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A Congregação
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E-book264 páginas2 horas

A Congregação

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Sobre este e-book

Uma agitada cidade de mineração na Inglaterra dos anos 70 aguarda a chegada de seu novo vigário. As pessoas não sabem ao certo o que esperar quando o arredio reverendo Matthews chega à desconhecida paróquia, mas mesmo assim ele é recebido de braços abertos e junta-se ao seu rebanho.

No entanto, ao descobrir um diário deixado por seu antecessor, o clérigo logo começa a se perguntar quais segredos estão por trás da vida aparentemente inocente de sua congregação. A chegada inesperada do bispo faz com que o vigário questione seu próprio passado e uma nuvem desce sobre suas crenças religiosas, provocando o caos em sua vida e na dos habitantes da cidade, que residem a poucos passos de distância.

Escrito em um estilo otimista, com humor negro e personagens peculiares, este romance é melhor saboreado ao lado de uma lareira e com um bule de chá.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de jun. de 2020
ISBN9781071549100
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    A Congregação - A.J. Griffiths-Jones

    PARA DEANY & SARAH

    Nota da Autora

    A inspiração para este livro veio quando me encontrava de férias com alguns bons amigos, enquanto conversávamos em volta da piscina sobre como algumas pessoas parecem carregar o mundo nos ombros. Agradeço a Sarah Locker e Paul Dean, meus cúmplices nos estágios de desenvolvimento.

    Nunca é fácil criar personagens fictícios quando a vida é tão cheia de pessoas animadas e vivazes, em carne e osso. Estou sempre encontrando amigos que me contam segredos familiares engraçados ou que têm uma ideia para uma história louca ser incluída no meu trabalho mas, na maioria das vezes, eu simplesmente crio minha cidade imaginária e lentamente moldo meus personagens, um por um. São as próprias pessoas fictícias que contam os segredos, às vezes sabem o que está começando a se desenrolar antes de mim, sinal de que assumiram o controle e de que o livro não é mais meu.

    A Congregação aborda assuntos muito mais profundos do aqueles que escrevi antes, mas isso se deve à década em que meu romance se passa. Era uma época em que as pessoas estavam se tornando mais abertas, mais falantes e menos reservadas sobre suas inibições. Também escolhi meu personagem principal como membro do clero, alguém em quem a comunidade pudesse confiar nas horas de necessidade. A Igreja desempenhou um papel fundamental em minha própria infância e evoca uma infinidade de lembranças.

    Mais uma vez, a incrível capa foi criada em óleos pela minha supertalentosa tia Sylvia Caswell. Ela parece capaz de captar o clima dos meus livros tão bem, acrescentando mistério e intriga às suas maravilhosas pinturas, e um fabuloso pano de fundo para a história a se desenrolar.

    Meu marido, Dave, ainda continua aqui, aguentando meus desaparecimentos aleatórios e momentos de inspiração, quando então me tranco no escritório e escrevo até bem tarde da noite. Ele nunca julga e sempre me apoia, tanto no que diz respeito à força emocional quanto física, com xícaras de café preto forte. À medida que minha série de livros cresce, tenho muitas pessoas para agradecer por estarem comigo nesta jornada. Nunca é fácil para um autor aumentar sua base de admiradores, mas duas pessoas em particular foram uma parte proeminente do meu sucesso. Susie Ballinger e Peter Coombes são um casal maravilhoso, que conheci em minhas viagens a Gloucestershire. Este par foi o instigador de um clube on-line chamado "We Love A.J's Books", que permite que meus leitores discutam seus personagens favoritos, compartilhem fotos e, geralmente, deem boas risadas. Susie e Peter, eu os amo muito, mesmo que vocês não sejam muito bons da cabeça!

    A todos que leram "The Villagers e The Seasiders", agradeço sua gentileza e apoio, e esperamos compartilhar muitas outras histórias de segredos, personagens excêntricos e bules de chá com você.

    Leitores estrangeiros, observem que meus livros contêm expressões locais e inglês britânico.

