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Paradoxos Indignos
Paradoxos Indignos
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E-book236 páginas3 horas

Paradoxos Indignos

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Sobre este e-book

O vazio da humanidade e o tempo que corre solto se personificaram em entidades acima do entendimento, e juntas, enganaram e aprisionaram Elétron-Paradox, um rapaz que derramava raios ao invés de lágrimas de seus olhos e que era traumatizado por suas guerras, além de outros milhões em um fragmento da realidade conhecido como Purgatório. Neste lugar, uma luta desenfreada se iniciaria pelo retorno ao lar original e pelos seus próprios propósitos, e inevitavelmente, este mundo se tornaria um campo de memórias ruins após o iminente fracasso. Muitas décadas depois de sua chegada, e após ter perdido tudo que conhecia, Paradox não viu outra opção a não ser se apaixonar pelo próprio vazio, se entregando completamente. Mas tudo mudaria quando algo despertasse dentro dele, dando a possibilidade do mesmo se questionar, depois que rostos do passado retornarem e novos chamados para a mudança aparecem, se realmente haveria algo pelo que lutar.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de fev. de 2024
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    Pré-visualização do livro

    Paradoxos Indignos - Caçador De Guto

    Apresentação

    Olá, caro leitor. É com imensa alegria que finalmente trago à vida esta obra, que após quase dois anos e inúmeros rascunhos, versões frustradas e descartadas, pode ver a luz do dia. Mesmo que eu ainda considere isso como algo ainda experimental, como um episódio piloto de uma série de televisão, que eu espero muito que funcione.

    Muito mudou desde o início, que se for considerar a criação do primeiro personagem fora das linhas, já podemos considerar mais de três anos que este universo vive em minha cabeça. Nesse meio tempo muito aconteceu, pessoas vieram e pessoas foram, e pude infelizmente ver minha mente definhar, mas felizmente ainda estou aqui. Aproveite os dezessete capítulos a seguir.

    Atenção

    A obra seguir elabora e faz alusão a diversos temas que podem ser sensíveis a certos públicos, como depressão, suicídio e violência.

    PARADOXOS INDIGNOS

    Criado Por

    Caçador de Guto

    PREFÁCIO

    Capítulo 1

    O Paradoxo que nos foi tirado

    Capítulo 2

    O Vazio que nos enche

    Capítulo 3

    Morte

    PARTE II - LUTO

    Capítulo 4

    Wrion

    Capítulo 5

    Os sonhos que não existem mais

    Capítulo 6

    Quem é você na chuva

    Capítulo 7

    Surpresas Indesejadas

    Capítulo 8

    Obrigado por estar aqui

    Capítulo 9

    História, de Paradox

    Capítulo 10

    É um belo traje de astronauta

    Capítulo 11

    Converse comigo

    Capítulo 12

    Retorno

    Capítulo 13

    Os desenhos e o luto dele

    Capítulo 14

    O que querem nos mostrar

    Capítulo 15

    A festa eletrizante de Anna Axe e a Banda

    PARTE III - EGOÍSMO

    Capítulo 16

    De Theia, com amor

    Capítulo 17

    O mundo deles

    PREFÁCIO

    Capítulo 1 O Paradoxo que nos foi tirado

    Você tem uma caixa, ela é repleta de tantas memórias felizes, tantos abraços e tantas cartas de amor e amizade... Uma caixa completa. Mas sem querer, você derramou sangue nela, o seu próprio, o seu ardente sangue. Todas as fotos foram manchadas por aquilo que um dia correu em suas artérias cheias de vida, a caixa está agora imunda e você tenta a todo custo moldá-la a sua vontade, mas não adianta, só piora. Enquanto você tenta limpar o sangue novo, o velho seca e fica cada vez mais escuro e impregnado, você entra em um ciclo vicioso de tentar consertar o estrago causado pela sua própria dor. Você acaba por fim tendo que retirar todas as coisas da caixa, ela agora é uma caixa vazia. Não importa o que você faça para disfarçá-la, não importa o quão bonita ela se pareça do lado de fora, ela vai continuar sendo uma miserável caixa vazia e imunda, para sempre.

    Esta é a trágica história de Elétron-Paradox. E para o dia de hoje, o momento em que ele entregou enfim a perturbadora descoberta que já havia feito.

