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O armário e outros contos fantásticos
O armário e outros contos fantásticos
O armário e outros contos fantásticos
E-book128 páginas1 hora

O armário e outros contos fantásticos

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Sobre este e-book

O armário e outros contos fantásticos é uma coletânea composta por 3 contos + 1 conto bônus escrito em conjunto com Alberto Spano (locutor de um programa da rádio RFM).

Os leitores são as melhores testemunhas...

“Amei. Tudo parece normal e, de repente... mergulhamos em um outro universo” (sobre “A parada”). Eks, leitor Monbestseller

“Belo exercício de escrita, de opressão, de progressão. Bem escrito. E o final... realmente inesperado” (sobre “Durma tranquilo). René, leitor Monbestseller

“Um conto surpreendente, o sei. Ao ritmo de um cavalo esperto, somos levado pelos instintos, pela crise de pânico, pela vontade de controle. Todos temos histórias que não podemos contar, de tão absurdas que parecem, e que frequentemente mantemos em segredo. O que você descreveu é uma excelente história sobre o terror, o medo do desconhecido” (sobre “Vamos passear na floresta). Antoine, leitor Monbestseller


“Que domínio do verbo, que estilo ! Parabéns, muito bem escrito” (sobre “Vamos passear na floresta). Laurence, leitora Monbestseller

“Um mergulho divino no estranho” (sobre “Durma tranquilo). Zelma, leitora Amazon

IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de jun. de 2019
ISBN9781547590452
O armário e outros contos fantásticos

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    O armário e outros contos fantásticos - ESTHER HERVY

    O armário

    e outros contos fantásticos

    por

    Esther J. Hervy

    ––––––––

    Novelas

    A parada

    Tudo começou em uma bela manhã de julho. A família Ambroise pegara a estrada naquela manhã bem cedo e todos estavam impacientes para chegar em Joyeuse, um vilarejozinho perdido no meio dos campos da Ardèche. Olivier, o pai, dirigia tranquilamente enquanto Júlia, a mãe, virava frequentemente para dar uma olhada em Salomé, a filha deles, que adormecera no banco de trás com sua boneca Lola apertada contra o peito. Já era quase meio-dia e meia e eles tinham pego a rodovia há duas horas. Era uma rodovia nova e as paradas com restaurantes superconfortáveis pelo caminho ainda não estavam todas abertas. Eles já tinham passado por lugares onde poderiam parar, mas eles não tinham todas as instalações ultramodernas que encontramos habitualmente nos grandes postos. Não, Olivier dissera à Júlia que queria almoçar em um restaurante de verdade e estava bem decidido a percorrer os vinte quilômetros que os separavam do local tão procurado. Júlia, virando para seu marido, diz:

    — Parece um anjo.

    Olivier dá uma olhada pelo retrovisor e sorri. Sua filha, sua filhinha Salomé: sete anos, cabelos castanhos cacheados caíam dos dois lados de seu rosto pequenino e de pele branquinha, um sorriso constante nos lábios enquanto ela sonhava. E grandes olhos azuis que descobriríamos quando ela acordasse. Se alguém procurasse uma criança para representar o papel de Branca de Neve, Salomé não teria nenhuma dificuldade em obtê-lo!

    — Ela está cada dia mais parecida com você — Olivier disse a sua esposa. Só mais jovem e disposta — emendou.

    — Bobo! — Júlia respondeu rindo e fingindo que ia bater nele. — Você não deixa passar uma, hein?

    Olivier pegou a mão da mulher no ar e levou-a à boca para beijá-la.

    — Mas você sempre será minha esposa adorada.

    — Oh! Como é amável da sua parte, querido. Um verdadeiro cavalheiro.

    Eles continuaram a rir e a brincar enquanto o carro avançava na estrada quase deserta das férias. Passados os últimos quilômetros, o pisca-alerta do sedã preto indicou aos raros veículos que estavam atrás dele que entraria na via de desaceleração. Ao contrário da rodovia, a parada formigava de gente. Carros, vans e trailers disputavam as vagas de estacionamento. Alguns motoristas tinham subido nas calçadas para estacionar em vagas que não existiam. Olivier procurou alguns instantes e, por sorte, conseguiu entrar na vaga que um viajante liberou sob seus olhos.

    — Parece que é nosso dia de sorte! — exclamou para Júlia.

    Puxou o freio de mão e desligou o motor. No banco traseiro, Salomé abriu os olhos. As duas bolinhas azuis cuja cor profunda lembrava as águas de um lago demonstraram surpresa. Ainda meio adormecida, a garota olha pela janela do carro.

    — Estou com fome, pai — disse bocejando.

    — O pai também está com uma fome de leão, filha.

    Júlia e Olivier saíram do carro e, enquanto Olivier fechava sua porta, Júlia soltava o cinto de segurança da filha. Pegou a garota nos braços, fechou a porta de trás e em seguida colocou Salomé de pé no asfalto quente. Os três avançaram em direção ao restaurante, a garota corria na frente dos pais. Ao empurrar a porta do restaurante, aquele cheirinho bom de comida veio fazer cosquinha em suas narinas: misturas exóticas provindas de diferentes sabores, ervas finas, especiarias e outros temperos misturavam-se uns nos outros com sutilidade.

    — Isso é um restaurante de estrada? — Júlia espantou-se.

    Olivier olhava para ela, confirmando. O lugar parecia tudo menos um restaurante de uma parada de estrada. As mesas redondas eram cobertas por elegantes toalhas brancas de renda e grandes candelabros pretos repousavam no centro delas. A louça, de porcelana, cintilava no reflexo dos talheres. Grandes tapeçarias vermelhas cobriam os muros, dando ao lugar uma aparência luxuosa e confortável. E, apesar do calor exterior daquele mês de julho, a sala estava fresca e agradável. Não havia um self-service como na maioria dos restaurantes de paradas; garçons vestidos de preto e branco anotavam os pedidos e iam e vinham da cozinha até a sala.