    Prólogo

    Ao criar os personagens que você encontrará agora nesta cidade mineradora fictícia, minha mente foi atraída para a minha juventude na Inglaterra dos anos 70, quando a moda de calças boca de sino e golas largas tomaram conta e a música disco estava aparecendo. Era um momento de mudança, quando os automóveis e os aparelhos de televisão tornavam-se mais acessíveis para a classe trabalhadora, e a liberdade de expressão era incentivada em todas as esferas da vida. As casas estavam sendo compradas em vez de alugadas e uma nova mania por alimentos embalados estava começando a dominar o país.

    Decidi montar o cenário desse romance em particular em 1975, um período significativo para os mineiros na Grã-Bretanha, pois foi o ano em que eles receberam um aumento de 35% do governo para alinhar seus salários com a média salarial. Os ânimos estavam elevados e havia um grande senso de comunidade em todo o país. Os acidentes nas minas estavam se tornando cada vez menos frequentes com a introdução de novas leis de segurança, e a ameaça de fechamento ainda não era iminente.

    Foi um ano de comemoração quando a jovem Margaret Thatcher, filha de um dono de mercearia, tornou-se a primeira líder do partido político, mostrando às mulheres que, com determinação e luta, tudo poderia ser alcançado. Mais mulheres procuravam carreiras em vez de permanecer em casa, e uma nova geração de ativistas dos direitos dos animais, militantes pacifistas e manifestantes da liberdade de expressão nasceu. No entanto, aquele ano também provou ser de grande tristeza para o país, com os bombardeios do I.R.A., o Exército Republicano Irlandês, tirando muitas vidas inocentes, e o país entrando em um domínio temporário de medo, especialmente nas cidades grandes e ao redor delas. Mas nada poderia impedir o povo de comemorar o aniversário da rainha, a noite de Guy Fawkes, o Halloween e todos os eventos religiosos também.

    Ao invocar meus personagens, fiz uma viagem pelas lembranças, folheando fotografias antigas para capturar a moda e os penteados da época, os lugares que viajamos por todo o país e também os sons icônicos que tornaram a década de 1970 uma época tão despreocupada e evocativa para se crescer. Lembro-me de ir a casamentos e batizados onde as convidadas usavam chapéus de abas largas e os homens usavam sapatos plataforma.

    Por todo o país, as pessoas se orgulhavam de suas novas e modernas casas, pintando suas paredes com cores vivas, cortando seus gramados e subindo em escadas para lavar suas janelas até brilharem ao sol. Sim, na verdade, tínhamos sol naquela época, apesar da reputação da pobre e velha Inglaterra de seus nevoeiros e chuva. Tínhamos longos verões, noites frias e invernos em que a neve caía tanto que nossos pais eram obrigados a construir trenós para descermos as colinas. Esses eram os dias dos quais me lembro.

    Capítulo Um

    O Vigário

    Archie Matthews estava sentado, olhando para fora do vagão do trem. A paisagem do lado de fora havia mudado, de um céu ensolarado de inverno para um denso nevoeiro acinzentado que se instalava acima das colinas como um lençol sujo. Ele limpou a janela embaçada com a manga do casaco de lã e desejou ardentemente ter trazido uma garrafa de chá para a viagem. Seu pacote de sanduíches de queijo e picles permanecia intacto na mesa divisória à sua frente, e o cavalheiro sentado do outro lado o olhou, ansioso. Archie o empurrou para a frente com um dedo.

    — Sirva-se — suspirou ele —, não vou comer.

    O homem hesitou apenas um segundo antes de tirar a embalagem de celofane e morder avidamente o pão amolecido. Archie balançou a cabeça e voltou o olhar para o cenário. Podia ver bolsões de vida, pequenas aldeias, campos de ovelhas, extensas fazendas de laticínios, mas nada ainda da movimentada cidade de mineração de carvão para a qual estava viajando. O clique-clique do trem em movimento o fez se sentir um pouco nauseado e ele tirou uma pastilha de menta de um pequeno saco do bolso do casaco, colocando-a rapidamente na boca antes que alguém pudesse levantar os olhos. Só mais meia hora e ele chegaria ao seu destino. Não gostou nem um pouco daquele pensamento; de fato, sentiu despertar uma sensação de pavor dentro dele, um sentimento com o qual estava se tornando estranhamente familiar.

