Escândalo em veneza
3.5/5
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Sobre este e-book
A única coisa que se interpunha entre Matteo Combe e a sua empresa era que a doutora Sarina Fellows estava a avaliar a sua personalidade. Ela já tinha lidado com homens arrogantes como Matteo e não iria intimidá-la, mas Sarina, que era virgem, não estava preparada para aquele fogo abrasador que Matteo acendia dentro dela. Deixar-se levar pelo prazer indescritível mudou tudo entre eles, principalmente quando soube que estava grávida. Esperava gémeos do poderoso italiano!
Caitlin Crews
USA Today bestselling, RITA-nominated, and critically-acclaimed author Caitlin Crews has written more than 130 books and counting. She has a Masters and Ph.D. in English Literature, thinks everyone should read more category romance, and is always available to discuss her beloved alpha heroes. Just ask. She lives in the Pacific Northwest with her comic book artist husband, is always planning her next trip, and will never, ever, read all the books in her to-be-read pile. Thank goodness.
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Escândalo em veneza - Caitlin Crews
Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2019 Caitlin Crews
© 2021 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Escândalo em Veneza, n.º 109 - janeiro 2021
Título original: The Italian’s Twin Consequences
Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.
As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.
Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-1375-251-8
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Sumário
Créditos
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
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Capítulo 1
– Sei que o seu conselho de administração lhe deu as condições destas sessões por escrito, senhor Combe, mas acho que precisamos de as examinar. Mesmo que conversemos, tenho de destacar que não é o meu cliente. Apresentarei as minhas conclusões ao conselho, não procurarei soluções terapêuticas consigo. Entende o que isso quer dizer?
Matteo Combe olhou fixamente para a mulher que estava sentada à frente dele na biblioteca da casa veneziana que fora da família da mãe desde os começos da História. Os San Giacomo eram aristocratas com um sangue tão azul como o mar. Até contavam com alguns príncipes italianos, o bisavô de Matteo entre eles… e Matteo sabia que uma das maiores deceções na vida do seu avô fora não ter passado o seu título.
Seria muito sortudo se pudesse preocupar-se com semelhantes deceções, mas tinha preocupações mais prementes nesse momento, como conservar a empresa que os antepassados do pai, de classe trabalhadora, tinham criado do zero no norte de Inglaterra durante a revolução industrial. O facto de ter escolhido tratar dessa situação na casa aristocrática, que tanto dizia de si próprio, era para a sua própria satisfação.
Além disso, talvez também tivesse pensado que, assim, podia intimidar a mulher, a psiquiatra, que estava com ele.
A doutora Sarina Fellows era, que ele soubesse, a primeira pessoa americana que punha um pé ali… e surpreendeu-o vagamente que a casa não se afundasse no Grande Canal como forma de protesto. Embora, claro, as casas de Veneza fossem tão famosas como ele pela tenacidade face às adversidades.
Sarina era tão enérgica e eficiente como as suas palavras tinham sido e isso não pressagiava nada de bom. Vestia-se de preto dos pés à cabeça, mas não parecia lúgubre devido ao que vestia. Reconhecia o estilo artesanal italiano assim que o via. O cabelo era como seda preta e estava apanhado num coque na nuca. Os olhos tinham um tom âmbar com um anel escuro nas íris. Os lábios eram perfeitos, como se rogassem a um homem que os saboreasse e, talvez por isso, não tinham cor.
Supôs que parecia o que era, a mão executora da sua destruição se os seus inimigos levassem a sua avante, embora não estivesse disposto a deixar que nada nem ninguém o destruísse. Nem essa mulher nem a morte inesperada dos pais com umas semanas de diferença e que a única coisa que tinham deixado para trás fora as consequências dos segredos que tinham guardado e que ele fosse, contra a sua vontade, o testamenteiro de tudo o que tinham escondido enquanto estavam vivos. Nem sequer as decisões desafortunadas da irmã mais nova, que o tinham levado diretamente àquela situação, a que o presidente do conselho das Indústrias Combe, o melhor amigo do seu falecido pai, quisesse ficar com as rédeas.
