era este um príncipe cruel e avaro. Era tanta a sua ganância, que secretamente assassinou Sicarbas, seu cunhado, enquanto sacrificava a Melkart, e apossou-se de seus tesouros.

    Pigmálion conseguiu por longo tempo manter encoberto o seu crime,e inventando mil pretextos, burlou com vãs esperanças a triste Alashia. Mas esta, advertida em sonhos pelo marido, que lhe apareceu com o peito nu mostrando a lâmina traspassada, revelando o crime, tomou uma decisão e, com a ajuda de alguns fiéis amigos, apoderou-se de vários navios que estavam ancorados no porto e neles recebeu todos aqueles que já estavam cansados da odiosa tirania de Pigmálion. Às ocultas, em companhia de seus irmãos Ana e Barca, transportou para os navios as riquezas que conseguiu apanhar, que estavam enterradas, tanto as de Sicarbas como as de Pigmálion, e se fez ao largo.

    Depois de longo tempo, enfrentando os perigos naturais do grande mar que se estendia pela frente, desde a costa da Fenícia às águas ao sul de Creta, 4

    Alashia — conhecida agora pelo nome de Dido, a errante— , com sua frota, abordou a costa africana, onde encontrou terra firme e iniciou a construção de uma nova cidade: Cartago.

    A FUGA DE ENÉIAS

    Muitas batalhas se travaram na planície dos teucros entre gregos e troianos.

    Ambos os lados colheram vitórias e amargaram derrotas. Certa vez, os troianos quase chegaram a incendiar as naus inimigas; perderam, porém, muitos valentes, como o nobre Heitor, herdeiro do trono de Tróia, morto por Aquiles, o melhor dos gregos. Também Aquiles tinha sido ferido no calcanhar, o único ponto vulnerável de seu corpo, graças à flecha infalível de Apolo e do oportunismo de Páris, que também morreu, ferido pela flecha envenenada de Filoctetes, e vários príncipes, aliados de Tróia, também caíram. Os dois exércitos estavam extenuados e abatidos por aquela interminável guerra, que já durava dez longos anos.

    Os gregos sitiaram Tróia durante dez longos anos, mas não lograram tomar a cidade, cujas muralhas pareciam invulneráveis. Porém, um dia, levantaram o cerco inútil e reembarcaram em seus navios, rumo ao mar. Tróia e seu povo exultaram de alegria. Abriram-se as portas da cidadela e saíram todos, salvo os enfermos e os anciãos. mais prudentes. Foram até ao abandonado acampamento grego e lá depararam com um grande cavalo de madeira, cuja finalidade ninguém era capaz de adivinhar. Alguns achavam boa ideia levá-lo para a cidade como troféu de guerra, ao passo que outros preferiam queimá-lo ou lançá-lo ao mar. Entre esses sobressaía Laocóon, da nobre família de Tróia, um sacerdote de Poseidon. Ele tentou convencer os nobres que se tratava de um plano dos gregos, até que encontraram um homem grego escondido sob o cavalo de madeira. Foi obrigado a revelar o que havia-se sucedido aos gregos e a origem daquele cavalo.

    A história parecia ser convincente, mas os argumentos e as previsões de Laocóon eram reveladoras, mas não foi ouvido, graças à intervenção dos deuses, que enviaram serpentes-marinhas para silenciá-lo para sempre. Tal 5

    cena foi feita motivo mais do que convincente para os troianos acreditarem que o cavalo de madeira era apenas uma oferenda aos deuses, e resolveram poupar a vida do espião grego e levar o presente dos gregos para dentro das muralhas de Tróia.

    Em vista das suas dimensões colossais, os troianos tiveram que abrir uma enorme brecha no muro, por onde puxaram o cavalo com o auxílio de homens e animais. Quatro vezes o cavalo ameaçou desabar e quatro vezes ouviu-se um leve e abafado tinir de armas. Mas estavam cegos e surdos. Até a Pítia Cassandra, filha do rei Príamos, ergueu a voz e vaticinou grandes desgraças, mas o povo jamais acreditava em suas palavras e não ouviu suas advertências; entoou cânticos festivos, e à noite, concluída a difícil tarefa de levá-lo à cidadela, enfeitou os templos e realizou pomposa solenidade em homenagem aos deuses.