    Quando o trem deu um solavanco e parou, Archie se inclinou para verificar se o nome na placa da plataforma era o mesmo da carta que lhe fora enviada, e infelizmente era. Rapidamente, aproximou-se do porta-bagagens e, em um movimento rápido, retirou suas malas pesadas de onde haviam ficado nas últimas quatro horas. Suas costas doíam, um latejar constante que nunca desaparecia, mas o orgulho jamais permitiria que seus companheiros de viagem vissem a dor em seu rosto.

    Quando a porta do vagão foi aberta por um cabineiro elegantemente vestido, Archie desceu até o concreto e olhou em volta. A estação era agradável o suficiente, havia um pequeno café, um guichê de venda de bilhetes em funcionamento, uma sala de espera, banheiros e uma sala de depósito de bagagens, todas as facilidades que o viajante moderno poderia precisar. Olhou mais uma vez para o nome da cidade, exibido corajosamente em uma placa preta e branca, presa no tijolo vermelho da parede da estação. Foi então que ele o percebeu pela primeira vez. Poeira de carvão.

    — Reverendo Matthews? — chamou uma voz. — Estou aqui para buscá-lo.

    Archie se virou, tocando instintivamente seu colarinho clerical por força do hábito e perguntando-se por quanto tempo ele permaneceria branco naquela cidade negra e cheia de fuligem.

    Um homem alto e magro, com um sobretudo pesado e uma boina, caminhava em sua direção, sorrindo como se soubesse alguma piada secreta. Um grosso cachecol marrom estava enrolado firmemente sob o queixo, dando a aparência de que seu pescoço tinha o dobro do tamanho do que realmente tinha. Ele parecia ter seus cinquenta e poucos anos e sugou profundamente um cigarro.

    — Martin Fry — anunciou ele. — Prazer em conhecê-lo, vigário.

    Com cuidado, Archie colocou uma de suas malas sobre a plataforma e ofereceu a mão.

    — Olá, Sr. Fry.

    — Oh, chame-me de Martin, por favor. — O outro homem riu, segurando a alça da maleta e levantando-a. — Caramba, o que carrega aqui, a pia da cozinha?

    Archie abriu a boca para falar, mas parecia que o Sr. Fry não esperava uma resposta para a pergunta, pois ele já havia começado a se afastar, com os braços longos fazendo com que a bagagem apenas roçasse o chão.

    — O carro está lá adiante, vigário, vamos.

    Archie acelerou o passo e seguiu o homem jovial até o estacionamento, onde vários veículos estavam alinhados ao longo de uma cerca de madeira. Ele tossiu quando a primeira lufada de pó de carvão o atingiu, fazendo-o parar por alguns segundos. Aquilo ardeu em suas entranhas como nada que tivesse experimentado antes.

    — Ah, o senhor vai se acostumar com isso num instante — gritou Martin Fry, enquanto destrancava o porta-malas de um Ford Cortina verde brilhante com um teto de vinil preto. — Coloque sua maleta aqui.

    Archie fez como solicitado e esperou que seu companheiro destrancasse a porta do passageiro. Uma vez lá dentro, não pôde deixar de observar a limpeza do interior. O painel, os controles, os capachos e a prateleira traseira estavam imaculados. Havia um aroma de lustrador de móveis e o vigário não pôde deixar de pensar se Martin Fry era tão exigente com sua casa quanto com seu carro.

    — Nesse momento, vamos levá-lo ao vicariato. — O Sr. Fry sorriu. — Liz encheu a despensa para o senhor e está preparando um almoço enquanto conversamos.

