O Herói de Eleanor: Natal na Cidade - Livro 2, #2
De Jill Barnett
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Sobre este e-book
Um conto clássico de amor, na época de Natal, ambientado na virada do século em Nova Iorque, escrito pela renomada autora de best-sellers do NY Times - Jill Barnett - O Herói de Eleanor é um romance terno e emocionante entre dois opostos.
Depois de cuidar do seu avô doente durante anos, Eleanor Austen encontra-se sozinha após sua morte. Ela é forçada a se mudar para um apartamento no último andar de um prédio que seu avô tinha alugado para um barulhento ginásio de propriedade do famoso boxeador irlandês Conn Donnoughue.
É assim que, durante um dezembro nevado e mágico, duas pessoas solitárias podem descobrir que têm muito mais em comum do que pensavam... Para os leitores de Jude Deveraux e Julie Garwood.
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O Herói de Eleanor - Jill Barnett
O Herói de Eleanor Jill Barnett
Para aqueles leitores que queriam uma heroína mais madura. Obrigada pela ideia e Boas Festas.
––––––––
Capítulo Um
Cidade de NovaIorque, 1898
Conn Donoughue tinha um gancho de direita tão forte como o de um estivador irlandês. Por dez anos ele viveu com o dinheiro que recebeu de suas lutas contra adversários que — quando acordavam — alegavam que os ombros dele pareciam tão largos como dois grandes pianos juntos. E seus punhos? Eles juravam que nunca os tinham visto chegando.
Quando ele pisou em seu primeiro ringue, ninguém sabia quem era Connaicht Tobias Donoughue. Até que ele lutou. Então ninguém esqueceu o homem que eles começaram a chamar de O Gigante Irlandês.
Aos 12 anos, Conn já tinha mais de 1,80m de altura e podia apoiar um cotovelo na cabeça de sua avó, enquanto ela olhava para ele sem se intimidar, como se ele não tivesse quase o dobro do tamanho dela. Ela agitava um dedo em algum lugar abaixo do queixo quadrado dele e dava uma palestra sobre os três H's: Heaven, Hell & Hard Work (Céu, Inferno e Trabalhar Arduamente). Ele cresceu ainda mais nos anos seguintes, vibrando com as estórias de seus avós, que saíram da imensa pobreza na Irlanda para a terra prometida da América, onde havia oportunidade para umavida nova e melhor.
Sua avó morreu em 1883. Nesta época Conn trabalhava desde os dez anos de idade, quatorze horas por dia, em uma fábrica de carruagens. A princípio ele trabalhou como aguadeiro, carregando baldes de água para resfriar o ferro quente dos aros das rodas.
Oito anos depois, ele ganhava cinco dólares por semana, operando a enorme máquina de moer que produzia as hastes das carruagens. Ele não tinha medo de trabalhar duro. Ele nunca se atrasou ou perdeu um dia de trabalho.
Dois meses após ter enterrado sua avó, a fábrica mudou de dono. O novo proprietário demitiu todos os empregados irlandeses e se recusou a pagar os salários da semana. No dia seguinte, os trabalhadores se reuniram na fábrica para exigir o pagamento.
E foi aquele dia que mudou a vida dele— a primeira briga de Conn foi com um bandido contratado que estava bloqueando a entrada da Companhia de Transporte de Tanniman. Ele ganhou a partida junto com o pagamento dos salários atrasados de todos os trabalhadores irlandeses.
Sua segunda luta foi duas noites depois, no Brooklyn, onde ele lutou com um boxeador local em uma área de cascalho atrás da Taverna do O'Malley. Ele ganhou dez dólares. Sua terceira luta foi em um pasto de vaca fora de Hoboken. A notícia se espalhou de taverna para taverna sobre o novo gigante boxeador. Tinha uma multidão de trezentas pessoas naquele pasto. E depois que acabou, Conn tinha um novo ramo de atividade.
Nos dez anos seguintes, O Gigante Irlandês
cresceu e se tornou uma lenda no boxe. Ele tinha perdido a conta do número de lutas que já tinha lutado. O número certo não importava. Masuma coisa ele sabia: Connaicht Tobias Donoughue nunca perdeu uma luta.
