De Uluru a Melbourne
De Luís Chainho
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Sobre este e-book
Neste terceiro e último caderno das nossas duas mil léguas australianas, narramos a travessia do deserto interior australiano, o Red Centre, e o percurso pela costa de Adelaide, a capital da Austrália Meridional, até Melbourne, a bela capital de Victoria. Nos últimos meses publicámos, em dois livros separados, as nossas impressões sobre as duas primeiras semanas de viagem, que nos levaram de Sydney até quase ao extremo norte tropical do continente, em Cape Tribulation. Na primeira parte de cada livro encontrará as melhores recordações e aventuras desta viagem, organizadas como um diário, que complementamos com mapas e links para mais fotos e vídeos. Na segunda parte, poderá consultar o roteiro original da viagem, com sugestões de visita adicionais e outras informações úteis.
Na Austrália, visitámos quatro estados e três das maiores e mais belas cidades do país. Surpreendemo-nos com a arquitetura. Cruzámos quatro fusos horários e tirámos fotos no trópico de Capricórnio. Sufocámos nas temperaturas extremas do deserto. Lutámos contra moscas teimosas e inoportunas. Sentimos a força das tempestades tropicais de verão. Encantámo-nos com a vida selvagem, os elegantes casuares e as emas, os cangurus e os koalas, os leões-marinhos e as focas neozelandesas, os enormes morcegos da fruta, e as barulhentas e omnipresentes caturras e catatuas. Abrimos caminho pelo ar denso, húmido e quente das florestas húmidas tropicais e dos mangais. Mergulhámos nos mares quentes da Grande Barreira de Coral e nas águas frias dos mares do sul. Subimos montanhas imponentes, refrescámo-nos em cascatas e dormimos sob as estrelas nas infinitas extensões planas do centro desértico.
Uma viagem inesquecível! E para que o seja, aqui deixamos as nossas memórias e aventuras de viagem. Venha connosco e divirta-se como nós nos divertimos!
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De Uluru a Melbourne - Luís Chainho
De Uluru a Melbourne
Duas Mil Léguas Australianas
volume 3
(cadernos de viagem)
Luís Chainho e João Máximo
2015-2016
Ficha técnica
Título: De Uluru a Melbourne (cadernos de viagem)
Volume 3 da série Duas Mil Léguas Australianas
Autores: Luís Chainho e João Máximo
Publicação: 28 de agosto de 2017
Edição: 1.00 de 28 de agosto de 2017
Copyright © João Máximo e Luís Chainho, 2015-2017
Todos os direitos reservados.
Esta publicação não poderá ser reproduzida nem transmitida, parcial ou totalmente, de nenhuma forma e por nenhuns meios, eletrónicos ou mecânicos, incluindo fotocópia, digitalização, gravação ou qualquer outro suporte de informação ou sistema de reprodução, sem o consentimento escrito prévio dos editores, exceto no caso de citações breves para inclusão em artigos críticos ou estudos.
ISBN: 978-989-8575-87-6 (ebook)
Introdução
Neste terceiro e último caderno das nossas duas mil léguas australianas, narramos a travessia do deserto interior australiano, o Red Centre, e o percurso pela costa de Adelaide, a capital da Austrália Meridional, até Melbourne, a bela capital de Victoria. Nos últimos meses publicámos, em dois livros separados, as nossas impressões sobre as duas primeiras semanas de viagem, que nos levaram de Sydney até quase ao extremo norte tropical do continente, em Cape Tribulation (que poderá encontrar aqui e aqui). Na primeira parte de cada livro encontrará as melhores recordações e aventuras desta viagem, organizadas como um diário, que complementamos com mapas e links para mais fotos e vídeos. Na segunda parte, poderá consultar o roteiro original da viagem, com sugestões de visita adicionais e outras informações úteis.
A Austrália faz parte do imaginário dos europeus! Aquela terra distante, lá em baixo, nos antípodas, com um imenso deserto interior, eucaliptos, ovelhas, cangurus, dingos, koalas e outras espécies exóticas, entre as quais uma, que vemos como muito descontraída e desportiva, palrando um inglês incompreensível: os australianos! Quem não deseja conhecer a Austrália? Nós desejávamos, e este ano os astros sorriram-nos: o Cruzeiro do Sul e as outras constelações austrais parecem ter-se conjugado para nos proporcionar uma viagem de sonho.
Ao todo percorremos em território australiano mais de dez mil quilómetros – duas mil léguas, – em pouco menos de um mês. Para chegar a Sydney, via Dubai, voámos para cima de dezoito mil quilómetros, e um pouco mais para regressar, via Kuala Lumpur e Dubai. No total, quase cinquenta mil quilómetros, mais do que uma volta ao mundo. E não foram à Nova Zelândia? É ali tão perto!
perguntam-nos frequentemente. Sim, são só
mais três horas e meia de avião e o país tem só
mil e quinhentos quilómetros de norte a sul! Para visitar os kiwis
teríamos de abdicar de parte da Aussieland
e não quisemos fazê-lo.
