Café & Literatura
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DOUGLAS AUGUSTO (ORGANIZADOR)
Acídeo Severino
Alberto dos Anjos Costa
Aldair Ribeiro dos Santos
Alessandro Mathera
Bárbara Vilaça Temponi
Cely Soares
Cláudia A. Terehoff Merino
Daniela S. Terehoff Merino
Diego Augusto
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Jeferson Ilha
Júnio Liberato
Kátia Surreal
Leonardo Tomais Domingues
Marcelo Gomes Jorge Feres
Marques Bueno
Milene Colin
Nancy
Noi Soul
Simone Magalhães
1ª Edição Quatá / SP
2021
Café & Literatura
Copyright © Douglas Augusto 2021
ISBN: 9798464299467
Quatá / SP
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ORGANIZAÇÃO
DOUGLAS AUGUSTO
DIAGRAMAÇÃO
ALÍCIA CERDEIRINHA
REVISÃO
DIEGO AUGUSTO
IDEIA ORIGINAL
PROJETO: ANTOLOGIAS
Café & Literatura
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AUTORES PARTICIPANTES
Café & Literatura
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SUMÁRIO
A bicicleta do diabo ............................................... 11
Aero-Porto 21 de abril de 1960 .............................. 18
Ah, chuva ............................................................... 23
A profecia .................................................................. 24
Apenas prometeu ................................................... 33
Aspiremos ............................................................... 35
Ca fé ....................................................................... 37
Café e Literatura ....................................................... 38
Completude ............................................................ 39
Conceitos ............................................................... 41
Depressa ................................................................. 69
Divergência ............................................................... 72
Doença mental
– eles alegam .................................. 74
Duelo ........................................................................ 76
Ensinamentos ........................................................... 78
Entre devaneios e labirintos ...................................... 79
7
Café & Literatura
Filosofias de mãe ...................................................... 80
Habitação de soledade ........................................... 86
Helianthus ................................................................ 88
Hipocrisia ................................................................. 90
Idiota romanesco ...................................................... 92
Inexorável passar dos instantes ................................ 98
Insônia ................................................................... 99
Letras e poesias, universos e deuses .................... 100
Meu botão de Azaléia ........................................... 103
Nau a deriva
.......................................................... 105
Nirvana da madrugada .............................................. 107
O Café. Ah o café... ................................................... 109
O dia em que não aprendi a dirigir ............................ 111
O menino reprocessado ............................................. 115
O terrível Malamém .................................................. 118
Olhos de gato ............................................................ 120
Onde o amor mora .................................................... 125
8
Café & Literatura
Paulo freire, o grande ............................................... 132
Pensar ...................................................................... 134
Qual a mágoa do andarilho? ..................................... 136
Quem dera... ............................................................. 138
Rosa Linda ............................................................... 139
Saudades .................................................................. 140
Sentimentalismo ...................................................... 142
Ser diferente ............................................................ 143
Soneto da vontade de viver ...................................... 145
To publish or not to publish ..................................... 146
Treinando o desapego ............................................... 149
Um dia nada relaxante .............................................. 152
Um mundo inteiro .................................................... 165
Uma pausa para novas ideias .................................... 167
Universos infindos e arredias poesias ....................... 169
Velho de asilo ........................................................... 172
Volp ......................................................................... 174
Sobre os autores ....................................................... 177
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A bicicleta do diabo
Marcelo Gomes Jorge Feres
No dia 17 de setembro de 1944, na operação militar chamada Market Garden, um soldado paraquedista inglês fora laçado, juntamente com sua bicicleta, sobre a cidade de Nimegue, nos Países Baixos.
Seu nome era Charles Wesley. Tinha dezenove anos e era noivo de uma tal Jessica Smith. Fazia parte de uma tropa treinada para avançar em terrenos acidentados utilizando a ajuda de bicicletas; era um Paratrooper. Sua missão: matar alemães e seus aliados e ajudar a ocupar pontes, ou a destruí-las, na preparação da invasão da Alemanha pelas tropas Aliadas.
Charles trazia um retrato de sua amada noiva embutido em um broche atado a uma corrente de ouro, ao redor de seu pescoço. Quase chegando ao solo, em sua descida de paraquedas, e na qual vislumbrara lindas paisagens, ficara preso aos galhos de uma árvore - quando esta corrente de ouro enroscara em seus galhos -, e ocorreu do peso de sua bicicleta, que havia de modo inexplicável ficado presa a seus pés, levado o infeliz soldado a morrer enforcado.
Em julho de 1948, já finda a Segunda Guerra,
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algumas centenas de holandeses fundaram uma cooperativa agropecuária em uma antiga fazenda, em Paranapanema, no estado de São Paulo, no sudeste do Brasil. Entre esses imigrantes, havia um, de nome Kaspar Gastman, que trouxera ao Brasil, consigo, uma bicicleta desmontável que, segundo ele mesmo contava, havia encontrado abandonada em um campo de batalha, durante a segunda guerra mundial.
Conta-se ainda hoje, na região de Paranapanema, que, em uma noite de sexta-feira, noite de lua cheia, no ano de 1950, houve uma aposta feita em uma mesa de pôquer em um bar da cidade, na qual um imigrante holandês apostou uma rara e cara bicicleta, da segunda guerra, contra uma noite de amor com a mulher de um tal Chico.
Conta-se, ainda, que o tal Chico perdeu no jogo de pôquer a sua mulher, por uma noite, e que cumpriu com a sua palavra, entregando a mulher a outro homem, mas que, no dia seguinte, uma vez já paga a aposta e cumprida a sua palavra dada, matou a facadas a própria mulher e, ainda, que teria matado também a facadas um imigrante holandês e, depois, que teria se matado também, bebendo veneno de rato.
Renato é filho de Matias. Matias enriquecera lá pelas bandas do sul. Dizem que trabalhava com compra e venda de coisas antigas. Mas o fato é que Matias enriquecera e seu filho, Renato, gozava, agora, no início dos anos setenta, da ótima situação financeira da família.
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Morava, a família, na Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul do Rio de Janeiro.
Mistério, mesmo, era a origem daquela bicicleta.
Chamava a atenção de todos por sua aparência e por sua peculiar antiguidade. Vendê-la, Matias dizia que jamais a venderia. Com muita relutância, emprestava-a, às vezes, a Renato, seu filho, mas sempre sob a promessa, deste, de tomar o máximo cuidado com a bicicleta e de, havendo o que houvesse, sempre devolvê-la. Matias era, sim, por demais ciumento com aquela bicicleta.
E foi por causa dos ciúmes de Matias que Renato morrera. Não a entregara ao bandido que quis tomá-la dele quando, ao cair da noite, Renato dava volta à Lagoa, pedalando e chamando a atenção de todos pela elegância em que, juntos, ele e aquela bicicleta - linda! - se apresentavam, em uma espécie de ritual de beleza e leveza que se estabelecia nas pedaladas do jovem. Mas Renato morrera e, segundo as duas testemunhas que se apresentaram