    Sínon, o grego que havia convencido os troianos a conduzirem o cavalo de madeira à cidade de Tróia, excelente ator, astuto filho do famoso Sísifos, havia conseguido enganá-los. Os gregos, na realidade, não haviam ido embora: sua esquadra tinha navegado até a pequena ilha de Tênedos, onde se ocultou durante o dia e ao anoitecer regressou à costa dos teucros. Os troianos, que tinham comido e bebido à farta durante a festa da vitória, dormiam o sono solto quando o exército inimigo tornou a desembarcar nas praias desertas. E, conforme combinado, Sínon sorrateiramente deslizou até a praça onde os troianos tinham deixado o cavalo, e deu o sinal para que um exército de cem guerreiros gregos saísse do seu bojo e começasse uma carnificina entre os troianos bêbados e adormecidos.

    E, em curto espaço de tempo, Sínon abria as portas de Tróia para toda a hoste grega entrar na cidade de armas em punho. E numerosos incêndios irromperam em todos os bairros da cidade invadida. Os troianos, apanhados de surpresa, não tiveram tempo de organizar uma resistência ordenada e foram rapidamente dizimados pelo inimigo.

    6

    Entre os troianos que resistiram ao ataque surpreendente dos gregos estava Enéias, o príncipe dos dárdanos, que, avisado por Heitor, em sonhos, foi incentivado a fugir da cidade em chamas e do país. Entretanto, o amor à Pátria falou mais alto, e, reunindo seus guerreiros, tentou dificultar a investida acaia, procurando defender o palácio do rei Príamos. Foi quando Enéias avistou Helena, a principal causa de toda aquela guerra, e decidiu matá-la, mas foi impedido por sua mãe Afrodite, que o convenceu a abandonar a desgraça e ir de encontro a uma nova vida longe daquele país.

    Apressadamente, o príncipe correu para sua casa e tomou sua família e os penates de sua adoração, deu liberdade aos seus servos e tomou um caminho obscuro e incerto em direção das portas da cidade. Tentando evitar o tumulto da carnificina, teve que levar o pai, a esposa e o filho por ruas desconhecidas e escuras, por becos e labirintos nunca antes atravessados por alguém da realeza. Foi neste tortuoso caminho que perdeu a esposa Creúsa, que desapareceu misteriosamente. Levou o pai Anquises e o filho Ascânios para o santuário de Deméter, que ficava fora dos muros de Tróia, e voltou a procurar a esposa perdida, e só encontrou uma alma perdida — era Creúsa, que se preparava para seguir sua longa viagem ao Mundo dos Mortos. Ela, antes de partir, deu os últimos conselhos ao marido, que ele fosse para o Ocidente, para além da Hélade, e fundasse, na Hespéria, um novo reino, que daria início ao surgimento de um grande poderio: o Império Romano.

    ENÉIAS NA TRÁCIA

    Os gregos transformaram a bela cidade de Tróia num monte de escombros fumegantes e, quando finalmente, partiram, levaram consigo grande número de prisioneiros. Muitos troianos, todavia, tinham conseguido escapar, indo ocultar-se nas montanhas, assim como Enéias, seu pai Anquises e seu filho Ascânios. No santuário de Deméter, agrupava-se um grande número de pessoas, como um exército, entre homens, mulheres, velhos e crianças. Ao saírem dos esconderijos, resolveram, reunidos, abandonar para sempre aquela terra devastada, onde não se sentiam mais seguros. Decididos a realizar seu intento, no mais curto prazo possível, amanhecia quando partiram para o 7

    porto de Antandros, onde puseram-se a cortar os pinheiros que cresciam nas encostas do monte Ida, a fim de construir uma frota de vinte navios. Maior do que o temor dos riscos de uma travessia marítima era o desejo de encontrar uma nova pátria, aonde pusessem viver em paz. E, com esse intuito, com afinco puseram mãos à obra.

