Autoramente! 1
De Laboralivros
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Sobre este e-book
A revista Autoramente! lançou sua primeira edição em Novembro/Dezembro de 2016 na plataforma Yumpu, especifica para publicação de revistas online, e segue então com a proposta de publicação de textos pelo concurso literário, além de matérias com autores independentes.
Este formato e-book foi feito pensando em tornar a revista um pequeno livro, com todos os textos literários publicados nela e mais alguns convidados. Neste material, portanto, não existem matérias sobre escrita ou qualquer coisa do gênero. Apenas textos literários.
A cada edição da revista Autoramente! faremos uma versão com essa linguagem do livro.
Os textos do Concurso Literário são os mesmos publicados na 1a edição.
Laboralivros
O Laboralivros é uma iniciativa de pessoas que amam ler, algumas delas escrever, outras também pensar em soluções gráficas para histórias, e tudo isso gira em torno de um objeto específico: o livro. Nossa equipe é formada por capistas, críticos literários, resenhistas e produtores. A grande missão do Laboralivros é estender a mão aos escritores, iniciantes ou não, mas principalmente independentes, que estão todos os dias batalhando pelo seu reconhecimento. O nosso projeto oferece vários serviços (sempre a preço módico, como capa, ilustração, social media, revisão, leitura crítica, etc.). Além disso, o blog é alimentado com material de interesse para o leitor e o escritor, dicas, resenhas, concursos e sorteios.
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Autoramente! 1 - Laboralivros
Notas desta edição em formato e-book
A revista Autoramente! lançou sua primeira edição em Novembro/Dezembro de 2016 na plataforma Yumpu, especifica para publicação de revistas online, e segue então com a proposta de publicação de textos pelo concurso literário, além de matérias com autores independentes.
Este formato e-book foi feito pensando em tornar a revista um pequeno livro, com todos os textos literários publicados nela e mais alguns convidados. Neste material, portanto, não existem matérias sobre escrita ou qualquer coisa do gênero. Apenas textos literários.
A cada edição da revista Autoramente! faremos uma versão com essa linguagem do livro.
Os textos do Concurso Literário são os mesmos publicados na 1ª edição.
Prefácio
O poeta é um ladrão de fogo
¹, dizia Arthur Rimbaud. Com toda a certeza sua expressão significava algo muito misterioso, ou ainda muito além de uma simples metáfora, como bem prova seu famoso poema Alquimia do Verbo². O que será que entendemos por esse fogo? Eis aqui o interesse de todos aqueles que escrevem: capturar a chama de algo que relampeja diante de nós, usando do lampião da curiosidade para aprisionar esta chama. É engraçado como aquele jogo de videogame de muito sucesso, Dark Souls, nos fale desse tipo de mistério encantado, pois todo morto-vivo só recupera sua humanidade quando a encontra como uma espécie de chama e a guarda no inventário para utilizá-la diante de uma fogueira, diante do fogo. Caberia pensar, então, que o fogo é tudo aquilo que prezamos por escrever, roubar e aprisionar dentro de alguma luminária, lampião e acendê-la na ponta da caneta, ou dedilhando os dedos em frente ao teclado do computador.
Assim como o "chosen undead", escolhemos reencontrar nossa humanidade, sentar diante da fogueira e resguardar na ponta da pena de nossos pensamentos as grandes memórias do fogo, do indizivelmente belo, do assombroso da alegria, ou ainda da mais extrema tristeza. Escrevemos, e gostamos de aprisionar o fogo em palavras, restaurando a alma em forma de seres humanos outra vez. Rainer Maria Rilke, poeta alemão, dizia em Cartas a um Jovem Poeta para Franz Kappus, um poeta em início de carreira: O senhor se pergunta se os seus versos são bons. Pergunta isso a mim. Perguntou a mesma coisa a outras pessoas antes. Envia os seus versos para as revistas. Faz comparações entre eles e outros poemas e se inqueta quando um ou outro redator recusa suas tentativas de publicação. [...] lhe peço para desistir de tudo isso. O senhor olha para fora, e é sobretudo isso que não devia fazer agora.[...] Há apenas um meio. Volte-se para si mesmo
³. Eis o fogo: um sentido que as vezes circula pelos nossos dias dentro de nós, entre as coisas, entre as pessoas e, com certa insistência teimosa, levamos a acreditar que nunca o encontramos verdadeiramente.
Se há algo que perturba durante a noite, como aquela chama que pulsa por entre nós e nos chacoalha a escrever: resguarde, ilumine, a encerre entre as linhas. Precisamos acreditar em algo que nos faça dançar, como diria o filósofo Friederich Nietzsche: pois então que venhamos a bailar a dança do fogo! Sentir crepitar pelas palavras os versos e transversos da chama e as montemos diante de uma grande fogueira: a fogueira da eternidade que narramos, escrevemos, relembramos.
Nunca podemos perder de vista, assim como em Dark Souls, as dificuldades dos monstros que nos aparecem diante de nós. Somos levados aos poucos a modos cada vez mais precisos. Não era à toa que os louvados samurais, com suas espadas curvadas não se digladiavam: as katanas eram de metal pouco resistente para isso. Não se perde tempo em tilintar espadas, pois o bom golpe é o rápido, intenso e certeiro. E circundamos por entre o labirinto, a criação de Dédalo, em busca dos minotauros da vida para que alcancemos o fogo, a nossa preciosa felicidade. Todos os dias, vivemos um Ulysses de Homero (ou ainda de James Joyce?), uma vida inestimável que a literatura reserva a nós, a beleza de prová-la numa promessa quase que messiânica. Em busca do texto perfeito.
Nós, a Revista Autoramente! não perdemos de vista a oportunidade de abrir as portas ao que vem dos sonhos mais intensos e profundos. Acreditamos no potencial de novos leitores e autores que compõe nossa revista e aguardamos, ansiosamente, que o fogo entre nós ascenda, se erga e que possamos, cada vez mais, alimentar o travesso do queimar, do iluminar e esclarecer. Com muito orgulho apresentamos esta edição e sinto extrema felicidade em participar deste momento.
Desejo uma boa leitura a todos,
Tarik Alexandre.
Concurso Literário – Aquele Que Espera Nas Sombras
Uma escuridão acolhedora. A casa inteira às escuras. Apenas as luzes turvas da rua entravam pela janela discretamente, e vez ou outra um clarão de relâmpago iluminava todo o recinto enquanto a chuva constante tamborilava no telhado. Ela não queria ligar as luzes, pois aquelas sombras traziam toda uma atmosfera mais interessante, mais cheia de possibilidades que a crueza da luz. Ou talvez toda essa explicação fosse uma grande besteira, uma desculpa tola para tentar camuflar a realidade do que a atormentava. Mas isso não importava. Seu amigo estava tão bonito emoldurado por aquelas sombras. A pele dele parecia ter um leve brilho próprio realçado pela luz azulada que entrava pela janela. Mas ele era bonito de qualquer jeito, não é mesmo? Sempre fora. Alto e forte, com mãos grandes que sempre lhe deram apoio e lhe transmitiram confiança e um lindo rosto moreno sempre sincero e de emoções claras. Lá estava ele, um fantasma. Tão sólido e real quanto ela, sentado confortavelmente no sofá à sua frente. As longas pernas