O Cavaleiro da Armadura Manchada
De Jill Barnett
5/5
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Sobre este e-book
Da autora de best-sellers do New York Times, Jill Barnett, nos chega uma estória encantadora de uma bela donzela inglesa e um bravo cavaleiro que se apaixona por ela.
Desesperada para fugir de um casamento forçado com o cavaleiro mais temível da Inglaterra, Lady Linnet de Ardenwood contrata o perigoso mercenário William De Ros para ajudá-la a fugir para um convento.
Sem o conhecimento dela, De Ros é na verdade o novo Barão Warbrooke, que, de acordo com o avô protetor de Linnet, tem apenas uma semana para conquistá-la e ganhar o seu amor.
Para os leitores de Julie Garwood e Jude Deveraux.
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O Cavaleiro da Armadura Manchada - Jill Barnett
ISBN: 978-0-9831804-0-1
Impresso nos Estados Unidos da América
Arte da Capa por Kim Killion
Oh! O que pode estar perturbando você, Cavaleiro em armas,
Sozinho, pálido e passando indolentemente?
Eu encontrei uma dama nos campos,
Tão linda, uma jovem fada,
Seu cabelo era longo, e seus passos tão leves,
E selvagens eram seus olhos.
—A Bela Dama Sem Piedade, John Keats
––––––––
A visão dela lhe tirou fôlego. Ele, um cavaleiro destemido e valente, ficou sentado congelado no topo de sua montaria observando a jovem na beira da clareira. Por um momento atemporal ela ficou presa em prismas de luzes brancas enevoadas que se derramavam na floresta.
Se ele não estivesse sozinho, teria perguntado aos seus homens se ela era uma visão — um sonho nascido da fraqueza de um homem que tinha travado muitas batalhas, bebido demais e dormido muito pouco. Pois apenas uma visão poderia ter cabelos ondulados caindo em suas costas, quase tocando seus joelhos. Cabelo da cor rica e ardente de um pôr do sol. Somente uma visão poderia parecer tão inocente. Somente uma visão poderia cantar como os anjos.
Sua voz chegava até as copas das árvores, um som que para ele era uma música vinda do céu — clara, e fresca e sem defeitos. Ele desmontou e se aproximou; sua busca por água subitamente esquecida. Naquele momento, pouco importava que sua boca contivesse o sabor poeirento da estrada, tão apegado que ele se sentia a essa jovem.
Ela se abaixou e pegou outra flor amarela brilhante do chão da floresta, trançando-a em uma guirlanda de flores silvestres e heras que pairavam sobre o seu braço. Ela se virou então, girando com um pé descalço, enquanto seus cabelos fluíam ao vento e sua túnica marrom tocava levemente o chão. Ela estava cantando uma música alegre e jovial, uma canção para os gatinhos que brincavam aos seus pés.
No passado eu ansiava ser uma fada,
Para voar na luz pálida da lua.
Com asas diáfanas leves e etéreas,
Em uma noite de verão em Junho.
Uma música tola cheia de fantasia, mas de alguma forma o encantou como nada o tinha encantado há muito tempo. Ele continuou a observá-la.
Logo um esquilo correu de uma árvore alta, seguido por mais dois. Eles ficaram de pé e inclinaram a cabeça curiosa enquanto ela cantava. Três coelhos saltaram das samambaias, torcendo os narizes e as caudas, em vez de instintivamente usarem as rápidas pernas traseiras para saltar. E os pássaros — papagaios, pintarroxos e beija-flores — voavam acima dela.
Estranho ele pensou, como os animais não tinham medo dela. Era como se sentissem atraídos como se fosse o doce som de uma sereia.
Ele se perguntou se tinha demorado demais em guerras. Ele tinha visto tanto derramamento de sangue, desde sua terra natal há tanto tempo, que a mera visão de uma beleza inglesa fazia sua mente achar que era tudo falso? Na lenda a floresta era um lugar sombrio, era o cenário para o lado triste do conto de um bardo, era lar dos duendes e das bruxas, se alguém acreditasse em contos de fadas.