    Réia, a mãe dos deuses, olhando para o lado do trabalho dos troianos, achegou-se a Zeus, seu filho, dizendo-lhe:

    — Filho, Enéias constrói navios com a madeira dos pinheiros que crescem nas encostas do meu monte. Estou muito contente com isso. Eu mesma lhe dei os pinheiros, mas não me agrada pensar que, sendo meus, possam ser destroçados pelos Ventos e vagalhões ao cruzar o Arquipélago. Por isso, ouve a minha súplica em favor do lenho crescido no Ida, e torna os navios indestrutíveis.

    — Mãe, o que me pedes é impossível. Navios são obras mortais e estão sujeitos aos riscos dos Ventos e dos mares. Uma promessa, entretanto, te faço: as naus que lograrem alcançar a Itália jamais serão destruídas, pois eu as transformarei em Ninfas, como as filhas de Nereus.

    Assim disse e prometeu Zeus, que mais nada poderia fazer contra os troianos, já que não deveria desapontar a seu irmão, o deus Poseidon. Deixaria Enéias e os seus destinados ao Acaso.

    Finalmente, quando chegou a primavera, os navios estavam construídos, todos os vinte. O mais velho dos troianos, Anquises, deu o sinal de partida, sendo o primeiro em proferir o adeus eterno à Pátria aniquilada. Ressoaram pelos barcos gemidos de desespero. Sob o comando de Enéias, após oferecerem sacrifícios aos deuses, iniciaram a viagem, cujo Destino ignoravam. Muitas lágrimas deslizaram pelas faces das mulheres e das crianças, e até dos homens mais endurecidos e orgulhosos, quando a costa troiana foi-se adelgaçando e esvaecendo à distância, avistando-se apenas, ao longe, uma enorme coluna de fumaça.

    8

    Pouco tempo depois, após alguns dias, chegavam à Trácia, país em que, noutros tempos, reinara o rei Licurgos, ímpio ofensor de Dionisos. Os atuais habitantes, no entanto, mantiveram relações amistosas com Tróia, e igualdade de culto, enquanto existira a cidade dos troianos. Nada obstante, tinham sofrido as suas relações um rude golpe, pois quando a sorte de Ílion começou a declinar e o grande Ájax empreendera uma expedição marítima de pilhagem contra os trácios, o perjuro rei Polimnéstor comprara a paz mediante a entrega, aos gregos, do filho do soberano de Tróia, Polidoros.

    Pouco depois, morrera o jovem apedrejado sob os muros de Tróia pelos assediantes, à vista do pai.

    A princípio, desconheciam em que costa haviam tocado os seus barcos, e lhes pareceu a terra desejada, ainda que soubessem que deveriam atravessar muitos mares ao seu real objetivo. Desceram em terra, e, sem que os molestassem os habitantes, puderam os recém-chegados fixar-se ali. E, na planície trácia, Enéias lançou os alicerces das muralhas de uma nova cidade, a que pretendia dar o nome de Enéada.

    Iniciada a construção, desejou o piedoso herói rogar para o trabalho a proteção dos Imortais; para tanto, sacrificou a Zeus, pai dos deuses, e à sua própria mãe Afrodite, um touro, na praia. Erguia-se nas vizinhanças arejada colina, na qual cresciam mirtos e sanguinheiros. Rumara Enéias para o bosquezinho em busca de folhagem e ramos para cobrir os altares de relva levantados pouco antes, e viu-se obrigado a assistir a pavoroso prodígio.

    Quando arrancava um arbusto, começaram a correr da raiz negras gotas de sangue que deslizavam pelo verde chão do bosque. Aquilo gelou nas veias o sangue do herói. Angustiado, deitou-se por terra e rogou às Ninfas e a Dionisos, deus protetor dos campos trácios, que o livrassem dos terrores pressagiados naquele milagre. Em seguida, com renovada energia, agarrou outro arbusto e, fincando o joelho no chão, quis arrancá-lo; mas da terra saiu um gemido; finalmente, uma voz muito triste lhe disse: 9

    — Por que me torturas, infeliz Enéias? Minha alma vive neste chão, nas raízes e nos ramos do bosque, onde brinquei, quando era criança. Sou teu irmão de raça, teu parente, sou Polidoros, filho de Príamos, que, vendido aos gregos pelo tutor, foi sacrificado diante dos teus olhos, sob os muros de Tróia. Alguns trácios piedosos me recolheram os ossos e aqui os sepultaram.

