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Netherworld
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E-book438 páginas6 horas

Netherworld

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Sobre este e-book

1197 DC. Magoado com a perda de sua prometida, Sir Keller de Poyer aprender a não confiar nas mulheres. Um urso de homem com uma mente brilhante, Keller é socialmente desajeitado, mas um cavaleiro talentoso. Ele é tão verdadeiramente talentoso que seu soberano, William Marshal, o presenteou com terras em Gales pelo seu serviço. Mas há um problema - para garantir as terras e os títulos, ele deve se casar com a herdeira galesa.

E assim começa sua jornada para Netherworld - um castelo com reputação sombria e uma herdeira que esconde seus segredos horríveis. A morte vive em Nether, e Keller é pego por seu turbilhão. Ele poderá salvar sua nova esposa do perigo e da traição antes que seja tarde demais?

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento19 de set. de 2019
ISBN9781071509906
Netherworld

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    Pré-visualização do livro

    Netherworld - Kathryn Le Veque

    Netherworld

    Um Romance Medieval

    ––––––––

    Por Kathryn Le Veque

    ––––––––

    Outros Romance por Kathryn Le Veque

    Querido leitor,

    Este livro faz parte do original The Collection of Beginnings,  que sera uma antologia dos primeiros tres capitulos de varios romances que eu comecei, mas ainda não terminei. Eu pedi aos leitores para irem ate meu website e votarem em qual romance eles gostariam de ver completo, e Netherworld ficou no topo da lista no primeiro mês de votações. Assim sendo, eu coloquei de lado outro romance que eu estava planejando completar e finalizei Netherworld. Esta na hora de Keller de Poyer’s

    ( um personagem secundario de THE WHISPERING NIGHT ) ter sua historia contada, e é uma historia dos diabos.

    Dito isso, esta novela é dedicada aos meus maravilhosos leitores que tiram tempo e esforço pra lerem e dar opiniões sobre meus romances. Sem vocês, nada disso seria possivel. Eu sou profundamente grata a todos vocês.

    Obrigada!

    Love,

    Kathryn

    Índice

    PRÓLOGO

    CAPÍTULO UM

    CAPÍTULO DOIS

    CAPÍTULO TRÊS

    CAPÍTULO QUATRO

    CAPÍTULO CINTO

    CAPÍTULO SEIS

    CAPÍTULO SETE

    CAPÍTULO OITO

    CAPÍTULO NOVE

    CAPÍTULO DEZ

    CAPÍTULO ONZE

    CAPÍTULO DOZE

    CAPÍTULO TREZE

    CAPÍTULO QUATORZE

    CAPÓTULO QUINZE

    CAPÍTULO DEZESSEIS

    CAPÍTULO DEZESSETE

    CAPÍTULO DEZOITO

    CAPÍTULO DEZENOVE

    CAPÍTULO VINTE

    CAPÍTULO VINTE UM

    CAPÍTULO VINTE DOIS

    NOTAS DA AUTORA

    "... mas quando o pé da montanha eu alcancei

    O vale, que havia perfurado meu coração com pavor,

    Eu olhei para o alto, e vi sua ampla saliência,

    E eu entrei no submundo..."

    Extraido do Inferno de Dante

    Prológo

    Outubro, Ano do Senhor 1197

    O golpe na mandibula fez Gryffyn cambalear.

    Esparramado nas tabuas de carvalho do grande salão, Gryffyn sacudiu as estrelas dos seus olhos e olhou para cima para ver o grande cavaleiro inglês aproximando-se para outro golpe.

    Keller tinha os punhos do tamanho da cabeça de um homem, mas Gryffyn era agil. Ele conseguiu rolar para fora do caminho e ficar de pé ,mas seu equilibrio não havia voltado e ele acabou batendo no canto da lareira. Mas Keller estava acaminho para outro golpe e Gryffyn jogou-se para a esquerda, para longe do marido enfurecido de sua irmã. Ele sabia, pelo olhar nos olhos do homem, que ele pretendia mata-lo.

    Gryffyn tentou acertar os punhos em Keller, mas o cavaleiro era muito rápido e muito forte. Keller agarrou o punho de Gryffyn, torceu, e acabou estalando seu pulso. Gryffyn caiu de joelhos, gritando de dor com Keller parado acima dele em uma postura ofegante e furiosa. Seus olhos escuros ardendo em fúria.