Mas a fantasia não era para homens de guerra, e muito menos uma jovem podia se transformar em uma fada. Não, na opinião de um guerreiro, a floresta era lugar para ladrões e arruaceiros, e o melhor local possível para emboscadas.
Seu sexto sentido lhe disse que ali não havia perigo. Que apesar de ser encantada, essa floresta parecia ganhar vida na aura alegre dessa criatura pequena e adorável. E ele sentiu também, aquele sentimento de vida completo que pensara estar perdido há muito tempo. Ou que talvez ele nunca tivesse tido.
Ela dançou até um pequeno riacho onde levantou a túnica e pulou de pedra em pedra, rindo quando os pássaros a seguiam e os esquilos, coelhos e gatinhos a observavam da margem.
Ele sorriu. Por Deus. Ele se perguntou quanto tempo tinha passado desde que algo o tocou tanto. Ele sabia a resposta — muito tempo.
Ela voltou para a clareira, ainda cantando e dançando. Adicionadas à sua audiência agora tinham borboletas brilhantes que tremulavam através de uma névoa cintilante e um pato branco rechonchudo com uma fila de patinhos fofos cor de manteiga que gingavam como soldados bêbados vindos do riacho.
Ele nunca tinha visto algo assim.
A jovem pegou sua guirlanda de flores e a pendurou no pescoço, depois girou com os braços bem abertos, a guirlanda fluindo com ela. A sua música fluiu mais alto, com o fim crescendo tristemente próximo, então ele voltou para onde a samambaia era espessa e as árvores da floresta podiam esconder a ele e a sua montaria.
Cantarolando agora, ela dançou um pouco mais perto, parando em uma pedra onde pegou um par de chinelos de couro vermelho. Ela tagarelou com os animais enquanto limpava as folhas de um pé pequeno e pálido e o deslizava dentro do sapato, depois apoiou o pé na rocha para poder amarrar os cadarços ao redor do tornozelo mais fino que ele via há meses.
Ela colocou o outro sapato e juntou os gatinhos em uma pequena cesta de salgueiro antes de pegar sua guirlanda de flores silvestres, desta vez colocando-a em volta de sua pequena cintura. Ela levantou a tampa de um lado da cesta e falou com os gatinhos, chamando-os pelo nome, nomes tolos e imaginativos que o fizeram sorrir novamente. Ela se aproximou de onde ele estava e, quando estava a poucos metros de distância, pousou a cesta, pegou um manto de lã escuro e girou-o, amarrando-o firmemente sob o queixo firme e pequeno.
Em um gesto que quase o fez gemer alto, ela passou os dedos pelos cabelos flamejantes e levantou-os, depois ergueu o olhar ao mesmo tempo. Ela ficou diante dele, completamente inconsciente de sua existência, o que quase o fez rir da ironia, pois ele não tinha consciência de nada além dela.
Ela tinha um rosto que era a prova da perfeição do paraíso — um nariz pequeno, lábios cor de rosa e a pele pálida e brilhante como as dunas no deserto. Mas foram os olhos dela que o atingiram, tirando o fôlego dele com tanta certeza como se tivesse sido atingido com a lança de um turco. Eles não eram os familiares olhos castanhos escuros do Oriente Médio, nem eram azuis como os olhos das inglesas, nem mesmo verdes celtas.
Eles eram da mesma cor amarela dourada das brilhantes flores silvestres que ela escolhera. Olhos amarelos. Olhos selvagens, ele pensou, observando enquanto ela se virava e se movia na direção oposta da clareira.
Ele esperou alguns segundos, depois seguiu devagar, usando o bosque espesso e a névoa pesada como escudo. Logo a floresta terminou e um prado com um aroma doce, e grama recém-cortada, espalhava-se por um campo de grãos que cresciam e seguiam em direção a uma encosta escarpada onde um castelo, forte, cinza e majestoso, rompia o horizonte azul.
Bem acima dos muros de pedra, erguia-se a bandeira distintiva do conde de Arden. Minutos depois, a garota desapareceu