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Exílio e Alteridade na Poética de Alejandra Pizarnik
Exílio e Alteridade na Poética de Alejandra Pizarnik
Exílio e Alteridade na Poética de Alejandra Pizarnik
E-book168 páginas2 horas

Exílio e Alteridade na Poética de Alejandra Pizarnik

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Sobre este e-book

A presente investigação tem por objeto a obra poética da argentina Alejandra Pizarnik (1936-1972), que se exilou em Paris durante a década de 1960. A obra poética da autora constitui-se como um campo em expansão dentro da tradução de poesia no Brasil desde a década de 1990 e ganhou mais força com as recentes publicações das traduções de Ellen Lopes (2018) e de Davis Diniz (2018). A leitura de Poesia Completa (2011) permite reflexões sobre o exílio e a alteridade. A experiência do exílio de Pizarnik contribuiu para o seu processo criativo e concepção poética. A situação do inusitado levou a poeta a vivenciar a condição de estrangeira, ou seja, a colocar-se no lugar do Outro. Este estudo leva em consideração, e tem como apoio para a leitura da poética de Pizarnik, fragmentos de seus diários, prosa e correspondência que dialogam com sua poesia e que oscilam entre a comunhão e a tensão estabelecida com o Outro, sob o viés da perspectiva da alteridade de Levinás (1987) e da hospitalidade de Jacques Derrida (2003). A discussão sobre o exílio, como direito ou pena e a questão do estrangeiro, está relacionada à leitura de Said (2003) e dos artigos da edição temática da revista Archipiélago (1995). Outras constantes como o sentimento de pertencimento e de pátria, são analisadas a partir de Deleuze (1995, 1998, 2011) e Guattari (1995). A morte e a dicção suicida são vistas aqui como espaço de trânsito, conforme Blanchot (1987) e, nesta abordagem, a morte do escritor constitui uma forma de traição à escrita.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento26 de jul. de 2023
ISBN9786525038810
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    Exílio e Alteridade na Poética de Alejandra Pizarnik - Rafael Patrik Procopiuk Walter

    capa.jpg

    Sumário

    CAPA

    1

    INTRODUÇÃO

    1.1 PIZARNIK PARA A CRÍTICA-HISTORIOGRÁFICA

    1.2 PIZARNIK PARA A CRÍTICA ESPECIALIZADA

    1.3 TRADUÇÕES PARA O PORTUGUÊS

    1.4 PIZARNIK, EXÍLIO E ALTERIDADE

    1.5 PIZARNIK NO PAÍS DA METALINGUAGEM

    2

    PERSPECTIVAS DA MOBILIDADE NA POESIA DE PIZARNIK

    3

    PIZARNIK E A POESIA DO EXÍLIO

    3.1 O EXÍLIO COMO AMBIENTE PARA O PROCESSO CRIATIVO

    3.2 ÁRBOL DE DIANA (1962)

    4

    PERSPECTIVAS DO EXÍLIO NA POESIA DE PIZARNIK

    3.1 O EXÍLIO COMO EXPERIÊNCIA

    3.2 O OUTRO, O ESTRANGEIRO

    3.3 O EXÍLIO DE PIZARNIK

    5

    PIZARNIK, A POESIA EM DIREÇÃO AO OUTRO

    4.1 A POESIA EM DIREÇÃO AO OUTRO, LINHAS DE FUGA E DE MORTE

    4.2 A MORTE COMO ALTERNATIVA E DESTERRITORIALIZAÇÃO

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    REFERÊNCIAS

    ANEXO 1 – ORIGINAL

    ANEXO 2 – TRADUÇÃO

    SOBRE O AUTOR

    SOBRE A OBRA

    CONTRACAPA

    Exílio e alteridade na poética de

    Alejandra Pizarnik

    Editora Appris Ltda.

    1.ª Edição - Copyright© 2023 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98. Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores. Foi realizado o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nos 10.994, de 14/12/2004, e 12.192, de 14/01/2010.

    Catalogação na Fonte

    Elaborado por: Josefina A. S. Guedes

    Bibliotecária CRB 9/870

    Livro de acordo com a normalização técnica da ABNT

    Editora e Livraria Appris Ltda.