    ''Então você esteve se escondendo aqui o tempo todo, esperando pelo momento apropriado para atacar,'' Keller sibilou. ''Você é um homem covarde, d'Einen - um miserável e vil covarde. Agora que finalmente tenho você, eu pretendo fazer o que deveria ter sido feito muito tempo atrás''.

    Segurando seu pulso, Gryffyn olhou para Keller com seus olhos negros como obsidiana, ''Se eu sou um covarde, você é um tolo,'' ele rosnou. ''Você não pode me parar. Nether e tudo isso pertencem a mim, incluindo minha irmã!''

    Foi a coisa errada a dizer. Keller erqueu e usou seu punho como um martelo no pulso quebrado de Gryffyn, transmitindo ao homem uivos de dor. Mas Keller era imune a isso. Sua expressão era mortal e intensa enquanto assistia Gryffyn se contorcer.

    Ela é minha esposa agora e eu juro, por tudo que é sagrado, você nunca mais colocará as mãos nela de novo, Keller trovejou. Eu sabia que alguem a estava espancando , mas ela nunca me contaria diretamente quem era.  Mesmo depois de toda a dor e humilhação que você lançou sobre ela , ainda assim ela te protegeu. Só Deus sabe por que ela fez isso. A quanto tempo isso vinha acontecendo antes de eu chegar, d’Einen? A quanto tempo você vem batendo em uma mulher indefesa pra se sentir mais homem?

    Embalando o pulso contra o peito, Gryffyn estava em um mundo de dor.  Seu bastardo, ele gruniu. Você vem ao meu castelo com toda sua arrugancia, sua gloria conquistadora, e casa com minha irmã porque meu fraco e tolo pai fez um pacto com o diabo.

    Os olhos de Keller queimavam. William Marshal não tem nada a ver com você levantando os punhos para sua irmã.

    Você só se casou com ela pelo castelo. Não aja como se ela significa-se  algo para você!

    Não importa se ela significa algo para mim, Keller estava lutando para não enrolar as mãos no pescoço do homem, embora ele soubesse, eventualmente, que chegaria a esse ponto. Era apenas um pressentimento que ele tinha. Ela é minha esposa e eu irei protege-la. E eu direi isso a você, Gryffyn d’Einen, para que não haja desentendimentos. Se você olhar para ela de uma maneira hostil novamente, eu vou mata-lo. Não cometa erros. Se você toca-la novamente, eu irei mata-lo.

    Gryffyn não estava acostumado a ser questionado ou disciplinado. Ele sempre fazia tudo que tinha vontade. Bem lá no fundo, ele era só um garotinho com uma mente pequena. Com um grunhido, ele se impulsionou do chão e atacou Keller com toda sua fúia. Keller facilmente acertou seu enorme punho na lateral do rosto de Gryffyn, derrubando-o facilmente. Gryffyn caiu sobre o pulso arruinado,  sucumbindo e começando e gritar.

    Keller olhou para o homem, sem nenhum arrependimento pela dor e sofrimento que causara. Se Keller tivesse menos auto-controle, o homem estaria afundado em uma poça do proprio sangue. Ele merecia  toda aquela agonia e muito mais. Na verdade, Keller estava propositadamente fazendo o homem sofrer. Ele queria que ele sentisse a dor que infligiu a Chrystobel e à sua família por incontáveis anos. Ele queria que Gryffyn sentisse a humilhação e a mágoa. Enquanto Gryffyn se contorcia em agonia, Keller se virou para sua esposa.

    Chrystobel conseguira rastejar até a lareira e agora estava sentada encostada na parede, os olhos escuros arregalados de choque. A aparição de Keller na hora mais oportuna foi surpreendente o suficiente, mas observar seu marido martelar seu irmão foi uma visão de violência e retribuição que ela nunca pensou que viveria para ver. Gryffyn foi finalmente subjugado e Keller foi a razão, protegendo-a como jurara fazer. Ele era um homem de palavra, inglês ou não. A realização foi mais do que ela esperava e ela olhou para o homem,  vendo-o atraves de novos olhos.

