Uma mulher de armas
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Sobre este e-book
Mas, por muito que se esforçasse, Denise não conseguia esquecer Will Cutler. E, se não tivesse cuidado, aquele convincente vaqueiro podia acabar por seduzi-la... e instalar-se de maneira permanente na sua vida.
Marie Ferrarella
This USA TODAY bestselling and RITA ® Award-winning author has written more than two hundred books for Harlequin Books and Silhouette Books, some under the name Marie Nicole. Her romances are beloved by fans worldwide. Visit her website at www.marieferrarella.com.
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Uma mulher de armas - Marie Ferrarella
Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 1998 Marie Rydzynski-Ferrarella
© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Uma mulher de armas, n.º 263 - novembro 2017
Título original: Will and the Headstrong Female
Publicado originalmente por Silhouette® Books.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-9170-626-7
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Sumário
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Se gostou deste livro…
Capítulo Um
Vá hoje à feira de Serendipity. Não perca! Leve toda a família para passar o dia connosco. Dezenas de atracções esperam por si!
Denise Cavanaugh segurava com tranquilidade o volante do camião. Olhou de soslaio para a filha de seis anos, sorrindo ao vê-la com o panfleto na mão.
Seria mais um para a sua colecção, principiada pela mãe quando Audra nasceu. Havia um panfleto para cada montagem do parque de diversões.
No momento, a principal atracção daqueles papéis, para a menina, eram as cores vibrantes. Mas a seu tempo, Denise tinha a certeza, a menina imbuir-lhes-ia significados. Recordações. Um mapa rodoviário detalhado, que assinalava o caminho das suas vidas.
Audra pôs o panfleto de lado e começou a mexer as perninhas com impaciência.
– Ainda falta muito?
A pergunta soou sobre a melodia lenta e romântica que saía do rádio. Um pouco de conversa evitaria que Denise cedesse ao sono que ameaçava dominá-la a qualquer momento. Sorriu com a pergunta da filha. Uma questão que provavelmente era repetida por crianças de todas as idades desde muito antes de a primeira caravana de pioneiros cruzar as Montanhas Rochosas.
E certamente antes de o enorme camião que ela conduzia entrar na auto-estrada 12 de Wyoming a caminho de Serendipity, em Montana.
Denise sentiu uma certa nostalgia. Recordava-se da época em que fizera a mesma pergunta, deixando o pai maluco. O mesmo pai que agora ia no banco de passageiros, a olhar para fora. Audra encontrava-se «prensada» entre os dois adultos.
Talvez prensada não fosse a palavra correcta. Audra era muito magra para a idade. Por isso tinha espaço suficiente para se sentar com conforto. O que a deixava inquieta era a monotonia do trajecto, ter de aguardar por chegar a algum lugar. Qualquer lugar.
Até mesmo viajar de feira em feira podia ser tedioso, caso se fizesse isso constantemente. «Nós somos como os caracóis», pensou Denise, divertida. Sempre com as suas casas às costas.
No entanto, havia um conforto peculiar nesse modo de viver. Um imenso conforto. Dessa forma, o lar nunca estava distante. Sabia-se sempre onde o encontrar. Audra, no entanto, era jovem demais para compreender isso.
Denise cobriu a pequena mão da filha com a sua e acariciou-a com gentileza.
– Estamos quase a chegar, bebé – garantiu-lhe.
Audra puxou a mão.
– Não me chames bebé. Não sou bebé.
A mãe disfarçou o sorriso dos lábios com dificuldade. Audra tinha pressa de crescer. Como a mãe, quando tinha a idade dela. Denise estabelecera um alvo definido: queria crescer para se tornar artista de circo. Naquela altura tinha uma tenda onde se apresentar, antes de os sonhos começarem a esmorecer à luz da realidade.
– Desculpa – murmurou com o seu tom mais respeitoso. Um tom quase desconhecido dos seus familiares, já que raramente pedia desculpas. – Esqueço-me sempre. Tu és uma senhora muito velha com seis anos de idade.
Denise capturou o olhar do pai por cima dos cabelos louros de Audra e viu a sua piscadela de olho. Ele também se estava a recordar, percebeu. Lembrava-se de tempos melhores, quando os dois viajavam naquele mesmo camião, mas com vários carros a segui-los.
Mas actualmente pouco restava do esplendor que um dia o Parque de Diversões Cavanaugh teve. Os anos e os tempos difíceis tinham-lhes vagarosamente roubado os companheiros de jornada até a equipa ficar reduzida a poucos membros.
«Como minúsculas pepitas de ouro que ficam na peneira depois da areia ser peneirada…» O pai usava aquela imagem para descrever aqueles que permaneciam no grupo, cada vez menos numeroso. Tate Cavanaugh era um optimista incorrigível. Ela, no entanto, já se tinha curado disso. Para sempre.
O ritmo constante da música fazia-lhe mais sono ainda. Denise arregalou os olhos, desejando que permanecessem naquela posição. Ou pelo menos abertos.
«Mesmo assim, é uma vida boa», pensou ao segurar com mais força o grande volante. Uma vida sem fronteiras. Se não gostava de um lugar, partia em busca de outro. Havia sempre um outro lugar. «Isso é a melhor coisa que o país tem, é enorme,» pensou Denise.
