Por baixo dos lençóis
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Sobre este e-book
Quando a jornalista Jasmine Carmody começou a investigar aquela respeitável família em busca de uma história, Wesley Brooks apressou-se a adverti-la que não devia fazê-lo. Jasmine sentia-o dia e noite vigiando os seus movimentos e despertando nela um desejo insuspeito...
Wesley seria capaz de qualquer coisa a fim de evitar que Jasmine tornasse públicos os segredos da sua família adoptiva... inclusive seduzi-la. Mas não suspeitava que fosse virgem, nem que despertasse nele tanta paixão...
Brenda Jackson
Brenda Jackson is a New York Times bestselling author of more than one hundred romance titles. Brenda lives in Jacksonville, Florida, and divides her time between family, writing and traveling. Email Brenda at authorbrendajackson@gmail.com or visit her on her website at brendajackson.net.
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Por baixo dos lençóis - Brenda Jackson
Capítulo Um
Decidido a investigar o ruído que o acordara, Wesley Brooks levantou-se da cama, dando um enorme bocejo enquanto vestia as calças de ganga. Deu uma olhadela ao despertador que estava sobre a mesa de cabeceira e viu que passava da uma da manhã.
O seu voo de Dallas para Savannah atrasara-se devido à tempestade, e quando finalmente chegou a casa, tomou um duche rápido e caiu na cama, rendido.
Quando acordou com aquele ruído, demorou um bom bocado para se lembrar onde estava. Mudara-se para aquela casa só uma semana antes de sair da cidade numa viagem de negócios de dois dias, e depois de ter partilhado casa durante os últimos anos com o seu melhor amigo, Jacob Danforth, ainda não se habituara à ideia.
Jake, que sempre fora um folgazão, tinha agora uma esposa e um filho, uma criança adorável chamada Peter. Querendo dar aos recém-casados um pouco de intimidade, mudara-se para uma casa própria numa pequena mas elegante urbanização dos arredores da cidade.
De repente, ouviu outro ruído. Sem se incomodar a calçar-se, Wesley desceu sigilosamente as escadas, já convicto que não era imaginação sua. Quando chegou ao patamar da escada inferior, voltou a ouvi-lo outra vez, e pareceu-lhe que provinha do exterior, da parte dianteira da casa.
Empurrou lentamente a porta de correr do jardim traseiro e saiu. Era Abril e não fazia muito frio. A lua cheia brilhava no céu, iluminando a noite com a sua ténue luz.
Wesley lembrou-se que se tinha esquecido de fechar o portão e pensou que se tratava provavelmente de um cão ou um gato rafeiro que entrara por ele, mas ainda assim o melhor seria assegurar-se.
Rodeou a casa e percorreu, pegado à parede, o corredor de relva que ligava a parte traseira à da frente. Quando chegou à esquina, assomou a cabeça com precaução e examinou o jardim, para descobrir que havia uma figura inclinada a remexer nos seus caixotes do lixo.
Sentiu uma pontada de compaixão como lhe ocorria sempre que via alguém necessitado. O sucesso da sua companhia de Internet tornara-o milionário, mas manteve sempre os pés na terra e jamais esqueceria as suas origens humildes.
Sendo um bebé de três meses, deixaram-no num cesto à porta de um orfanato e durante a sua infância fora passando de um lar de acolhimento a outro. Aos catorze anos fugiu e viveu na rua durante três dias até que a polícia deu com ele.
Durante esses três dias, um vagabundo chamado Al Lombard acolhera-o sob a sua asa a modo de protegido. Al não fora sempre um vagabundo. Em tempos fora professor numa secundária, mas perdera a esposa num trágico incêndio do bloco de apartamentos onde viviam e, imerso na dor, sem família, sem amigos e sem seguro, acabara na rua.
Aquele homem partilhara com ele a sua comida, partilhara com ele as suas mantas durante a noite para que não passasse frio. Não esquecera a sua generosidade e, mal começara a ganhar dinheiro, contratou os serviços de um investigador privado para que o encontrasse, mas por desgraça já era muito tarde, porque morrera de pneumonia um ano antes.