    Aquele não era o mesmo cavaleiro que ela conhecera um dia antes, o homem que não possuia ardor algum. Aquele Keller du Poyer era um eficiente, homem sem humor que,  ela tinha certeza,  a tinha visto assim como via o Castelo de Nether: como uma aquisição. O grande cavaleiro com ombros largos e enormes mãos não a havia tratado com nada menos que um respeito polido ate o momento.  Ter visto Gryffyn se preparando para atacá-la foi tudo o que Keller precisou para soltar sua fúria contra o homem, como se Chrystobel significasse alguma coisa para ele. Como se ele estivesse protegendo alguma coisa querida. Tinha sido uma visão verdadeiramente incrível de se ver e ela ainda estava bastante chocada com tudo isso.

    Enquanto seu cunhado gemia no chão a vários metros de distância, Keller só tinha olhos para Chrystobel. Ela era uma criatura tão adorável. Ele sabia disso desdo o momento que pusera seus olhos nela. Mas a dor em seu coração por um amor perdido o impediu de ver além de seu medo. Medo dos sentimentos. Medo de se abrir novamente.  Chrystobel era um lindo anjo que nunca esperara conhecer e agora podia sentir-se cedendo. Ele podia sentir-se aquecido, talvez disposto a se abrir novamente. O momento em que ele salvou sua vida foi o momento em que ele começou a se sentir algo.

    Ele se agachou ao lado dela enquanto ela se sentava contra a parede, seu rosto áspero, tocado pelos anos e pelo tempo, enrugado de preocupação.

    Você esta ferida? Ele perguntou gentilmente.

    O zumbido na cabeça de Chrystobel havia diminuído consideravelmente. Não, ela disse suavemente, olhando em seus olhos e sentindo esperança e alívio em seu peito como ela nunca tinha experimentado antes. Estou bem o suficiente.

    O olhar de Keller passou por sua cabeça, seu rosto, como se ele não acreditasse nela. Você está certa? Ele perguntou baixinho. Eu posso chamar um médico.

    Chrystobel sorriu fracamente, estendendo a mão para coloca-la em seu braço em um gesto reconfortante. Isso não é necessário, disse ela, suspirando baixinho. Eu vou admitir que minha cabeça dói um pouco, mas comida e descanso vão me curar, tenho certeza.

    Ele olhou para ela por um momento antes de levantar as enormes mãos e gentilmente segurar seu rosto. Enquanto Chrystobel olhava nos olhos dele, o coração batendo loucamente nas costelas, ela podia sentir a emoção emanando do homem. Era como se uma represa tivesse estourado e tudo que havia sido retido finalmente estivesse jorrando. Sir Keller de Poyer não estava mais frio e era uma realização surpreendente.

    Sinto muito, ele sussurrou. Eu sinto muito que você teve que suportar o que seu irmão fez com você. Mas eu juro, com Deus como minha testemunha, que ele nunca mais tocará em você.

    Chrystobel estava sem palavras, sua respiração instável quando os polegares começaram a acariciar sua pele sedosa. Era a primeira vez que ele a tocava e seus sentidos estavam compreensivelmente sobrecarregados.

    Era simplesmente o jeito das coisas, meu senhor, ela murmurou. Isso vem acontecendo há tanto tempo que eu não conheço nada mais.

    O rosto de Keller endureceu. Não mais, ele roncou. Ele é um homem morto se ele olha para você de um jeito que eu não gosto. Você acredita em mim?

    Chrystobel assentiu, embora ela mal ousasse acreditar de verdade. Sim.

    Seu sorriso gentil retornou. Bom. Ele lutou contra o repentino desejo de beijá-la, não querendo que o primeiro beijo genuíno entre eles fosse um espetáculo público. Ele era bastante tímido e conservador dessa maneira. Além disso, havia algo mais que ela precisava saber, algo muito sério. Ele se preparou.

    Eu também devo pedir desculpas por outra coisa, ele disse hesitante. Seu pai....

    Chrystobel o interrompeu com um aceno de cabeça, as lágrimas surgindo em seus olhos. Eu sei, ela sussurrou. Gryffyn me disse.

    Ele admitiu que o matou?

    Sim, ela confirmou. O sangue no chão ... é dele?