Olhou para Audra. Julho era insuportável em qualquer lugar. O calor e a humidade causavam sonolência e irritação. Suspirou. Também desejava que já estivessem perto.
Mesmo com as janelas totalmente abertas, o calor não diminuía. Era como se o ar estivesse retido em pequenas caixas, dentro do peito das pessoas, fazendo com que se sentissem pesadas. E aquele último troço até Serendipity parecia interminável.
Forçou novamente os olhos a ficarem abertos. O que se passava com ela?
– Pareces cansada, Denise. Que tal se eu conduzir um pouco?
Ela olhou para o pai rapidamente. Se ela parecia cansada, Tate Cavanaugh estava pior ainda. Tinha uma aparência cada vez mais macilenta. Era evidente que se passava alguma coisa de errado com ele. Até permitira que a filha tomasse conta dos negócios!
O cargo não lhe fora passado de uma só vez. Aos poucos, as actividades foram-na envolvendo no decorrer dos últimos seis meses. Ela passara a fazer mais e mais coisas e o pai não interferira, como era costume. Antes, o velho Tate jamais teria permitido que isso acontecesse.
Mas, se ela mencionasse qualquer coisa sobre o assunto ou lhe pedisse para ir ao médico, seria colocada no seu devido lugar com as palavras: «Está tudo bem. Um homem com a minha idade tem o direito de parecer um pouco cansado de vez em quando».
Aquilo não a teria aborrecido se fosse mesmo só de vez em quando. Era a constância que a preocupava. Mas as preocupações nunca mudavam nada, e Denise sabia ser inútil deixar que as emoções a dominassem. A maior parte das emoções eram inúteis. Excepto as que diziam respeito ao amor que tinha pela sua família.
Virou-se mais uma vez para fitar o pai e fez o possível para parecer bem.
– Esperei vinte e seis anos para colocar as minhas mãos neste volante. Não estou disposta a largá-lo agora. Você já teve a sua vez.
– Mãe, cuidado! – gritou Audra.
O súbito grito de alerta pareceu drenar todo o sangue do corpo de Denise. Quase de modo inconsciente, começou a virar o volante para a direita ainda antes de olhar para a estrada.
Mas o movimento brusco fez com que o camião fosse na direcção de um jipe.
– Oh, não!
Denise não teve a certeza se as palavras saíram da sua boca ou apenas reverberaram dentro da sua mente vezes e vezes, como a chuva insistente a tamborilar sobre um telhado. Juntamente com o grito vieram fragmentos de orações.
Os pneus chiaram sonoramente enquanto ela lutava por não bater no jipe. Os seus braços e pulmões ardiam, congelados pelo medo. O suor corria pelas suas costas, colando a blusa verde ao seu corpo. Ela virou o volante, ainda a rezar.
Esquecendo-se do seu próprio pavor, gritou palavras de conforto para o pai e para a filha. Apenas tinha consciência de que a vida dos dois estava nas suas mãos. Mãos que tremiam e que talvez não pudessem dar conta daquela situação.
Cinco segundos duraram uma eternidade. Os gritos de Audra e de Tate ecoavam nos seus ouvidos. Nada daquilo era inteligível para Denise. Ela nem conseguia pronunciar bem as palavras. Ouvia apenas o som do medo. E as batidas aceleradas do seu coração.
Os seus braços latejavam, pareciam prestes a partir-se. Estava no limite da exaustão quando finalmente o enorme camião parou.
Pestanejou diversas vezes para afugentar as lágrimas. Tinha acabado!
– Estás bem, bebé? – gritou.
Sem esperar pela resposta, passou as mãos pelo corpo da menina para ter a certeza que não se tinha ferido. Daquela vez, Audra não fez objecções a ser chamada de bebé. A sua cabecinha dourada fez um sinal afirmativo.
– Estou bem, mãe.
Sendo filha de quem era, Audra conteve um soluço, recusando-se a deixar as lágrimas cair. As lágrimas eram para bebés assustados. E como a mãe estava ali, tudo correria bem.
Pressionando a menina de encontro ao corpo, Denise ergueu o olhar para o pai, temendo o que poderia ver. Mas ele, aparentemente, não se ferira.
– Pai? Como está?
A figura pálida aprumou-se, pressionando os ombros contra o encosto. Tate procurou afugentar a preocupação que via no rosto da filha.
– Meio abananado, mas parece que tenho tudo no lugar – Tate respirou profundamente, aguardando que as batidas do seu coração voltassem à normalidade. – Eu disse-te que era melhor ser eu a conduzir…
Não havia acusação na sua voz. Nunca havia. Denise sabia que naquele momento Tate era simplesmente um pai que se julgava omnipotente no que respeita à segurança da família.
Ela conhecia aquela sensação, embora durante alguns momentos difíceis aquilo lhe tivesse sido roubado.
De repente, a porta da cabina do lado de Denise abriu-se.
– Estão todos bem?
Atónita, ela mal pôde evitar dar um pulo. Com o coração ainda disparado, virou-se para encarar um homem com os olhos azuis mais intensos que já vira alguma vez.
– Estamos bem.
Will Cutler sorriu, notando que a motorista do camião estava