Voltando ao presente, Wesley decidiu nesse mesmo momento que não podia deixar que aquela pessoa que estava a remexer nos seus caixotes do lixo se fosse sem dar-lhe algum dinheiro para jantar decentemente e passar a noite debaixo de um tecto.
Silenciosamente, voltou a rodear a casa, correu ao andar de cima e tirou umas quantas notas da carteira, esperando que o vagabundo continuasse ali quando descesse.
«Deus, sou patética», repreendeu-se Jasmine Carmody enquanto rebuscava nos caixotes de lixo do milionário Wesley Brooks, «transformei-me numa dessas jornalistas que fariam o que fosse para conseguir uma notícia».
Diziam que se podiam descobrir muitas coisas pelo que se encontrava no lixo de uma pessoa, mas por enquanto, o único que tinha descoberto sobre Wesley Brooks era que adorava massa de microondas. Não sabia como se podiam comer essas porcarias industriais. Nunca nenhuma das suas aventuras lhe teria desvendado que não custava tanto ferver uma panela de água com sal e fazer um pouco de molho de tomate? Enfim, a sua tia Rena sempre lhe dissera que os homens se conquistavam pelo estômago.
Claro que, se os rumores eram verdadeiros, Wesley Brooks não era como a maioria dos homens... e sem dúvida não como a maioria dos milionários. Larissa tinha lido numa revista de economia, na qual o entrevistaram, que era órfão e que tinha passado de um lar de acolhimento a outro até cumprir dezasseis anos. Foi então que começou a estudar na secundária, onde conheceu Jacob Danforth, do importante clã dos Danforth de Savannah.
Tornaram-se muito amigos e quando iam mandar Wesley para outro lar de acolhimento, os pais de Jacob, Harold e Miranda Danforth, propuseram-lhe que fosse viver com eles, convertendo-se assim numa verdadeira família para ele.
Além disso, graças ao seu jeito para o desporto e ao seu talento para a matemática conseguiu uma bolsa de estudo para a Universidade Politécnica da Geórgia. Jacob Danforth matriculou-se lá também e foram colegas de quarto durante os quatro anos que lá estudaram.
Jasmine suspirou enquanto continuava a remexer no caixote do lixo. Não parecia que houvesse muito mais para descobrir sobre Wesley Brooks que não soubesse já, incluído o facto de há uns anos ter criado um negócio de fornecimento a restaurantes através da Internet, que lhe rendera milhões de dólares. Não era em vão que com trinta anos fosse considerado um dos homens mais ricos de Savannah... além de um dos solteiros mais cobiçados.
O que a ela lhe interessava era a sua estreita relação com a família Danforth, e essa era a razão de estar a remexer no seu lixo àquela hora intempestiva.
De repente, Jasmine ficou muito quieta. Por um instante pareceu-lhe ouvir algo, mas passaram os segundos e não voltou a escutar nada, portanto continuou com o que estava a fazer.
Segundo Verónica Strongman, ou Ronnie, como todos a chamavam, uma colega do jornal no qual trabalhava, além de uma das suas melhores amigas, ficar em casa num sábado à noite seria algo impensável para um homem como Wesley Brooks. Estaria com alguma mulher fabulosa num restaurante de luxo ou nalguma festa de alto gabarito, dissera-lhe, fazendo honra à sua fama de milionário playboy.
No entanto, nesse momento ouviu outro ruído e Jasmine virou-se, e o seu coração deu um salto quando se viu, lado a lado, com o milionário playboy em pessoa. Ao vê-lo sair das sombras descalço e vestido só com umas calças de ganga, ficou sem fôlego e demorou um momento a conseguir despegar o olhar de seu largo tórax nu para erguê-lo para os seus incríveis olhos avelã. Era mais alto do que imaginara, só músculo, e a sua pele era desse tom castanho que ela sempre achara tão atraente.