    Keller assentiu, observando sua expressão triste. Sim, ele disse baixinho. Eu sinto muito por não ter sido capaz de impedi-lo.

    Chrystobel lutou para controlar as lágrimas, pensando em seu pai, o homem que deveria protegê-la, mas nunca o fez. Embora lamentasse a perda dele, ela não parecia sentir verdadeira dor por sua morte. Se o homem tivesse impedido Gryffyn de ter  tudo de seu próprio jeito, talvez ela tivesse se sentido diferente, mas no momento ela se sentia um pouco culpada por não estar mais perturbada.

    Você não é responsável, disse ela, enxugando os olhos. Você fez o que podia. Você me salvou, de fato, e agradeço por isso.

    Os olhos escuros de Keller brilharam. É uma das melhores coisas que fiz na minha vida.

    Ela sorriu ao primeiro momento verdadeiramente quente entre eles. Sou particularmente grata pelo seu senso de oportunidade, disse ela. "Alguns segundos depois e eu poderia não ter ficado tão grata. Ou viva.

    Ele piscou para ela e soltou as mãos do rosto dela, movendo-se para levá-la duas pequenas mãos dentro de suas grandes mãos. Ele beijou as duas docemente, ternamente, como uma promessa das coisas por vir. Agora, seria diferente entre eles. Gryffyn, pelo menos, cooncluira isso.

    Se você puder ficar de pé, talvez devamos ir verificar sua irmã, disse Keller. Tenho certeza que você está ansiosa para vê-la.

    Chrystobel assentiu, olhando para Gryffyn quando o homem se sentou com os gêmeos Ashby-Kidd parados a vários metros dele, observando cada movimento que o homem fazia.

    Eu vou, disse ela, olhando para o irmão com cautela. O que você vai fazer com ele?

    A cordialidade nos olhos de Keller desapareceu quando ele olhou por cima do ombro para o galês, que estava segurando seu pulso quebrado desajeitadamente contra o torso. Sua expressão sugeria raiva, derrota e desafio. Mesmo com o pulso quebrado, Keller ainda podia ver a luta no homem. Depois de um momento, ele voltou seu olhar para Chrystobel.

    Trancá-lo no cofre, disse ele. O homem tem muito a pagar por isso, espero que você confie em mim para fazer o julgamento adequado.

    Claro, meu senhor.

    Seu olhar permaneceu nela por um momento, os pensamentos se voltando de Gryffyn e de volta para ela. Pensar nela muito melhor. Você vai me chamar de Keller, ele disse baixinho. Ou marido. Eu responderei ao que você escolher para me chamar.

    Um belo sorriso se espalhou pelo rosto dela. Ela tinha um sorriso encantador com dentes retos e brancos e caninos ligeiramente proeminentes. Eu ficaria honrada em chamá-lo de Keller, ela disse sinceramente.

    Ele estava prestes a soltar as mãos dela, mas pensou melhor quando ela falou. O brilho voltou aos seus olhos.

    Eu gosto de ouvir você dizer meu nome, ele disse honestamente.

    Seu sorriso se ampliou ainda mais, se tal coisa fosse possível. Então vou dizer de novo, ela sussurrou. Keller.

    Ele beijou a mão dela novamente, sorrindo quando ela riu. No meio dessa situação infernal, foi um momento de ternura que viu uma espécie de relação entre eles se consolidar. Uma faísca se acendeu, e Keller estava novamente pensando em beijar seus lábios, a privacidade que se danasse, quando ele ouviu uma  brigas atrás dele. Antes que ele pudesse se virar, algo violento e doloroso bateu no lado direito de seu torso.

    Ele se inclinou para a frente enquanto Chrystobel gritava, lutando para evitar que caísse enquanto caía sobre o traseiro. Horrorizado, ambos puderam ver a adaga se projetando de seu lado direito, cerca de trinta centímetros abaixo de sua axila. E havia uma mão sobre ela.

    Gryffyn estava atrás de Keller, com a mão boa no punho do punhal enquanto ele o enfiava na carne do homem. Rasgando-o do corpo de Keller, ele empurrou o homem para o lado e apontou para sua irmã com a lâmina erguida.

    ––––––––

    CAPÍTULO UM

    Um dia antes

    Região de Powys, Gales

    ––––––––

    Você acha que quando Deus criou a terra, ele esqueceu de mencionar que o sol também precisava cair sobre o País de Gales?

