Canção das Terras: Esposas das Terras Altas, #6
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Sobre este e-book
Gavin Mac Brodie teme a possibilidade de tornar-se igual ao seu pai. Levado a optar pelo celibato por suas próprias ideias sobre o que poderá ou não ter na vida, faz votos de nunca se casar. Mas Gavin está prestes a se deparar com uma pequena amostra da magia das Terras Altas... Catrìona está acostumada à solidão. Seu povo, isolado no interior das montanhas das Terras Altas da Escócia, é pouco mais do que uma lenda. Mas ninguém sabe melhor do que ela que não se pode fugir ao destino. Nua e com o corpo pintado com a tintura dos seus antepassados, ela surge diante de Gavin Mac Brodie...
Mas seria ela de carne e osso — a chance de um futuro — ou apenas uma criatura mágica que desaparecerá da Terra se Gavin ousar abrir seu coração?
Tanya Anne Crosby
New York Times and USA Today bestselling author Tanya Anne Crosby has been featured in People, USA Today, Romantic Times and Publisher’s Weekly, and her books have been translated into eight languages. The author of 30 novels, including mainstream fiction, contemporary suspense and historical romance, her first novel was published in 1992 by Avon Books, where she was hailed as “one of Avon’s fastest rising stars” and her fourth book was chosen to launch the company’s Avon Romantic Treasure imprint.
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Canção das Terras - Tanya Anne Crosby
Capítulo 1
Terras Altas da Scotia, 1125
Gavin Mac Brodie podia apostar que havia algo de diferente no whisky de Seana.
A mulher conseguira enlaçar o último homem das Terras Altas que ele imaginaria casado. Ao longo dos seus vinte e sete anos de vida, o irmão passara pela cama de mais mulheres do que a soma de todos os dedos da família Brodie juntos. Porém, ainda mais surpreendente era o fato de que Colin, o irmão, estava simplesmente extasiado com o fim de sua promiscuidade. Seu olhar acompanhava a nova esposa aonde quer que ela fosse, adorando-a de uma forma que Gavin considerava bastante ridícula.
Ainda bem que Gavin não era chegado em bebida, pois definitivamente não precisava de uma mulher mandando e desmandando em sua vida. Por onde olhava, deparava-se com uma nova noiva: o suserano MacKinnon com sua nova patroa inglesa, o irmão de Gavin, Leith, com Alison MacLean, a irmã Meghan com Piers de Montgomerie. E agora a prima de Montgomerie, Elizabet, com Broc Ceannfhionn (outro que Gavin jamais imaginaria suscetível às artimanhas femininas).
Chegando ao limite de sua tolerância a tantos suspiros apaixonados, Gavin sentiu que precisava refugiar-se na floresta, local onde Seana fincara raízes com o pai muitos anos antes. O alambique ainda estava lá, a pouca distância, pois Seana recusava-se a movê-lo apesar da insistência de seu marido Colin. Para ela, o local tinha a magia necessária a uma boa fermentação. Todos os dias, ia até lá verificar o whisky. Mas isso não era problema para Gavin, que se dava bem com Seana, mesmo considerando sua inclinação ao misticismo uma grande bobagem.
Gavin ouvira contos de fada o suficiente para uma vida inteira. Assim como Seana, vovó Fia fora bastante ligada aos antigos costumes. Também vivera em meio à natureza, amando a floresta e levando a pequena Meggie consigo sempre que podia. Juntas, preparavam poções de ulmária, sanguinária e urze que volta e meia empurravam goela abaixo em Gavin e os demais irmãos, quando estavam doentes. Até aí tudo bem, mas, na opinião de Gavin, coisas como o fogo-fátuo não passavam de baboseira. Fadas não passavam lendas e as banshees eram apenas personagens de histórias contadas pelas anciãs para fazerem os pequenos se comportarem.
Todas aquelas mulheres e seus folclores... De fato, aquilo bastava para levar um homem à bebida, mas cair de boca no líquido bruxesco de Seana não faria a casa de Gavin ser construída mais rápido e, além disso, ele estava determinado a se manter longe dos pombinhos enamorados, mesmo que às custas de um esforço dantesco.
Assim que a casa estivesse finalizada, ninguém o impediria de partir. Mesmo assim, não queria correr o risco de que viessem a tentar. Não queria mais viver com os irmãos e, definitivamente, não fazia questão de ouvir os ruídos de amor que ecoavam pelos cômodos noite adentro. Sozinho em sua cama, pensava consigo mesmo que nada poderia ser mais perturbador.
Não, já passava da hora de ele ter sua própria casa, um lar do qual fosse o mestre. E isso ele faria ali mesmo.
Ali na Terra de Ninguém, região acidentada à sombra de Chreagach Mhor, antiga residência do suserano MacKinnon. A terra abaixo do costão era pontuada por dólmens, agrupamentos rústicos de pedra quais sentinelas vigiando a paisagem. Gavin projetara sua propriedade com cuidado, de modo a não perturbar os antigos túmulos. Afinal, fosse qual fosse a crença de um homem, jamais seria prudente incomodar as almas dos mortos.