Apanhara-a com a mão na massa, e o primeiro pensamento que lhe passou pela cabeça foi fugir, mas, por alguma razão, não se podia mexer; era como se estivesse colada ao chão.
Wesley, por seu lado, ficou completamente aturdido. O que inicialmente pensara que era um «ele» afinal era uma «ela». Notou o pânico nos olhos da mulher, e teve a impressão que ia sair a correr, mas não podia deixar que se fosse sem ter-lhe oferecido antes dinheiro.
– Espera, por favor! Não vás... Quero ajudar-te.
Os olhos da mulher olharam-no muito abertos e Wesley pensou que nunca tinha visto uns olhos tão formosos. Tinha um cachecol enrolado e atado em torno da cabeça, e pela abertura que formava na parte posterior sobressaía uma massa de cabelo encaracolado. À luz da lua, Wesley perscrutou o seu rosto e observou que as suas feições eram tão assombrosas como os seus olhos. A cor da sua pele era de um tom escuro como o chocolate e não aparentava ter mais de vinte e cinco anos, a mesma idade que ele tinha quando começou a enriquecer.
Estava vestida com um fato de treino bastante gasto, ainda que, surpreendentemente, cheirasse muito bem. Wesley, cujo olfacto estava bem treinado no que se referia a perfumes femininos, reconheceu a fragrância, que não era precisamente barata. Provavelmente teria encontrado um frasco meio vazio no lixo de alguma casa da vizinhança, pensou.
– Quantos anos tens? – inquiriu suavemente.
Não queria que se sentisse ameaçada, que pensasse que ia fazer-lhe mal por ter invadido a sua propriedade.
– Vinte e seis – respondeu ela vacilante. – Porquê?
– Só tinha curiosidade – respondeu Wesley. – Toma, aqui tens algum dinheiro – disse-lhe, estendendo-lhe as notas que tinha tirado da carteira. – São aproximadamente quinhentos dólares. Com isso poderás ajeitar-te uns dias – acrescentou. Ainda que parecesse que não se saía mal, pensou. Tinha melhor aspecto que a maioria dos sem-abrigo que vira na sua vida. – E como a estas horas seguramente não encontrarás muitos locais de fast-food abertos, se quiseres podes entrar e far-te-ei alguma coisa para comer.
Viu que os lábios da mulher se arqueavam ligeiramente para cima num sorriso divertido.
– Como massa de microondas?
Wesley pestanejou confuso, mas rapidamente compreendeu a que se referia. Certamente teria encontrado várias embalagens vazias no caixote do lixo. Ser o dono de uma firma não lhe deixava muito tempo para cozinhar e o seu frigorífico estava cheio de alimentos pré-cozinhados. Deitou a cabeça para trás, rindo-se com vontade... para descobrir quando voltou a olhar para a frente que a mulher tinha desatado a correr. De facto, o único que pôde ver foi um clarão do seu fato de treino enquanto se afastava rua abaixo.
– Eh, pára! Espera! Não levas o dinheiro! – gritou.
Sem preocupar-se por estar descalço, desceu até ao passeio para ver que direcção tinha tomado, mas era como se a terra a tivesse engolido.
Ia voltar a entrar em casa quando viu algo resplandecer na relva junto do passeio. Agachou-se, apanhou-o do chão e segurou-o, observando-o à luz da lua. Era um medalhão, e sem dúvida devia ter caído àquela mulher. Fechando a mão, pôs-se de pé e ficou um instante com a vista fixa no fim da rua antes de voltar a subir a pequena inclinação para a sua moradia.
Mais tarde, Jasmine entrou no seu apartamento, apoiou-se contra a porta, tratando de recuperar o fôlego enquanto o coração lhe batia nas costelas, e exalou um profundo suspiro de alívio. Faltou pouco, muito pouco para que se metesse num lindo sarilho.
Não se supunha que os milionários não estavam em casa ao sábado à noite?, pensou irritada enquanto desenrolava o cachecol da cabeça, deixando solto o seu abundante cabelo comprido encaracolado. Tinham contado a Ronnie que Wesley Brooks, como entendido que era em informática