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Essa Família E Os Outros
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E-book196 páginas2 horas

Essa Família E Os Outros

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Sobre este e-book

A história ocorre nas fictícias cidades cearenses de Prado Verde e Montesino, não tendo relação alguma com eventos ou pessoas reais. A narrativa inicia no ano de 1925, e finaliza em 1956, com a saga de uma rica e poderosa família, marcada por eventos infelizes e trágicos. Por ser ambientada em décadas passadas, se fez necessário invocar comportamentos e costumes pertinentes a cada uma delas, ressaltando também alguns elementos e marcos históricos de forma sintética. Uma ficção recheada de drama, romance e suspense. O conhecido enredo da constante luta entre o bem e o mal.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento21 de mar. de 2024
Essa Família E Os Outros

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    Essa Família E Os Outros - Andrea Freitas Gondim

    Essa Família e os

    Outros

    Andrea Freitas Gondim

    Há um tempo para cada coisa debaixo do sol, tempo de plantar, de colher, de nascer, de viver e de morrer...

    Eclesiastes 3:1

    Índice

    Prólogo .................................................... 8

    Capítulo 1 .............................................. 10

    Capítulo 2 .............................................. 15

    Capítulo 3 .............................................. 21

    Capítulo 4 .............................................. 26

    Capítulo 5 .............................................. 33

    Capítulo 6 .............................................. 46

    Capítulo 7 .............................................. 52

    Capítulo 8 .............................................. 56

    Capítulo 9 .............................................. 63

    Capítulo 10 ............................................. 68

    Capítulo 11 ............................................. 72

    Capítulo 12 ............................................. 77

    Capítulo 13 ............................................. 85

    Capítulo 14 ............................................. 94

    Capítulo 15 ........................................... 102

    Capítulo 16 ........................................... 112

    Capítulo 17 ........................................... 121

    Capítulo 18 ........................................... 126

    Capítulo 19 ........................................... 129

    Capítulo 20 ........................................... 135

    Capítulo 21 ........................................... 158

    Capítulo 22 ........................................... 162

    Capítulo 23 ........................................... 203

    Capítulo 24 ........................................... 217

    Capítulo 25 ........................................... 223

    A meus pais (em memória), que me incentivaram o prazer pela leitura.

    À Profa. Suely Marza (em memória), minha mestre, que me estimulava a criar e a escrever.

    À Marides Mello, a melhor amiga, sempre do meu lado, acreditando em mim, e me apoiando em todos os momentos.

    A Lou, o filho do coração, que acompanhou todo o processo, me motivando a continuar.

    Nota da Autora

    A história ocorre nas fictícias cidades cearenses de Prado Verde e Montesino, não tendo relação alguma com eventos ou pessoas reais.

    A narrativa inicia no ano de 1925, e finaliza em 1956, com a saga de uma rica e poderosa família, marcada por eventos infelizes e trágicos.

    Por ser ambientada em décadas passadas, se fez necessário invocar comportamentos e costumes pertinentes a cada uma delas, ressaltando também alguns elementos e marcos históricos de forma sintética.

    Uma ficção recheada de drama, romance e suspense.

    O conhecido enredo da constante luta entre o bem e o mal.

    Prólogo

    O dia estava quente. Sol a pino.

    De longe se avistava a imponente casa em estilo colonial, ladeada por pradarias e vales verdejantes. A propriedade se estendia a perder de vista.

    Famintos, sedentos e cansados, Zé Beraldo e seu bando decidiram fazer uma visita. O tal era um ser insano, sem escrúpulos, capaz de atos tresloucados, maldades das mais diversas e matava por motivos banais. Ele e sua trupe eram bandoleiros famosos e temidos na região.

    De armas em punho, para o caso de serem surpreendidos por funcionários da fazenda, invadiram o local.

    — Só de ouvir falar, já não gosto dessa Dona Albertina — resmungava ele — dizem por aí, que ela imagina ser a dona do mundo.

    — Se eu tivesse o dinheiro que ela tem, também me sentiria assim. Retrucou um dos integrantes do grupo, provocando risos nos demais.

    Aborrecido com a pilhéria, Zé Beraldo deu-lhe um empurrão, e encostou o cano da arma contra sua cabeça.

    — Mais respeito comigo, seu cabra!

    Quem tinha juízo, não o enfrentava.

    O silêncio se fez.

    Deram à volta e chegaram aos fundos da suntuosa residência.

    Um peão que passava perto, correu para avisar o capataz.