    Paradox está com a sua cabeça baixa em uma mesa muito pouco preservada, sentado na mais indecente cadeira acolchoada, rasgada a maltrapilhos, numa espécie de lanchonete de época não muito bem cuidada. O vidro está rachado e o chão está sujo, os lanches, um imundo pedaço de carne feito à base de experimentos genéticos e restos contaminados de mais de um animal, estão sendo servidos agora sem molho, clientes fiéis reclamam do lado de fora emanando insatisfação, onde já se viu se servir uma refeição tão nojenta sem molho? Não há direito a reembolso por infecção, não que algo daquele lugar importasse muito. A música tocada pela metade de trás pra frente e a outra metade pulando as letras 'A' (claramente o tocador estava com defeito) sempre incomodou Paradox, mas que ainda sim continuava a escrever o que parecia ser uma carta, não se sabe o que estava escrito. Desde o começo, é notável que algo o incomodava, algo que estava crescendo, algo que ele nem queria e nem conseguia compreender de tão corrosivo que era.

    O lugar exalava o mais notável aroma de crisântemos, e cada detalhe daquilo acentuava cada vez mais o vazio incessante do jovem Paradox, que a cada profunda respiração buscava em sua própria alma uma possível salvação, enquanto o mesmo conversava com uma figura curiosa, porém tagarela e levemente letárgica. Um homem, seu professor e treinador de longa data, responsável por acolhê-lo em sua falida escola após determinadas tragédias, um sábio nos conhecimentos sobre a manipulação do que conhecemos como o tempo, e supostamente (dizem as más línguas, provavelmente outros alunos que ele torturou) ele sendo o próprio fluxo do continuo espaço-tempo personificado em uma forma humanoide, e além disso, proprietário do estabelecimento, que beirava a falência ou algo parecido. A escassez de funcionários já é recorrente, e pra piorar, recentemente dois deles tiraram a própria vida. Paradox, que estava lá para tentar mais uma vez ter seu pedido concebido pelo sábio, após uma longa conversa com dois dedos de menosprezo e um balde de arrogância, é recusado. Ele tenta mudar o jogo e fazer a cabeça do Sábio, o interrompendo para tentar mostrar sua carta, a mesma que talvez pudesse alertá-lo sobre os tormentos de Paradox e que talvez pudesse fazê-lo impedir que aquilo continuasse a crescer, mas novamente é ignorado todas as vezes por ele, o mesmo também começa a se gabar de sua importância ecoando frases extremamente óbvias e sem necessidade de alguma explicação, seus olhos até se arregalavam, aquela forma física chegava a tremer, o próprio suposto tempo estava com olheiras.

    Por que você está tão estranho hoje, Sábio Viajante? O que seu rosto reflete que sua alma mais uma vez não tem coragem de dizer? Você faz jus ao seu nome em diversos momentos, mas certamente não agora. Parece estar incomodado, parece estar com dor.

    Perguntou Paradox, ironizando a situação.

    O sábio, decide bruscamente mudar o assunto para uma pergunta banal que normalmente ele não se importaria o suficiente para ter a iniciativa de fazê-la. O cheiro de queimado emerge da cozinha, os funcionários tiveram até mesmo que trancar as portas devido à alta insatisfação pela falta do famoso molho, o molho que faz o tempo ser encarado de uma forma cada vez mais simplificada... Uma das cozinheiras, de cabelos absurdamente longos, vestida a terno e completamente molhada como se tivesse acabado de sair da água, se vira para o balcão, de olho em Paradox.

    Você acha que hoje vai ser o dia em que o Paradox vai descobrir? Perguntou ela.

    Não sei, se for, estamos todos mortos. Respondeu o segundo cozinheiro, também vestido a terno, com a pequena diferença de que a metade de seu rosto estava completamente coberta pelo que parecia ser a metade de um cubo de vidro, esse que rasgava a pele de seu rosto.

    De volta à mesa, o Sábio pergunta:

    "Não venha com esses fingimentos pra cima de mim, seu vagabundo desgraçado. Não vem com esse vocabulário decente uma vez na vida como se você não fosse um pé-rapado de merda, sua mãe era uma vadia, uma extremamente mal cuidada e mal comida, e você é fruto de vagabundagem. Bom, de qualquer modo... Você já comeu algo, Paradox? O

    molho já acabou, não tem como lidar com isso de um jeito fácil."