    Av. Manoel Ribas, 2265 – Mercês

    Curitiba/PR – CEP: 80810-002

    Tel. (41) 3156 - 4731

    www.editoraappris.com.br

    Printed in Brazil

    Impresso no Brasil

    Rafael Patrik Procopiuk Walter

    Exílio e alteridade na poética de

    Alejandra Pizarnik

    À Ana Luiza;

    À Celeste Luiza;

    Ao Inácio Belchior;

    Aos meus pais;

    À Alda Celeste (in memoriam);

    Ao mestre Paulo Roberto Steinbock (in memoriam).

    agradecimentos

    À Prof.ª Dr.ª Isabel Jasinski, pela paciência, orientação e interlocução constante durante a concepção, o desenvolvimento e o amadurecimento desta pesquisa; à Capes pelo fomento de 03/2017 a 03/2019; aos meus colegas de classe e companheiros de investigação científica, pela interlocução durante as aulas, a qual colaborou para a maturação deste trabalho; ao Prof. Dr. Maurício Cardozo, pela interlocução e fundamentação crítica e teórica; ao Prof. Dr. Guilherme Gontijo Flores, pela leitura deste trabalho durante a sua fase de qualificação; a Prof.ª Dr.ª Sandra Stroparo, Prof.ª Dr.ª Maria Joselle e Prof.ª Dr.ª Débora Cota, pela generosidade irrestrita; a todos os servidores que trabalham na secretaria do PPGL-UFPR; à Ana Luiza, pela paciência; à Celeste Luiza, pelo carinho e compreensão nos momentos de falta; a Pacha Mama, Cevada, Rita Lee e Tina; a Ruth, Ruthinha, Dondi, Sabrina e Leonardo; a Celso e Rosa, Nikasion, Bruno e Alice; a Marisa Moyano, Hugo Aguilar, Juanito, Nicolás y Humberto; ao Guimarães e à Piedade; ao Prof. Dr. Fábio de Carvalho Messa; ao Me. Paulo Roberto Steinbock (in memoriam); aos meus amigos: Ernani Andrade, Maikel da Maia, Matias Dalla Stela, Matheus Dumsh Dutra; ao Nicolas Gighonetto y Armando Veja; à Alda Celeste Neves Walter (in memoriam); ao Marcos, da Livraria Joaquim; aos colegas de turma; aos Freis Dominicanos da Paróquia Santo Antônio do Boa Vista: Frei Claudemir, Frei Bruno de Miranda, Frei Eduardo; Frei Marcelo e Frei Lino; ao Rodrigo Garcia Lopes da Revista Coyote; à Nina Rizzi; à Nathália Agra; ao Ricardo Corona; à Bárbara Lia; à Marília Kubota; ao Ivan Justen Santana; e a todos aqueles que se propuserem à leitura e discussão da obra de Alejandra Pizarnik.

    Não me peça que eu lhe faça uma canção como se deve

    Correta, branca, suave, muito limpa, muito leve

    Sons, palavras, são navalhas

    E eu não posso cantar como convém

    Sem querer ferir ninguém

    Mas não se preocupe meu amigo

    Com os horrores que eu lhe digo

    Isso é somente uma canção

    A vida realmente é diferente

    Quer dizer

    Ao vivo é muito pior.

    (Belchior, 1976)

    APRESENTAÇÃO

    A poesia como territorialidade do movimento

    Alejandra Pizarnik não está só, faz parte de uma parcela significativa de escritores hispano-americanos que buscaram a relação dentro-fora dos seus territórios, desde que estes se constituíram como nações no panorama ocidental. A mobilidade foi uma tendência marcante para a formação do pensamento e da expressão artística moderna na América Latina, a partir do século XIX, intensificando-se na segunda metade do século XX até a atualidade. Na Argentina, figuras como Jorge Luis Borges e Julio Cortázar são mais conhecidas mundialmente, porém muitos intelectuais efetuaram o trânsito transatlântico em meados do século passado com vistas à Europa e, principalmente, a Paris. Contudo, o movimento para fora equivaleu em grande medida a um movimento para dentro, sua identidade, sua história, sua subjetividade, sua expressão. A partir da relação com o outro, aqueles que vivenciaram processos de des(re)territorialização perceberam-se estranhos, estrangeiros, diferentes fora e dentro dos seus locais de origem. Isso favoreceu percepções renovadas do mundo e de si mesmos, potencializando seu fazer poético e ressignificando o que antes era conhecido por eles.