Não, a área tinha pedras o suficiente, por isso Gavin simplesmente teve o cuidado de não retirar nenhuma dos agrupamentos que ali se encontravam. No ponto em que se encontrava, após semanas trabalhando na casa conforme lhe era possível, as paredes já estavam de pé e logo ele colocaria o telhado. Um pouco ofegante, Gavin sentou-se em um tronco caído e contemplou o potencial da sua nova vida. Não sabia o que estava procurando, mas, por algum motivo, sabia que o encontraria ali.
Sentado, aproveitou para descansar um pouco. Examinou as paredes e inspecionou a argamassa aplicada uma semana antes para averiguar possíveis rachaduras.
Isso mesmo, seria uma bela casa de fato. E próxima do clã, caso sentisse necessidade de companhia. A distância, o lago cintilava como uma pedra azul sob a luz do sol. Gavin ergueu o frasco que se encontrava aos seus pés e bebeu avidamente da água de poço que trouxera consigo.
O próximo passo seria cavar seu próprio poço, mas, para isso, pediria ajuda aos irmãos e a Piers, marido da irmã, se é que ele aceitaria.
Gavin criava imagens mentais do jardim no qual plantaria repolho, ervilhas e couve, além dos grãos de que sua nova cunhada precisava para a preparação da bebida. Fizera um trato com Seana, que lhe concedeu o pedaço de terra onde vivera com o pai. Não era exatamente dela, a terra. Mesmo assim, Gavin achava importante ter um trato honesto com qualquer ser humano e Seana acreditava do fundo do coração que aquele era de fato seu lar. Em troca, Gavin produziria os grãos de que ela precisava e, juntos, proveriam whisky do bom para os clãs da vizinhança.
Isso mesmo, era um ótimo plano.
Um ótimo plano de fato.
Gavin tomou mais um gole da água.
O aroma de urze penetrou suas narinas.
Era uma tarde agradável para um verão nas Terras Altas, o ar parado e adocicado, mas, com o fim do verão, a noite traria um gelado de doer os ossos. Quando chegasse a hora, precisaria de vários cobertores... e tinha seu cão Brownie para lhe fazer companhia, desde que conseguisse manter longe dali os malditos gatos.
Gavin viu passar mais um par de olhos amarelados na entrada da floresta — o quarto felino a dar o ar da graça naquele dia. Havia centenas deles em meio às árvores.
Vovó Fia tentaria convencê-lo de que os gatos são encarnações de elfos, tão mutáveis que são. Mas ele via apenas um bando de gatunos safados acocorados na sombra das árvores.
Gotas de suor escorreram pelo seu rosto quando ele se pôs a mensurar o posicionamento do sol no céu. Tinha apenas cerca de mais uma hora até que o calor abafado desse lugar a uma brisa fresca. Se continuasse trabalhando, perderia a refeição da noite novamente, mas preferia usar o crepúsculo para trabalhar. Quanto antes terminasse a obra, antes poderia usufruir daquele silêncio abençoado.
Um gato amarelo malhado cruzou seu olhar, deu-lhe um sorriso (ou assim lhe pareceu) e saiu em disparada. Gavin limpou a testa com o braço e fez cara feia para o animal, mas uma rajada de vento jogou poeira em seus olhos. Pego de surpresa, vociferou:
— Mas que diabos!
E largou o frasco para esfregar os olhos com o dedo.
— Não vai conseguir nada com essa boca suja! — declarou uma voz feminina a pouca distância.
Gavin rapidamente limpou a terra dos olhos e reabriu-os.
Avistou uma mulher parada exatamente onde antes estivera o gato. Piscou repetidas vezes.
Estava sem palavras.
Conhecia muito bem todos os moradores daquelas paragens, mas nunca vira aquela moça em toda a sua vida. De onde vinha era uma incógnita, mas o fato é que não se parecia com nenhum conhecido seu. Era pequena de porte, devia bater na altura do seu peito, e tinha os cabelos vermelhos cor de fogo, os olhos verdes como a mais pura esmeralda.
E estava com o corpo pintado.
E nua.
A parte da nudez é que o deixou sem voz.
Com o ar mais despreocupado do mundo, a desconhecida deu alguns passos à frente, sem se incomodar com a sua própria falta de vestimentas. Apoiou as mãos nos quadris torneados:
— O que está fazendo? — perguntou, como se tivesse o direito de saber.
Gavin apertou os olhos, apoiando também as mãos nos quadris. Não estava acostumado com estranhas nuas o enfrentando.
— Quem lhe deu o direito de perguntar?
Ela o encarou indignada, sem desviar o olhar.
— MacAlpin! — declarou.
Mulher louca.
Que tipo de pessoa saía por aí se intrometendo na vida dos outros, invocando o nome de reis falecidos?
Gavin olhou para o lado, incapaz de