    Com um sorriso maldoso, Zé Beraldo, diante da porta, gritou:

    — Ô de casa!

    Capítulo 1

    Era o ano de 1925.

    Na confortável sala de estar da fazenda mais próspera de Prado Verde, Dona Albertina e Seu Diogo não dispensavam o cafezinho após o almoço. Entreolhavam-se de vez em quando.

    Ela era uma matrona robusta de traços fortes, exatamente o contrário dele, que era alto, magro e de feições delicadas. A disparidade entre eles não se limitava apenas à aparência física.

    — Cadê Marina? Perguntou Dona Albertina interrompendo o silêncio entre eles, olhando de um lado ao outro, em busca da única filha e herdeira.

    — Marininha deve estar no quarto ou no jardim. Ele chamava a filha assim, o nome no diminutivo, de forma carinhosa.

    — Vive isolada, quase não conversa com a gente.

    — É o jeito dela, Albertina.

    Ela se preparava para dizer algo mais, quando Catarina, a mais antiga funcionária da casa, irrompeu à sala aos gritos:

    — O bando de Zé Beraldo está nos fundos da casa!

    Com aquela notícia, Dona Albertina saltou da poltrona de imediato, e sem hesitar, dirigiu-se 10

    aos seus aposentos e pegou o trabuco que ficava do lado da cama.

    O marido, continuou no mesmo lugar, sentado, limitando-se a uma expressão de surpresa.

    — Vou chamar o delegado! Vociferou ele, no momento que ela atravessava a sala com a arma na mão.

    — Não há tempo para isso. Eu resolvo. Sem mais, rumou aos fundos da casa.

    Da soleira da porta, arma em punho, se viu diante do bando. O capataz e alguns peões da fazenda, de prontidão, se posicionaram ao redor dos invasores.

    — Saiam da minha propriedade!

    Era uma mulher corajosa e parecia não ter medo de nada.

    — Calma, Dona. Não queremos desavença.

    Zé Beraldo se adiantou, tentando uma conversa amigável.

    Ela o analisou de cima a baixo. Era um sujeito de aparência comum, estatura mediana, que mostrou os cabelos desgrenhados quando tirou o chapéu de couro da cabeça. De rosto esquálido, apresentava uma grande cicatriz na testa. Seu olhar era sinistro e alerta ao mesmo tempo, e na boca lhe faltavam alguns dentes.

    — Então, o que querem?

    — O de comer e o de beber, nada mais.

    Disfarçava um calmo semblante, apesar da raiva que sentia.

    11

    Sem tirar os olhos do visitante indesejável, ela chamou por Catarina, que não tardou a atender, e ordenou:

    — Prepare um bom farnel para esses homens.

    Catarina sumiu cozinha adentro, voltando minutos depois com uma trouxa na mão, contendo provisões suficientes para matar a sede e a fome daquela gangue, ao menos por algumas horas. Zé Beraldo se aproximou e recebeu o agrado com prazer.

    — Muito agradecido, Dona. Agora vamos seguir viagem.

    Se afastou com o resto do grupo, ainda sob a pontaria de Dona Albertina, que só baixou a espingarda quando sumiram no horizonte.

    — E se voltarem para atacar nossa fazenda novamente? Perguntou Seu Diogo, logo atrás dela, um tanto quanto nervoso.

    Voltando-se para ele, com expressão carrancuda, afirmou:

    — Senhor meu marido, eu sei o que fazer!

    — Anos Loucos... 1

    

    1 N.A.: Menção à década em curso (1920), que ficou conhecida como Anos Loucos ou Loucos Anos 20, em virtude de ter sido marcada por intensa mudança nos costumes sociais, na moda, inclusive a grande transição no comportamento feminino da época.

    12

    No início de 1907, as duas famílias mais ricas e tradicionais da região, Veiga e Dias, se uniram através do casamento de Diogo e Albertina, respectivamente.

    Matrimônio nunca esteve nos planos dela.

    Considerava-se um espírito livre, que não queria amarras, nem se prender a nenhum homem, afinal não tinha nascido para ser uma dona de casa. Porém, foi obrigada pelos pais e não teve outra alternativa, senão essa.

    Ele, um moço tímido, reservado, que preenchia seu tempo em saraus literários ou musicais e viagens na companhia de familiares ou amigos, e definitivamente, casar não era ainda uma meta de vida.