    Em busca da expressão dessa mobilidade, a reflexão desenvolvida por Rafael Walter, ao longo deste livro, avalia a obra poética da argentina Alejandra Pizarnik (1936-1972) a partir da questão do exílio e da alteridade, como constantes formadoras de imagens e sentidos poéticos. Filha de imigrantes russos judeus, nascida em Buenos Aires, o imaginário da viajante teve motivações profundas. Na sua perspectiva, a mobilidade em Pizarnik se apresenta de múltiplas formas, não se limitando ao exílio vivido na França de 1960 a 1964. A escritora evidenciou pulsões pelo movimento em vários poemas desde 1955, aponta o crítico, tendências que acabaram confirmadas em Árbol de Diana (1962) e Los trabajos y las noches (1965), diferenciando-se dos movimentos regionais ou vanguardistas da Argentina na mesma época. Com o autoexílio em Paris, que propiciou a relação com escritores estrangeiros, suas obras e movimentos diversos, o que era inicialmente um anseio pelo movimento se converteu numa expressão peculiar em castelhano, por isso distinta do seu contexto de origem, como entende Walter, cadenciada pelos poemas breves e liberdade métrica, pela compreensão da arte como processo, pela elaboração dos aspectos visuais da palavra poética, em diálogo com Stéphane Mallarmé, Arthur Rimbaud, André Breton, Antonin Artaud, Lewis Carroll, James Joyce, entre outros.

    Neste ensejo, Alejandra Pizarnik multiplicou a sua condição de estrangeira pela poesia, como bem demonstra Rafael Walter em sua análise. Como num jogo de espelhos, a poeta criou imagens de si, desdobrando percepções do movimento como desejo e insatisfação, fantasmagorias e libertação. Ali se encontram as fronteiras da singularidade, uma passagem ou um abismo para o outro, em todo caso, uma experiência de sensibilidade. A leitura de sua poesia, a partir do viés da mobilidade, permite um resgate de sua obra como singularidade plural, segundo Jean-Luc Nancy em A comunidade inoperada ([1986] 2016), única e exposta em sua poesia, por isso deslocada e inclassificável. O movimento de sair de si pela linguagem, multiplicando-se, projeta imagens sensíveis, constituídas a partir da relação com o outro e da leitura do poema. O exílio no espaço ou o autoexílio criativo se complexificaram ao converter o poético em territorialidade do movimento e prática de modos expressivos singulares. Desta maneira, observa o pesquisador, o potencial poético do deslocamento na poesia de Pizarnik se manifesta na percepção do exílio e da alteridade como construções da subjetividade, metáforas da condição humana, consciência da impossibilidade de conhecer o outro e morte. A expressão da mobilidade em Alejandra Pizarnik conforma, por fim, uma poética do movimento enquanto projeto de escrita.

    Exílio e alteridade na poética de Alejandra Pizarnik é uma leitura instigante e enriquecedora, Rafael Walter demonstra conhecimento sobre a fortuna crítica atualizada da poeta, entretanto é capaz de enunciar sua voz própria, destacando aspectos da obra de Pizarnik ainda não abordados pela crítica com profundidade. Sua análise revela uma problematização teórica da questão, sem cair em elucubrações abstratas. Ao contrário, pontua o caminho reflexivo com poemas e análises críticas que abrem espaço para uma reflexão articulada sobre o processo poético do movimento na escritora argentina. Alejandra Pizarnik não está só, como disse, conta com o interesse cada vez mais crescente da crítica especializada, dos estudos acadêmicos e da tradução no Brasil, como revela este livro de Rafael Walter. Na cadência deste ritmo, também conta com o público leitor brasileiro, que passa a ter cada vez mais conhecimento sobre sua obra.

    Isabel Jasinski

    Doutora em Literatura, é professora de Literaturas Hispânicas na

    graduação em Letras e na pós-graduação em Estudos Literários da

    Universidade Federal do Paraná. Investiga as relações entre literatura

    e mobilidade no campo dos estudos literários da contemporaneidade

    1

    INTRODUÇÃO

    A poética de Alejandra Pizarnik é marcada por múltiplas faces. A autora se dedicou à poesia, à prosa e à tradução. Ao nos depararmos com a obra poética de Pizarnik, surgem algumas perguntas como: a qual período, movimento literário, ou estética é possível vinculá-la? A crítica historiográfica nos permite a leitura de diferentes pontos de vista sobre a questão. Não necessariamente as perspectivas são convergentes, ou aqui levadas em consideração absoluta, sem questionamentos. A dúvida nos encaminha à investigação e nos conduz ao reconhecimento de que o objeto pode ser compreendido em parte, sem necessidade de totalizá-lo, ou mesmo, reduzi-lo a categorizações

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