    A pergunta provocou risos baixos do grupo. Uma coluna de quinhentos guerreiros ingleses seguia para o norte de Deheubarth, passando por Gwynedd e entrando em Powys, atravessando o verde e selvagem país de Gales. August tinha visto chuvas excessivamente altas, transformando as estradas em pântanos lamacentos. No momento, as nuvens cinzentas estavam se espalhando pela extensão azul do céu, movendo-se para o leste enquanto a brisa do mar soprava forte. O comentário veio de um jovem cavaleiro porque, apesar de traços de azul poderem ser vistos entre as nuvens, parecia que alguém estava sempre apagando o sol.

    Deus pode ter feito Gales com muito mau tempo e muitos selvagens, comentou um cavaleiro mais velho. Sir William Wellesbourne era um cavaleiro grande e loiro de olhos escuros e um raciocínio rápido. "Mas é William Marshal quem nos encarregou de domá-lo. Considere este seu teste de cavalaria, jovem George. Que o  sol seja amaldiçoado.

    George Ashby-Kidd sorriu timidamente quando seu irmão gêmeo idêntico, Aimery, riu mais alto. Eram jovens de boa aparência, recém-condecorados no ano passado, com personalidades tão idênticas quanto sua semelhança de cabelos castanhos e olhos azuis. Eles eram rápidos com a espada, com gênios fortes e ambiciosos. Seu pai era um antigo assessor de seu soberano, William Marshal, e muito ambicioso. Os meninos foram bem instruídos em aspirações cavalheirescas.

    Enquanto as tropas que cercavam os cavaleiros faziam piada e bufavam, uma investida travejante os fez calar vinda da parte de trás da coluna. Wellesbourne acalmou os homens rindo enquanto o oficial comandante os rondava. A lama espirrou quando o grande cavalo diminuiu o galope a um trote nervoso e o cavaleiro ergueu a viseira com uma enorme mão revestida de armadura.

    Sir Keller de Poyer inspecionou seus cavaleiros, sacudindo o suor da testa ao fazê-lo. Mesmo nas temperaturas mais baixas, o suor estava correndo em seus olhos. Tinha sido um longo dia a um ritmo acelerado e ele, assim como seus homens, mostravam sua fadiga. Ele sabia que seus homens estavam rindo; ele os ouviu bem abaixo da linha. Ele também sabia que eles iriam calar a boca quando ele se aproximasse. Eles sempre o faziam, temerosos de seu temperamento e punição. Os cavaleiros de Keller aprenderam, através de tentativa e erro, a temê-lo e respeitá-lo. Eles eram todos relativamente novos para o seu serviço e ele não era, na sua experiência, um homem que perdoa.

    - Deveríamos ver nosso destino dentro de uma hora - Keller olhou para o sol minguante enquanto se esforçava para espiar por trás das nuvens cinzentas. "Will, envie um cavaleiro para anunciar nossa chegada. Eu quero o jantar esperado por nós quando chegarmos.

    Wellesbourne acenou com a cabeça espertamente e apontou para um dos soldados montados nas fileiras atrás dos cavaleiros. O homem enfiou os calcanhares no cavalo e disparou pela estrada, salpicando lama negra enquanto andava. A montaria de George ficou excitada quando o cavalo passou rápido, fazendo com que seu animal saísse do caminho lamacento. Ele viveu um demônio para controlar o cavalo e trazê-lo de volta para a coluna. Keller subiu ao lado de Wellesbourne, ignorando George e sua montaria frenética.

    William observou de Poyer enquanto o homem se aproximava. Ele conhecia Keller a alguns anos, já que ambos serviam William Marshal, mas somente no ano passado ele tinha entrado para o serviço do homem como comandante da guarnição do Castelo de Pembroke. Fora uma época sombria na vida de De Poyer. Tudo o que William sabia, e isso vinha estritamente do que os outros haviam dito a ele, era que Keller tinha sido prometido a uma mulher por quem ele estava profundamente apaixonado. Mas a mulher o deixara por outro homem e Keller passara de um cavalheiro dedicado e agradável para um descontente retraído e de temperamento desagradavel.