Nada o destruiria, não o permitiria.
No entanto, primeiro, tinha de esclarecer aquela situação tão absurda.
Sarina esboçou o que ele pensou que seria um sorriso compassivo, embora lhe parecesse desafiante, e ele nunca rejeitara um desafio e muito menos quando devia tê-lo rejeitado para manter a paz.
No entanto, já detestava todo esse processo e acabara de começar.
Lembrou-se de que lhe fizera uma pergunta e ele assentira, não fora? Dera a sua palavra.
Ficaria ali, submeter-se-ia àquela intrusão e responderia às suas perguntas, a todas e cada uma. Mesmo que tivesse de o fazer com os dentes cerrados.
– Sei muito bem porque está aqui, menina Fellows – conseguiu responder ele.
O que não conseguiu foi disfarçar a impaciência e a frustração e o que a sua secretária de toda a vida se atrevia a chamar, na sua própria cara, o seu mau feitio.
– Doutora.
– Como? – perguntou ele, quando não entendeu.
– Doutora Fellows – explicou ela, com um sorriso cortante –, senhor Combe. Não é menina Fellows. Espero que essa diferença o convença de que estas conversas são plenamente profissionais, embora possa ser complicado.
– É um prazer ouvi-lo.
Matteo questionou-se se o teria feito intencionalmente.
Sempre se orgulhara de ser tão contundente como o pai, que fora famoso pela violência dos seus ataques. Embora, claro, ele nunca se tivesse visto numa situação como aquela.
– Não passei muito tempo, nenhum tempo se for sincero, em terapias impostas, mas o caráter profissional desta experiência era, como é natural, o que mais me importava – acrescentou Matteo.
A tempestade do fim da primavera açoitava as janelas, chegava do canal e ameaçava inundar a praça de São Marcos como costumava fazer no outono e no inverno. Essa ameaça de inundação refletia perfeitamente o estado de espírito de Matteo, mas a mulher que tinha à frente limitava-se a esboçar um sorriso tão imperturbável como a chuva que batia contra os vidros.
– Entendo a resistência a este tipo de terapias ou a qualquer tipo de terapia. Talvez o melhor seja ir diretamente à questão.
Estava sentada numa poltrona antiga de costas altas que ele sabia, por experiência própria, que era incomodíssima, mas que parecia feita à medida dela, que examinou as notas que tinha numa pasta de couro que levantava como uma arma à frente dela.
– É o presidente e diretor-executivo das Indústrias Combe, correto?
Matteo vestira-se de uma forma informal para essa entrevista ou sessão, como ela se empenhava em chamá-la. Nesse momento, arrependia-se. Teria preferido o conforto de um dos seus fatos exclusivos para se recordar que não era um preguiçoso tirado da rua. Era Matteo Combe, o filho mais velho e herdeiro, contrariado, da fortuna dos San Giacomo e da empresa multinacional que os antepassados tenazes do pai tinham criado do zero há muito tempo nas cidades industriais do norte de Inglaterra.
A sua secretária insistira que tinha de… se humanizar. Naturalmente, o problema era que Matteo nunca tivera muito jeito para ser humano. Não tivera muita prática com a família, com a mãe escandalosa e negligente e o pai ciumento, agressivo e seguro de si próprio e com as cenas que faziam.
Fez um esforço para esboçar um sorriso, algo em que também não tinha muita prática.
– Era presidente antes de o meu pai morrer. Tinha estado a formar-me para que ocupasse o seu lugar durante algum tempo. – Na verdade, desde que nascera, mas não o disse. – Tornei-me diretor-executivo depois de ele morrer.
– E decidiu assinalar a data do seu falecimento lutando com um dos presentes no enterro, com um príncipe, ainda por cima.
O sorriso dele congelou.
– Naquele momento, não importava quem era. Só sabia que era a pessoa que engravidou e abandonou a minha irmã.
Sarina voltou a verificar as notas e virou as páginas com uma firmeza que irritou Matteo, que o irritou mais, melhor dizendo.