    — Liz? — perguntou Archie, perguntando-se por que diabos já havia alguém em sua nova casa.

    — Minha esposa Liz — explicou Martin. — Minha patroa é sua governanta.

    — Eu tenho uma governanta?

    — Meu Deus, esse seu bispo não lhe contou nada? — Foi a resposta que veio.

    Enquanto o carro acelerava pela cidade, Archie Matthews se agarrou com força nas laterais do assento. Não queria dizer nada ao motorista, mas secretamente temia por sua vida. Quando pararam abruptamente em um semáforo, o homem alto ao seu lado se virou para conversar.

    — Então, qual a distância que teve que percorrer para chegar até aqui?

    Era uma pergunta direta, que deixou o vigário desconfortável, mas ele apertou os lábios e procurou uma resposta.

    — Quatro horas — respondeu —, vindo do norte.

    Martin Fry assentiu, tentando ficar de olho na luz âmbar enquanto observava a constituição sólida de Archie.

    — É um bom lugar para morar, este aqui — afirmou. — Com muitas pessoas honestas da classe trabalhadora.

    — Isso é muito encorajador — respondeu Archie, olhando para os habitantes da cidade, correndo pelas ruas enquanto ele permanecia sentado, parado diante do sinal. — E todos os moradores frequentam a igreja?

    Martin Fry mudou de marcha assim que a luz verde piscou, e um sorriso largo iluminou o seu rosto.

    — Eu diria que sim — ele riu. — O senhor terá muito a fazer, com certeza.

    Archie não sabia o que dizer depois disso, então recostou-se em seu assento, permitindo que seu companheiro conversasse, algo que ele parecia muito feliz em fazer. Martin Fry era um homem muito hospitaleiro e, enquanto dirigia o automóvel pelas ruas movimentadas, ele apontava alegremente os principais locais de interesse. Por mais úteis que pudessem ser as informações, tal como consultório médico, biblioteca, supermercado e praça principal, todos sendo identificados ao longo do caminho, Archie estava mais concentrado em chegar ao seu destino, onde esperava conseguir um banho quente. Lembrou-se, com uma pontada de remorso, da sua última casa, um pequeno vicariato moderno com todas as comodidades, onde vivia confortavelmente em reclusão tranquila. Ele esperava que sua nova residência fosse igualmente convidativa na parte de conforto.

    Eles passaram rapidamente por uma entrada larga, onde os enormes túneis de uma mina de carvão permaneciam frios e imóveis.

    — Está vendo aquele cume na colina, lá em cima? — perguntava Martin Fry, despertando o vigário de seus pensamentos. — Bem, é para onde estamos indo.

    Archie já podia ver a torre da igreja e a vasta extensão de cemitério mais adiante. Parecia assustador.

    — Certo — conseguiu murmurar. — Parece uma construção considerável.

    Quando se aproximaram da igreja, o vigário ficou surpreso com a grandiosidade do lugar. Era obviamente normando, pensou, com uma torre retangular alta e gárgulas adornando cada canto da construção principal. Havia duas entradas, observou ele, enquanto passavam pelos portões principais e viravam para uma trilha lateral para revelar uma menor, ladeada por teixos.

    — Aqui estamos — anunciou Martin Fry, interrompendo a linha de pensamento do clérigo. — Bem-vindo ao seu novo vicariato.

    Archie estivera tão ocupado absorvendo a igreja e seus terrenos que não havia notado outro conjunto de portões de madeira no lado oposto do caminho. Além deles, enquanto o Sr. Fry manobrava o carro na entrada de cascalho, uma enorme construção em pedra cinza apareceu em seu campo de visão. Este podia ver, pela expressão no rosto do vigário, que aquilo não era o que ele estava esperando.

    — Vou levar sua bagagem enquanto o senhor faz um balanço do local — ofereceu ele, deixando que Archie saísse de seu assento de passageiro e desse a volta até o capô do carro, onde permaneceu parado, olhando, admirado, por algum tempo. O vicariato era enorme, com pelo menos sete quartos, talvez mais e, pela enorme quantidade de janelas na frente da casa, Archie podia ver que ele iria ficar perambulando em suas dependências como um órfão abandonado. Ele olhou para suas mãos nuas que estavam começando a ficar azuis.