    A pesar de desconfiado, alternando rapidamente entre a desgastada folha de papel para o rosto do sábio, que mesmo sendo sábio, decide gastar suas habilidades sendo um pedaço mórbido de arrogância e egocentrismo. Sua capa e seu capuz cheiravam levemente a fumaça, também lembravam o cheiro vindo de um homem atordoado. Para finalizar, sua cabeça, coberta completamente por um material metálico azulado, escondendo sua identidade e suas emoções. O Sábio não compartilhava o que realmente sentia, seu coração apertava, sua cabeça doía cada vez mais e a respiração estava dificultada, seu mal-estar estava cada vez mais o levando a miséria. Ambos escondiam suas próprias dores, de um lado tínhamos o orgulho atrapalhando, e de outro, o medo. O

    medo de aceitar aquele problema. Os dois começavam a condenar um ao outro, com o Sábio sendo aparentemente o mais próximo de sucumbir primeiro.

    Paradox responde, se segurando para não dizer algo indiferente ou até mesmo ofendê-lo com o primeiro adjetivo que venha em sua mente, afinal, ele foi acolhido, cuidado e treinado por aquele homem, no fundo ele sentia que o devesse algo, que devesse lhe impressionar, mas algo estava o incomodando.

    Não é óbvio que eu não comi nada hoje, porra?! Você se descuidou, Sábio! Não vai me fazer esquecer dessa vez! Eu finalmente entendo o motivo de ter feito isso comigo, de ter escravo todos esses anos. Você me fazia esquecer, me fazia pensar todas essas coisas, não é? Quantas vezes eu descobri? Essa é a primeira vez? Dói saber. Sinto que estou me entregando a isso, mas parece que... É melhor assim. Mas tenho medo de sucumbir, tenho medo de se quer encarar.

    Ele finge não compreender, e banhado em sua arrogância, responde:

    JÁ CHEGA!!! ISSO É UMA BLASFEMIA! UM DESRESPEITO! Eu não tenho tempo pra cuidar de um aluno órfãozinho, sujo e que me envergonha de outros tempos, agora adulto...

    Sua voz parecia ficar mais rouca, sua visão levemente turva, suas juntas doíam.

    Paradox diz:

    "Minha família já está toda morta. Foi assassinada. E foi a última vez que tive uma.

    Você... Você é só um aproveitador, se você não fosse essa bomba mórbida e destrutiva você não seria nada. Não temos relações sanguíneas, eu já falava, andava e cuidava de mim mesmo quando nos conhecemos. Você sabe de tudo de ruim que aconteceu, não sabe? Você me destruiu assim que me achou, me destruiu de dentro pra fora, e as vezes começando pelo lado de fora também. As coisas que fez comigo, as que me fez fazer...

    Como se eu fosse um verme! E todas as vezes que tentei pedir pra realizar um simples pedido?! Depois de ter vivido uma vida inteira por você! E a pesar de tudo, eu ainda tenho consideração e quero te ver bem."

    Na mesa ao lado, dois seres curiosos e anatomicamente bizarros conversam, e parece que ambos estão tendo como entretenimento a conversa entre aluno e professor. Os dois com cubos verdes brilhantes no lugar das cabeças debatem sobre o jovem Paradox, logo à sua frente. Um deles chega a perguntar para o outro:

    Será se Paradox descobriu? Será se o Sábio contou para ele? Ou ele descobriu sozinho?

    Pela última vez Paradox exige que o sábio olhasse a sua carta. Aquela forma tola, aquela suposta personificação medíocre olha para o papel, uma matéria simples, menor que o tempo, menor que o tecido de tudo que compõe a realidade, somado a decadência momentânea do sábio, que a pesar de ser um grande mestre com habilidades que beiram a insanidade, simplesmente não foi capaz de reagir a fúria avassaladora da própria morte.

    Isso mesmo. Seus olhos sangraram ao resolver finalmente ler aquilo, sua cabeça parecia querer explodir, foi estressante demais todo o sentimento que aquela única carta transmitia, até o ponto de seu capacete rachar, tanto suas próprias emoções reprimidas e seu ego extravasado foram seus assassinos. Paradox fica imóvel em completo choque, sem entender toda aquela situação, foi estranho o que acabara de acontecer, foram apenas movimentos simples, movimentos meramente humanos... O Sábio agora se encontra agonizando em sua própria poça de sangue. A verdade fora tão dolorosa que o matou.

    Paradox se desespera, ele não queria nada daquilo.