Na Austrália, visitámos quatro estados e três das maiores e mais belas cidades do país. Surpreendemo-nos com a arquitetura. Cruzámos quatro fusos horários e tirámos fotos no trópico de Capricórnio. Sufocámos nas temperaturas extremas do deserto. Lutámos contra moscas teimosas e inoportunas. Sentimos a força das tempestades tropicais de verão. Encantámo-nos com a vida selvagem, os elegantes casuares e as emas, os cangurus e os koalas, os leões-marinhos e as focas neozelandesas, os enormes morcegos da fruta, e as barulhentas e omnipresentes caturras e catatuas. Abrimos caminho pelo ar denso, húmido e quente das florestas húmidas tropicais e dos mangais. Mergulhámos nos mares quentes da Grande Barreira de Coral e nas águas frias dos mares do sul. Subimos montanhas imponentes, refrescámo-nos em cascatas e dormimos sob as estrelas nas infinitas extensões planas do centro desértico.
Uma viagem inesquecível! E para que o seja, aqui deixamos as nossas memórias e aventuras de viagem. Venha connosco e divirta-se como nós nos divertimos!
CADERNOS DE VIAGEM
Uluru
Quarta-feira, 6 de janeiro de 2016
Passa pouco das quatro e meia da manhã quando toca o despertador. Hoje vamos voar para o centro da Austrália, para visitar o mítico rochedo vermelho que emerge imponente da planície desértica. O aeroporto não fica longe do centro da cidade e o nosso voo é às sete e vinte, mas temos de entregar o carro no aeroporto e não queremos stress. Deixamos o carro no parque de estacionamento para rent-a-cars do aeroporto, que está deserto a esta hora, e dirigimo-nos com a mala para o terminal. Não está ninguém no balcão da Budget, apesar de o horário de abertura ser às quatro e meia. No balcão ao lado, a funcionária da Avis atende-nos. Reportamos o rebentamento do pneu e deixamos com ela a fatura de substituição da Kmart Tires, para reembolso. Vamos ver se resulta[1]…
*
Já vos tínhamos falado da gentileza dos australianos? Ora aqui está outro exemplo. Ontem à noite, no check-in online da Qantas, escolhemos dois lugares de janela. Vamos atravessar o deserto do interior australiano e queremos, os dois, poder espreitar lá para baixo sem estar a esticar o pescoço. Mas a funcionária do balcão de drop-baggage imprime-nos boarding passes com lugares lado a lado. Parece simples de corrigir, certo? Fizemos check-in online e temos os lugares reservados, chegámos cedo ao aeroporto… é só alterar os lugares e reimprimir cartões de embarque novos. Não! A simpática
funcionária dispara que «a empresa não pode garantir lugares no avião» e «só tenho outra janela livre na parte de trás do avião», assim, como quem diz, sem dizer «não me chateiem que é muito cedo e tenho mais em que pensar».
Quando fomos ao Quénia ficámos satisfeitos por poder seguir de Mombaça para Nairobi no mesmo dia depois de sabermos, já no aeroporto, que o nosso voo fora cancelado. Mas no país que é o oitavo mais rico do mundo não esperávamos ser tratados tão rudemente por uma companhia aérea. Nos nossos dias, viajar de avião é, verdadeiramente, uma experiência miserável. Somos tratados como gado nos terminais dos aeroportos, enfileirados, despidos, revistados! Nos aviões, somos acomodados como sardinhas em lata. Mas a culpa também é nossa. Afinal, quando pretendemos voar de uma cidade para outra, escolhemos quase sempre o preço mais baixo.
Já no avião, que está quase vazio, descobrimos que as duas filas atrás da nossa estão livres! Well…
*
Sentados lado a lado, ainda antes de descolar, o João repara que o passageiro da frente olha uma ou duas vezes para trás, com ar de incomodado. Somos sempre cuidadosos para não encostar os joelhos à cadeira da frente, mas somos mesmo! Então não é que o rapaz, inesperadamente, se vira para o João e diz em australiano
cerrado: És capaz de tirar a porra dos joelhos das minhas costas?
Assim, à bruta. Está furioso e nem mesmo perante a nossa negação firme, para de barafustar. Até que o Luís levanta a voz para lhe dizer que ele devia era estar a pedir desculpa em vez de ser mal-educado e que reclamasse com a hospedeira se quisesse (se fosse como a funcionária do check-in, devia ter muita sorte…). Durante o voo reparamos que o rapaz tenta várias vezes recostar o banco sem o conseguir. Então é isso! O banco deve estar avariado ou tem alguma mola solta que lhe está a incomodar as costeletas
.
*
Não deve haver maior contraste entre duas paisagens naturais como o que existe entre a que estamos a deixar para trás e a que temos pela frente… Estávamos mergulhados em verdes viçosos e azuis transparentes e, repentinamente, entramos no mundo