    ***

    — O senhor vai ficar doente aí fora, vigário — chamou a voz de uma mulher, vinda da porta da frente. — Entre.

    Archie Matthews obedeceu, esmigalhando as minúsculas pedras sob seus pés e chegando à porta escura decorada com painéis. Ele continuou se perguntando o que estava fazendo ali, naquele lugar, com aquelas pessoas.

    — Prazer em conhecê-lo, reverendo Matthews — entusiasmou-se a mulher. — Sou Elizabeth Fry.

    — Olá, Sra. Fry — hesitou Archie. — Não sabia que o bispo havia arrumado... bem, ajuda.

    A mulher fez um som como se bufasse, como se estivesse pronta para se encarregar da situação, e rapidamente explicou o que fazia.

    — Estou aqui há trinta anos — começou ela. — Limpei, cozinhei e lavei para os últimos dois últimos vigários, sem queixas. Estou aqui das nove às quatro, todos os dias, exceto aos domingos, é claro. Preciso de tardes de sábado alternadas para visitar minha irmã, mas tenho certeza de que isso não será um problema, será, reverendo?

    Archie balançou a cabeça e entrou.

    — Não, não há problema, Sra. Fry.

    O corredor de entrada era tão grandioso quanto o exterior da construção. Um piso de assoalho se estendia por todo o espaço, com um longo corredor que levava à esquerda, enquanto à direita havia uma ampla escadaria de carvalho que desaparecia na direção dos numerosos aposentos do andar de cima. Archie respirou fundo.

    — E onde mora, Sra. Fry?

    — No chalé, do outro lado da rua — respondeu ela, apontando para a direita enquanto fechava a porta pesada. — Não ficamos longe, se o senhor precisar de alguma coisa.

    Archie soltou um suspiro de alívio, provavelmente visível para sua nova governanta, quando seus ombros caíram alguns centímetros e seu rosto se iluminou. Não era a proximidade da residência do casal que o confortara, mas a satisfação de saber que poderia passar suas noites sozinho, longe de olhares indiscretos. Quanto mais solitária sua existência, melhor, pensou Archie.

    A Sra. Fry o levou pelo corredor, abrindo portas e dizendo-lhe quais eram os cômodos. Houve um baque no andar de cima, fazendo com que o vigário olhasse para o teto, mas ele percebeu que era apenas Martin levando as malas para o andar de cima. No final do corredor, a governanta virou à esquerda, revelando uma cozinha ampla, clara e moderna, equipada com unidades de fórmica branca e um amplo fogão Aga preto. Uma mesa de faia comprida ocupava o primeiro plano do aposento, dando-lhe uma sensação acolhedora. Sobre a mesa estavam os jornais diários e um jarro floral branco, com galhos de rosa mosqueta.

    Archie tirou o casaco, sentindo a umidade nele, resultante do nevoeiro que estava do lado de fora, e o colocou sobre as costas de uma cadeira, ao lado do fogão, para secar. Pela primeira vez, estava em uma sala brilhante o suficiente para ver adequadamente a Sra. Fry.

    — Deixe-me fazer um bule de chá para o senhor — disse ela, fazendo barulho ao mexer nas xícaras e enchendo a chaleira. — Vamos nos divertir muito nos conhecendo.

    — Hmmm, de fato — murmurou Archie, enquanto a observava ocupada. — Chá seria bom.

    Ele podia ver que Elizabeth Fry tinha mais ou menos a mesma idade que o marido, uns cinquenta e poucos anos, supôs ele, o que na verdade era quase a sua própria idade. Ela era apenas alguns centímetros mais baixa do que ele também, uma mulher alta, com uma constituição muito bem formada. Obviamente, os anos foram gentis com a governanta, pois ela tinha

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