O Ginásio do Gigante ficava na ponta de Nova Iorque. Dentro de um prédio de tijolos de três andares com escadas de ferro preto que ziguezagueavam como cicatrizes de espada na parede leste, o ginásio ficava encravado entre a Sapataria Pasterinie a Companhia de Charutos Havana. Pasterini tinha uma placa singular em forma de bota e um toldo de lona com as cores da bandeira italiana. Uma placa de porcelana na forma de uma faixa de cigarros aparecia acima das pesadas portas da loja de charutos, onde um slogan pintado em dourado nas janelas de vidro dizia que a Companhia Havana vendia os melhores charutos dos Estados Unidos.
A rua estreita tinha uma mistura de mercadores e lojas, a maioria com seus quartos e apartamentos acima das lojas. Nenhum prédio tinha a mesma altura ou estilo. Cada um tinha uma personalidade única e diversificada, como aqueles que viviam e trabalhavam ali.
Em deferência à época de Natal, a janela da frente da loja Pasterini tinha um berço feito de pele de jacaré, exibido dentro de uma manjedoura de couro marrom. A decoração da loja de charutos era mais tradicional. Caixas de charutos importados feitos à mão e tabacos exóticos com nomes como Oasis Flame e Spanish Spice ficavam expostos em caixas de estanho vermelhas brilhantes pintadas com perfis femininos e enfiadas em umidificadores escuros de ébano com tampas de prata.
O açougue de propriedade de um alemão exibia uma árvore de Natal de penas de ganso tingidas de vermelho, azul e branco, e a árvore estava adornada comestrelas e listras. Bem patriótico. Em vez de um anjo, um tio Sam de papelãotinha sido colocado no topo da árvore. Uma faixa larga que parecia um estandarte de cetim usado pelo vencedor do concurso Miss Brooklyn Bridge, cruzava a árvore e ostentava carne de vaca, galinhas frescas rechonchudas e o melhor dos gansos tradicionais de Natal.
As novas linhas elétricas de luz e de telefone espalhadas pela vizinhança se entrelaçavam como as redes de trapézio do Barnum (1), sobrevelhos postes de ferro fundido. Em um esforço para celebrar a estação, algumas almas amarraram fitas vermelhas e verdes nos postes da rua no dia seguinte ao Dia de Ação de Graças. Agora, alguns dias depois, e depois da chuva e do granizo da noite anterior, as fitas encharcadas se agrupavam no fundo das lâmpadas da rua esperando a vassoura do gari.
Não tinha guirlanda de Natal na entrada do ginásio. Nenhum ramo de azevinho ou coroa de flores. Apenas uma grande porta velha de tábuas de pinho com três rachaduras — uma de quando Murray Ryan tinha dado um soco em Otto Rhinehold e tinha errado. As outras duas eram das garrafas de uísque que a mulher de Duncan Fogarty tinha jogado em cima dele quando ele se esqueceu de voltar para casa por uma semana.
O alpendre era escuro e úmido, com degraus de cimento e uma grade de ferro enferrujada dobrada de onde uma carroça de gelo derramava sua carga. O interior era melhor. Um amplo saguão com uma mesa embutida que ficava bem na frente da porta da entrada. Atrás do balcão com tampo de couro, havia uma parede de cubículos numerados, forrados de feltro verde gasto e recheados de notas brancas e envelopes para os membros do ginásio.
À esquerda tinha um conjunto de portas de vaivém pintadas de um verde desbotado. As portas tinham placas de mão em bronze aparafusadas na madeira e janelas foscas ovais em forma de luvas de boxe. O constante baque surdo, mas rápido, de punhos socando uma bolsa de treino, vinha por detrás das portas.Ouviam-se risadas masculinas, o barulho pesado de uma bola de boxe para socar e um som distante de boxeadores se defendendo durante um treino.
Atrás daquelas portas, era o paraíso dos homens.
O ar do ginásio era pesado e quente; a sala cheirava a cera de cânfora e fumaça de charuto, suor de homens, e a necessidade primitiva de se livrar de alguma coisa.
Outra rodada de gargalhadas veio de um canto esfumaçado, onde três homens estavam em volta de uma mesa tão grande quanto uma carroça. Apoiado no topo da escrivaninha surrada tinha um pé enorme, cruzado casualmente e calçado com um par de botas de boxe de couro de vitela da marca Tony Pasterini.
Conn Donoughue estava esticado para trás em sua enorme cadeira de couro. Ele descansou o braço atrás da cabeça e soprou dez anéis de fumaça consecutivos de uma baforada de um charuto de cinco centavos. Depois dealgum tempo, ele se endireitou