    Como William e Keller tinham aproximadamente a mesma idade e tinham o mesmo número de anos que os cavaleiros jurados, havia uma quantidade presumida de respeito e camaradagem entre eles. Houve momentos em que William viu o homem caloroso e espirituoso passar. Ele ouvira falar, dos velhos soldados, que Keller fora outrora um homem simpático, conhecido por sua imparcialidade e benevolência. Ele havia sido muito amado por seus homens e respeitado tanto por aliados quanto por inimigos. Como comandante da guarnição do castelo de Pembroke nos últimos anos, ele teve sua parcela de respeito dos chefes locais do País de Gales. William Marshal dependia muito dele em Pembroke. Mas hoje em dia, na maioria das vezes, de Poyer era estritamente profissional, sem emoção, apenas preto e branco em sua tomada de decisão. Não havia mais calor ou bondade. Aqueles dias se foram com o que sua amada fez.

    Isso fez com que a viagem ao Castelo Nether nos campos de Powys fosse uma tarefa tão temida. Eles todos estavam sentindo por dias agora enquanto viajavam do Castelo de Pembroke para os vales verdes de Powys. Todos tratavam do assunto como se fosse a peste; com medo e hesitação. William odiava sequer mencioná-lo, mas não havia como evitar o motivo da viagem. Era melhor deixar isso claro para permitir que qualquer tempestade que se transformasse em seu curso acabasse e terminasse antes que eles chegassem ao seu destino.

    Eu ainda não tive a oportunidade de parabenizá-lo pelo seu contrato, ele disse casualmente enquanto os cavalos se arrastavam. O marechal lhe recompensou bem pelos seus anos de serviço; um castelo de sua autoria e títulos. Você deve estar bastante satisfeito."

    A mandíbula de Keller assinalou quando seus olhos azuis escuros se moveram sobre a exuberante paisagem verde. Eu deveria estar.

    Mas você nao esta?

    Eu estava contente como comandante da guarnição de Pembroke.

    Mas ter título e terras é o sonho de todo homem, pressionou William. Lord Carnedd agora, não é? E sua propriedade se estende do Rio Banwy ao Vale do Dovey. Ouvi dizer que é uma terra rica e próspera, muito cobiçada pelos príncipes galeses.

    O que tornará a paz ainda mais difícil.

    Talvez sim. Mas o senhor galês é leal a William Marshal.

    Mais do que provável, porque o marechal deu ao homem terras inglesas e moedas, Keller lançou um longo olhar a William. Não imagine que o homem não tenha recebido uma bela recompensa pela entrega de suas terras galesas. Ele é agora um senhor inglês muito rico, eu garanto a você. E eu tambem garanto a você que esses vizinhos galeses não aceitarão gentilmente que uma guarnição de ingleses brote de repente no meio deles.

    William contorceu as sobrancelhas. Talvez não, disse ele. "Mas é por isso que você trouxe quinhentos soldados e três cavaleiros, e ainda mais a caminho. Não é  Lohr que os esta enviando?

    De Poyer concordou fracamente com a menção do conde de Hereford e Worcester, o grande Christopher de Lohr, o mais poderoso lorde dos marinheiros do reino. O marechal pediu-lhe para enviar mais mil homens, se ele puder poupá-los, respondeu ele. Ele deve enviar alguns cavaleiros junto também.

    Wellesbourne assentiu com confiança. Com um séquito desse tamanho, faremos um trabalho curto de qualquer resistência que o galês possa exibir.

    Veremos.

    O modo como Keller proferiu as palavras faladas discretamente levou William a acreditar que ele não estava totalmente convencido da superioridade inglesa, mesmo com Dehr reforçando seus números. Os galeses deste extremo norte poderiam ser poderosos e cautelosos. Sendo esse o caso, William procurou afastar o assunto daquela questão em particular.

    Eu também ouvi dizer que mil ovelhas fazem parte do seu contrato, disse ele.

    Eles são de fato, Keller respirou longa e pensativa. Suponho que sempre posso olhar para o positivo; Se eu me cansar de lutar contra os galeses, sempre posso me tornar um criador de ovelhas.

    William riu baixinho. Anime-se, de Poyer. Você é um homem afortunado.