– Refere-se à sua irmã Pia, alguns anos mais nova do que o senhor, mas que é, para todos os efeitos, uma mulher adulta que, em teoria, pode decidir ter um filho se quiser.
Matteo olhou para a mulher que estava sentada naquela poltrona onde o avô o sentava quando achava que tinha de lhe ensinar um pouco de humildade. Naturalmente, ele também tinha um relatório dela. Sarina Fellows nascera e fora criada em São Francisco e destacara-se numa das escolas privadas mais relevantes da cidade. Estudara primeiro em Berkeley e, depois, em Stanford e, em vez de exercer como psiquiatra, abrira a sua própria consultoria. Naquele momento, viajava por todo o mundo e assessorava as empresas que precisavam de perfis psicológicos dos diretores.
Matteo era a sua vítima mais recente.
Batera nesse príncipe que engravidara e abandonara Pia, algo de que não se arrependia. A sua maninha era a única integrante da família que adorara incondicionalmente, embora muitas vezes à distância, e era a herdeira de duas grandes fortunas. Era um alvo para caçadores de fortunas sem escrúpulos e, aparentemente, para príncipes. Repeti-lo-ia com muito prazer, mas fizera-o à frente dos paparazzi e alegrara-lhes o dia.
Tinham dito que tal pai, tal filho e, poucos dias depois da sua morte, tinham falado dos escândalos abundantes e zangas do seu falecido pai, para o caso de alguém ter estado tentado a esquecer quem fora Eddie Combe. Tinham bastado quatro notícias depreciativas para que a imprensa sensacionalista começasse a questionar-se se ele era a pessoa indicada para gerir a maldita empresa.
Não tivera outro remédio senão ceder às exigências do seu afetado conselho de administração. Um a um, tinham afirmado que nunca tinham visto algo parecido. Algo que era uma mentira descarada, pois todos tinham sido nomeados por Eddie, que fora conflituoso por natureza.
No entanto, Eddie estava morto e era algo que continuava a ser difícil de acreditar. Desaparecera essa energia e fúria e ele tinha de tirar «boas notas» com a médica por causa do seu comportamento no enterro do pai ou arriscava-se a um voto de censura.
Poderia ter esmagado a moção calmamente, mas sabia que a empresa estava a passar por um momento de transição. Se queria gerir, não ameaçar, mentir e atacar, que fora o que o pai fizera durante toda a sua vida, tinha de começar com bom pé. Sobretudo, quando sabia o que mais os testamentos dos seus pais escondiam.
– A minha irmã é ingénua – comentou Matteo. – Foi criada para que não soubesse grande coisa do mundo e muito menos dos homens. Receio que não goste que se aproveitem da sua forma de ser.
Sarina mexeu-se ligeiramente na poltrona e olhou fixamente para ele, como se fosse uma experiência científica. As mulheres não costumavam olhar assim para ele e não podia dizer que gostasse muito. Sobretudo, quando não pôde evitar perceber que a médica era bastante bonita. Tinha umas pernas esbeltas e suaves e era muito tentador imaginá-las por cima dos seus ombros enquanto a penetrava…
Tinha de se concentrar.
Sabia o suficiente sobre ela para imaginar que não gostaria do que estava a pensar. Sabia que criara a consultoria do zero e que era implacável e decidida, duas qualidades que ele também tinha e que costumava apreciar nos outros. Ainda que, talvez, não nesse caso, quando essa firmeza penetrante como uma faca era dirigida contra ele.
– Parece que viu um fantasma – comentou ela, quase sem lhe dar importância. – Viu?
– Numa casa como esta, há fantasmas por todos os lados – replicou Matteo, com inquietação.
Não era a ideia dos fantasmas que o inquietava, mas a sensação estranha que o dominava, a ideia de que conhecia aquela mulher quando sabia que não era assim. Afastou essa sensação.
– As salas estão cheias dos meus antepassados – continuou Matteo. – Tenho a certeza de que mais do que um se diverte a pregar sustos, mas não posso dizer que me