    Não firas o meu abrigo; pelo contrário, abandona esta costa, perigosa para ti e para os troianos, pois nela reina ainda a estirpe do traidor.

    Era Polidoros, filho de Príamos, que anos antes fora enviado pelo pai ao rei da Trácia, Polimnéstor, com grande parte do ouro do palácio, a fim de que este tesouro não caísse nas mãos dos gregos, no caso de uma inesperada derrota. O corpo de Polidoros deslizara pelas ondas de um lado para outro, visto por gregos e troianos, em ambos os lados do Helesponto, em busca de merecida sepultura.

    Enéias compreendeu que o cobiçoso rei trácio, como então se via, em vez de dispensar a Polidoros boa acolhida, fizera assassiná-lo para apoderar-se da fortuna. E Enéias, após refazer-se do primeiro espanto, voltou para os seus e comunicou-lhes o sucedido, em primeiro lugar ao pai e, em seguida, aos chefes do povo errante. Todos se mostraram de acordo em abandonar os lugares malditos, onde fora profanado o direito de hospitalidade.

    Suspenderam-se os trabalhos, e desgostosos com aquele fato, desistiram de fazer da Trácia sua nova pátria e, finalmente, tendo dado a Polidoros uma sepultura digna, com todas as honras, retornaram aos navios e novamente se fizeram ao mar.

    NO SANTUÁRIO DE APOLO

    A frota de Enéias passou pelo litoral da Macedônia, aportou na Samotrácia e, logo, seguiu para o sul, margeando a Hélade e atravessando as inúmeras ilhas do Egeus. Passados alguns dias, desembarcaram na ilha de Delos, que outrora era uma ilha flutuante, na qual nasceram Apolo e Ártemis. Os que ali passaram a habitar, cheios de gratidão, consagraram-na ao deus; era gente bondosa e hospitaleira. Ali reinava Ânios, um sacerdote de Apolo, um dos 10

    deuses mais venerados pelos troianos. Correu-lhe ao encontro, quando a frota entrou no porto, com a testa cingida pelos sagrados diademas de lã e levando na mão um ramo de loureiro. No velho Anquises, reconheceu um antigo companheiro. Enéias e os seus foram acolhidos com saudações e apertos de mão, dentro do recinto rodeado por forte muralha, e o seu primeiro ato foi rumar em peregrinação ao antiquíssimo Templo de Apolo, que ficava no monte Cíntio, e, depois de uma oferenda, fez a seguinte invocação:

    — Ó Apolo, poderoso protetor e amigo de Tróia, mostra-nos um lugar onde possamos fundar uma cidade bem protegida e iniciar uma nova nação! Não permitas que se extinga a raça dos teus protegidos, ajuda-nos a fundar segunda Tróia. Dize-nos quem deve ser o nosso chefe e para onde nos envias.

    Dá-nos um sinal, ó deus excelso! Revela-nos aos nossos espíritos!

    Mal acabara de falar, o umbral do deus, o souto de loureiro que rodeava o Templo e toda a montanha tremeram visível e sensivelmente, e das salas abertas do santuário uma voz ressoou oriunda da trípode do Oráculo, e todo os teucros e lícios ouviram:

    — Filhos de Tróia, povo imortal dos dárdanos, segui vossa jornada e procurai a terra de onde saíram vossos antepassados. Lá sereis bem recebidos e encontrareis um novo lar. Buscai vossa velha mãe, e dela reinarão sobre toda a Terra a casa de Enéias e os filhos de seus filhos e os que deles nascerem, haverá de crescer e de prosperar até dominar o mundo.

    Ouvindo a voz do deus, todos se atiraram humildemente ao chão. Foi grande a alegria dos seguidores de Enéias quando

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