    A resposta de Keller foi afastar seu cavalo de William e ir para a frente da coluna. Era evidente que ele não queria falar mais sobre o assunto e Wellesbourne lamentou tê-lo afugentado. Keller permaneceu na frente, andando sozinho, alheio  as conversas, ate que o baluarte de pedra escura do Castelo Nether apareceu.

    No começo, era difícil distinguir o castelo das nuvens negras que pairavam sobre as montanhas. Eles se misturavam um com o outro. Então, o contorno distinto tornou-se mais aparente e a fortaleza desolada que era o Castelo Nether distinguiu-se do céu raivoso. Empoleirado no cume de uma enorme montanha, o Castelo Nether era um lugar sombrio e sinistro. Podia ser visto por quilômetros, cavalgando o cume da montanha como uma grande fera predadora.

    Um pedacinho de estrada podia ser visto a caminho, abraçando o lado da montanha precariamente. As nuvens espalhadas pelo céu pareciam se agrupar sobre o castelo, grandes gotas de chuva cinzenta caindo sobre ele. A facção de Pembroke podia ver a tempestade sobre o castelo, preparando-se para os convidados que se aproximavam. Tornando o semblante do lugar menos convidativo.

    O Castelo Nether e era a sede do baronato de Carnedd, uma extensão de terra aninhada no coração de Powys, perto do Vale do Dovey. Ele foi referido como The Wilds por causa da paisagem dramática e desolada, muito distante dos senhores de mestre que dominaram a disputa entre a Inglaterra e o País de Gales.

    Nether, no entanto, era uma fortaleza no centro de terras turbulentas. Os príncipes galeses menores alegavam governar as terras, o que complicou a questão quando o Lorde de Nether entregou o castelo a William Marshal em troca de uma parcela muito pequena de propriedades inglesas mais prósperas. Ainda assim, a troca de terras veio com uma boa dose de pechincha na forma de um casamento arranjado. O Lorde de Nether, Trevyn d'Einen, fizera parte da barganha de sua filha. Mantinha um vínculo familiar ainda ligado à propriedade, embora não pertencesse mais a sua família.

    Nenhum dos ingleses sabia os detalhes da negociação de Poyer. Não era da conta deles, de qualquer forma. Mas havia vários sussurros de pavor e relutância dos homens. Mas eles sabiam que o castelo escuro e tempestuoso era o destino deles, gostando ou não. George e Aimery olharam para o experiênte William , mas o olhar do cavaleiro loiro estava fixo no castelo distante de uma maneira descompromissada. Todos sabiam que era melhor não comentar ao alcance  de De Poyer, que continuava a andar sozinho alguns metros à frente. Conhecendo o humor do homem, eles suspeitavam que era mais escuro do que as nuvens acima.

    Mal sabiam eles que era mais escuro do que isso. Quando o exército começou a subida pela estrada, De Poyer repentinamente esporeou seu animal por um pequeno caminho de cabras que atravessava a base da colina. Era paralelo ao castelo. Ele não estava se afastando da estrutura, mas também não estava indo em direção a ela. Wellesbourne observou-o ir embora.

    Onde ele está indo? George refreou seu cavalo ao lado de William.

    Wellesbourne sacudiu a cabeça. Eu não faço ideia.

    O que deveríamos fazer?

    Continue para o castelo. Ele nos encontrará lá.

    Você tem certeza?

    Wellesbourne não estava. Com um olhar demorado para De Poyer quando o homem atravessou a encosta verde e escorregadia, virou-se para a coluna de homens e começou a gritar encorajamento para motivá-los a subir pela estrada lamacenta.

    CAPÍTULO DOIS

    Ela cumprimentará o marido com uma contusão no rosto, disse um homem mais velho, bem vestido, que estava debruçado sobre uma mulher sentada à mesa no grande salão. Ela tinha a mão no lado esquerdo do rosto enquanto o velho tentava inspecioná-lo. Ele já podia ver o vergão se levantar e ele virou furiosos olhos escuros para o homem parado perto da lareira com um cálice de vinho na mão. Por que você fez isso? Ela não fez nada para merecer isso.

    O homem com o vinho olhou preguiçosamente para o homem mais velho. Ela é uma mulher, ela não é? Ele disparou de volta. Isso é motivo suficiente. E você não vai se meter nisso.