    Os sinos à frente da porta de entrada da lanchonete ecoam o já silencioso local, em sons que se assemelhavam ao mais furioso e terrível trovão trazendo más novas... Uma figura aparece na porta, observando minuciosamente Paradox, que se questiona o motivo pelo no qual alguém idêntico a ele (com exceção da cicatriz que a cópia carregava, que começava em seu queixo e cruzava seus lábios) estaria ali, suas roupas e sua cara de morto não deixavam de entregar um homem que perdera tudo, a imensidão do olhar daquele rapaz perturbado agora inunda a visão de Paradox, e acompanhado dele, uma jovem mulher, essa que era chamada de Theia, uniformizada em pró de alguma organização, também repleta de ferimentos e com um olhar vazio. Agora em questão de segundos, todos no restaurante haviam sumido, restando apenas os três ali...

    "Eu sinto muito por toda a Humanidade, Paradox. Disse a cópia.

    Humanidade? Questionou Paradox, se inundando em suas insatisfações e na sua raiva. Ele parece estar em transe, como se estivesse sendo corrompido...

    Theia olha profundamente para Paradox, interessada na sua miséria, trazendo o terror do futuro...

    Nem o tempo e nem o vazio nos darão misericórdia, Paradox.

    Ao mesmo tempo que a frase de Theia ecoa pelo já silencioso local, sem funcionários para atender e entregar os relógios (agora sem molho), os manifestantes em pró da causa citada anteriormente agora finalmente conseguem adentrar o estabelecimento, eles parecem espantados com o que estavam vendo, ou melhor, com o que Paradox havia descoberto...

    Ele descobriu!!!

    Eu sabia que ele tinha descoberto!!!

    O que vai ser de nós agora?!

    Paradox mal consegue processar aquela situação, seu ódio deu lugar a confusão e desnorteamento por alguns momentos... A plateia em sua frente espera ansiosa por algumas pontinhas de suas palavras. O outro Paradox e Theia ficam logo a frente.

    Isso não devia ter acontecido. Ele devia saber que eu descobri. Ele se foi sem saber que eu finalmente descobri. Por que ele morreu?

    Paradox descobriu, ele descobriu...

    A animação da plateia rapidamente se transforma em puro ódio, ao mesmo tempo em que o segundo Paradox e Theia somem, o nosso protagonista passa a ser vaiado pelos manifestantes do relógio (como se auto intitulavam) que agora se sentem completamente inseguros, fora de si, eles exigem a morte de Paradox. O choro tempestuoso se inicia, as lágrimas começam a escorrer dos olhos furiosos dele, mas não eram lágrimas comuns. À

    medida que desciam, formavam raios em seu rosto, o som? Idêntico. Então eles sacam suas armas, e o show começa, os tiros correm soltos para todos os lados ao mesmo tempo que Paradox se esquiva de todos eles. Em meio à euforia dos manifestantes do relógio, ele também usa de seus diários truques levando sua mão direto ao pé do olho, em uma cena dolorosa ele simplesmente arranca uma de suas lágrimas raivosas azuis, e a carnificina está iniciada.

    Ele tem o raio, ele tem o raio! Gritou um dos relojeiros.

    Paradox avança, ele usa o seu raio de choro para além de revidar os tiros, e assim passa a esfaquear letalmente cada um deles. E eles vão caindo um a um, parte deles até consegue bater de frente e segurar por alguns segundos, mas logo sucumbem. Chegam a pedir por misericórdia. Os tiros dos relojeiros atingiram os dois cabeças de cubo conversadores além dos cozinheiros aflitos, mas não Paradox, que se manteve de pé, e agora com mais ódio. Mas já era o fim da linha para ele, ou... Apenas o começo de uma jornada de dor e sofrimento para ele ou qualquer um que adentrar em seu caminho. Ele

    precisava ser imediatamente parado ou suas ambições condenariam tudo. A sua dor começa a se agarrar a ele, começa a impregnar...

    O destino inevitável e a consequência de suas ações haviam chegado. A Humanidade começa a tomar conta do lugar, um evento como esses é insustentável, Elétron-Paradox não deveria saber o que ele é... E agora é questão de tempo até o mesmo alcançar o seu agora tão sonhado fim... Seu colapso final não será completo pois os raios da humanidade não permitirão, porém é certo que com os anseios das forças maiores sendo desrespeitados, é inevitável que tudo que existe morra.

    Você é só um [???????], Elétron-Paradox.

    Capítulo 2 O Vazio que nos enche

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