    Foram apresentados em um jantar na casa dos pais dela, e em menos de três meses estavam casados. Dois estranhos, sem amor, dividindo o mesmo teto. Preferiram dispensar a lua de mel, deixando isso para um momento posterior, que nunca aconteceu.

    As viagens que faziam, sempre tinham a companhia de Catarina, que já era funcionária de Albertina desde à casa dos pais, e que a acompanhara para a nova vida. Além dela, havia outros acompanhantes, como parentes, por exemplo. Depois, logo que Marina completou três anos, passou também a fazer parte das excursões.

    Era uma menina sensível e doce, muito parecida com o pai, não somente na aparência 13

    física, mas também no comportamento. Tinha com ele uma conexão muito profunda, desde tenra idade. Com a mãe, acontecia exatamente o oposto.

    Por ser a única filha do casal, em uma época que era comum três ou mais filhos, eram alvo de rumores e fofocas na cidade. Alguns diziam que o homem da casa era Dona Albertina, e que ela gostava mais de Catarina do que do próprio marido, e que Marina tinha sido apenas o fruto de uma mera satisfação à família e a sociedade local. Mesmo assim, a presença de ambos era muita respeitada na região e em outras paragens, em virtude do poder e riqueza que detinham.

    14

    Capítulo 2

    Marina, muitas vezes, perdia a noção do tempo no jardim, cuidando das rosas, flores e plantas. Era um de seus hobbies.

    Além disso, desde cedo, tivera aulas de corte e costura, bordado, tapeçaria, croché e tricô.

    Por isso, em seu aniversário de quinze anos, além de uma grande festa, seu pai lhe presenteou uma máquina de costura Singer com gabinete de ferro e madeira. O último modelo, e também o mais caro da época.

    — Alvíssaras! Te amo, papai!

    Seus olhos lacrimejavam e brilhavam ao abraçá-lo, que também se emocionava com a reação da filha amada.

    Desde então, Marina gastava horas criando ou consertando peças de roupas. Seus bordados, por exemplo, à máquina ou manuais, eram considerados pela família e amigos, a verdadeira expressão da beleza e perfeição em seus mínimos detalhes.

    

    Quando completou 18 anos, já namorava às escondidas com João Matias, o filho do capataz, homem de confiança de seus pais.

    15

    Brincavam juntos desde crianças, e com o tempo, a amizade se transformou em paixão.

    Sabiam que seus pais nunca iriam aceitar a união, e por isso, se encontravam em segredo.

    Eram de mundos diferentes.

    Muitas vezes se pegava pensando de como conseguiriam a aprovação dos pais para que pudessem se casar e assim, selar o amor que os unia. Era algo tão remoto, quase impossível em sua opinião, mas tentava não perder a confiança de que, um dia, seriam marido e mulher e construiriam uma vida juntos.

    Nos momentos que estava sozinha, seus pensamentos eram dele. Fechava os olhos, e parecia vê-lo à sua frente. Um verdadeiro deus de ébano. Alto, porte atlético, de aparência nobre, olhos escuros, vivazes, e sorriso cativante. Seus cabelos eram cortados rente à cabeça, e sua força e altivez resplandeciam através da bela pele melânica.

    E parecia também o ouvir, lembrando de frases já ditas por ele: Nós podemos fugir e casar em qualquer lugar... depois de casados, nem sua mãe, nem ninguém, irá nos separar.

    Ria sozinha ao recordar do entusiasmo com que ele pronunciara cada palavra na última vez que se viram, à beira do riacho, onde costumavam se encontrar.

    O local, que também fazia parte da propriedade, tinha sido escolhido a dedo. Não era frequentado por ninguém, com exceção de 16

    algum piquenique previamente programado por seus pais. Portanto, ali estariam seguros, e não seriam surpreendidos por quem quer que fosse.

    Aquele belo lugar, era o santuário deles, longe de tudo e de todos.

    E Embalada pela habitual empolgação de João, ela se permitia sonhar.

    Um sonho que logo se chocaria com a vida real.

    

    João tirou uma pequena caixa preta de veludo do bolso da calça e entregou a ela.

    Dentro dela, um lindo anel em ouro branco de dezoito quilates com uma ágata azul ao centro.

    Era seu presente de aniversário, mesmo que atrasado. Por motivos alheios à vontade de ambos, não puderam estar juntos na especial data, há três dias.

    — Para ti, Marininha. Só ele e seu pai a chamavam assim — era de minha avó, agora é seu.

    Pôs a joia no dedo dela.

    Por um momento ele ficou em silêncio, aguardando

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