    — Uaau, lançou Salomé. Parece um castelo aqui!

    — Um castelo para minha princesa! — respondeu o pai pegando-a nos braços.

    Enquanto ainda estavam admirando o lugar, um homem vestido com uma camisa branca e calça social aproximou-se deles.

    — Senhor, senhoras, bom dia. Queiram me acompanhar, por favor.

    Olivier e Júlia olharam um para o outro achando engraçado. Eles seguiram os passos do garçom que os levou até uma mesa. Júlia olhou para o homem com um sorriso no canto dos lábios. O que significava esse lugar? Ela nunca tinha visto nada igual. Todo esse requinte para um simples restaurante de beira de estrada era quase ridículo, afinal. Mas enfim, o importante era comer bem e partir relaxados. Afinal de contas, era muito mais agradável fazer uma pausa em um lugar assim do que parar em uma dessas tristes lanchonetes com luzes esbranquiçadas que encontramos habitualmente na estrada... Mesmo se, convenhamos, tudo era meio estranho. Mesmoaparentando uma qualidade superior à normal, o menu, quanto a ele, era muito simples. Os adultos pediram uma carne grelhada com uma salada e a menina teve direito a um menu infantil, composto de croquetes de frango e batata frita, tudo acompanhado de um suculento xarope de groselha para a garota e de uma água perfeitamente banal para o casal.

    — Por que lamentar um bom Bordeaux quando temos uma água tão pura no copo? — gracejou Olivier brindando com Júlia.

    — Papai, eu tenho vinho, olha! — observou Salomé levantando o copo que continha o xarope.

    — Então você não vai poder pegar o volante para nos levar até nossa destinação de férias, filha?

    — Mas, papai, ainda não sei dirigir — a pequena respondeu com um tom sério.

    Os pedidos chegam e todo mundo se pôs a devorá-los com voracidade. A sala do restaurante estava cheia e alegremente alvoroçada, e todas as pessoas pareciam estar de bom humor. Ouvia-se os copos e taças tinirem e os talheres chocarem-se contra a louça imaculada. Os adultos discutiam e as crianças, com guardanapos em volta do pescoço, devoravam o conteúdo de seus pratos como bons ogrinhos. Júlia então percebeu que todos pareciam muito bem vestidos para pessoas que estavam viajando de férias. Ela estava a ponto de comentar esse detalhe com seu marido quando Salomé a cortou:

    — Mamãe, olha o gatinho lá fora! — E apontou o indicador na direção da floresta que podíamos perceber através da janela. Júlia e Olivier viraram a cabeça na direção indicada pela filha. Sentado ao pé de uma árvore, um gato de cor laranja os observava.

    — Mamãe, posso ir ver o gatinho? Diz que posso?

    Isso mesmo, podíamos dizer que o gato também os observava, e até mesmo que os encarava! O felino acabou levantando-se e fugindo floresta adentro.

    — Ah, não, mamãe. Ele foi embora! Quero ir lá fora ver ele!

    — Termina de comer, filha, nós iremos fazer um carinho nele antes de ir embora — interveio Olivier. Decepcionada e meio amuada, Salomé espetou uma batata com o garfo. Olivier, sorrindo, tenta acariciar os cabelos dela, mas a pequena esquiva-se.

    — Vamos vê-lo depois de almoçar, minha querida, não se preocupe. — Salomé olha para seu pai com seus grandes olhos redondos.

    — Você promete?

    — Sim, prometo. Mas, antes, termine de comer.

    A pequena volta a se concentrar em seu prato, visivelmente mais tranquila. A comida era simples, mas deliciosa. A família inteira estava satisfeita e, enquanto Salomé terminava sua bola de sorvete de chocolate, Júlia aproveitou discretamente para ir ao banheiro. Ela empurrou a porta e entrou no recinto. Não havia ninguém. O lugar era bonito e à imagem do restaurante: elegante e meio vintage. Um azulejo rosa cobria totalmente os muros. Um grande espelho finamente emoldurado com um delicado ferro fundido preto sobrepunha-se a duas pias cuja cerâmica era de uma brancura ofuscante. Julia entrou em um dos gabinetes e, enquanto ao vestia-se novamente, ouviu alguém empurrar a porta e penetrar no gabinete vizinho. Ela sai e dirige-se às pias para lavar as mãos. Observa-se no espelho. Sua pele clara contrastava com o castanho de seus cabelos. É verdade que a pequena parecia com ela. Os mesmos olhos azuis, o mesmo narizinho fino. Mesmo se o cansaço acumulado durante o resto do ano deixara marcas em seu belo rosto, Júlia ainda era uma mulher excepcionalmente encantadora. Ela sorri para o reflexo, como para persuadir-se disso, fecha a torneira e seca as mãos. Quando estava prestes a voltar para a sala do restaurante, ela ouviu um soluço que vinha do outro lado da porta do banheiro ocupado. Interrompeu o que estava fazendo e prestou atenção. Não era uma impressão , tinha alguém realmente chorando. Achou que era meio besta ficar parada ali, no meio do caminho, escutando alguém chorar. Será que deveria bater à porta para assegurar-se de que tudo estava bem? Ou, pelo contrário, devia ir embora como se nada tivesse acontecido, a situação daquela mulher não era da conta dela? Ela não teve tempo de pensar nisso durante muito tempo, pois logo ouviu o trinco da porta se abrindo. Júlia correu para o lavabo e abriu a torneira. Ela tinha a impressão de ter sido

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