    O homem mais velho se endireitou, expressando nada menos que raiva. Eu não vou ficar de fora, ele fervia. Ela é minha filha. E você é meu filho. Você não tem o direito de bater nela.

    Gryffyn d'Einen jogou o cálice na lareira, ouvindo o silvo quando o líquido atingiu o fogo. Seu rosto se contorceu de raiva quando ele pisou em direção ao seu pai mais baixo e mais fraco.

    Fique fora disso, ele repetiu, colocando um dedo no rosto do pai. Não é da sua conta.

    Golpeie-a novamente e você vai se arrepender.

    Gryffyn atacou, atingindo o pai com o punho fechado no queixo. O homem cambaleou  quando a mulher pulou da mesa, indo em auxílio do homem mais velho.

    Gryffyn, não!, Exclamou ela. Deixe-o em paz!

    Gryffyn se virou para sua irmã mais nova. Você não aprendeu sua lição? Ele estendeu a mão e agarrou o cabelo dela, puxando violentamente os fios louros sedosos. Se eu precisar ...

    Ele foi cortado por um servo de pé na porta do grande salão. Meu senhor, o velho servo anunciou  em um tom trêmulo. Nós recebemos um cavaleiro.

    A ira de Gryffyn foi desviada de sua irmã, seus olhos escuros concentrados no servo encolhido. Quem é esse?

    O inglês, meu senhor. O criado estava saindo pela porta enquanto entregava a mensagem. Todos no Castelo Nether temiam Gryffyn, especialmente quando ele estava no meio de um ataque de raiva. A facção de Pembroke estará aqui dentro de uma hora. Eles exigem seu jantar e um padre quando chegarem.

    Gryffyn soltou o cabelo de sua irmã, mal notando quando ela correu para o pai para ajudar o homem a sair do chão.

    O mensageiro ainda está aqui? Ele exigiu.

    O criado balançou o rosto magro nervosamente. Sim, senhor.

    Envie-o para mim rapidamente.

    Sim, senhor.

    O homem se foi. Agora, fora de alcance de sua raiva, a irmã e o pai de Gryffyn o observavam com bastante apreensão. Um homem grande, Gryffyn era violento e instável. O que aconteceu esta tarde aconteceu cem vezes antes. Gryffyn não se importava com quem ele atacasse com raiva ou aborrecimento; seu pai, sua irmã ou um servo eram todos iguais para ele. Não havia como saber seu humor de momento a momento.

    Chrystobel d'Einen sabia disso muito bem. Sua bochecha estava vermelha como resultado de uma simples palavra falada para seu volátil irmão. Ela nem sabia o que era. Um momento eles estavam falando, no momento seguinte ele estalou. Foi assim desde que ela se lembra. Ela passou um bom tempo evitando o homem e a dor que ele infligia. Foi um dos segredos mais obscuros que eles suportaram no lugar que os locais chamavam de Nether world.

    Por que Izlyn? Ela sussurrou para seu pai. Eu não vou permitir que ela fique no cpfre mais um momento. Ela não fez nada para ser enjaulada naquele lugar horrível.

    Shush, Trevyn d'Einen colocou os dedos nos lábios em um movimento silencioso. Ele não queria que Gryffyn ouvisse a conversa deles. Ela não fez nada além de ter ficado muda por todos esses anos. Isso é suficiente para o seu irmão.

    Lágrimas ameaçaram Chrystobel, mas ela lutou contra elas. Deus amaldiçoe ele para ...

    Trevyn calou-a novamente. Vou libertar sua irmã, não tenha medo. Seu irmão estará ocupado com o inglês e seus pensamentos não estarão em sua irmãzinha. Eu sugiro que você verifique a refeição e fique longe de seu irmão por enquanto.

    Chrystobel assentiu. Sim, pai, ela murmurou. Seu olhar permaneceu em seu irmão um momento antes de voltar sua atenção para seu pai e abaixar sua voz. Talvez você devesse também limpar o corredor.

    Trevyn sacudiu a cabeça, esfregando a mandíbula onde seu filho o atingira. Em um momento, disse ele com mais coragem do que ele sentia. Você vai ver a refeição.

    Algo no olhar de Chrystobel implorou a seu pai que fosse embora com ela, mas o homem se

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